quinta-feira, 22 de novembro de 2012

244- TDAH Adulto - Hiperfoco ao fazer amor?


Como manter a minha mente TDAH envolvida com o romance na cama, quando milhões de pensamentos se entremeiam? Posso aprender a hiperfocalizar no ato de fazer amor para melhorar minha vida sexual? Se for assim, o que você sugere? Por Melissa Orlov

Em primeiro lugar, conte ao seu parceiro que ser desatento é um sintoma do TDAH e não o reflexo do seu desejo sexual. Em segundo lugar, entenda que a maioria das pessoas com TDAH não consegue entrar em hiperfoco de uma hora para outra.
As estratégias seguintes, entretanto, poderão ajudar os adultos com TDAH a melhorar sua vida sexual:

Fale com seu médico sobre as medicações para TDAH que têm efeito curto. Tomar essas medicações meia hora antes de ir fazer sexo poderá “acalmar” seu cérebro por quatro horas.

Comece as carícias preliminares antes de ir para o quarto, enviando a seu parceiro notas românticas e e-mails provocantes, mandando-lhe flores, e tomando um banho de chuveiro juntos. Essas atividades estimulantes poderão focalizar sua mente quando finalmente vocês se unirem.

Ponha música suave para tocar, para relaxar sua mente veloz.

Varie suas formas de fazer sexo, para que isso não se torne uma rotina. Tente novas posições e faça amor em novos ambientes. Utilizar jogos sexuais e apetrechos sexuais também poderá estimular seu interesse no romance.

Se for possível, exercite-se antes. Muitos estudos mostram que a atividade física aeróbica ajuda a focalizar o cérebro. (Lembre-se de tomar um banho e de se refrescar antes de pular na cama!)

Avante!

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

243- Você tem TDAH Adulto – Eis Aqui a Ajuda!



Acabou de receber o diagnóstico de TDA do adulto? Eis aqui os próximos passos para obter ajuda e tratamento para o TDAH. Por Maureen Connolly.

As pesquisas mostram que o transtorno de déficit de atenção do adulto é tratado com sucesso por uma combinação de medicamento e terapia comportamental. Porém, nem todos os adultos diagnosticados com o déficit de atenção aceitam ajuda e procuram tratamento. Muitos veem seus traços relacionados ao TDA, de criatividade, capacidade de multitarefa e energia empreendedora, como apropriados ao que eles são e ligados ao seu sucesso na vida.

“As pessoas acham que o tratamento do TDAH mudará seu modo de trabalhar e como os outros as veem – e têm medo das mudanças que poderão acontecer consigo mesmas”, diz Dr. David Fassler, professor associado de psicologia clínica na Faculdade de Medicina da Universidade de Vermont, em Burlington, USA.

Como nos contou o fundador da companhia Jet Blue Airways e pensador livre David Neeleman, em nossa última edição de ADDitude, “Se alguém me dissesse que eu poderia ser normal ou continuar a ter meu TDA adulto, eu preferiria continuar com o TDA.”

Assim como aconteceu para milhares de americanos que vivenciaram esta situação neste anos, um diagnóstico de TDA no adulto raramente chega como uma completa surpresa, e geralmente traz um misto de emoções. Misto, porque muitos sabem que o TDA não é só problemas. Chamada de “condição maravilhosa” pelo especialista Dr. Ned Hallowell, ele próprio portador de TDA, ela produz pensadores originais, criativos, cheios de energia, alguns dos quais são grandes empreendedores dos nossos dias.
(Nota do tradutor: Dr Russel Barkley diz que isso não é por causa do TDAH, e sim porque eles são portadores de inteligência muito acima da média. Para ele, Dr. Barkley, o TDAH não é uma benção, mas uma sina. Dr. Menegucci)

Ao mesmo tempo, muitos adultos com TDA sabem que terão mais dificuldades do que os outros com organização, foco e produtividade. “Tanto quanto posso me lembrar, sempre me senti fora de compasso com a sociedade”, diz Debora Brooks, de 48 anos, consultora de negócios em Portland e mãe de três filhos, que foi diagnosticada em fevereiro de 2004. “Eu não sabia que havia um nome para isso”.

Os que são diagnosticados geralmente sentem um alívio por saber por que são o que são, mas isso pode ser manchado pelo remorso pelas lutas passadas, e pelo que poderia ter sido se eles tivessem sido diagnosticados mais cedo em suas vidas.

