quinta-feira, 18 de agosto de 2011

129- Mitos sobre os medicamentos do TDAH. Erros que até mesmo os médicos cometem

Quando se trata de tratamentos para o TDAH, há um monte de desinformação. Fizemos uma reunião dos principais erros que até mesmo os médicos cometem em relação aos medicamentos do TDAH e também dos principais mitos em que até os profissionais do tratamento acreditam. Por Gina Pera

Janete se lembra, com um arrepio, da primeira vez que tomou medicação como tratamento para o TDAH. “Fiquei grudada no sofá, incapaz de me mover, por dois dias”, diz a mulher de 37 anos, mãe de dois filhos, e gerente de marketing de uma companhia de software no Vale do Silício. “Eu parecia e me sentia como um zumbi. Isso me afastou de medicamentos”. Para o marido de Janete, o incidente confirmou sua crença antiga de que dar medicamentos para TDAH para o seu filho de 10 anos de idade seria o equivalente a drogá-lo.
Quando mais tarde Janete compareceu a um grupo de discussão para adultos com TDAH, ela aprendeu que algumas pessoas, que relatavam grandes resultados com o uso de medicação, diziam que demorou semanas para que tolerassem as doses prescritas pelo médico – e que muitas estavam tomando metade da dose receitada.
“Deveria ter me informado antes, em vez de confiar no médico”, diz Janet. “Agora meu marido fica bravo se eu tento novamente tomar o medicamento. Isso criou uma barreira entre nós; estou desistindo de um desempenho melhor para mim e para o meu filho por causa dos medos do meu marido”.
A experiência de Janet está ficando menos comum. Cada vez mais, os médicos estão aprendendo a usar a medicação para tratar adultos com TDAH, embora muitos adultos ainda encontrem profissionais cujo conhecimento sobre os medicamentos seja pontual, incluindo psiquiatras que se dizem especializados.
“Você poderia chamar o TDAH do adulto de uma “doença órfã”, diz Margaret Weiss, M.D., Ph.D., uma importante cientista clínica do TDAH, residente em Vancouver, na Columbia Britânica. “Isso é por que muitos profissionais com experiência para reconhecer e tratar o TDAH trabalham em serviços  para crianças; eles não estão trabalhando em centros para adultos ou vendo adultos.”
O mais importante para adultos com TDAH é: Seja um usuário esperto de tratamentos de saúde e aprenda o mais que puder sobre medicamentos antes de começar a tomá-los. A Canadian Attention Deficit Hyperactivity Disorder Resource Alliance (CADDRA), uma coalizão de especialistas em TDAH, criou guias completos de tratamento para pacientes, pais e médicos. As guias práticas, incluindo tabelas de medicamentos, são disponíveis como downloads grátis em CADDRA.ca. Meu próprio livro “Is It You, Me, or Adult ADD?” é outra boa fonte, assim como o e-book “ADHD Treatments,” da ADDitudeMag.com.
Enquanto isso, se o seu médico fizer alguma das 10 declarações seguintes, compartilhe com ele uma cópia das guias da CADDRA, discuta as coisas ou procure um outro médico.
1. “Meus pacientes adultos com TDAH ficam melhor com este medicamento estimulante.”
Médicos que trabalham com medicamentos estimulantes favoritos – o tratamento de primeira escolha para o TDAH – não têm uma base empírica para agirem assim, e estão jogando com suas chances de sucesso. Eis por que. Há duas classes principais de medicação estimulante: metilfenidato, ou MPH (Ritalina, Concerta), e anfetaminas, ou AMP (Venvanse). Os da classe MPH funcionam melhor para algumas pessoas que foram diagnosticadas com TDAH, mas não têm nenhum efeito, ou têm efeitos negativos, em outras pessoas. O mesmo é válido para a classe AMP. Não há nenhum jeito de prever como você responderá a cada classe de estimulante, até que você experimente.
Patricia Quinn, M.D., médica e especialista em TDAH, sugere que se tente ambas as classes de estimulantes (MPH e AMP) antes de decidir que eles não servem para você e passar para medicação não estimulante. “Você pode até mesmo tentar vários medicamentos da mesma classe antes de mudar para outra classe de estimulantes.” Por exemplo, Ritalina LA e Concerta são ambos de longa ação, da mesma classe MPH. Devido a modos diferentes de liberação, entretanto, cada um deles produz resultados diferentes.
2. “Para um adulto do seu peso e altura, começamos com esta dosagem”.
Uma dosagem ótima não tem relação com o peso e a altura da pessoa.
3. “Esta é uma dose média de início”.
Não há “dose média de início”. A escolha depende de muitos fatores, incluindo:
Sua história de uso de medicamentos estimulantes. Aqueles que já tomaram medicação estimulante no passado podem responder com menor sensibilidade do que pessoas que nunca os usaram.
Diferenças genéticas – algumas pessoas metabolizam a medicação mais rapidamente do que outras.
Condições coexistentes – ansiedade ou depressão, por exemplo, e seus tratamentos em curso.
Gravidade dos sintomas do TDAH. “O cérebro é profundamente complexo e os resultados diferem de pessoa a pessoa,” diz Weiss.
4. “Vamos aumentar a dosagem para 10 mg em duas semanas”.
Assim como um profissional não pode prever qual medicamento funcionará melhor, ou em que dose de início, ele também não pode prever uma meta de dose ótima. A dose ótima é identificada por um método chamado titulação: aumento cuidadoso da dose ao longo do tempo, até que os efeitos colaterais superem os benefícios, e, então, diminuição para a dosagem anterior. A abordagem sempre deve ser “comece com pouco e aumente devagar”.
5. “Então, como a medicação está funcionando com você?”
Julgar a eficácia da medicação requer mais do que o médico perguntar “Como vai?”. São necessários ao menos dois passos:
Fazer um cuidadoso inventário dos desafios que você está enfrentando (escrever um por um), antes de começar a medicação.
Rever regularmente cada dificuldade à medida que o tratamento progride, para identificar melhora (ou não), piora dos sintomas ou novos efeitos colaterais.
