domingo, 28 de novembro de 2010

40- TDAH É UMA DOENÇA INVENTADA?

Você certamente já leu ou ouviu em algum lugar que o TDAH “é uma doença inventada pelos laboratórios farmacêuticos” ou que é uma “medicalização” de comportamentos de indivíduos que são simplesmente diferentes dos demais. Então vamos aos fatos:

1) O que hoje chamamos de TDAH é descrito por médicos desde o século XVIII (Alexander Crichton, em 1798), muito antes de existir qualquer tratamento medicamentoso. Não existia sequer aspirina... No inicio do século XX, aparece um artigo científico publicado numa das mais respeitadas revistas médicas até hoje, The Lancet, escrito por George Still (1902). A descrição de Still é quase idêntica a dos modernos manuais de diagnóstico, como o DSM-IV da Associação Americana de Psiquiatria. Se fosse uma doença “inventada” ou “mera conseqüência da vida moderna”, você acha que seria possível atravessar quase dois séculos com os mesmos sintomas?

2) Os sintomas que compõem o TDAH são observados em diferentes culturas: no Brasil, nos EUA, na Índia, na China, na Nova Zelândia, no Canadá, em Israel, na Inglaterra, na África do Sul, no Irã... Já chega? Pois se fosse meramente um comportamento secundário ao modo como as crianças são educadas, ou ao seu meio sociocultural, como é possível que a descrição seja praticamente a mesma nestes locais tão diferentes?

3) Se o TDAH fosse meramente “um jeito diferente de ser” e não um transtorno mental, por que os portadores, segundo os dados de pesquisas científicas, têm maior taxa de abandono escolar, reprovação, desemprego, divórcio e acidentes automobilísticos? Por que eles têm maior incidência de depressão, ansiedade e dependência de drogas?

4) Se o TDAH fosse “uma invenção da indústria farmacêutica”, você esperaria que a Organização Mundial de Saúde – órgão internacional máximo nas questões relativas à saúde pública, sem qualquer vinculação com a indústria farmacêutica – listaria o transtorno como parte dos diagnósticos da Classificação Internacional das Doenças não só na sua última versão (CID-10) como nas anteriores (CID-8 e CID-9)? Pois é, ele está lá no capítulo dos transtornos mentais – vide o site http://www.datasus.gov.br/cid10/v2008/cid10.htm

5) Se o TDAH fosse secundário ao modo como os pais educam seus filhos, por que motivo as famílias biológicas de crianças com TDAH que foram adotadas têm prevalências (taxas) de TDAH bem maiores do que aquelas encontradas nas suas famílias adotivas? A única explicação possível: é um transtorno com forte participação genética.

6) Quantos artigos científicos você acha que já foram publicados demonstrando alterações no funcionamento cerebral de portadores de TDAH? Mais de 200 (você leu certo). Vale também lembrar que os achados mais recentes e contundentes são oriundos de centros de pesquisa, como o National Institute of Mental Health dos EUA, impossibilitados de qualquer contato com a indústria farmacêutica. O fato de não termos uma alteração cerebral que seja “marca registrada” do TDAH não invalida nem a sua base neurobiológica, muito menos a sua existência. Se fosse assim, não existiria a Esquizofrenia, o Autismo, a Depressão, o Transtorno de Humor Bipolar entre outros, já que nenhum desses tem uma alteração que seja “marca registrada” da doença.

E como você pode acreditar em todas estas informações descritas acima?

Muito fácil: estão em artigos científicos publicados em revistas sérias que exigem rigor científico e passam pelo crivo de vários profissionais antes de serem publicados. E todos estes artigos são públicos (por exemplo: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed )

E quanto aos conflitos de interesses de quem escreve artigos?

Eles existem frequentemente e são de dois tipos. O primeiro deles é o chamado conflito de interesses financeiro, onde o autor de um artigo científico (ou um palestrante) recebe verba de alguma instituição ou empresa farmacêutica para suas pesquisas ou ainda como consultor. Nestes casos é exigido que ele informe claramente aos leitores de seu artigo (ou aos participantes de uma palestra) os seus potenciais conflitos para que todos possam ler o artigo (ou ouvir sua palestra) sabendo deles, antecipadamente. Isto é obrigatório nas revistas científicas e em quase todas as associações médicas; no Brasil isto é exigência da ANVISA. Este procedimento garante que nenhum resultado de pesquisa seja apresentado sem que todos possam considerar a possibilidade destes conflitos financeiros; ou seja: exige que o pesquisador apresente dados com a devida transparência.

O segundo tipo de conflito de interesses é o não-financeiro. Este é também extremamente comum e, infelizmente, a sua informação aos leitores ou ouvintes ainda não é exigida por lei. São exemplos: pertencer a uma determinada escola de psicoterapia ou religião que pregam o tratamento através de suas práticas e não através de medicamentos, cargos políticos ou administrativos (que permitem economizar no tratamento de uma doença caso se considere que ela “não existe” ou que “não é necessário usar medicamentos”, etc.)

Quando você ouve alguém falar que “TDAH é uma doença inventada”, por mais eloqüente que seja o autor desta opinião sem qualquer base científica, ou mesmo a sua titulação (a incapacidade e leviandade sempre foram democráticas: também acometem médicos, psicólogos, etc.), pesquise sobre a veracidade (e a origem) do que está sendo dito.

Sempre existiram indivíduos com pouco espírito crítico embora bem intencionados e espertos mal intencionados na história da medicina. Apenas para enfatizar: até bem pouco tempo atrás havia quem bradasse aos quatro cantos que a AIDS não era causada pelo HIV. Outra: que as vacinas para sarampo causavam autismo nas crianças. Ou ainda pior, que condenavam as mães pelo Autismo de seus filhos: chamavam-nas de “mães geladeiras” numa alusão de que era a sua frieza nas relações inicias com seus filhos que criava o autismo na criança!

Os resultados?

Aumento absurdo das mortes por AIDS e de crianças com seqüelas neurológicas irreversíveis por conta de sarampo, uma doença facilmente prevenida. E uma enormidade de mães levianamente culpadas que se viam ainda mais fragilizadas para acolher um(a) filho(a) com uma condição delicada como o autismo.

Mediante ao texto acima você tem recursos para acessar fontes realmente seguras e científicas sobre o TDAH. Portanto, dê um basta no discurso vazio! Siga o conselho do poeta Dickens: “não aceite nada pela aparência, só pela evidência”.

No nosso caso, a evidência científica é implacável: o TDAH é um dos transtornos mais bem estudados da medicina e com mais evidências científicas que a maioria dos demais transtornos mentais.