“Amo meus pais”, diz Thomas Snodgrass, de 23 anos, de Forest Hill, Maryland, que foi diagnosticado com TDAH em 2004. “Mas fiquei indignado por eles não terem visto os sinais do meu TDAH quando eu era criança”.

Hoje, ele se lembra dos anos escolares cheios de angústia por causa de sua incapacidade de prestar atenção. “Eu ficava na classe mais avançada, mas tinha as notas mais baixas”, diz. Os professores lhe diziam repetidas vezes que ele não estava utilizando todo o seu potencial.

De fato, é o diagnóstico de uma criança que geralmente leva um pai a ser testado para o TDAH. Um pai pode ver seu filho amado, ou filha, a ter dificuldades na escola de um jeito que lhe faz lembrar-se dos próprios anos escolares. Se o seu filho for diagnosticado com TDA, o pai saberá provavelmente que o transtorno é hereditário, com 40% de probabilidade de que um ou os dois pais também tenha o TDA. Sua própria dificuldade com a atenção, organização e esquecimentos poderá leva-lo ao desejo de ser avaliado também.

Outros adultos recentemente diagnosticados dom TDA podem estar carregando um peso ainda maior. “A pesquisa mostra que adultos com TDAH são mais susceptíveis do que adultos sem TDAH a ter repetições de anos escolares, a ganhar menos dinheiro, a fumar, e a depender de álcool e de drogas”, diz o Dr. Lenard Adler, professor associado de psiquiatria e neurologia e diretor do programa TDAH adulto da Universidade de Nova Iorque. De fato, um diagnóstico de TDAH adulto às vezes ocorre quando uma pessoa está fazendo avaliação psicológica para determinar as causas de uma depressão continuada, um casamento fracassado ou problemas no trabalho.

Mesmo se não há áreas com grandes problemas em sua vida, um diagnóstico de TDAH pode tirar o equilíbrio de um adulto, porque a condição na vida adulta ainda é pouco conhecida. Especialistas estimam que cerca de 80% dos adultos com o transtorno – cerca de 5 milhões de pessoas – não foram oficialmente diagnosticados, principalmente porque o TDAH não era visto como uma condição que persiste na vida adulta até 20 anos atrás. “Os médicos costumavam pensar que o TDAH afetasse somente crianças”, explica Dr. Adler. “Mas agora sabemos que, embora a hiperatividade desapareça, os sintomas de desatenção e impulsividade continuam pela vida adulta”.

Diz Debra Brooks: “Embora meu diagnóstico fizesse sentido, eu não podia ou não queria acreditar nele. Perguntava a todo mundo – meu marido, meus filhos e amigos – se eles achavam que eu tinha TDAH. Todos eles diziam que sim. Ficava assustada sabendo que todos tinha alguma suspeita a meu respeito”.

ADDitude, fevereiro/março 2005

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

242- TDAH - Tratar a escola, a criança, o médico ou a sociedade?


A que ponto chegamos. Que o TDAH é real, não resta a menor dúvida científica. Que o tratamento medicamentoso pode mudar a vida dos portadores, é outra evidência científica, mais que comprovada. O papel da escola é fundamental no sucesso ou fracasso dos portadores de TDAH. Para ajudar nas notas, nos Estados Unidos, médicos dão remédio para quem não tem déficit de atenção. E a escola, quando, afinal, vamos tratar dela? (Dr. Menegucci)

Canton, Geórgia, USA – Quando o Dr. Michael Anderson fica sabendo de pacientes de baixa renda sofrendo no ensino fundamental, ele costuma lhes dar um remédio poderoso: Adderall.

A medicação estimula a concentração e o controle de impulso em crianças com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Embora TDAH seja o diagnóstico invocado por Anderson, ele considera o transtorno uma 'invenção' e 'uma desculpa' para prescrever o remédio para tratar o que considera ser a verdadeira doença da criança: baixo desempenho acadêmico em escolas inadequadas.
'Não me resta muita escolha', disse Anderson, pediatra de muitas famílias pobres no condado de Cherokee, a norte de Atlanta, durante entrevista. 'Enquanto sociedade, nós decidimos que é caro demais modificar o ambiente da criança. Assim, temos de modificar a criança.'