Durante esta fase de titulação, os especialistas recomendam falar semanalmente com seu médico. Visitas ao consultório devem ocorrer a cada três ou quatro semanas, para revisar os efeitos colaterais, a saúde física, o bem estar do paciente e dos familiares, e outras terapias, quando indicadas.
Muitos especialistas e pacientes relatam que não são muitos os médicos que monitoram as medicações usadas nos adultos. “É muito importante fazer isso, mas a pequena quantidade de médicos que o fazem é chocante”, diz o psicólogo Stephen Hinshaw, Ph.D., um importante pesquisador e professor de psicologia na Universidade da Califórnia, em Berkeley. “Você não pode notar pequenos avanços ou efeitos colaterais sem uma folha de monitoração.”
Weiss recomenda usar escalas de pontos para medir uma ampla faixa de sintomas e de funções; em outras palavras, uma régua para medir como você está se saindo na vida. A escala de pontuação Weiss Functional Impairment é uma boa maneira de começar. Ter um método tangível para observar as mudanças faz a meta tornar-se real e mantém o foco.
6. “Você deverá ver uma grande melhora dos sintomas daqui para frente”.
A pesquisa nos diz muito sobre a eficiência da medicação estimulante, mas não podemos dizer como a medicação afetará cada indivíduo. Isto é porque os ensaios clínicos são:
Conduzidos em situações controladas
Feitos com pacientes que não têm condições coexistentes (uma raridade entre os adultos com TDAH)
Muito curtos em duração (geralmente terminando antes que os efeitos colaterais possam se desenvolver).
Os potenciais efeitos benéficos do tratamento medicamentoso para o TDAH não devem ser superestimados, adverte Weiss. “É verdade que alguns sintomas podem melhorar dramaticamente em dias, ou mesmo em horas. Mas é importante esperar para julgar o efeito completo da medicação, porque pode demorar algum tempo para acumular todos os dados.”
Conforme você enfrente situações desafiadoras em sua vida, você pode comparar como a sua resposta difere daquela do passado. “Pode também demorar em notar diferenças em com agorao as pessoas reagem a você, ou para avaliar as mudanças para melhor quanto à sua eficiência no trabalho”, ela diz.
Weiss oferece estas regras:
Os sintomas tendem a melhorar em semanas.
O funcionamento melhora em meses.
Mudanças no desenvolvimento acontecem em anos. Por exemplo, o indivíduo que nunca teve um amigo agora faz e mantém um amigo. Um adulto que não conseguia manter um emprego agora pode ficar em um por um ano.
7. “Se o estimulante perturbar o seu sono, teremos que mudar para um não estimulante.”
As causas dos problemas de sono entre os adultos com TDAH são multifacetadas e pouco entendidas por muitos médicos. Cada vez mais, a pesquisa mostra para diferenças neurofisiológicas no ritmo circadiano, o relógio biológico interno que nos diz quando dormir. Além disso, há outros obstáculos para o sono relacionados ao TDAH, tais como ser incapaz de “aplicar os freios” num cérebro inquieto.
Na avaliação dos aparentes efeitos adversos de um estimulante sobre o sono, é importante prestar atenção ao tempo. Talvez os problemas de sono sejam causados pelo efeito rebote do medicamento quando ele pára de agir. Neste caso, você deveria tentar tomar a medicação mais cedo. Algumas pessoas com TDAH dormem melhor com um estimulante; tais medicamentos param o “ruído cerebral” e aumentam o foco para ir dormir e permanecer dormindo.
8. “Certo, continue usando cafeína, se você gosta”.
Muitos adultos com TDAH têm longo envolvimento com uso de café ou de bebidas cafeinadas. Mas a cafeína pode exacerbar o efeito dos medicamentos estimulantes, criando ansiedade e palpitações cardíacas. Você não consegue determinar o que está causando estes efeitos colaterais – o estimulante ou a cafeína – até que você reduza gradualmente o uso da cafeína antes de iniciar o estimulante. (Tente fazer isso com uns dias de antecedência, para que você não confunda a dor de cabeça pela retirada da cafeína com a dor de cabeça efeito colateral do medicamento).
“Algumas pessoas podem tolerar os estimulantes e a cafeína”, diz Weiss. “Para outras, a cafeína interfere criando ou exacerbando efeitos colaterais, tornando impossível aumentar o estimulante até doses terapêuticas”.
9. “Se você tem pressão alta, não pode tomar estimulantes”.
Um adulto deve fazer um minucioso exame físico antes de começar qualquer medicamento novo, e adultos com TDAH deveriam ter sua pressão arterial e frequência cardíaca medidas antes de começar, e periodicamente durante, o tratamento.
Entretanto, Weiss descarta o mito comum de que a hipertensão impede o uso de medicamento para o TDAH: “Eu diria que isso nunca é uma contraindicação. Você trata primeiro a hipertensão. E, de fato, há medicamentos para o TDAH que abaixam a pressão arterial”. Entre eles se inclui a guanfacine (nome genérico) e sua formulação de longa ação, Intuniv (nome comercial, nos Estados Unidos), que pode abaixar tanto a pressão sistólica quanto diastólica. Esses medicamentos são frequentemente usados como uma alternativa ou em conjunto com os estimulantes.
10. “Se você acha que o estimulante parou de funcionar para você, poderíamos tentar alguma outra coisa”.
Talvez o estimulante parou de funcionar por alguma de várias razões neurobiológicas. Ou você poderia ter se esquecido de como era a vida antes de começar a tomar o medicamento?
Adultos diagnosticados com TDAH mais tarde na vida, tipicamente, desenvolvem o hábito de prestar atenção somente em coisas excitantes ou novas. Após poucas semanas de experimentar a “novidade” da melhora dos sintomas, é fácil de esquecer o quanto você já melhorou. Isto é outra razão para manter registros escritos dos sintomas básicos e do progresso que você já fez. É a única maneira de saber se o remédio está cumprindo seu papel.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