O texto acima foi redigido por:

Paulo Mattos – Presidente do Conselho Científico da ABDA – Psiquiatra


Professor Adjunto do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestre e Doutor em Psiquiatria. Pós-Doutor em Bioquímica. Membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (Título de Especialista), American Psychiatric Association e Academia Brasileira de Neurologia. Membro do Comitê Editorial do Journal of Attention Disorders, do Jornal Brasileiro de Psiquiatria e da Revista de Psiquiatria Clínica. Coordenador do GEDA - Grupo de Estudos do Déficit de Atenção da UFRJ.


Dr. Paulo Mattos foi palestrante ou consultor das empresas Janssen-Cilag e Novartis nos últimos três anos (recebendo menos que 5% de sua renda bruta anual). Ele também recebeu benefícios de viagem para encontros científicos das empresas Novartis e Janssen-Cilag. Ele é coordenador do Grupo de Estudos do Déficit de Atenção da UFRJ, que recebeu apoio educacional e de pesquisa das seguintes empresas nos últimos três anos: Janssen-Cilag, Novartis e Shire.


Luiz Augusto Rohde – Vice-presidente do Conselho Científico da ABDA - Psiquiatra


Professor Adjunto da UFRS; Bolsista de Produtividade em Pesquisa 1B; Orientador de Doutorado; Doutorado em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Editor da Revista Brasileira de Psiquiatria; Co-editor do European Child and Adolescent Psychiatry; Editor internacional do Journal AM. Acad. Child and Adolescent Psychiatry; membro do corpo editorial de várias outras revistas (como Neuropsychiatric Genetics e Journal of Attention Disorder); Secretário Geral da International Association of Child Adolescent Psychiatry Allied Psychiatry - Membro do grupo para Transtornos Disruptivos do Comportamento e TDAH do DSM-V e do grupo de coordenação de parceria científica global para CID-11.


Dr. Luis A. Rohde foi, nos últimos três anos, um dos palestrantes e/ou consultores patrocinados por Eli-Lilly, Janssen-Cilag, Novartis e Shire. Ele também recebeu patrocínio para viagens (passagens e hospedagens) por fazer parte de dois encontros de psiquiatria infantil organizados pela Novartis e Janssen-Cilag. Os programas de TDAH e Transtorno do Humor Bipolar para jovens coordenados por ele receberam suporte irrestrito para atividades de pesquisa e educacionais dos seguintes laboratórios farmacêuticos nos últimos três anos: Abbott, Eli-Lilly, Janssen-Cilag, Novartis e Shire. Ele recebe a maior parte de incentivos para suas pesquisas de instituições governamentais brasileiras (CNPQ, FAPERGS, HCPA e CAPES).
 
Este texto está no site da ABDA http://www.tdah.org.br/

sábado, 27 de novembro de 2010

39- Medicamentos ou Tratamento Alternativo para o TDAH?

Decidir pode ser difícil… Considere este conselho de um especialista quando for decidir se o melhor para o seu filho com TDAH é o medicamento ou o tratamento alternativo.
by Edward Hallowell, M.D.

Depois que uma criança é diagnosticada como portadora do TDAH, uma das decisões mais difíceis que um pai tem de tomar é se vai usar ou não a medicação. Eu já passei por isso. Dois dos meus três filhos têm TDAH, e, embora eu e minha mulher tenhamos decidido pela medicação – que, por sinal, ajudou imensamente a ambos, sem efeitos colaterais – chegar a essa decisão necessitou de uma cuidadosa reflexão.

Quando foi sugerido que meus filhos usassem a medicação, eu tive minhas dúvidas. Eu sabia que os medicamentos para o TDAH são seguros e eficientes, mas eu me preocupei que talvez, por alguma razão desconhecida, eles pudessem prejudicar a saúde dos meus filhos. Embora a medicação estimulante esteja sendo utilizada por mais de 60 anos, eu me perguntava se algum efeito colateral novo poderia aparecer.

Enfrentei essas preocupações com os possíveis efeitos colaterais de não tomar a medicação: principalmente a luta que meus filhos travavam para se manterem focalizados, e a sua frustração quando não conseguiam. Depois de imaginar este cenário, a decisão ficou muito menos difícil.

Utilize o seu tempo

Cada pai – e criança – enfrenta a questão da medicação com diferentes preconceitos. Meu forte conselho é que você gaste o tempo que for preciso, respeite os seus sentimentos, e encontre um médico que permaneça calmo, um profissional que lhe dê informação – não ordens apressadas – enquanto você luta com sua decisão.

Do ponto de vista médico, a decisão é óbvia. Medicação é de longe o tratamento mais comprovado, seguro e eficiente para o TDAH. Estudos cuidadosos e controlados estabeleceram que um teste de medicamento faz sentido, após o diagnóstico ter sido feito. Lembre que um teste de medicamento é somente isto – um teste. Diferente de uma cirurgia, ele pode ser revertido. Se o medicamento não funcionar ou se ele produzir efeitos colaterais, o médico pode reduzir a dosagem ou interrompê-lo. Nenhum prejuízo acontece. Mas a não ser que seu filho experimente o medicamento, você nunca saberá se ele poderá beneficiá-lo, como tem acontecido com outras crianças e adultos.

Pesquise os fatos

Entretanto, de um ponto de vista pessoal e paterno, a decisão é tudo menos fácil. Leva tempo e requer conversar com seu médico e outros especialistas. Você poderá querer pesquisar a medicação na internet e encontrar o que os últimos estudos concluíram sobre ela. Obtenha todos os fatos, e tome uma decisão científica, em vez de supersticiosa. Mas eu recomendo que você nunca comece a dar medicação para o seu filho antes de estar bem seguro disso. Não pense que esteja desafiando a paciência do seu médico ou que suas dúvidas são bobas. Nada que você faz com amor por seu filho é bobagem.

Entretanto, eu recomendo que você não rejeite a medicação totalmente. Muitos pais ouviram tantas coisas más sobre os medicamentos para o TDAH que eles prefeririam viajar até o Tibete para descobrir um tratamento alternativo, antes de dar uma chance para a medicação. É muito importante que você faça seu trabalho de casa e separe os fatos dos mitos antes de descartar o tratamento.

Honre os seus sentimentos

Quando eu dou aulas, as pessoas frequentemente me perguntam se eu acredito na medicação para as crianças e adultos com TDAH. Minha resposta é que o medicamento não é um princípio religioso; é um tratamento médico. Meus sentimentos sobre os medicamentos para o TDAH são os mesmos que sobre os demais medicamentos em geral. Eles são ótimos quando utilizados corretamente, e são perigosos quando não são.

