quinta-feira, 14 de abril de 2011

69- Déficits das Funções Executivas em Crianças

Melhorar as habilidades das funções executivas pode ajudar seu filho com TDAH a superar os frustrantes obstáculos acadêmicos e a ser bem sucedido na escola. by Marcia Eckerd , Stephen Rudin

"Está chovendo crianças no meu consultório,” diz Roy Boorady, Ph.D., professor assistente de psiquiatria infantil e adulta na New York University’s School of Medicine and Child Study Center. Toda primavera, os psicólogos que fazem testes neuropsicológicos são procurados por muitos estudantes do ensino médio e da faculdade que estão tropeçando nos estudos. A razão de suas visitas é sempre a mesma. Eles têm dificuldade de acompanhar as mudanças de rumo do seu meio ambiente educacional.

Tais alunos são geralmente diagnosticados como tendo dificuldades de aprendizagem ou transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, e são feitas as intervenções. Muitos melhoram, alguns até dramaticamente. Mas outros, apesar dos serviços educacionais e da ajuda médica, continuam a ter problemas. Alguns ficam para trás, outros sofrem burnout e desistem de continuar tentando. A questão irritante é “Por quê?”.

Sinais de Déficit das Funções Executivas

Além dos problemas de dificuldade de aprendizagem ou de déficit de atenção, que tais crianças exibem, muitas também revelam déficits das funções executivas. Elas não têm a capacidade de controlar a frustração, de iniciar e terminar as tarefas, de lembrar e seguir os vários passos das instruções, de permanecer no assunto, de planejar, organizar e se auto monitorizar. Os terapeutas de TDAH e outros profissionais que podem avaliar e diagnosticar o TDAH tipicamente apontam para os problemas de função executiva, mas muitas famílias não ligam para eles, por acharem que são menos importantes do que os outros desafios de aprendizagem. Entretanto, está bem claro que o bom funcionamento das funções executivas é um fator chave para o tratamento das dificuldades acadêmicas.

As funções executivas são as habilidades que um indivíduo de qualquer idade precisa dominar para lidar com os problemas diários. A automonitorização é particularmente importante para os estudantes porque ela governa sua habilidade de avaliar seu trabalho e comportamento em tempo real. Ela separa os estudantes bem sucedidos dos fracassados.

“As funções executivas incluem aprender a equilibrar os esportes, música e outras atividades sociais com as necessidades acadêmicas,” diz Susan Micari, M.S. Ed., ex-presidente da ”the New York Chapter of the Association of Educational Therapists. “Geralmente é necessário que o estudante reconheça que necessita de apoio extra dos professores, para ser capaz de o solicitar.” Micari afirma que os déficits das funções executivas desempenham um papel significativo na gravidade do TDAH e da dislexia.

Quando começam os problemas com as funções executivas

As transições do sexto para o nono ano são críticas para os alunos. No intervalo de um curto verão, acontecem duas coisas. Para os do sexto ano, a estrutura da escolar elementar desaparece. Para os do nono ano, o nível das expectativas acadêmicas aumenta dramaticamente. Estudantes com fortes habilidades verbais, dos quais se espera um desempenho excelente, tropeçam se tiverem problemas com as funções executivas.

É crucial para os pais, educadores e terapeutas resolver os problemas de funções executivas, assim como os de aprendizagem, para ajudar os estudantes em dificuldade. Geralmente, no entanto, as dificuldades de aprendizagem são ignoradas. Esta abordagem é semelhante a consertar a transmissão de um automóvel e ignorar a direção defeituosa.

Os pais geralmente entendem o diagnóstico de TDAH ou de dificuldade de aprendizagem. Eles já ouviram falar desses transtornos e sobre o leque de tratamentos que existe, começando pelas medicações. Infelizmente, a informação sobre as funções executivas geralmente some.