128- Passo 2 do diagnóstico do TDAH: Testar, testar (continuação da 127)

Muitas entrevistas clínicas incluem uma ou mais escalas de pontuação do TDAH, assim como outros testes. Uma avaliação correta para o TDAH deveria fazer duas coisas: determinar se uma pessoa tem TDAH e afastar ou identificar outros problemas – dificuldades de aprendizagem, transtornos do processamento auditivo, ansiedade ou transtornos do humor. Dependendo das dúvidas do seu médico, os testes podem demorar de uma hora a mais de oito horas, e podem requerer vários encontros. Os testes mais comuns usados para o diagnóstico do TDAH incluem:

Escalas de pontuação do TDAH. Esses questionários podem identificar sintomas específicos do TDAH que podem não aparecer na entrevista clínica. Respostas às questões podem revelar como uma pessoa funciona na escola, em casa ou no trabalho. As escalas são especificamente formatadas para crianças, adolescentes e adultos. “As escalas de pontuação para o TDAH têm seu prós e contras, e os médicos adotam as que lhes dão mais confiança no uso”, diz Patricia Quinn, M.D., diretora do National Center for Girls and Women with ADHD. “Eu recomendo usar ao menos duas escalas que englobem o TDAH e outros sintomas.”
Testes de inteligência são uma parte padrão de avaliações mais minuciosas porque eles não somente medem o QI mas podem também detectar certas dificuldades de aprendizagem, comuns em pessoas com TDAH.
Escalas de amplo espectro são próprias para problemas sociais, emocionais e psiquiátricos, e podem ser solicitadas se o médico suspeita que um paciente tem ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, ou outra condição além do TDAH.
Testes de habilidades específicas – desenvolvimento da linguagem, vocabulário, recuperação da memória, habilidades motoras – podem ser recomendados para afastar dificuldades de aprendizagem ou outros problemas de processamento. O médico pode decidir quais testes fazer com base, em parte, em quais tipos de tarefas você ou seu filho têm dificuldade ou facilidade.
Testes computadorizados estão se tornando populares porque os pacientes gostam de fazê-los, e porque eles podem detectar problemas de atenção e de impulsividade que são comuns em pessoas com o TDAH.
Esses “testes de desempenho contínuo” (continuous performance tests – CPT) desafiam o paciente a manter a atenção. Uma série de alvos visuais aparece na tela e o usuário responde a comandos enquanto o computador mede sua capacidade de permanecer na tarefa. Na prática, alguns especialistas acham que estes testes são melhores para identificar sintomas impulsivos e menos aptos a indicar sintomas de desatenção.
Exames de imagem cerebral. Procedimentos de neuroimagem, tais como tomografia por emissão de pósitron (PET scans), tomografia por emissão de fóton único (SPECT scans) e ressonância magnética encefálica, têm sido usados em estudos de pesquisa do TDAH. Mas seu uso no diagnóstico do TDAH ainda não foi provado. Eles revelaram, entretanto, que certas partes do cérebro são menores em volume nas pessoas que têm TDAH do que nas que não têm a condição.
“Você não precisa de um scan do cérebro para ser diagnosticado com TDAH, e ele não é um padrão de diagnóstico”, diz Hallowell. “Scans não têm bom custo-benefício e não contribuem muito para o diagnóstico de TDAH. Mas parece que os pacientes adoram ver a imagem do seu cérebro, e os scans geralmente ajudam na aceitação do diagnóstico.”
Passo 3 do diagnóstico do TDAH: Aprender como manejar os sintomas.
Após a entrevista clínica e com os resultados dos testes solicitados, muitos médicos o chamarão ao consultório para falar sobre os resultados de sua investigação para o TDAH. Esta é a melhor ocasião para fazer perguntas ao seu médico. Quando você sair desse encontro, o médico deverá ter feito um plano de ação para o controle dos sintomas. O plano deve incluir:
Uma lista de acomodações para o trabalho (ou para a escola) que o ajudará (ou ao seu filho)  a ter bom desempenho.
Um plano de terapia de acompanhamento com um psicólogo, terapeuta, coach em TDAH, ou outro especialista.
Receita de medicamentos para o TDAH, se for considerado necessário.
Uma escala de consultas com o médico que fez o diagnóstico ou com o seu médico clínico geral, para verificar se o plano de tratamento está sendo eficiente.
“Depois que o psicólogo terminou a avaliação do meu filho – um processo que incluiu oito horas de testes – ele me encontrou para discutir as fraquezas e as potencialidades do meu filho, e me deu uma lista de acomodações que o ajudariam na escola,” diz Joanna Thomas, de Lubbock, Texas, cujo filho, Ryan, agora com 10 anos, foi diagnosticado com TDAH aos sete anos. “Todo ano, desde a sua avaliação inicial, eu discutia a lista de acomodações com sua nova professora. Costumava também escrever uma carta de apresentação para os professores, para que eles valorizassem suas potencialidades. Conseguir aquele diagnóstico significou tudo para mim. Forneceu-me as ferramentas que eu precisava para ajudá-lo em casa e no trabalho com seus professores.”
“Um diagnóstico correto é uma boa notícia”, diz Hallowell, “porque as coisas só podem melhorar. Quando você aprende a manejar o TDAH, isso se torna uma vantagem em sua vida. Eu digo aos pacientes, ´Você ganhou um motor de Ferrari como cérebro, e tem sorte, porque você vai vencer uma série de corridas. O único problema é que você tem freios de bicicleta´. A chave é que alguns com TDAH estão no caminho de se tornarem campeões, não perdedores. E com o diagnóstico e tratamento corretos, cem por cento dos portadores de TDAH podem melhorar suas vidas.”
Cinco erros comuns de diagnóstico
Não demorar o tempo suficiente. Uma avaliação para o TDAH não pode ser feita em uma consulta de 15 minutos. Consultas apressadas aumentam a chance de que seu filho seja mal diagnosticado, ou que o médico deixe de ver um diagnóstico secundário que pode ser importante tratar.
Diagnosticar os sintomas, não o problema subjacente. “Os médicos às vezes diagnosticam mal os sintomas secundários como se fossem o problema primário do paciente, sem procurar pelo TDAH coexistente”, diz Patricia Quinn, M.D., diretora do “National Center for Girls and Women with ADHD”. Em muitos casos, quando o TDAH é tratado, os sintomas secundários – depressão ou ansiedade – também melhoram.
Achar que o fracasso acadêmico é intrínseco ao TDAH. Muitas crianças com TDAH vão bem na escola porque trabalham duro, e os professores e médicos não suspeitam que tenham o problema.
Pensar que um QI alto significa que seu filho não tenha TDAH. Seu filho pode ter pontuação alta num teste de QI, mas as notas são  medíocres e os professores o “diagnosticam” como sendo preguiçoso ou indisciplinado. Uma avaliação por um psicólogo particular pode indicar que ele tem TDAH e/ou uma dificuldade de aprendizagem.
Permanecer com um médico do qual você não gosta. Se você não sente uma ligação positiva com seu médico – se ele não parece responder a você como uma pessoa ou se ele o recrimina por fazer muitas perguntas – você não terá confiança no diagnóstico e o tratamento do TDAH não dará certo.