Às vezes demora meses ou até mesmo anos antes que os pais decidam utilizar medicação para seus filhos. Cada pai tem o seu tempo. Fique com o seu.

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terça-feira, 23 de novembro de 2010

38- Evite a Destruição das Festas de Natal: Auxílio para as crianças com TDAH

Seis maneiras para os pais auxiliarem suas crianças com TDAH a aproveitarem as celebrações dos feriados natalinos sem problemas de comportamento, conflitos de família ou exacerbação dos sintomas do TDAH. Por Carol Brady, Ph.D.

As festas natalinas podem ser muito estressantes para as crianças com TDAH. Viajar e visitar parentes pode destruir suas rotinas diárias, e toda a excitação pode ser opressiva. Siga estas estratégias apropriadas para a família, para evitar a destruição das festas natalinas, para manter suas crianças com TDAH sentindo-se bem, e criando memórias mais felizes.

1- Planeje antes

Durante os feriados, a rotina e a estrutura vão-se pela janela. Uma criança precisa suportar uma viagem de automóvel, de trem, ou de avião; sentar-se polidamente à mesa de jantar por longos períodos; ter menor controle da dieta e do sono. Planejar para esses efeitos colaterais dos feriados será útil para as crianças e para os seus pais.

Decida como os dias serão gastos – festas, decoração, visita a parentes, preparação das diversões natalinas – e estabeleça uma escala, admitindo flexibilidade no caso de sua criança precisar de um tempo de descanso.

Esquematize cada fase dos feriados, incluindo todo o tempo livre, quando seu filho poderá estar brincando com outras crianças ou parentes. Agora, levando em conta o que você sabe do seu filho, ou de sua filha, elimine as atividades que possam ser um problema para ele ou ela. Refaça o esquema se for necessário, e discuta com seu filho a obediência às estratégias.

Dica: Se o seu filho ou filha estiver usando medicação para o TDAH, fale com seu médico sobre a possibilidade de estender a proteção por 24 horas, durante o período de feriados. Aumentando o tempo de ação da medicação, pode aumentar o desfrute do seu filho durante este período de alta energia.

2- Ensine o autocontrole

Dar à criança algumas ferramentas para o autocontrole pode evitar que uma reação exagerada se transforme em uma crise de furor. Técnicas de relaxamento – yoga, exercícios respiratórios – podem ajudar uma criança que facilmente se torna alterada em um ambiente muito carregado. Além disso, dê ao seu filho alguns apoios verbais para mantê-lo num estado mental positivo.

Frente a uma multidão na casa de um parente ou à tarefa de sentar-se educadamente à mesa de jantar, diga-lhe baixinho “Sei que você pode dar conta disto. Vai ser só uma pequena parte do dia”.

3- Treine as técnicas de acalmar-se

Algumas crianças com TDAH precisam praticar o ato de acalmar-se em casa, antes de sair para os feriados. Ensaiar a técnicas de “pare, relaxe, pense” com uma criança, ou revisar um cenário que lhe deu problemas no passado, são estratégias excelentes. Você pode ensinar sua criança a pedir ajuda logo no início de um conflito com um parente ou amigo. Em tempo, só de andar em sua direção já pode acalmar seu filho.

Dica: Para evitar conflitos com os companheiros, encoraje seu filho a levar um brinquedo ou um jogo para compartilhar com as outras crianças.

4- Esquematize o tempo sabiamente

Muitos eventos podem super estimular uma criança com TDAH. Decida quais ocasiões são as mais importantes, e não sobrecarregue o esquema. Inclua um tempo privado para uma saída para um restaurante conveniente para crianças, com um amigo, para alguma diversão compartilhada um a um com o seu filho. Além disso, ficar um tempo juntos num lugar tranqüilo da casa ou fazer uma curta caminhada pode afastar uma crise de raiva numa criança.

Dica: Se você estiver planejando gastar vários dias em visita a um parente, fique num motel, ou hotel, em vez de dormir todos juntos. Isto dará ao seu filho a chance de construir um espaço para respirar. Para evitar mágoas e ressentimentos, explique aos seus parentes por que motivo você não está dormindo na casa deles.

5- Envolva seu filho em atividades

Construa memórias felizes ao juntar seu filho a você no preparo das refeições dos feriados, ao criar decorações ou embrulhar os presentes. Tais atividades reforçam os laços entre as crianças e os pais.

6- Encoraje o bom comportamento

Elogiar o bom comportamento de uma criança a faz lembrar-se dos seus pontos fortes e aumenta sua confiança de que pode administrar o que quer que seja que os feriados lhe aprontem. Um pai disse-me que sua criança tornou-se a atração da festa quando leu um livro de enigmas para os membros da família. Outro pai me contou que seu filho encantou a turma com seus truques de mágico. Lembrar a uma criança os seus sucessos já conquistados fará com que ela se realize neste ano.

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37- Álcool e Medicamentos para o TDAH: O que é Seguro?

Como o álcool interage com sua medicação para o TDAH do adulto? Leia este conselho do especialista antes de consumir bebidas alcoólicas.  Por Larry Silver, M.D., ADDitude Magazine

Cada pessoa tem seu modo especial de aproveitar os feriados, e, para muitas, isto significa beber um copo de vinho, um coquetel ou uma cerveja.

Mas a bebida combina com o TDAH e com a medicação que você está usando para o tratamento? E quais são os riscos de se embebedar se o seu TDAH não estiver sendo tratado?

Menos é mais

Beber com moderação é atitude sábia para todo mundo, mas é imperativo para os adultos com TDAH. O álcool pode ser perigoso para a sua saúde e a sua segurança.

Os medicamentos estimulantes geralmente usados para tratar o TDAH podem intensificar os efeitos do álcool assim como os da maconha ou da cocaína. A quantidade de álcool que geralmente causaria uma bebedeira naqueles que não estivessem tomando medicamento pode resultar em coma alcoólico nos que estão tomando medicação. Antidepressivos também podem causar a mesma combinação de efeitos.

Meu conselho? Diga NÃO a mais de uma cerveja ou a um copo de vinho. Tente com vagar um drinque e mude para uma bebida não alcoólica. Se você não for capaz de ficar somente no primeiro drinque, eu sugiro que você não tome o remédio neste dia. Para os que estão usando medicamentos de longa ação, esse recurso não pode ser usado. Eles permanecem no seu organismo por muito tempo depois de você os ter tomado, então, fale com o seu médico sobre como interromper a medicação de longa ação pode ser seguro ou não.