“Os pais não entendem por que seus filhos não são capazes de trabalhar de modo independente nas tarefas de casa ou em sala de aula, ou por que não são mais bem organizados,” diz Marianne Findler, Ph.D., professora assistente de psicologia em psiquiatria no Weill Cornell Medical Center. “Eles acham que suas crianças pegam as habilidades de funções executivas quando mostram a elas o que deve ser feito. Sua tentativa de resolver o problema é comprar uma nova pasta organizadora ou um organizador eletrônico.”

Onde obter ajuda para lidar com as funções executivas e o TDAH

Quem pode ajudar com as funções executivas? Muitos pais não têm o conhecimento ou as habilidades para corrigir os déficits de funções executivas. Além disso, os pré-adolescentes e os adolescentes não gostam de ser importunados por seus pais, os quais, por sua vez, não querem fazer o trabalho de “fiscal do trabalho de casa.” As escolas geralmente não têm professores especializados ou preparados para lidar com os desafios das funções executivas. Os estudantes precisam de treinamento fornecido por profissionais especializados nos problemas das funções executivas e em como ensinar as habilidades para melhorá-las. Conversar com seu médico, psicólogo ou psiquiatra é geralmente a melhor maneira de começar.

Boas habilidades de função executiva não são a garantia do sucesso acadêmico, mas a sua ausência é um sinal da dificuldade em algum ponto, e da perda da autoestima que segue. Precisamos ajudar precocemente as nossas crianças, de modo que elas possar ser bem sucedidas na escolar e na vida.
This article appeared in the Spring 2011 issue of ADDitude.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

68- Ajude seu filho a controlar o humor

As crianças são beneficiadas por aprender a esperar pelos prêmios e por abandonar os desejos que não são razoáveis ou saudáveis. Por Carol Brady, Ph.D.

Todos nós já enfrentamos esses horríveis displays de doces, tão convenientemente colocados nos caixas das mercearias. Quantos pais exercem o controle e dizem “NÃO” quando “Ah, por que não?” é tão mais fácil do que enfrentar a provável crise de birra, na frente de todo mundo que está na fila? Qualquer revista de aconselhamento de pais no mesmo mostruário ao lado do caixa, nos escarnecerá com “10 maneiras fáceis de estabelecer limites para as crianças”. Não é tão FÁCIL para mim.

Você pode estar se perguntando: “Por que não ser flexível? Por que não ceder?” Embora a flexibilidade ocasional seja legal, o bem que todos podemos dar às nossas crianças é ensinar que a vida tem seus limites. Estabelecer limites claros é confortável para a longa jornada, especialmente para crianças que não têm nenhuma perspectiva sobre como as decisões impulsivas as afete.

Não é justa!

Como adultos, temos a responsabilidade de ensinar às crianças (como sua mãe e a minha geralmente diziam) que a vida “não é justa”. As crianças se beneficiam por aprender a esperar pelas recompensas e por superar os desejos que não são razoáveis ou saudáveis. Por meio da frustração ocasional, elas desenvolvem a habilidade de tolerar situações que não são como elas querem. Se nós relevamos cada capricho, elas não poderão aprender a lidar com a frustração de um modo saudável e maduro. A vida torna-se mais exigente conforme elas crescem. Ajudá-las a vencer ameaças especiais e a esperar pelas recompensas é o início para ajudá-las a lidar com o seu próprio senso de competência.

Entretanto, uma criança com TDAH é um caso especial no qual uma vontade atual é intensamente perturbadora. Embora cada criança seja única em sua capacidade, esperar por qualquer coisa é mais difícil para essas crianças (e adultos) que precisam exercer maior esforço para controlar sentimentos de todos os tipos. Quando as coisas não seguem seu caminho, a criança com TDAH pode ir da calma à fúria num piscar de olhos.