Anderson é um dos defensores mais desembaraçados de uma ideia a ganhar interesse entre alguns médicos. Eles prescrevem estimulantes para alunos problemáticos em escolas sem recursos extras, não para necessariamente tratar do TDAH e, sim, incentivar o desempenho escolar.

Ainda não está claro se Anderson representa uma tendência ampla. Porém, especialistas observam que enquanto alunos endinheirados abusam de estimulantes para aumentar notas boas em faculdades e no ensino médio, as medicações são empregadas em alunos de baixa renda da escola primária com notas sofríveis e pais interessados em ver seu progresso.

'Enquanto sociedade, nós não estamos dispostos a investir em intervenções não farmacêuticas eficientes para essas crianças e suas famílias', disse Ramesh Raghavan, pesquisador de serviços de saúde mental infantil na Universidade Washington em St. Louis, Missouri, e especialista em prescrição de remédios para crianças de baixa renda. 'Com efeito, estamos forçando os psiquiatras de pequenas comunidades a empregar a única ferramenta à sua disposição, ou seja, a medicação psicotrópica.

A Dra. Nancy Rappaport, psiquiatra infantil de Cambridge, Massachusetts, que trabalha principalmente com crianças de baixa renda e suas escolas, acrescentou: 'Isso está se tornando cada vez mais comum. Estamos usando camisas de força químicas em vez de investir em coisas igualmente importantes e, por vezes, mais'.

Segundo Anderson, seu instinto é o do 'pensador da justiça social' que está 'igualando um pouco os pratos da balança'. De acordo com ele, as crianças que vê com problemas acadêmicos estão em 'divergência com o ambiente' – são pinos quadrados tentando entrar nos buracos redondos da educação pública. Para Anderson, como as famílias raramente podem pagar por terapias baseadas em comportamento, como aulas particulares e orientação familiar, a medicação se torna a maneira mais segura e pragmática para redirecionar o estudante rumo ao sucesso.

'Eu não dou para quem tira nota alta', ele explicou. Para alguns pais, o remédio propicia um grande conforto. Jacqueline Williams afirmou não ter como agradecer Anderson o bastante por diagnosticar o TDAH nos filhos – Eric, 15 anos, Chekiara, 14, e Shamya, 11 – e prescrever Concerta, estimulante de ação prolongada, para todos. Segundo a mãe, todos eles tinham problemas para ouvir as instruções e se concentrar na lição de casa.

'Meus filhos não querem tomar, mas eu explico quais são as notas com e sem o remédio, e eles entendem', declarou Williams, salientando que o plano de saúde cobre quase todos os custos com o médico e a medicação.

Especialistas veem poucos problemas num médico responsável utilizar Ritalina ou assemelhados para ajudar um aluno com dificuldades. Outros – até mesmo entre os muitos como Rappaport que elogiam o uso de estimulantes como tratamento para o TDAH clássico – temem que os médicos estejam expondo as crianças a riscos físicos e psicológicos injustificados. Entre os efeitos colaterais relatados da medicação estão supressão do crescimento, aumento da pressão sanguínea e, em casos raros, episódios psicóticos.

De acordo com diretrizes publicadas ano passado pela Academia Americana de Pediatria, os médicos devem empregar uma entre as várias escalas de classificação de comportamento, algumas das quais contam com dezenas de categorias, para garantir que a criança não apenas se adéqua aos critérios do TDAH como também não tem problemas relacionados, como dislexia ou transtorno desafiador opositivo, no qual uma raiva intensa é direcionada contra autoridades. Contudo, um estudo, de 2010, do 'Journal of Attention Disorders' sugeriu que pelo menos 20 por cento dos médicos afirmaram não seguir esse protocolo ao produzir o diagnóstico de TDAH e muitos deles seguem os instintos.

No balcão da cozinha da família Rocafort, em Ball Ground, Geórgia, ao lado do creme de amendoim e da canja de galinha, existe uma cesta de arame lotada com frascos dos remédios dos filhos receitados por Anderson: Adderall para Alexis, 12 anos, e Ethan, nove, Risperdal (antipsicótico para estabilização do humor) para Quintn e Perry, ambos com 11, e Clonidine (auxiliar do sono para neutralizar os outros remédios) para os quatro, tomado à noite.