Lembre-se, também, que se você falha a medicação naquela noite, você poderá ficar hiperativo, desatento, ou impulsivo, e agir de modo impróprio ou se envolver em comportamentos de risco. Peça para um amigo de confiança ficar de olho em você e para que alguém que não bebeu o leve de volta para casa.

O tratamento é a chave

Os que têm TDAH sem tratamento têm outro problema: usar e talvez abusar do álcool para se sentir melhor consigo mesmos. As frustrações diárias, os problemas de trabalho, e a baixa auto-estima podem fazer com que o TDAH não tratado promova um desequilíbrio emocional. É por isso que os adolescentes e os adultos não tratados correm um maior risco de dependência do álcool.

Os estudos estatísticos mostram que a probabilidade de se tornar dependente do álcool ou de drogas é igual para as pessoas tratadas e a população em geral. Mas há um aumento da probabilidade de se tornar dependente de álcool se o TDAH não for tratado.

Então, se você estiver recebendo tratamento para o TDAH, não se sinta obrigado a se abster nesses feriados. E se você estiver no grupo dos não tratados, esses feriados serão uma ótima ocasião para dar-se a si mesmo uma avaliação minuciosa.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

36- Quando mudar de médico

Garantindo o melhor diagnóstico e tratamento do TDAH

O médico que trata dos sintomas de TDAH do seu filho deve fazer mais do que dar receitas de medicamentos para o TDAH. Ele deve ser minucioso, simpático e conhecedor do transtorno de déficit de atenção. Como é o médico da sua família? - por Edward Hallowell, M.D.- Publicado em ADDitudeMag.com

Se você tem se perguntado se o seu filho está recebendo a atenção médica correta para o transtorno de atenção dele, você não está sozinho.

Muitos profissionais e clínicas não levam o tempo certo para fazer um diagnóstico correto ou para estabelecer um plano de tratamento. Por “correto”, não quero somente dizer usar as ferramentas e técnicas adequadas. Digo estabelecer uma ligação pessoal com você e com seu filho.

Você tem de ser compreendido e ouvido ao longo do árduo processo de diagnóstico e tratamento do TDAH. Atualmente muitos profissionais de saúde mental ignoram a pessoa, enquanto tentam fazer um plano de tratamento para o paciente. E ele fica desnorteado.

O bom médico - Encontre uma ligação

O médico de TDAH da sua família deve ser mais do que uma enciclopédia clínica. Ele deve ser capaz de rir de uma piada e de rir de si mesmo, e deve querer conhecer melhor você. Ele tem de perguntar-lhe sobre coisas que não tenham nada a ver com o que o trouxe ao consultório.

Os psiquiatras dizem que atualmente a profissão é baseada mais nas evidências do que era no passado, e que nossos critérios de diagnóstico para o déficit de atenção são baseados em sintomas e comportamentos objetivos, e não na intuição subjetiva. Mas enquanto a ciência progride, nossa aplicação dela tem sido cada vez mais impessoal.

Infelizmente, o diagnóstico e o tratamento do TDAH levam por si mesmos a este modelo mecanicista. O diagnóstico depende da identificação de seis ou mais sintomas de uma ou duas listas. Para piorar o problema, muitas pessoas com TDAH querem evitar a pesquisa, querem pegar a sua receita e cair fora.

Então, se o seu médico diz “Ei! calma!”, isto é ótimo. Outro bom sinal é um médico que lhe faz perguntas, que conversa com você sobre o dia-a-dia da vida do seu filho, e estabelece um plano de tratamento que inclua várias abordagens simultâneas – medicação combinada com a terapia, por exemplo.

O médico deve lhe dar tempo para fazer perguntas sobre a medicação, se ela for recomendada, e encorajá-lo a falar com ele se você notar efeitos colaterais ou outros problemas.

O mau médico – Mostre-lhe a porta

Será que você deve dispensar seu médico se não estiver obtendo o nível de atenção em relação ao seu filho? Talvez. Se você não consegue estabelecer uma ligação pessoal, mude de médico. Seu médico deve ser seu parceiro, não um deus a quem você adore. Outros sinais importantes que indicam a hora de parar e procurar outro profissional incluem:

- Ele não dá bola para as suas preocupações com os sérios efeitos colaterais que o seu filho está sofrendo. A meta dele deve ser encontrar um tratamento que funcione sem efeitos colaterais, não tratar o TDAH a qualquer custo.

- Ele não lhe dá a informação adequada sobre os possíveis efeitos colaterais ou sobre as maneiras específicas de avaliar a eficácia do tratamento.

- Ele não lhe oferece outras opções se a primeira foi infrutífera. Tratar o TDAH geralmente envolve tentativa e erro para encontrar o que funciona.

- Ele reclama que você ou que seu filho faz muitas perguntas.

- Ele lhe diz que não tem experiência com o TDAH.

Crie um novo modo de tratar

Se você deu um bilhete azul para o seu médico, eis aqui como encontrar um substituto. Procure um psiquiatra ou neurologista que tenha se especializado no TDAH e nas dificuldades de aprendizagem.

[A ABDA tem um cadastro de médicos e psicólogos que podem ser procurados. Um grupo de apoio em sua cidade ou região será outra fonte de importantes recursos e de troca de experiências. (Nota do tradutor)]

É muito fácil para um médico, e para você também, rebaixar o tratamento a um rápido diagnóstico e medicação. O melhor plano de tratamento começa com uma forte ligação com o seu médico, o que é essencial para o sucesso.

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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

35- Falta conhecimento sobre o TDAH. Isso é grave!

Conhecimento sobre o transtorno do déficit de atenção/hiperatividade no Brasil J. bras. psiquiatr. v.56 n.2 Rio de Janeiro 2007
Marcelo Gomes; André Palmini; Fabio Barbirato; Luis Augusto Rohde; Paulo Mattos

OBJETIVO: Verificar o conhecimento da população sobre o transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e de médicos, psicólogos e educadores sobre aspectos clínicos do transtorno.

MÉTODOS: 2.117 indivíduos com idade > 16 anos, 500 educadores, 405 médicos (128 clínicos gerais, 45 neurologistas, 30 neuropediatras, 72 pediatras, 130 psiquiatras) e 100 psicólogos foram entrevistados pelo Instituto Datafolha. A amostra da população foi estratificada por região geográfica, com controle de cotas de sexo e idade. A abordagem foi pessoal. Para os profissionais (amostra aleatória simples), os dados foram coletados por telefone em Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre.