domingo, 14 de agosto de 2011

127- Guia de diagnóstico do TDAH: Como ter certeza de que está correto

Não é fácil fazer um diagnóstico correto do transtorno de déficit de atenção, mas ele é essencial para a sua boa saúde. Descubra aonde ir, o que esperar, e como se preparar para os testes e as consultas associadas ao diagnóstico do TDAH. Por Laura Flynn McCarthy

Sinais de Alerta
Você está preocupado. A professora do seu filho lhe enviou um bilhete dizendo que a falta de atenção dele está fazendo com que fique atrasado na classe.
Sua filha ligou para uma colega de classe para marcar uma brincadeira e foi recusada pela terceira vez. A assim chamada “amiga” disse que sua filha era estranha.
Ou talvez você esteja preocupado com o seu trabalho. Você se atrasou pela segunda vez na última semana, e frequentemente se esquece de datas e de reuniões. Você não vai ter a promoção que estava querendo – de fato, você pode ser despedido.
Você tem se perguntado há meses o que está provocando os problemas de seu filho ou os seus – estresse, dificuldades de aprendizagem, uma doença, ou TDAH? Você está cansado de especular. É hora de descobrir. Você quer uma avaliação.
Parabéns. Você está dando um passo importante para mudar a sua vida. Mas você está cheio de dúvidas: Por onde começar? Que tipo de médico diagnostica o TDAH? Como você sabe se está fazendo uma avaliação atualizada e um diagnóstico correto do TDAH? E o que você deverá fazer depois disso?
Aonde ir para um diagnóstico do TDAH?
Para fazer o diagnóstico do TDAH, você deve começar com uma visita de rotina ao seu clínico geral, mas é provável que você não pare aí. Como regra, a maioria dos clínicos gerais não está preparada para fazer o diagnóstico. Uma razão é o tempo. Pode demorar várias horas de conversa, de testes falados e de análise dos resultados para diagnosticar alguém com TDAH. A maioria dos clínicos gerais não pode dispensar esse tempo a você ou ao seu filho, com um consultório cheio.
Os clínicos gerais às vezes deixam passar problemas coexistentes, como as dificuldades de aprendizagem, doenças subjacentes, depressão, transtorno de ansiedade ou abuso de substâncias. Profissionais treinados no diagnóstico de TDAH rotineiramente procuram esses problemas.
Como encontrar um especialista em TDAH na sua região? Cinco abordagens possíveis devem levá-lo à ajuda e diagnóstico corretos, e a um plano de tratamento que melhor controlará os sintomas:
Peça ao psicólogo da escola ou a um conselheiro escolar um encaminhamento para seu filho. Se você preferir consultar um especialista fora da escola, antes de se envolver com os profissionais escolares, vá para o próximo passo.
Fale com o clínico ou com o pediatra do seu filho. Comece a conversa desse jeito: “Tenho notado esses sintomas em mim (ou em meu filho), e gostaria de uma avaliação. O senhor conhece alguém especializado no diagnóstico do TDAH?”. Se o médico disser que ele pode fazer isso, pergunte sobre os testes que ele faz e quanto tempo ele geralmente gasta para fazer o diagnóstico. Se a única base para o diagnóstico for uma rápida entrevista com você ou com seu filho, peça um encaminhamento para um especialista.
Contate uma faculdade de medicina perto de sua cidade. “Chame o departamento de psiquiatria e pergunte se há alguém no staff com experiência no trabalho com adultos e crianças com TDAH” sugere Edward Hallowell, M.D., um psiquiatra com consultórios em Nova Iorque e em Boston, e coautor de “Superparenting for ADD (Balantine). “Quando tiver o nome de um profissional, pergunte quantas pessoas ele já tratou. Deve ser no mínimo uma centena.”
• Cheque com seu plano de saúde. Pergunte se há especialistas treinados em TDAH cobertos por seu plano. Se não houver, avalie procurar fora do plano. Lembre-se de que seu objetivo, inicialmente, é chegar a um diagnóstico minucioso e correto. Quando você tiver esta informação, o médico que fez o diagnóstico poderá trabalhar em conjunto com o médico do seu plano para prescrever o tratamento.
Entre em contato com o capítulo local da National Alliance on Mental Illness ou o CHADD, e peça os nomes dos profissionais especializados em TDAH. Outra boa opção: um grupo de apoio aos portadores de TDAH na sua cidade. As recomendações de boca-a-boca geralmente são a melhor avaliação da capacidade de um profissional.
Como os especialistas fazem o diagnóstico do TDAH
Para fazer um diagnóstico de transtorno de déficit de atenção, a primeira coisa que um médico vai querer é determinar é se você ou o seu filho tem os sintomas do TDAH listados no Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais – IV (DSM-IV).
“O DSM-IV permanece como a base do diagnóstico, mas muitos clínicos vão além dele em sua avaliação”, diz Hallowell. Além de rever esses critérios, os médicos farão uma entrevista clínica minuciosa usando uma escala padronizada de avaliação do TDAH. Exames complementares também são feitos para excluir a coexistência de outros transtornos que são comuns nas pessoas que têm TDAH – transtornos de aprendizagem, ansiedade e transtornos do humor.
Os sintomas listados no DSM-IV são revistos periodicamente. De acordo com os últimos critérios do DSM-IV, para ser diagnosticado com TDAH, um paciente tem de mostrar ao menos seis de nove sintomas de desatenção ou de hiperatividade/impulsividade antes da idade de sete anos. Além disso, esses sintomas devem prejudicar o funcionamento da pessoa em mais de um ambiente – casa, escola, ou trabalho.
Nem todos os médicos subscrevem esses critérios. Muitos profissionais afirmam que alguns pacientes têm sintomas do TDAH que não são reconhecidos até mais tarde na vida, particularmente crianças que sejam muito brilhantes ou que tenham a forma desatenta do TDAH.
Diagnosticar um adulto é mais complicado do que uma criança. “Os critérios do DSM-IV são baseados somente em pesquisa com crianças de 4 a 17 anos de idade”, diz Thomas E. Brown, Ph.D., professor assistente de psiquiatria clínica na Yale University School of Medicine e diretor associado da Yale Clinic for Attention and Related Disorders. “Como resultado, muitos clínicos contornam os critérios quando se analisa a idade de início – pesquisas recentes têm mostrado que, em algumas pessoas, os sintomas não aparecem até a adolescência, quando há mais desafios no autocontrole – e no número de sintomas. Os clínicos geralmente diagnosticam os adultos que têm somente quatro ou cinco dos sintomas, não sete ou oito, se eles mostram prejuízos significantes”.
Embora alguns médicos utilizem programas de computador, tais como testes de desempenho contínuo (CPTS), para checar os problemas de atenção e de impulsividade, ou imagens do cérebro, tal como a tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT), para descobrir anormalidades no cérebro, a mais confiável evidência para um diagnóstico positivo, de acordo com muitos especialistas, é a história do paciente.
Passo 1 do diagnóstico do TDAH: A consulta
Espere que a consulta para o diagnóstico do TDAH demore uma hora ou mais. Se for o seu filho quem estiver sendo avaliado, o médico falará com você e com ele, e obterá confirmações por meio de listas de checagem e informação escrita dos professores e de outros adultos que passam parte do tempo com seu filho. Às vezes, o consultório do seu médico lhe dará esses formulários antes da consulta e fará a revisão deles junto com você, no dia da consulta. Outros médicos primeiramente se encontrarão com você, farão a entrevista, e lhe darão os formulários para serem preenchidos antes da próxima consulta.
Se você estiver sendo avaliado, seu médico entrevistará você e alguém que o conheça muito bem – sua esposa, um filho, seus pais. Ele poderá ou não usar alguma lista de checagem planejada para identificar os sintomas de adultos com TDAH. O médico utilizará a entrevista com o paciente para determinar quais, se necessário, serão os testes que poderão afastar outras condições que podem causar  os sintomas do TDAH.
“A entrevista clínica é núcleo de qualquer avaliação”, diz Brown. “Quanto mais informações de fontes diferentes, melhor. Muitos adultos vêm à consulta sozinhos, mas é bom que venham com o esposo, filho ou amigo íntimo.”
Muitos médicos pedem às pessoas próximas ao paciente – um esposo, pai, ou filho para um adulto, ou um professor, tutor, ou babá para uma criança – para escreverem algumas frases descrevendo o paciente. O insight pessoal frequentemente revela informação que não pode ser captada pelos questionários.
Hallowell diz: “Um professor pode escrever, ´Johnny é doce, adorável, e bonito como uma flor, mas ele não se lembra de sair da chuva. É desorganizado. Fala fora de hora. Precisa de mais disciplina.´ É o que eu chamo de diagnóstico moral, mas que frequentemente revela muito sobre a criança que tem TDAH. Aquela narrativa de um só parágrafo dá uma ampla gama de informações. Listas de checagem não.”
O que os médicos estão querendo encontrar avaliando essas listas de checagem e narrativas, e fazendo a entrevista clínica?
História social. “Descreva um dia típico da sua vida ou da vida do seu filho” é geralmente a primeira pergunta que um médico faz para ter noção de como você, ou seu filho, funcionam – o que geralmente flui de modo suave e o que é desafiador.
História médica. Problemas médicos, desde apneia do sono e distúrbios da tireoide até flutuações hormonais e abuso de substâncias, podem apresentar sintomas semelhantes àqueles do TDAH.
História familiar. “Faço perguntas sobre a família, assim como sobre os avós, tios, tias e primos,” diz Brown. “Pergunto coisas como `Há alguém que tivesse dificuldade de prestar atenção ou de aprender certos assuntos, ou que era esperto mas não ia bem na escola – e foi bem, depois? As respostas me darão uma ideia do que está por trás da genética.”
Poderes e fraquezas. “Toda pessoa que tenho visto com TDA pode focar bem em algumas atividades,” diz Brown. “Às vezes são os esportes. Às vezes são as artes ou assuntos mecânicos. Esses são sintomas característicos do TDA. No processo, identifico as potencialidades que quero proteger – e encorajar – durante o tratamento.”
Educação. “Todos vêm com alguma informação sobre o problema. Algumas são sofisticadas e acuradas; o resto é tudo errado,” diz Brown. “Demoro de 15 a 20 minutos para dizer a eles o que penso sobre o TDA, como as ideias sobre o transtorno têm mudado, e por último falo sobre o controle dos sintomas.”
Quando a consulta termina, muitos médicos com experiência no tratamento de pessoas com TDAH já terão uma boa ideia de se você ou seu filho têm o transtorno. Mesmo assim, muitos vão querer respaldar sua opinião com provas objetivas obtidas com testes.
(A seguir: Passo 2 do diagnóstico do TDAH: Testar, testar)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

126- Como os sintomas do TDAH dos filhos afetam os sentimentos e o comportamento dos pais.

O TDAH nas crianças induz estresse nos pais. De fato, os pais de crianças com TDAH relatam maior grau de estresse paterno, menor satisfação com seu papel de pais, e mais sintomas depressivos do que outros pais. Eles também relatam interações mais negativas com seus filhos. Isto certamente não é verdadeiro para todas as famílias em que há uma criança com TDAH, mas reflete as diferenças médias que foram encontradas.