Muitas crianças com TDAH são obsessivas e incapazes de se livrar de um determinado pensamento. Se elas têm em mente ir nadar, por exemplo, mas não podem ir por causa de uma tempestade inesperada, prepare-se para uma crise de furor. Elas não se esquecerão de nenhuma promessa feita, ou até mesmo de qualquer expectativa que exista somente em sua imaginação. A memória pode aplicar peças em nós se o desejo de um resultado for muito, muito forte.

O que um pai pode fazer?

Não há resposta mágica. É uma habilidade a ser desenvolvida ao longo do tempo por meio de tentativa e erro, e pela leitura de livros, pela procura de auxílio profissional e por perguntar aos outros pais e parentes. Armado com informação você pode então experimentar abordagens diferentes para descobrir quais métodos funcionam melhor para você e para sua família.

Como estabelecer limites que funcionem.

Enquanto crescem, as crianças com TDAH geralmente enfrentarão desapontamentos de todos os tipos – não somente a recusa de alguma brincadeira. Elas também têm de enfrentar o fato de não serem bem tratadas pelos amigos, de não ganharem um papel em peça de teatro escolar, de descobrir que seu irmão comeu o ultimo pedaço de torta de cereja, ou que seu melhor amigo está se mudando para longe – ou que o trabalho para o qual ela se inscreveu não deu certo – qualquer realidade que as confronte de modo diário e que as faça se sentirem... mal.

Como ajudar seu filho a dar conta

Controle o ambiente. Não programe situações que tenham chance de serem muito estimulantes ou cheias de estresse para seu filho com TDAH, tais como levá-lo ao shopping às cinco e meia da tarde, após um longo dia, ou ficar em uma festa de família até altas horas da noite. Entretanto, isso é dependente da idade e pode ser ajustado com o tempo.

Controle o resultado. Não tenha medo de abandonar uma situação que você vê que está se tornando um conflito para a criança. Aprenda a ler os sinais de ameaça de desapontamento. Por exemplo, um primo adolescente provavelmente não vai convidar o quintanista para se juntar aos seus amigos quando eles sairem da festa do vovô e da vovó. Então, procure sair antes de surgir a sensação de que está sobrando.

Estabeleça limites, e mantenha o seu ponto. Não discuta sobre situações que você sabe que seu filho já entende, mas que continua a perguntar – “Mas por que eu não posso (ter isso, fazer aquilo, ir lá, etc.)?” Estabeleça seu limite, fique calmo e entenda os sentimentos dele: “Sei que você está desapontado, mas sua tática não funciona comigo”.

Ensine paciência. Antes que uma crise de raiva ou uma discussão tenham se iniciado, fale com a criança sobre como esperar pelo que ela quer, ou como planejar para o que ela sente que precisa, ou como ter alternativas que sejam quase como o que ela imaginou.

Minimize a frustração. Ofereça estratégias para lidar com “grandes” sentimentos depois de desapontamentos, tais como falar com um adulto, jogar algo divertido, técnicas de relaxamento ou brincar com animais. Linguagem interna positiva ("Talvez da próxima vez eu ganhe o jogo"), tempo e apaziguamento podem ajudar as crianças a desenvolver uma nova tática ou apenas deixar que elas façam algo que queriam.

Reconheça seus esforços. Observe e comente nas ocasiões em que seu filho esteja propenso a deixar a coisa correr. A aprendizagem da capacidade de lidar com a deslealdade e os desapontamentos demora uma longa jornada de reforço de bons padrões.

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sexta-feira, 8 de abril de 2011

67- Crianças e adolescentes desafiadores e violentos (terceira parte)

Cinco guias para os pais de crianças e adolescentes violentos e desafiadores
Guia 1 – Terapia combinada - é um programa de disciplina mais medicação – é melhor para o comportamento desafiador. A medicação para o TDAH pode ajudar a criança a controlar melhor suas emoções, então ela terá menos probabilidade de reagir explosivamente, mas não mudará seu comportamento desafiador.