RESULTADOS: Na população, > 50% acreditavam que medicação para TDAH causa dependência, que TDAH resulta de pais ausentes, que esporte é melhor do que drogas como tratamento e que é viável o tratamento psicoterápico sem medicamentos. Dos educadores, > 50% acreditavam que TDAH resulta de pais ausentes, que tratamento psicoterápico basta e que os esportes substituem os medicamentos. Entre psicólogos, > 50% acreditavam que o tratamento pode ser somente psicoterápico. Dos médicos, > 50% de pediatras e neurologistas acreditavam que TDAH resulta de pais ausentes.

CONCLUSÕES: Todos os grupos relataram crenças não respaldadas cientificamente, que podem contribuir para diagnóstico e tratamento inadequados. É urgente capacitar profissionais e estabelecer um programa de informação sobre TDAH para pais e escolas.

Eu digo: Esse é o objetivo deste blog!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

34- Como falar com uma criança ou adolescente sobre o TDAH?

Mais cedo ou mais tarde, esta é uma situação delicada que os pais têm que enfrentar. Deve-se falar para a criança que ela tem um problema? Isso não pode fazer com que ela se sinta "diferente", "doente", "incapacitada", "louca"?... Bom, será que ela, no íntimo, já não se sente assim mesmo? Ou os outros não fazem com que se pergunte se isso tudo não é mesmo verdade?
Muito antes de haver um diagnóstico, o comportamento diferenciado da criança com TDAH já chamou sua atenção para essa diferença. É de grande importância que ela aprenda a aceitar o fato que tem realmente um problema - específico, identificável. Guiá-la nesse difícil processo é papel amoroso dos pais.
Os especialistas recomendam que se esclareça o portador a respeito do transtorno, seja ele criança, adolescente ou adulto. Só é possível programar um tratamento com alguma perspectiva de sucesso se a pessoa envolvida se dispuser a colaborar. O primeiro passo para garantir essa colaboração é dar o máximo de informação possível sobre o TDAH, suas implicações e conseqüências.
A compreensão de si próprio, um diagnóstico correto e informações sobre o transtorno trazem, leva a uma reestruturação interna e externa da vida de um portador. Na maioria das vezes, há uma profunda sensação de alívio em saber o porquê de determinadas incapacidades e entender que o comportamento tem justificativa independente da vontade. A culpa também diminui e há um aumento real na possibilidade de superar as dificuldades e alcançar o sucesso.
Hallowell e Ratey, autores do livro Tendência à Distração, oferecem dez dicas para pais e professores sobre como explicar o TDAH para crianças:

1 - contar a verdade: este é o princípio central. Primeiro, aprender tudo o que estiver disponível sobre o assunto. Depois, falar com suas próprias palavras o que aprendeu, para que a criança possa compreender. Não deixar esse trabalho para a simples leitura de um livro ou para uma explicação do profissional especializado. Fazer você mesmo, com clareza e honestidade.

2 - usar um vocabulário preciso: não criar palavras sem significado nem utilizar palavras inadequadas. A criança vai aceitar sua explicação e carregá-la consigo sempre.

3 - metáfora da miopia: comparar o TDAH a um problema visual é muito útil ao explicar a dificuldade - é um problema congênito, não cura mas pode ser controlado, precisa de um auxiliar externo, ninguém é responsável por ele. Além disso, é uma explicação precisa e não emotiva.

4 - responder as perguntas: e provocar perguntas. Lembrar-se que as crianças fazem perguntas que não sabemos responder; não ter medo de dizer que não sabe mas que vai se informar. Ler todo o material que já está disponível (página BIBLIOGRAFIA), freqüentar assiduamente este site, conversar com profissionais especializados.

5 - falar do que o TDAH não é: retardo mental, loucura, falta de inteligência, defeito de caráter, preguiça, falta de vontade, família desestruturada etc.

6 - dar exemplos positivos de pessoas que têm TDAH: pessoas conhecidas, como Michael Johnson, Robin Williams, Whoopie Goldberg, ou pessoas da família (pai, mãe, primos, tios?).

7 - prevenir para a criança não usar o TDAH como desculpa: a maioria delas, no início, tende a usar a dificuldade como desculpa para tudo. O TDAH é uma explicação, não uma justificativa. Elas devem saber que continuam responsáveis por seus atos.

8 - ensinar a criança a responder perguntas sobre as dúvidas dos outros: sobretudo as dos colegas. A atitude é a mesma: contar a verdade. Dramatizar uma possível situação de provocação com a criança e mostrar como ela deve enfrentá-la.

9 - falar para os outros a respeito do TDAH da criança: com o consentimento dela, conversar sobre a situação com os colegas da escola e com outros membros da família. A mensagem a ser passada é que não existe nada do que se envergonhar, nada a esconder, mas muito a ajudar.

10 - educar os outros: a escola, os pais dos amigos da criança, os amigos da família. A arma mais forte que temos para conseguir que a criança seja tratada de maneira adequada é o conhecimento. Espalhar esse conhecimento o mais que puder , pois ainda há muita ignorância e preconceito ligados ao TDAH.

Rebeca Naparstek, psicóloga

33- TDAH - Sugestões para Intervenções do Professor:

Há uma grande variedade de intervenções específicas que o professor pode fazer para ajudar a criança com TDAH a se ajustar melhor à sala de aula:

1. Proporcionar estrutura, organização e constância (exemplo: sempre a mesma arrumação das cadeiras ou carteiras, programas diários, regras claramente definidas).

2. Colocar a criança perto de colegas que não o provoquem, perto da mesa do professor, na parte de fora do grupo.

3. Encorajar freqüentemente, elogiar e ser afetuoso, porque essas crianças desanimam facilmente.

4. Dar responsabilidades que elas possam cumprir faz com que se sintam necessárias e valorizadas. Começar com tarefas simples e gradualmente mudar para mais complexas.

5. Proporcionar um ambiente acolhedor, demonstrando calor e contato físico de madeira equilibrada e, se possível, fazer os colegas também terem a mesma atitude.

6. Nunca provocar constrangimento ou menosprezar o aluno.

7. Proporcionar trabalho de aprendizagem em grupos pequenos e favorecer oportunidades sociais.Grande parte das crianças com TDAH consegue melhores resultados acadêmicos, comportamentais e sociais quando no meio de grupos pequenos.

8. Comunicar-se com os pais. Geralmente, eles sabem o que funciona melhor para o seu filho.

9. Ir devagar com o trabalho. Doze tarefas de 5 minutos cada uma traz melhores resultados do que duas tarefas de meia hora.

10. Mudar o ritmo ou o tipo de tarefa com freqüência elimina a necessidade de ficar enfrentando a inabilidade de sustentar a atenção, e isso vai ajudar a auto-percepção.