De que maneira os sintomas do TDAH nas crianças afetam os sentimentos dos pais sobre a paternidade e seu comportamento em relação aos seus filhos? E, isto é diferente para meninos e meninas? Estas questões constituíram o foco de um estudo publicado recentemente online: Glatz et al., (2011). Parents´reactions to youths´ hyperactive, impulsivity and Attention problems. Journal of Abnormal Child Psychology. Publicado online em 13 de julho de 2011.
Os participantes foram 706 crianças (376 meninos e 330 meninas) e seus pais, de uma cidade de porte médio da Suécia. Eles foram escolhidos após um estudo longitudinal de 5 anos, que incluiu quase todos os jovens desde o 4º. até o 12º. grau desta cidade. Os jovens tinham de 10 a 12 anos no início do estudo e estavam na adolescência na época da conclusão. Esta não foi uma amostra de jovens diagnosticados com TDAH, mas uma amostra regular da comunidade.
Três ondas de dados dos pais foram coletadas (cerca de 70% mães), com aproximadamente 2 anos entre cada onda. As medidas obtidas durante cada onda incluíam o seguinte:
Sintomas do TDAH das crianças – Os pais davam notas aos sintomas do TDAH de seus filhos usando uma escala de avaliação padronizada.
Desafio dos jovens – Notas do comportamento de oposição das crianças.
Falta de resposta à correção dos pais – Esta escala media como os pais sentiam que seus filhos normalmente respondiam às tentativas paternas de influenciar seu comportamento. Notas altas refletiam os sentimentos paternos de que seus filhos não respondiam a tais esforços.
Sentimentos paternos de impotência – Esta escala media a percepção dos pais de sua incapacidade de mudar o comportamento problemático dos seus filhos. Notas altas refletiam o sentimento paterno de que ele estava relativamente sem poder de mudar o comportamento problemático do seu filho. Uma amostra de um item desta escala é “Você alguma vez sentiu-se a ponto de desistir – sentiu que não havia nada que pudesse fazer sobre os problemas que tinha com seu jovem?”
Além de coletar dos pais os dados acima, as crianças também preenchiam escalas de medidas de sua percepção sobre o afeto, a frieza e a rejeição dos pais em relação a elas. Essas escalas foram coletadas durante as ondas 2 e 3.
Hipótese de Estudo
Como os dados foram coletados em período de 5 anos, os pesquisadores puderam testar se os sintomas do TDAH previam a percepção dos pais da falta de resposta da criança e do seu próprio senso de impotência, vários anos mais tarde. As previsões específicas testadas foram: 1) os sintomas de TDAH da criança levam os pais a perceber seu filho como não respondente à correção; e, 2) o sentimento de que a criança não responde à correção leva ao aumento dos sentimentos paternos de impotência.
O estudo longitudinal também permitiu aos pesquisadores que testassem como os sentimentos de impotência dos pais podem influenciar seu comportamento em relação ao filho. Eles fizeram a hipótese de que os pais que sentiam mais impotência seriam percebidos pelos seus filhos como menos calorosos e mais frios e teriam mais rejeição em relação a eles, filhos, com o passar do tempo.
Resultados
Os resultados deste estudo foram muito consistentes com a hipótese acima. Os relatos dos pais sobre os sintomas dos filhos no tempo 1 previram os sentimentos aumentados de que a criança não respondia à correção dois anos mais tarde. Por seu turno, os relatos dos pais sobre a falta de resposta das crianças à correção no tempo 2 previram os sentimentos aumentados de impotência dois anos mais tarde.
Em seguida, os autores testaram se os sentimentos de impotência dos pais previam a percepção dos jovens de como seus pais se comportavam em relação a eles. Os pais que relataram mais impotência no tempo 1 tinham filhos que relatavam mais frieza e comportamento paterno de rejeição e reduzido calor paternal dois anos mais tarde.
Os resultados acima foram muito consistentes entre meninos e meninas. Além disso, estes resultados permaneceram muito estáveis mesmo quando se levava em conta o nível de desafio das crianças, sugerindo que os sintomas do TDAH têm um efeito direto nos processos estudados.
Resumo e implicações
O impacto adverso dos sintomas de TDAH das crianças nos níveis de estresse dos pais, a satisfação com o papel de pai, e mesmo os sintomas depressivos eram conhecidos já há algum tempo. Os resultados deste estudo sugerem que não são os sintomas do TDAH que afetam os pais deste modo, mas sim a percepção dos pais que o maior desafio seja seus filhos terem alta taxa de não resposta à correção.
Comportamentos associados com o TDAH parecem influenciar negativamente os pais porque são percebidos como basicamente fora do controle deles, o que contribui para o aumento dos sentimentos de impotência. Sentimentos de impotência, por sua vez, podem levar os pais a se comportar em relação aos filhos de um jeito que aumente nos filhos a visão de mais frieza, de mais rejeição e de menos calor humano. Este ciclo foi muito semelhante para os meninos e meninas, e seria esperado que aumentasse os efeitos negativos nas crianças e nos pais ao longo do tempo.
O que é de algum modo irônico sobre estes achados é que, nas crianças com TDAH, os comportamentos que refletem desatenção, hiperatividade e impulsividade são tidos como tendo forte origem biológica e são, de modo verdadeiro, difíceis de serem controlados pelos pais e pelas crianças. Assim, não é surpresa que muitos pais sintam que crianças com altos níveis desses comportamentos sejam não respondentes à correção, e tais sentimentos não são necessariamente incorretos. O que torna esses sentimentos problemáticos, entretanto, é que eles contribuem para o aumento da sensação de impotência dos pais, talvez porque a compreensível dificuldade que os pais têm de corrigir os comportamentos que refletem os sintomas nucleares do TDAH possa leva-los a se sentir menos confiantes sobre a influência que possam ter sobre seus filhos em outros domínios importantes.
Um exemplo pode tornar isso mais claro. Se eu tenho um filho com TDAH que é gravemente hiperativo, será muito difícil conseguir que ele altere significativamente seu nível de atividade com o uso das estratégias que os pais podem adotar. É fácil imaginar que, se eu continuar a focar nisso, sentirei cada vez mais que meu filho não responde à correção e desenvolverei um crescente sentimento de impotência. Com o tempo, isto pode contribuir para eu estar menos disposto a tentar e exercer influência em áreas importantes nas quais eu teria maior chance de ser bem sucedido, por exemplo, ajudar meu filho a desenvolver uma habilidade ou talento particular, ou ajuda-lo a aprender a importância de desenvolver o conhecimento de hábitos razoáveis de poupar e de gastar.
Isto aponta para a importância de ajudar os pais a reconhecer que embora as crianças possam não responder à correção, quando se chega ao núcleo dos sintomas do TDAH que têm importante determinação biológica, isto não precisa ser generalizado para os outros aspectos da vida da criança, sobre os quais os pais desejam ter uma importante influência positiva. Entender claramente que é difícil fazer a criança mudar os sintomas nucleares do TDAH – muitos argumentarão que é nisto que o tratamento medicamentoso cuidadosamente monitorado pode ter um papel útil – pode proteger os pais dos sentimentos de crescente falta de poder para exercer influência positiva sobre seu filho, e ajudá-los a permanecer engajados com seus filhos por meio de atitudes que façam essas crianças sentirem calor humano, promoção e apoio.

domingo, 31 de julho de 2011

125- Ajudando Pré-Adolescentes com TDAH a Ter Sucesso: Estratégias Paternas Para Neutralizar as Brigas Pelo Poder

Se o seu pré-adolescente com TDAH estiver com problemas na escola, enturmado com gente errada, ou tentando ter mais controle sobre sua vida, os anos entre a infância e a adolescência podem ser turbulentos. Como os pais podem evitar e resolver conflitos. Por Larry Silver, M.D., e Carol Brady, Ph.D.