Guia 2 – Lembre que o comportamento desafiador de uma criança geralmente piora após participar de um programa de desafio, diz Tim Verduin, da New York University. Como ela não está tendo a resposta que ela quer que você tenha, e a que ela estava acostumada, ela aumenta o comportamento negativo para tentar obtê-la.

Guia 3 – Se as crises de furor do seu filho parecem mais explosivas e frequentes do que as dos seus colegas, ele pode ter TOD. Cerca de 5% das crianças têm TOD, mas 65% das crianças com TDAH também têm TOD, de acordo com algumas estimativas.

Guia 4 – “Nunca é boa ideia estabelecer uma regra que você não consiga manter o tempo todo,” diz Joyce Divinyi, autora de Discipline that Works: 5 Simple Steps. “ Crianças desafiadoras arriscam a sorte. Se elas podem continuar com o comportamento desafiador uma vez – pode ser somente uma vez em seis – elas lutarão por aquela vez”.

Guia 5 – Demora seis meses para mudar o comportamento desafiador, diz a psicóloga Joyce Divinyi. “Eu encorajo os pais a procurar treinamento e apoio durante as fases de desafio. Diga a um terapeuta, ´Li este livro, ou estou fazendo aquele programa. Faz muito sentido para mim, mas preciso de apoio enquanto estiver lidando com isso. O que você sugere? ´”.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

66- Crianças e adolescentes desafiadores e violentos (segunda parte)

Cursos de Treinamento para os pais: como escolher

Nos Estados Unidos há muitos cursos de treinamento de pais. Cada um deles oferece algo único.

1- Terapia de Interação pais-criança (Parent-Child Interaction Therapy – PCIT)

A PCIT geralmente é oferecida em centros ligados a universidades e por terapeutas individualizados.

É melhor para os pais de crianças dos dois aos sete anos de idade. A PCIT envolve a terapia um-a-um com os pais, e possivelmente outros membros da família, assim como com a criança desafiadora. Você interage com seu filho em sala com falso espelho. O terapeuta fica sentado do outro lado do espelho, falando com você por um ponto eletrônico. “A vantagem de se comunicar com o pai é que a criança associa essas habilidades ao pai, não ao terapeuta,” diz Timoty Verduin, Ph. D., diretor clínico do Institute for Attention Deficit Hyperactivity and Behavior Disorders no New York University Study Center.

Para encontrar um terapeuta: PCIT International

2- Ajudando uma criança não complacente (Helping a Noncompliant Child)

É um programa usado com a criança e os seus pais, descrito no livro de Rex Forehand “Parenting the Strong-Willed Child”.

É melhor para crianças de três a oito anos de idade. Você lê e segue as intruções do livro, participa de programas de grupo, ou trabalha em base um-a-um com um terapeuta. “A criança deve estar num sala com um pai, para que o terapeuta possa demonstrar a melhor resposta e encorajar o pai,” diz Forehand.

Para encontrar um terapeuta: Association for Behavioral and cognitive Therapies (ABCT)

3- Seu filho desafiador (Your Defiant Child)

É um programa descrito por Russell Barkley em seu livro de mesmo nome.

É melhor para crianças de quatro a doze anos de idade, especialmente aquelas grave ou persistentemente desafiadoras. Nas primeiras quatro semanas, os pais aprendem a dar aprovação, elogios e reconhecimento e a estabelecer incentivos e brindes para encorajar o bom comportamento. Nas outras quatro semanas os pais aprendem como corrigir o comportamento desafiador, usando estratégias focalizadas em um problema de cada vez e agindo em 10 segundos após a ocorrência do problema. Outro elemento é chamado “Ajude o professor a ajudar seu filho”, no qual os pais usam um cartão diário de notas para se comunicar com o professor. Os pais também aprendem como ajustar o sistema de recompensas de acordo com a idade da criança.