11. Favorecer oportunidades para movimentos monitorados, como uma ida à secretaria, levantar para apontar o lápis, levar um bilhete para o professor, regar as plantas ou dar de comer ao mascote da classe.

12. Adaptar suas expectativas quanto à criança, levando em consideração as deficiências e inabilidades decorrentes do TDAH. Por exemplo, se o aluno tem um tempo de atenção muito curto, não esperar que ele se concentre em apenas uma tarefa durante todo o período da aula.

13. Recompensar os esforços, a persistência e o comportamento bem sucedido ou bem planejado.

14. Proporcionar exercícios de consciência e treinamento dos hábitos sociais da comunidade. Avaliação freqüente sobre o impacto do comportamento da criança sobre ela mesma e sobre os outros ajuda bastante.

15. Favorecer freqüente contato aluno/professor. Isto permite um “controle” extra sobre a criança com TDAH, ajuda-a a começar e continuar a tarefa, permite um auxílio adicional e mais significativo, além de possibilitar oportunidades de reforço positivo e incentivo para um comportamento mais adequado.

16. Colocar limites claros e objetivos; ter uma atitude disciplinar equilibrada e proporcionar avaliação freqüente, com sugestões concretas e que ajudem a desenvolver um comportamento adequado.

17. Assegurar que as instruções sejam claras, simples e dadas uma de cada vez, com um mínimo de distrações.

18. Evitar segregar a criança que talvez precise de um canto isolado com biombo para diminuir o apelo das distrações; fazer do canto um lugar de recompensa para atividades bem feitas em vez de um lugar de castigo.

19. Desenvolver um repertório de atividades físicas para a turma toda, como exercícios de alongamento ou isométricos.

20. Estabelecer intervalos previsíveis de períodos sem trabalho que a criança pode ganhar como recompensa por esforço feito. Isso ajuda a aumentar o tempo da atenção concentrada e o controle da impulsividade através de um processo gradual de treinamento.

21. Reparar se a criança se isola durante situações recreativas barulhentas. Isso pode ser um sinal de dificuldades de coordenação ou auditivas que exigem uma intervenção adicional.

22. Preparar com antecedência a criança para as novas situações. Ela é muito sensível em relação às suas deficiências e facilmente se assusta ou se desencoraja.

23. Desenvolver métodos variados utilizando apelos sensoriais diferentes (som, visão, tato) para ser bem sucedido ao ensinar uma criança com TDAH. No entanto, quando as novas experiências envolvem uma miríade de sensações (sons múltiplos, movimentos, emoções ou cores), esse aluno provavelmente irá precisar de tempo extra para completar sua tarefa.

24. Não ser mártir! Reconhecer os limites da sua tolerância e modificar o programa da criança com TDAH até o ponto de se sentir confortável. O fato de fazer mais do que realmente quer fazer traz ressentimento e frustração.

25. Permanecer em comunicação constante com o psicólogo ou orientador da escola. Ele é a melhor ligação entre a escola, os pais e o médico.

Rebeca Naparstek, psicóloga.

32- Para os pais de crianças com TDAH

1. Aprender o que é TDAH:

* Os pais devem compreender que, para poder controlar em casa o comportamento resultante do TDAH, é preciso ter um conhecimento correto do distúrbio e suas complicações.

2. Incapacidade de compreensão versus rebeldia:
* Os pais devem desenvolver a capacidade de distinguir entre problemas que resultam de incapacidade e problemas que resultam de recusa ativa em obedecer ordens. Os primeiros devem ser tratados através da educação e desenvolvimento de habilidades. Os outros são resolvidos de maneira satisfatória através de manipulação das conseqüências.

3. Dar instruções positivas:
* Pais devem cuidar para que seus pedidos sejam feitos de maneira positiva ao invés de negativa. Uma indicação positiva mostra para a criança o que deve começar a ser feito e evita que ela focalize em parar o que está fazendo.

4. Recompensar:
* Os pais devem recompensar amplamente o comportamento adequado. Crianças com TDAH exigem respostas imediatas, freqüentes, previsíveis e coerentemente aplicadas ao seu comportamento. Da mesma maneira, necessitam de mais tentativas para aprender corretamente. Quando a criança consegue completar uma tarefa ou realiza alguma coisa corretamente, deve ser recompensada socialmente ou com algo tangível mais freqüentemente que o normal.

5. Escolher as batalhas:
* Os pais deveriam escolher quando e como gastar suas energias numa batalha, sempre reforçando o positivo, aplicando conseqüências imediatas para comportamentos que não podem ser ignorados e usando o sistema de créditos ou pontos. É essencial que os pais estejam sempre um passo a frente.

6. Usar técnicas de “custo de resposta”:
* Os pais devem entender bem o que seja “custo de resposta”, uma técnica de punição em que se pode perder o que se ganhou.

7. Planejar adequadamente:
* Os pais devem aprender a reagir aos limites de seu filho de maneira positiva e ativa. Aceitar o diagnóstico de TDAH significa aceitar a necessidade de fazer modificações no ambiente da criança. A rotina deve ser consistente e raramente variar. As regras devem ser dadas de maneira clara e concisa. Atividades ou situações em que já ocorreram problemas devem ser evitadas ou cuidadosamente planejadas.

8. Punir adequadamente:
* Os pais devem compreender que a punição sozinha não irá reduzir os sintomas de TDAH. Punir deve ser uma atitude diretamente relacionada apenas a um comportamento declaradamente desobediente. No entanto, a punição só trará modificação de comportamento para crianças com TDAH se acompanhada de uma estratégia de controle.

9. Construir ilhas de competência:
* O que realmente importa para o sucesso dessa criança na vida é o que existe de certo com ela e não o que está errado. Cada vez mais, a área da saúde mental focaliza seu trabalho em aumentar os pontos fortes em vez de tentar diminuir os pontos fracos. Uma das melhores maneiras de criar pontos fortes é uma boa relação dos pais com seu filho.

Sete Conselhos para os Pais:

1. Se uma professora ou um vizinho sugere que seu filho parece ter TDAH, procure seu pediatra e discuta com ele os sintomas. Se o médico pensa que há motivos para avaliar a criança, peça que ele recomende um profissional especializado como um neurologista, psiquiatra infantil ou psicólogo.

2. Se a criança for submetida a uma avaliação, certifique-se que seja uma avaliação integral. Seu filho deve ser observado na escola e em casa. É possível que você e os professores da criança tenham que responder questionários, que incluem perguntas sobre outros casos de TDAH na família.