Ryan, de doze anos de idade, foi diagnosticado com TDAH e Dificuldade de Aprendizagem no terceiro ano. Com ajuda de tutor e um estimulante, ele tem ido bem na escola. Mas as coisas começaram a ficar um pouco difíceis na pré-adolescência.
Ele parou de fazer as tarefas escolares e recusava a ajuda na escola. Em alguns dias, ele não tomava sua medicação para o TDAH – ou ele fingia tomar e, depois, cuspia. Os problemas do TDAH se intensificaram. Ele era expulso da sala e se metia em confusão nos corredores.
Foi nesse ponto que os pais de Ryan – muito frustrados e preocupados com seu filho e com seus problemas de comportamento – procuraram minha ajuda.
A pressão dos colegas está pondo seu filho contra você?
Os problemas que Ryan estava apresentando, eu disse aos pais, não são incomuns para crianças de 10 a 12 anos de idade. Esses pré-adolescentes – nem crianças, nem adolescentes – deixam de se preocupar com o que os adultos pensam deles. Agora estão preocupados com o que seus colegas pensam deles.
Adolescentes ficam tão preocupados em fazer como os outros que evitam fazser qualquer coisa que os faça parecer diferentes dos seus colegas e amigos. Ele vestem-se igual, falam igual, e adotam o mesmo penteado. Tomar remédios para o TDAH? Esqueça. Aceitar as acomodações para o TDAH na escola? Estudar com um tutor? Nem pensar. “Não tem nada errado comigo!” esses jovens dizem a seus pais. “Por que você quer que eu aprenda isso? Nunca vou usar esta coisa”.
Como os adolescentes recusam a ajuda que aceitaram até a pouco tempo, os sintomas do TDAH explodem e suas notas caem. Como é que aquele seu doce estudante de escola elementar virou essa... coisa? O que você pode fazer para endireitar as coisas novamente?
Se o seu pré-adolescente se recusar a tomar a medicação para o TDAH, torne a sua privacidade uma prioridade. Faça-o saber que você entende que pode ser embaraçoso ser visto tomando remédios. Explore as maneiras que podem ser usadas para tomar a medicação com privacidade. Quando ele sair para dormir fora, por exemplo, explique a situação para os pais hóspedes. (Deixe seu filho pular uma dose, se necessário, para manter sua privacidade).
O que fazer se o seu filho estiver em más companhias... É normal que os adolescentes façam novos amigos. Mas e se você achar que a influência deles é parcialmente culpada pelos problemas do TDAH do seu filho? Dizer a ele que você os desaprova pode dar errado; ele provavelmente vai querer ficar mais tempo ainda com eles.
Em vez disso, fique atento para onde o seu filho vai e para o que ele faz. Encoraje-o a cumprir todas as suas atividades extracurriculares. Ele pode decidir que prefere seus velhos amigos.
Se o seu pré-adolescente com TDAH comporta-se mal na escola...
Entenda o que motiva seu filho. Alunos da escola elementar se esforçam para obter boas notas, em parte, para agradar os pais e os professores. Mas, na escola média, o principal objetivo de muitos pré-adolescentes é ser aceito como membro do grupo. Agradar os mais velhos já não é tão importante.
Os professores devem saber que o seu filho pode recusar as acomodações porque elas o fazem sentir-se diferente. Pergunte se ele pode obter ajuda de modo mais discreto. Por exemplo, em vez de ser tirado da classe para ir ao tutor ou ao fonoterapeuta, ele pode se encontrar com o tutor ou o fonoterapeuta em casa.
Não seja o disciplinador. Encontre-se com os professores no início do ano para sugerir alternativas de consequências para os compromissos não cumpridos, etc. Pode ser que o professor peça ao seu filho para usar o tempo de almoço na classe, para então fazer sua tarefa – ou para ficar depois das aulas para fazer a tarefa. Depois disso, não se envolva a não ser que você sinta que a abordagem da escola esteja sendo incorreta. Depois disso, você provavelmente descobrirá que brigas por causa das tarefas escolares somente farão seu filho ficar ressentido com você – e a tarefa ainda não será feita. Se você e seu filho não forem adversários, as linhas de comunicação permanecerão abertas.
Dê menos importância às notas. Não é fácil ver uma criança ir mal na escola – especialmente uma que estava indo bem. Mas criticar seu desempenho acadêmico somente intensificará o estresse que sua família já está sofrendo. E, antes do ensino médio, as notas são menos importantes do que adquirir sólidas habilidades de estudo.
Contrate um tutor de adolescentes. Sua criança pode aceitar melhor a ajuda acadêmica de um estudante mais velho em vez da ajuda de um tutor profissional. Se ela precisar de ajuda, ache um aluno de nível médio inteligente (do mesmo sexo) que esteja querendo ganhar alguns dólares, para vir depois das aulas e ver se as tarefas são feitas e se o seu filho entendeu a matéria.
Controle a medicação para o TDAH na escola de modo discreto – seu filho deverá ter permissão de parar com as visitas na hora do almoço à enfermeira da escola. Use um estimulante que tenha 8 ou 12 horas de ação, para cobrir todo o dia escolar.
Continue a fazer suas próprias avaliações à noite, caso seu filho peça sua ajuda. Mas não o force a aceitar a sua ajuda.
O desejo de ter mais controle está fazendo seu pré-adolescente ficar contra você?
Muitos conflitos são originados no desejo emergente do adolescente de controlar as coisas. Mas os pais estão tão acostumados a vigiar as crianças em suas rotinas que eles se recusam a ceder terreno. Em troca, crianças com TDAH revidam.
Resolva os problemas em conjunto para ajudar seu filho a ter mais controle de sua vida, sem você perder o seu controle. A melhor maneira de evitar confrontos e formar uma equipe. Em vez de ditar ordens, veja se pode resolver os problemas juntos. Dia após dia, o pai de Joe falava para ele parar de jogar no computador. Joe respondia “OK”, mas continuava a jogar. O pai começava a gritar. Joe explicava que não parava em seguida porque estava tentando terminar um nível. Ele concordava em parar, quando os pais falassem, assim que terminasse o nível. O pai dele concordou em não insistir. Obedecendo ao combinado, Joe ganhou um tempo extra no computador.
Regras básicas para negociar regras com seu pré-adolescente
1. Corrija os problemas de comportamento do seu pré-adolescente calmamente. Seja claro sobre as suas expectativas, não crítico.
2. Não fale demais quando for se comunicar. A regra deve ser que você dê mais tempo de fala ao seu pré-adolescente do que a si mesmo.
3. Encontre meios de ajudar seu filho a se sentir poderoso. Peça a ele para ajudar na solução dos problemas. Solicite seu conselho na compra de brinquedos para os irmãos.
4. Ensine-o a discordar sem ser desagradável. Dê o exemplo não aumentando a voz quando você se encontrar em conflito.
5. Tenha uma rotina estruturada. Se o seu filho sabe que se ele acordar e se fizer sua tarefa de casa todos os dias nos horários marcados, haverá menos motivo para brigas. Manejar seu próprio horário o ajudará a sentir-se como um adulto.
6. Seja claro sobre o que não é negociável. Usar o cinto de segurança no carro e outros itens de segurança não são.
Apesar de todos os seus melhores esforços, você pode se achar mergulhado em uma briga pelo poder quando estiver cansado. Se for assim, saia da sala. Depois da raiva, volte com novas ideias e um lembrete que você ama seu filho.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

124- Sete soluções para os problemas de sono do TDAH

Como se cuidar quando os sintomas do TDAH causam problemas de sono. Por Nancy Ratey

Muitos adultos com TDAH se queixam de noites inquietas e exaustão matinal. Às vezes, a medicação do TDAH causa reações colaterais, outras vezes um cérebro com velocidade turbinada mantém você aceso. Do mesmo modo que não há somente uma razão para os distúrbios do sono relacionados com o TDAH, também não há só uma solução que funcione para todo mundo. Aqui estão algumas das soluções que os especialistas em TDAH indicam.
1-    Ajuste a medicação do TDAH
A medicação do TDAH pode desencadear problemas de sono em alguns adultos. Se você acha que este é o seu caso, fale com seu médico sobre o ajuste fino do tratamento.
Por outro lado, alguns especialistas em TDAH acreditam que um estimulante tomado 45 minutos antes de se deitar pode desligar cérebros muito ativos. “Cerca de dois terços dos meus pacientes adultos tomam uma dose completa da medicação para o TDAH toda noite, para iniciar o sono”, diz William Dodson, M.D., um psiquiatra de Denver, Colorado.
2-    Apague a luz
A luz ativa o cérebro TDAH e mantém você acordado por mais tempo. Prepare-se para dormir apagando ou diminuindo as luzes lá pelas 9 da noite.
Você pode cobrir a lâmpadas ou usar um dimer para diminuir gradualmente a intensidade da iluminação, e não ficar vendo TV muito luminosa ou no computador depois das 9 da noite.
3-    Alenteça seu cérebro
Já na cama, com as luzes apagadas, use ferramentas que ajudam quem tem TDAH a relaxar, como aparelho de ruído branco, protetores de ouvido ou música suave para enfrentar os pensamentos competidores. Relaxe um músculo de cada vez, começando pelo seu pé e subindo, respire cada vez que atingir um novo grupo muscular.
4-    Crie rotinas de acordar e de se acalmar
Acordar na hora certa depende de ir dormir na hora certa, e ter uma noite completa de sono reparador. Desenvolva rotinas para ajuda-lo a acordar mais feliz e mais rapidamente pela manhã e para se acalmar à noite.
Essas fáceis rotinas de ir dormir e de acordar podem ser simples – tomar banho de chuveiro e assistir ao noticiário a cada noite, tomar café e ler o jornal a cada manhã
5-    Mantenha o esquema de sono
Deitar-se e levantar-se todos os dias no mesmo horário. Isto aumentará a qualidade do seu sono por fazer seu corpo pegar um ritmo diário, algo que beneficia particularmente adultos e crianças com TDAH. Nem todos precisam da mesma quantidade de sono, mas a consistência é a chave, então trabalhe com sua família para estabelecer uma rotina de sono e fixe-se nela.
6-    Evite as armadilhas do sono
Conheça as armadilhas do sono do TDAH e evite-as. Se falar ao telefone, ver TV ou checar a correspondência do e-mail mantém você acordado além do horário de ir dormir, pregue avisos que o lembrem de observar as regras. Peça à sua família para ajuda-lo, de modo que eles saibam como não distraí-lo do seu objetivo.
7-    Ajuste um despertador
Programe um relógio de pulso com alarme, ou ajuste um relógio despertador para uma hora antes da hora de ir dormir, de modo que você tenha tempo para se preparar para ir deitar-se. Se você frequentemente fica grudado na TV, coloque o despertador em outro cômodo, porque assim você será forçado a ir até ele para desligá-lo.

123- É uma dificuldade de aprendizagem ou TDAH forma desatenta?

Problemas com organização, atenção e gerenciamento do tempo apontam geralmente para o tipo desatento do TDAH. Porém, às vezes, as Dificuldades de aprendizagem são esquecidas. Como descobrir o que há por trás dos sintomas...  Por Larry Silver, M.D.