Uma mesada semanal funciona para Christopher Covello, um menino de 13 anos, de Norwalk, Connecticut, que foi diagnosticado como TDAH aos 5 anos de idade e tem episódios ocasionais de birras e de desafios. Sua mãe, Jennifer, pregou uma lista de tarefas na geladeira. Se Christopher as faz sem queixas, ele tem a mesada ao final da semana. Se ele não as faz, ou reclama, sua mesada é diminuída em parte. “Ele mesmo organizou a lista, de modo que ele tem propriedade sobre seu arranjo”, diz Jennifer. “Fizemos um acordo e ambos o assinamos”.

4- Programas em grupo

Os programas em grupo ensinam os princípios da PCIT para grupos de 25 pais e têm o benefício adicional de dar apoio aos pais e custar menos do que a terapia privada. Existem três programas: COPE (Community Parent Education), difícil, de estilo conservador, ministrado à noite por paraprofissionais aos pais de crianças e adolescentes; Incredible Years, para os pais de pré-escolares, focalizando na intervenção precoce para prevenir a piora do comportamento desafiador; e Positivfe Parenting Program, dirigido aos adolescentes e também fornecendo estratégias para controlar os problemas conjugais causados pelo comportamento desafiador.

Auxílio para adolescentes violentos e desafiadores

Se o comportamento desafiador não tiver sido solucionado quando a criança atinge sua adolescência, o treinamento dos pais não funcionará. Você não consegue colocar de castigo um adolescente que é maior e mais forte que você. Entre no Collaborative Problem Solving (CPS), um programa criado por Ross W. Greene, Ph.D., professor associado de psiquiatria na Harvard Medical School, e descrito em seu livro “The Explosive Child” (Harper Collins).

A premissa: Crianças desafiadoras, com TDAH não são obstinadas ou manipuladoras. Seu comportamento desafiador resulta de uma falta de controle emocional e de habilidades comportamentais. Os proponentes do CPS veem o comportamento desafiador como uma dificuldade de aprendizagem. “Em vez de ter dificuldade com matemática ou com a leitura, essas crianças têm dificuldade com a solução de problemas, em flexibilizar o pensamento e a frustração,” diz J. Estuart Ablon, Ph.D., diretor do Think:Kids, no Massachusetts General Hospital.

Como funciona: O programa dá às crianças as habilidades que elas não têm – desde habilidades sociais até habilidades de função executiva – em vez de usar um sistema de premiação e punição. O primeiro passo é identificar e entender a preocupação da criança em relação a um problema (terminar o trabalho de casa ou uma tarefa), e assegurar a ela que o problema será resolvido pela criança e por um adulto, juntos. O segundo passo é identificar a preocupação do adulto a respeito do mesmo problema. O terceiro passo convida a criança para as soluções pensadas com o adulto, para encontrar um plano que seja mutuamente satisfatório.

O que você aprende: Como fazer perguntas ao seu filho, de um modo que o ajude a explicar o que desencadeia o comportamento desafiador; como compartilhar as suas preocupações com ele e ajudá-lo a compartilhar as dele.

O CPS controlou os problemas de comportamento que Armen Afarian, de 12 anos, tinha na escola. Quando estava no ensino médio, Armen foi suspenso porque os professores notaram seu comportamento desafiador no intervalo. A regra era de que quando o sino tocasse, os estudantes tinham de parar de jogar basquete e correr para a sala de aula. Em alguns dias, Armen jogou ainda depois do toque do sino, o que o levou a ser suspenso.

A mãe de Armen, Debra Ann, que tinha feito a terapia do CPS com seu filho, pediu uma reunião com os professores dele para discutir soluções para o problema. Armen disse, “Eu paro às vezes, porque estou em um número par de jogadas”. “Se não paro quando o sino toca é porque estou em um número ímpar, e eu não posso parar nada em um número ímpar.”

“Não vamos puni-lo, porque nada vai mudar isso,” disse um professor. “Como você acha que poderemos resolver este problema?” Armen respondeu, “O intervalo é de 15 minutos; eu poderia parar em um número par se eu soubesse que estivesse chegando o fim do intervalo.”