3. Certifique-se que o avaliador descarte outras condições médicas, neurológicas ou psicológicas cujos sintomas são parecidos com os sintomas de TDAH.

4. Levar em consideração o que acontece em casa. Muitas crianças desenvolvem sintomas parecidos com o TDAH como uma reação a problemas familiares.

5. Informe-se em fontes científicas sobre o TDAH, distúrbios semelhantes e seus tratamentos. Procure o grupo local da organização Crianças e Adultos com Déficit de Atenção/Hiperatividade, e compareça às reuniões.

6. Se seu filho está recebendo medicação, não pense que esse é o fim do caminho. Sozinhos, os medicamentos não são a solução. A família e a criança necessitam terapia e ajuda de um profissional que os oriente em casa e na escola.

7. Todas as crianças precisam de amor. Fale com seus filhos com carinho e respeito e refira-se aos outros da mesma forma. Lembre-se que eles estão sempre observando e ouvindo!

Rebeca Naparstek, psicóloga (com base em livro de Goldstein e Goldstein)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

31- Dicas de Comportamento Escolar: Controle do Impulso Para Crianças Com TDAH

Ajude as crianças com TDAH a pensar antes de agir, por meio do estabelecimento de expectativas claras, de incentivos positivos e de conseqüências previsíveis para o bom ou o mau comportamento escolar.         by ADDitude Editors

Para as crianças com TDAH, que são regidas por seus impulsos, gritar na sala de aula ou tornar-se inconvenientes acontece naturalmente. Estas crianças vivem o momento, não sendo detidas por regras ou conseqüências.

A falta de controle do impulso pode ser o sintoma do TDAH mais difícil de mudar. A medicação pode auxiliar, mas as crianças também precisam de claras expectativas, de incentivos positivos e de conseqüências previsíveis se elas forem aprender a regular o seu comportamento.

Lidere seus alunos para compilar uma lista das regras de classe. Inclua algumas que sejam difíceis para os portadores de TDAH, tais como “Sempre erga sua mão para pedir ajuda”. Tenha certeza de definir cada regra: O que significa “Use o material corretamente”?

Exija Disciplina na Escola

Em geral, a punição deve ser imediata.

Se um aluno empurra o outro no recreio, por exemplo, faça-o sentar em sua carteira em parte do intervalo. Uma conseqüência atrasada – como uma detenção ao final da jornada – não funciona para as crianças que têm dificuldade de antecipar os resultados.

Providencie lembretes visuais para manter as crianças colaborantes.

Para livrar uma criança do constrangimento das repreensões freqüentes, combine um gesto secreto que você usará como sinal para ela ficar no seu assento ou para parar de gritar. Algumas crianças se beneficiam de uma etiqueta colada na sua carteira. Isto também deve ser sigiloso; ninguém precisa saber que “N.P.” significa “Não Perturbe”.

Encoraje o bom comportamento com elogios e prêmios.

Isto é especialmente importante para os portadores de TDAH, os quais ganham muita atenção negativa por seu mau comportamento. Elogie o bom comportamento com afirmações específicas, tais como “Eduardo, gosto do modo rápido e silencioso com que você arruma a sua carteira.”

Algumas crianças maiores podem ficar embaraçadas pelos cumprimentos, então, dê sinais de positivo com o polegar ou uma tapinha carinhosa no ombro.

Torne Claras as Expectativas

Escreva o programa do dia na lousa e apague os itens conforme eles sejam completados.
Isto dá aos portadores de TDAH uma impressão de ter o controle do seu dia. Forneça antecipadamente avisos de qualquer mudança da rotina usual.

Faça freqüentes alertas conforme se aproxime o final da atividade.

Dê um aviso à classe com cinco minutos de antecedência, depois, com dois minutos antes do final, para suavizar a transição de uma atividade para outra. Elabore um plano para alunos que tenham dificuldades mais intensas. Engaje-os em uma atividade especial, tal como recolher os trabalhos dos colegas, para ajudá-los a manter o autocontrole.

Use uma folha de relatório diário.

Esta ferramenta permite ao professor e aos pais da criança monitorarem as metas acadêmicas e de comportamento – e dá a ela a chance de ganhar recompensas. A cada dia, o professor anota quais metas foram atingidas e a criança leva o relatório para casa, para mostrar aos seus pais.

Então, o que os pais podem fazer em casa para reforçar os comportamentos corretos na escola?

Recompensando o Comportamento Positivo

Seja explícito sobre como sua criança deve se comportar.

Em vez de dizer a ela “seja boazinha” no recreio, diga a ela “aguarde na fila para a merenda e não empurre.”

Mantenha seu filho responsável por suas ações.

Mantenha as punições curtas e apropriadas, mas deixe que elas lembrem ao seu filho que ele é o responsável por seu próprio comportamento. Uma boa regra para o castigo é um minuto para cada ano de idade da criança.

Desencoraje um problema de comportamento pela “cobrança” por cada infração.

Esta estratégia premia seu filho por não se engajar em comportamento impróprio, tal como interromper suas chamadas telefônicas.

Como isso funciona?

1. Determine, rigorosamente, quantas vezes por semana seu filho o interrompe durante uma chamada telefônica, e coloque algumas moedas num cofrinho.

2. Diga ao seu filho que isto é para ele e que poderá tomar posse no final da semana, mas que você irá retirar uma moeda a cada vez que ele interromper uma chamada.

3. Conforme o comportamento comece a diminuir, reduza o número de moedas que você coloca no cofrinho ao início de cada semana.

Regras Especiais para Ocasiões Especiais

Releve os pequenos deslizes

Se o seu filho derrama o leite porque ele está enchendo o copo muito rapidamente, ajude-o a limpar a sujeira e fale sobre a importância de ser cuidadoso, e siga em frente.

Antecipe as situações potencialmente explosivas.

Crianças com TDAH necessitam de consistência e de rotina, mas o imprevisível algumas vezes acontece.

Prepare sua criança para as ocasiões especiais: Explique onde estão indo, quem estará lá, quais as atividades que estão programadas e como ela deve comportar-se. Planeje um modo para ela avisar você se ela estiver ficando oprimida, tal como por as mãos dela nas suas. (Você poderá fazer o mesmo se perceber que ela está ficando incomodada durante as atividades.)

Uma versão deste artigo apareceu no número do outono de 2009 de ADDitude.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

30- Risco de depressão e suicídio no TDAH adolescente

Um estudo recente mostra que crianças diagnosticadas com TDAH entre os 4 e 6 anos de idade têm maior risco de depressão e de ações e pensamentos de suicídio entre os 9 e 18 anos de idade, mesmo após o controle para história de depressão materna e outros facilitadores desses resultados adversos.