Uma criança ou um adulto com TDAH pode ser diagnosticado em três subgrupos:
TDAH – Tipo Combinado: significa que o indivíduo é hiperativo, desatento e impulsivo.
TDAH – Tipo Hiperativo-Impulsivo: significa que o indivíduo é hiperativo e impulsivo.
TDAH – Tipo Desatento: significa que o indivíduo é somente desatento.
Não é difícil de entender os comportamentos observados no tipo hiperativo ou impulsivo. Mas o que significa “desatento”?
Os critérios listados no Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais - DSM-IV, usados para estabelecer se uma criança ou adulto é desatento, requerem que o clínico identifique ao menos seis comportamentos em um conjunto de nove (veja a lista no fim do artigo).
Um dos nove comportamentos listados refere-se a ser distraído por estímulos externos (estímulos sonoros ou visuais). Outro refere-se à dificuldade de manter a atenção. Os sete restantes descrevem as dificuldades relacionadas no contexto da função executiva – a capacidade de imaginar uma tarefa, planejar como fazê-la, e completá-la no tempo correto. (Estes problemas também podem ser imaginados como dificuldades com organização e planejamento do seu tempo). Assim, uma criança ou adulto que tenha dificuldades somente com a função executiva poderá preencher os critérios e ser identificado como tendo desatenção.
Quando a medicação não funciona
Algumas vezes as dificuldades com a desatenção melhoram significativamente com o uso de um estimulante para o TDAH.
Frequentemente, entretanto, os medicamentos não resolvem completamente esses problemas de organização e de gerenciamento do tempo, a será necessária uma ajuda adicional: apoio de educação especial para a criança ou, para um adulto, trabalhar o TDAH com um coach especializado em organização.
Essas dificuldades com organização e planejamento do tempo podem ser causadas pelo TDAH – ou podem resultar de uma Dificuldade de Aprendizagem  (DA). Algumas vezes essas dificuldades podem ser devidas aos dois problemas, TDAH e DA.
É importante para os pais de uma criança com desatenção, assim como para um adulto que sofra do mesmo problema, o entendimento das causas potenciais e de como elas indicam o tratamento mais eficaz.
Os pais devem entender  como os sintomas do TDAH desatento impactam seu filho. Por exemplo, os problemas de organização e de planejamento do tempo podem também causar dificuldades acadêmicas – na retenção do que foi lido e para organizar os pensamentos para serem escritos no papel.
Estudo de Casos
Quando pedi a Jane, mãe de três filhos, que achava que sofria de TDAH, para falar sobre seus sintomas, ela me contou a seguinte história. “ Subo as escadas para pegar a roupa suja”, disse. “No alto das escadas, olho para o quarto e vejo algo que precisa ser feito. Eu o faço. Então, me lembro da roupa suja, mas noto alguma outra coisa e paro para fazê-la. A roupa suja nunca é recolhida.”
Após algumas perguntas, Jane descreveu sua história de desatenção. Ela se distraía com qualquer coisa que visse ou ouvisse. Não conseguia controlar as tarefas de casa e os seu três filhos. Nunca era pontual e frequentemente esquecia o que tinha de ser feito a cada dia.
Confirmei o diagnóstico de TDAH tipo desatento, e receitei um estimulante. Sua vida mudou. Sob a medicação, ela podia fazer as tarefas sem se distrair com outras atividades. Sua vida ficou organizada.
Jessica, uma estudante do décimo grau, era um caso mais complicado. Ela tinha tido dificuldades na escola desde o oitavo grau e, agora, estava com graves problemas acadêmicos. Depois de uma avaliação psicoeducacional, na escola, foi achado que ela tinha capacidade intelectual acima da média, mas que sua velocidade de processamento e sua memória de trabalho estavam abaixo da média.
A escola suspeitou que ela tivesse o TDAH tipo desatento. Jessica consultou seu pediatra e começou a usar um estimulante. Sua atenção melhorou, mas seu desempenho acadêmico não. Então, os pais de Jessica pediram para que eu a avaliasse.
Descobri que Jessica tinha sido boa aluna até o sétimo grau. Ela tinha mais dificuldade de cumprir os compromissos e de terminar seu trabalho a cada ano. Embora ela entendesse a matéria, ela não guardava o que tinha lido. Parecia entender as aulas, mas não conseguia organizar seus pensamentos bem o suficiente para passa-los para o papel.
“Eu ficava olhando para a página e nada acontecia”, disse ela. Além dessas dificuldades, havia o fato de que ela frequentemente esquecia-se de escrever os compromissos. Reli a avaliação psicoeducacional de Jessica. Suas dificuldades educacionais não foram resolvidas na conferência da escola. Em vez disso, a maioria dos profissionais concluiu que ela tinha TDAH. Ainda assim, os testes educacionais mostravam que ela tinha dificuldade com a retenção do que lia e de organizar seus pensamentos. Não estava claro para mim que ela tinha TDAH. Estava claro que ela tinha dificuldades de aprendizagem. Sugeri o apoio da educação especial, e encorajei a escola a fazer as acomodações. A medicação foi interrompida. Suas notas melhoraram lenta mas constantemente.
Lições aprendidas
O que estas duas histórias revelam? Ambas as meninas tinha problemas de organização e de planejamento do tempo. Os problemas de Jane eram secundários ao TDAH tipo desatento. Ela respondeu maravilhosamente a um medicamento estimulante. Jessica, por ouro lado, tinha problemas de organização que resultavam de dificuldades de aprendizagem. Ela necessitou de intervenções de educação especial. Algumas crianças ou adultos têm ambos os problemas, e requerem medicação e um tutor ou serviços especiais
O auxílio correto
Alguns profissionais da escola são muito rápidos na interpretação dos sintomas de desatenção e dos problemas com a função executiva (especificamente, organização e planejamento do tempo) como TDAH.
De fato, muitas avaliações escolares focalizam nos achados que apoiam o diagnóstico de TDAH. Seu médico de família pode usar esses resultados como evidência para receitar medicação. Isto é correto e bom, se a medicação melhorar significativamente os sintomas de desatenção da criança. Mas, e se isso não acontecer? Fique atento para a possibilidade de que os sintomas sejam os de dificuldades de aprendizagem, que requerem um plano de tratamento diferente.
E sobre os adultos?  Digamos que você tenha sido diagnosticado como tendo o TDAH do tipo desatento, que esteja tomando um estimulante e que trabalhe com o auxílio de um coach para organização. Se essas coisas não estão ajudando, é possível que você tenha uma dificuldade de aprendizagem. Pense nos seus anos escolares: você tinha dificuldades acadêmicas? Algumas tarefas acadêmicas – matemática ou um relatório sobre gastos, digamos – complicavam sua carreira e sua vida? Se foi assim, você pode se beneficiar de uma intervenção de educação especial focalizada. Nunca é tarde para obter ajuda.
TDAH desatento em resumo
Frequentemente fracassa em prestar atenção a detalhes, ou comete erros por falta de
cuidado na escola e no trabalho
Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção em tarefas e atividades  de lazer
Frequentemente parece não ouvir o que se lhe fala diretamente
Frequentemente não segue instruções e fracassa em terminar os trabalhos da  escola ou
as obrigações
Frequentementetem dificuldade de se organizar para as tarefas e as atividades
Frequentemente evita, não gosta, ou é relutante em se engajar em tarefas que requeiram esforço mental sustentado (trabalho de casa ou trabalho escrito)
Frequentemente perde as coisas necessárias para os trabalhos ou as atividades
Frequentemente é facilmente distraído por estímulos externos
Frequentemente é esquecido nas atividades diárias

quinta-feira, 28 de julho de 2011

122- É Ansiedade ou TDAH?

O que você precisa saber quando avalia os sintomas e procura por um diagnóstico para o seu filho. Por Larry Silver, M.D.