Não importa a abordagem que você adotar para controlar o comportamento desafiador do seu filho, a recompensa vai além de evitar brigas. Melhorando a maneira que você interage com seu filho, você melhorará seu relacionamento e aumentará sua autoestima e autoconfiança. Estes benefícios duram a vida toda.

Esta parte é continuação da postagem 64 (continua)

sábado, 2 de abril de 2011

65- Bullying: colégio terá que indenizar família de aluna

Pais de aluna, que haviam alertado colégio sobre humilhações, obtêm indenização na Justiça do Rio - Clarissa Thomé, O Estado de S.Paulo.

O Tribunal de Justiça condenou o Colégio Nossa Senhora da Piedade, na zona norte do Rio, a pagar R$ 35 mil de indenização à família de uma aluna que sofreu agressões físicas e psicológicas na escola.

Os desembargadores da 13.ª Câmara Cível negaram por unanimidade o recurso da instituição, dirigida por freiras. A menina, hoje com 15 anos, vai receber R$ 15 mil e seus pais, R$ 20 mil.

A estudante J. tinha 7 anos quando ela e outros colegas começaram a sofrer bullying, promovido por dois meninos da turma. Num dos episódios, um lápis foi espetado em sua cabeça e ela arrastada, causando arranhões.

Em outro, a menina foi amarrada. "Quando eu fui me queixar, disseram que eles estavam brincando de Power Rangers", contou a mãe, a comerciante Ellen Bianconi Alvarenga, de 50 anos. J. também foi agredida com socos, chutes, gritos no ouvido, palavrões e xingamentos.

Ellen contou que durante todo o ano de 2003 tentou resolver o problema com a direção da escola. "Numa tarde, eu tive uma longa reunião para discutir o assunto e, quando saí da sala da diretora, soube que minha filha havia sido atendida na enfermaria. Estava toda arranhada", lembra.

Na época, Ellen procurou a Associação Brasileira de Proteção à Infância e Adolescência (Abrapia), que se ofereceu para fazer palestras na escola sobre o bullying. "O colégio não aceitou. O problema não é ocorrer bullying, mas como a escola lida com a questão. No caso, diziam para a minha filha fingir que o agressor não existia."

J. passou a ter medo de ir para a escola, sofreu de terror noturno, voltou a urinar na cama e desenvolveu fobias. Teve de ser acompanhada por neuropediatra e psicólogo.

"É muito difícil brigar contra uma escola religiosa. Muitas vezes eu fui tachada de "mãe encrenqueira". Mas nada paga o sofrimento que minha filha e minha família enfrentaram", disse Ellen. "Espero que esse caso sirva de exemplo para outros pais, que fiquem atentos, e para que outras escolas não se omitam."

Publicado no Blog do Noblat em 02-04-2011  
(Vejam a postagem no. 20- Quando o seu filho é o culpado pelo bullying)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

64- Crianças e adolescentes desafiadores e violentos: programas de treinamento de pais que auxiliam a mudar o comportamento

Tentando lidar com TOD, TDAH e/ou comportamento desafiador? Estes programas de treinamento podem ajudar a mudar e controlar as explosões de raiva e o comportamento obstinado. Por Laura Flynn McCarthy

Chame-o de voluntarioso ou corajoso. De qualquer modo, o comportamento briguento e explosivo é comum nas crianças com TDAH, e pode tornar exaustos os pais mais pacientes e carinhosos. Se o comportamento desafiador do seu filho está limitado a um punhado de itens – fazer a tarefa de casa ou arrumar o quarto – ou se ele preenche os critérios do transtorno de oposição e desafio (TOD), há estratégias que podem contornar o comportamento difícil.