O estudo mostra “mais uma razão poderosa para concluir que criança com TDAH não é algo para ser descuidado; é um problema com consequências graves de curto e longo prazo”, diz Benjamin B. Lahey, PhD, professor de epidemiologia, psiquiatria e neurociência do comportamento da Universidade de Chicago.

O estudo, publicado no número de outubro do Archives of General Psychiatry, ajuda a apontar quais as crianças com TDAH que parecem ter maior risco. Meninas com TDAH entre 4 e 6 anos de idade, segundo os pesquisadores, tinham risco maior de depressão na adolescência e de tentativas de suicídio do que meninos com TDAH.

Problemas emocionais e de comportamento entre os 4 e 6 anos de idade e depressão materna também predizem maior risco de depressão e de comportamento suicida na adolescência, em crianças com TDAH.

Estes achados sugerem que é possível identificar crianças com TDAH em idades muito precoces que estão em risco muito elevado para depressão e comportamento suicida mais tarde.

Crianças e adolescentes com TDAH têm mais de 550% de risco de se envolver em ideação suicida concreta do que os indivíduos controle.

Arch Gen Psychiatry. 2010;67:1044-1051. Abstract

terça-feira, 5 de outubro de 2010

29- Vinte e Sete (27) Acomodações que funcionam para o TDAH

Alunos com TDAH podem beneficiar-se muito com as acomodações adequadas que a escola fizer. Aprenda aqui algo sobre acomodações acadêmicas específicas e como elas podem beneficiar seu filho com TDAH ou com dificuldades de aprendizagem. por Bob Seay
Crianças com TDAH freqüentemente se beneficiam com as acomodações acadêmicas estabelecidas por professores e pais, que gastam um tempo pensando nos sintomas problemáticos do TDAH e construindo acomodações para a sala de aula, que podem solucionar aqueles sintomas.

A seguir, uma lista dos desafios comuns enfrentados pelos alunos com TDAH e as acomodações que podem ajudar a trazer o sucesso na escola.

Soluções para a sala de aula

1- Se o seu aluno: é facilmente distraído pela atividade da sala de aula ou por atividades vistas pelas janelas ou portas
Tente: Sentar o aluno na frente e no meio, longe das distrações

2- Se o seu aluno: Age em classe para chamar atenção negativa
Tente: Sentá-lo perto de um colega que seja bom exemplo

3- Se o seu aluno: Não tem noção do espaço pessoal; caminha entre as carteiras para ir falar ou mexer com os outros alunos
Tente: Aumentar o espaço entre as carteiras

Tarefas

4- Se o seu aluno: For incapaz de terminar uma tarefa no tempo permitido
Tente: Permitir um tempo extra para terminar a tarefa dada

5- Se o seu aluno: Se sai bem no início de uma tarefa, mas a qualidade diminui próximo ao final
Tente: Dividir as tarefas longas em partes menores; encurtar as tarefas ou os períodos de trabalho

6- Se o seu aluno: Tem dificuldade de seguir instruções
Tente: Combinar instruções por escrito com as instruções faladas

Distração

7- Se o seu aluno: For incapaz de acompanhar as discussões em classe e as anotações
Tente: Providenciar ajuda de um colega para tomar notas e perguntar ao aluno questões que o encorajem a participar das discussões

8- Se o seu aluno: Queixa-se de que as aulas são chatas
Tente: Procurar envolver o aluno na apresentação da aula

9- Se o seu aluno: Distrai-se facilmente
Tente: Estimular seu aluno a prestar atenção na tarefa por meio de um sinal combinado com ele

10- Se o seu aluno: Entrega trabalhos com erros por falta de atenção
Tente: Reservar período de cinco minutos para conferir o trabalho ou tarefa de casa antes de entregá-los

Comportamento

11- Se o seu aluno: Exibir constantemente um comportamento para chamar a atenção
Tente: Ignorar os comportamentos impróprios menores

12- Se o seu aluno: Falha em descobrir o objetivo da aula ou da atividade
Tente: Aumentar o imediatismo dos prêmios e das conseqüências

13- Se o seu aluno: Responde intempestivamente ou interrompe os outros
Tente: Admitir as respostas corretas somente quando o aluno erguer a mão e for autorizado

14- Se o seu aluno: Necessitar de reforço
Tente: Enviar relatórios diários ou semanais para seus pais

15- Se o seu aluno: Necessitar de ajuda por tempo prolongado para melhorar o comportamento
Tente: Estabelecer um contrato de comportamento

Organização/Planejamento

16- Se o seu aluno: Não guardar seus papéis corretamente
Tente: Recomendar pastas com divisores e arquivos

17- Se o seu aluno: Tiver problemas em se lembrar dos trabalhos de casa
Tente: Providenciar um livro de tarefas para o aluno; supervisione a anotação das obrigações

18- Se o seu aluno: Perde os livros
Tente: Permitir que o aluno tenha um conjunto de livros em casa

19- Se o seu aluno: É inquieto e necessita de se andar na sala
Tente: Permitir que o aluno ande pela sala ou que fique de pé enquanto faz as tarefas

20- Se o seu aluno: Tem dificuldade de manter a atenção por longos períodos de tempo
Tente: Fazer curtas pausas entre os trabalhos

Humor/Socialização

21- Se o seu aluno: Estiver confuso sobre os comportamentos sociais corretos
Tente: Estabelecer metas de comportamento social com o estudante e faça um programa de premiações

22- Se o seu aluno: Não trabalha bem com os outros
Tente: Encorajar as tarefas cooperativas de aprendizado

23- Se o seu aluno: Não é respeitado pelos colegas
Tente: Atribuir responsabilidades ao aluno, na presença do grupo de colegas

24- Se o seu aluno: Tem baixa autoconfiança
Tente: Elogiar o comportamento e o trabalho positivos; dar ao aluno a oportunidade de agir em papel de liderança

25- Se o seu aluno: Parece solitário e distante
Tente: Encorajar as interações sociais com os colegas de classe; planejar atividades de grupo sob a direção do professor

26- Se o seu aluno: Frustra-se facilmente
Tente: Elogiar o comportamento apropriado e o bom trabalho freqüentemente

27- Se o seu aluno: Fica enraivecido facilmente
Tente: Encorajar o estudante a sair de situações que provocam a raiva; usar tempo para conversar com o aluno

 O tratamento do autismo se distancia do “conserto” da condição Existem diferentes maneiras de ser feliz e funcionar bem, mesmo que seu cér...