Nem sempre é fácil analisar os sintomas de uma criança para fazer o diagnóstico correto.
Cerca de metade de todas as crianças com TDAH também têm uma dificuldade de aprendizagem. Depressão, transtorno obsessivo-compulsivo, dificuldades de controle da raiva, transtorno de tiques motores, transtorno bipolar ou transtorno de ansiedade. Os sintomas também podem parecer semelhantes.
Uma criança que parece ter TDAH – ela é hiperativa, impulsiva, desatenta – pode ter, em vez disso, um transtorno de ansiedade. Crianças que exibem os sintomas clássicos do transtorno de ansiedade podem ter TDAH. Distinguir entre TDAH e transtorno de ansiedade requer uma avaliação completa por profissional que esteja disposto a cavar fundo para encontrar as pistas.
Ainda, mesmo os profissionais podem interpretar mal os sintomas. Se uma criança não consegue ficar parada, não continua as tarefas, fala alto em sala de aula, ou faz comentários impróprios, eles pensam que deve ser TDAH. Se uma criança tem medos excessivos ou preocupações, deve ser transtorno de ansiedade.
O problema é que nós às vezes vemos a fumaça e não enxergamos o fogo. Ou vemos a fumaça e concluímos incorretamente o que está causando o fogo. Comportamentos são mensagens, não são diagnósticos. È tarefa do profissional clarificar as razões para os comportamentos.
Foco e Problemas de Medos
Veja Mônica, uma menina do terceiro ano, por exemplo. Sua inquietação em classe e sua incapacidade de prestar atenção no trabalho em classe levou sua professora a acreditar que ela tivesse TDAH. O seu pediatra receitou uma medicação estimulante para TDAH, mas os sintomas não melhoraram.
Recentemente, ela começou a demonstrar sinais de ansiedade: Ela tem dificuldade de pegar no sono por si mesmo, e tem medo de ficar sozinha em qualquer lugar de sua casa.
Minha avaliação informal mostrou que ela tem as habilidades de linguagem e de escrita no nível inicial do segundo grau. Mônica me disse que, se ela não sabia o que escrever ou se tinha dificuldades em sala de aula, ela ficava com medo de que a professora ficaria brava com ela.
Estudos formais confirmaram que ela não tem TDAH, mas na verdade tem uma dificuldade de aprendizagem que causou seu estado de ansiedade em casa e na escola.
Facilmente distraído e intimidado
José tinha 16 anos quando veio ao meu consultório. Seus pais o descreveram como quieto, tímido, “com medo de sua sombra”. Ele não tinha amigos e evitava esportes e outras atividades em grupo.
José ficava nervoso com pessoas que ele não conhecesse ou quando tinha de falar frente a classe. Tinha também medo de elevadores e de espações pequenos e fechados.
Seus pais disseram que José mostrava sinais de ansiedade desde a infância. Sua mãe disse que tinha comportamentos semelhantes quando era criança – e que ainda tinha. Fiquei sabendo que José ia mal na escola.
Ele se distraia com objetos e barulhos na sala de aula. Ele sonhava acordado e perdia a noção do que estava acontecendo. Também descobri que ele tinha dificuldade com organização. Meu diagnóstico foi de transtorno de ansiedade e TDAH sem tratamento, ou seja, ainda não tratados.
A Sra. Garcia, graduada por faculdade e que tinha uma posição importante em firma de consultoria, tomava medicação para ansiedade por três anos. Mas não tinha melhora: Ainda precisava de um lugar silencioso para ficar prestando atenção no que fazia. Pareceu-me que sua ansiedade e o estresse na faculdade e no trabalho vinham da desatenção.
Suspendi sua medicação para ansiedade e receitei medicação para o TDAH. Em uma semana ela podia prestar atenção e terminar seus projetos no trabalho. Sua ansiedade havia cessado.
Ansiedade: A causa ou o efeito?
O estresse e a ansiedade são parte normal de vida de crianças e de adultos. A ansiedade moderada ajuda as crianças a se esforçarem para serem bem sucedidas em casa, com os amigos e na escola.
É normal ficar ansioso quando se faz uma prova ou se participa de uma peça de teatro na escola. Espera-se que crianças e adolescentes fiquem nervosos no médico e no dentista, ou quando enfrentam situações novas. Quando o nível de ansiedade é maior do que o esperado, suspeitamos que haja um transtorno de ansiedade.
Ainda, simplesmente diminuir os sintomas proeminentes pode levar os pais e os profissionais a tomar o caminho errado. A ansiedade pode causar inquietação que pode ser interpretada como hiperatividade. Ou pode trazer preocupações e dúvidas que provocam a desatenção da criança. Conforme aumente o nível de ansiedade, a criança pode parecer estar agindo rapidamente ou irracionalmente, para diminuir o estresse. Um pai pode rotulála como impulsiva. Uma avaliação superficial pode sugerir que a criança tenha TDAH, quando o que ela realmente tem é um transtorno de ansiedade.
Um diagnóstico correto é crítico para o desenvolvimento de um plano de tratamento. Um médico ou um profissional deve determinar se a ansiedade é primária ou secundária.
Se uma criança tem dificuldade de regular o estresse e a ansiedade desde pequena, e sua ansiedade é prejudicial, ela é primária. Se um ou os dois pais se lembram de que eram ansiosos desde a infância, ou se ainda são, um diagnóstico de ansiedade é quase certo. Os transtornos de ansiedade são frequentemente genéticos.
Por outro lado, um transtorno de ansiedade pode ser secundário a dificuldades sentidas por uma criança que tenha TDAH ou uma dificuldade de aprendizagem. A ansiedade secundária ocorre em certas circunstâncias.
Mônica tornou-se ansiosa a respeito de tudo relacionado com a escola. Sua ansiedade desapareceu em semanas. Algumas crianças se tornam ansiosas depois de passarem por eventos estressantes, tais como mudar de uma cidade para outra, ou seus pais iniciarem um processo de divórcio. Na ansiedade secundária não há nenhuma história familiar do transtorno.
Qual deles você trata primeiro?
A resposta depende da descoberta das causas dos comportamentos observados. Quando uma criança mostra sinais de ansiedade, um pai ou profissional deve não assumir que ela esteja sofrendo de transtorno de ansiedade.
Eles devem tentar ir até a raiz do comportamento ansioso. Pode ser que a criança (ou adulto) tenha TDAH, e sua ansiedade seja secundária às frustrações, fracassos e feedback negativo que ela recebe na escola ou no trabalho, em casa, e com os colegas. Em tal caso, um profissional deveria tratar o TDAH enquanto trabalha nos problemas sociais, emocionais e familiares associados com o transtorno de ansiedade.
Outra possibilidade é a de que a criança tenha TDAH e transtorno de ansiedade. Se for assim, um profissional deve tratar ambos os problemas para aumentar a chance de sucesso. Se a criança estiver recebendo tratamento para a ansiedade, mas os sintomas persistem e o médico começa a suspeitar de que são causados por um TDAH não diagnosticado, ele deve tratar o TDAH e ver se os sintomas de ansiedade desaparecem.
O tratamento precisa incluir medicamentos, terapia comportamental, terapia individual, grupos de habilidades sociais e/ou aconselhamento familiar. Os pais devem lembrar-se de que o plano de tratamento eficaz sempre decorre de um diagnóstico correto.
As dúvidas do diagnóstico
Os pais precisam entender que o processo de diagnóstico pode ser ainda mais complicado durante a fase de tratamento. Foi assim para Roberto, de 10 anos de idade.
Ele foi diagnosticado como tendo TDAH e recebeu um estimulante. Dois dias depois, sua mãe ligou, dizendo que seu filho estava muito ansioso. Não dormia sozinho e chamava a sua mãe da escola, para saber se ela estava bem. Suspendi a medicação e sua ansiedade desapareceu.
Enquanto algumas crianças com TDAH podem ter um transtorno de ansiedade ou outra condição comórbida, algumas vezes o transtorno é tão pequeno que não há nenhum sintoma. Chamamos isto de subclínico. Entretanto, ao tomar um estimulante, essa condição subclínica, de nível baixo, pode ser exacerbada. Quando isto acontece, é importante lidar com o transtorno de ansiedade em primeiro lugar. Depois que ele estiver sendo tratado, geralmente será seguro reintroduzir o estimulante sem causar um surto de ansiedade.

TDAH - Você não é perfeito, então pare de tentar ser Seu perfeccionismo rígido pode ser, na verdade, um sintoma do seu TDAH. Veja como imp...