“Quase 65% das crianças desenvolverão o TOD até dois anos após o diagnóstico de TDAH”, diz Russell Barkley, Ph. D., professor de clínica psiquiátrica na Medical University of South Carolina, e autor de Your Defiant Child (Guilford Press). “As crianças com TDAH têm 11 vezes mais chances de ter TOD do que quaisquer outras na população. As duas condições caminham juntas.”

Crianças com TDAH têm dificuldade de controlar sua emoção. “Crianças desafiadoras estão reagindo por causa dos centros emocionais dos seus cérebros, e não estão pensando ´Se eu fizer isso, vou me meter em apuros´”, diz a psicoterapeuta Joyce Divinyi, autora de Discipline That Works: 5 Simple Steps (Wellness Connection). “O comportamento desafiador é um impulso emocional, não uma ação pensada.”

Quanto mais graves forem os sintomas do TDAH de uma criança, maior é a chance de que ela se comporte de maneira desafiadora. Manter os sintomas sob controle com medicação, terapia cognitivo-comportamental, ou ambos, pode diminuir o comportamento desafiador. O estilo dos pais também tem grande importância na gravidade do desafio de uma criança.

“Os pais deveriam entender que este é um comportamento difícil de resolver”, diz Barkley. “Seu filho está gritando, berrando, empurrando e batendo, e pode chegar ao comportamento destrutivo e, às vezes, à violência. Você pode estar cansado. Pode ter tido um dia difícil no trabalho. Pode ter outro filho que esteja exigindo a sua atenção. Pode ser que você esteja deprimido. Ou também pode ser que você tenha TDAH, e tenha dificuldade de controlar suas próprias emoções.”

Os pais de crianças com TDAH enfrentam essas situações muitas vezes mais do que outros pais, ele acrescenta, e têm mais chance de ceder em algum tempo. É por isso que o treinamento dos pais é tão importante. Ele lhe dá as habilidades, o suporte e a ajuda que você necessita para ser consistente.

Como funcionam os programas de treinamento dos pais

A American Academy of Child and Adolescent Psychiatry reconhece dois tratamentos para o comportamento desafiador – treinamento dos pais e Collaborative Problem Solving (CPS). Como as crianças não desenvolvem as habilidades necessárias para o CPS até os 10 anos ou mais, o treinamento dos pais é provavelmente a melhor opção para crianças mais novas.

A premissa: O comportamento desafiador aparece quando a criança descobre que pode obter o que quiser por meio do mau comportamento. Você diz ao seu filho, “Desligue o vídeo game e vá fazer sua lição de casa,” e ele se recusa a obedecer e discute com você. Se você não mantiver sua postura, você criará a condição para o comportamento desafiador. “Você não precisa punir todas as vezes para fazer valer a pena para ele lutar; só tem de punir algumas vezes,” diz Barkley. Os especialistas chamam este padrão de interação de “o circulo coercitivo”.

Como funciona: A meta do treinamento de pais é quebrar o circulo e ajudar os pais a disciplinar os seus filhos de modo mais eficaz. “Crianças desafiadoras causam estresse na família,” diz Rex Forehand, Ph. D., professor de psicologia na University of Vermont, e coautor de Parenting the Strong-Willed Child (McGraw-Hill). “ Para contornar o comportamento – e eu sei que todo mundo já ouviu isto antes – os pais precisam ser consistentes, estabelecer limites, criar estrutura e ser positivos.

O treinamento de pais ensina a você essas habilidades em duas partes:

1- Você mostra ao seu filho o que você quer dele, dá a ele os incentivos para que se comporte de acordo e reforça o comportamento positivo dando aprovação, elogios, reconhecimento, pontos, presentes e ou recompensas.

2- Você aprende estratégias para corrigir os comportamentos negativos e desafiadores – ignorando os pequenos comportamentos maus e estabelecendo consequências consistentes, como castigos.

O que você aprende: Como dar ordens com autoridade, a usar o castigo eficazmente, a ensinar seu filho a pensar sobre as consequências de suas ações, a elogiar e a criar e usar sistema de recompensas.

(continua)

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