Quintn começou a tomar Adderall para TDAH há quase cinco anos, quando o comportamento contestador levou a convocações dos pais e a suspensões. Ele se aquietou de imediato e se tornou um aluno mais atento e sério; um pouquinho como Perry, que também ingeriu Adderall para TDAH.
Quando teve início o turbilhão químico da puberdade, ao redor dos dez anos, Quintn começou a brigar na escola porque, afirmava, outras crianças ofendiam a mãe. Contudo, não era esse o caso; ele estava vendo pessoas e ouvindo vozes irreais, um raro, mas conhecido efeito colateral do Adderall. Depois de Quintn admitir intenções suicidas, Anderson prescreveu uma semana num hospital psiquiátrico local e a adoção de Risperdal.

Enquanto narravam a história, os pais convocaram Quintn à cozinha e lhe pediram para explicar por que tomava Adderall.
'Para ajudar a me concentrar na escola, na lição de casa, a ouvir mamãe e papai e não deixar meus professores loucos de raiva, como antes', contou o menino. Ele descreveu a semana no hospital e os efeitos do Risperdal: 'Se não tomasse meu remédio, eu me comportaria mal. Eu não respeitaria meus pais, não seria como agora'.

Apesar da experiência de Quintn com Adderall, os pais decidiram utilizá-lo com a filha, Alexis, e o filho, Ethan. Eles não têm TDAH, afirmam os pais. O Adderall é utilizado apenas para ajudar em suas notas e por que Alexis era, segundo as palavras do pai, 'meio cheia de onda'.

'Nós vimos os dois lados do espectro, o positivo e o negativo', afirmou Rocky Rocafort, o pai. Reconhecendo que o uso de Adderall por Alexis é 'cosmético', ele acrescentou: 'Se eles estão se sentindo bem, felizes, se relacionam melhor e o remédio os está ajudando, por que não dar? Por que não?'

Anderson afirmou que todos os pacientes tratados com medicação para TDAH se encaixam na qualificação. Entretanto, ele também criticou os critérios, dizendo terem sido codificados para 'tornar objetivo algo completamente subjetivo'. Ainda segundo o médico, o relatório do professor quase sempre cita comportamentos justificando o diagnóstico, decisão para ele mais econômica do que médica.

'A escola disse acatar outras ideias se fosse possível', disse Anderson. 'Porém, as outras ideias exigem mais dinheiro e recursos do que a medicação. '

Anderson citou a escola primária William G. Hasty, em Canton, como uma com a qual costuma trabalhar. Izell McGruder, diretor da escola, não retornou vários recados pedindo comentários.

Diversos educadores contatados para esta reportagem consideravam o assunto do TDAH muito polêmico – o diagnóstico podia ser errôneo, mas para muitas crianças é uma deficiência séria de aprendizado – e preferiram não tecer comentários. O superintendente de uma grande delegacia de ensino na Califórnia, falando sob a condição de anonimato, observou que os casos de TDAH subiram abruptamente com a queda das verbas escolares.

'É assustador pensar que terminamos assim, e como o fato de não dedicar verba suficiente à educação pública para atender as necessidades de todas as crianças terminou nisto', afirmou o superintendente, referindo-se ao emprego de estimulantes em crianças sem o TDAH clássico.

'Eu não sei não, mas poderia estar ocorrendo aqui, talvez em consequência do fato de um médico ver uma criança fracassando numa sala superlotada, com outros 42 estudantes, e os pais frustrados perguntando como poderiam ajudar. O médico afirma: 'Talvez seja TDAH, vamos tentar por aí'.

The New York Times News Service

241- TDAH na Mulher - "Velha Destrambelhada"



Diagnóstico tardio é dureza. Muitas mulheres com TDAH nem sabem que são portadoras até atingir seus 30 ou 40 anos. Mas nunca é muito tarde para uma vida bem aproveitada. Zoe Kessler, uma adulta com TDAH, por exemplo, está tirando proveito de sua vida após o diagnóstico.

“Antes do meu recente diagnóstico, o déficit de atenção fazia eu me sentir insegura e inepta. Mas, finalmente me descobri – estou vivendo a vida adulta do jeito certo.” Por Zoe Kessler

Ser diagnosticada com TDAH aos 47 anos significa ter um monte de coisas para corrigir. Recentemente, tentei me colocar no papel de garota crescida, quando sai para comprar minha primeira casa própria que não vinha com cavalinhos de miniatura nem com Barbies de cabelos cheios de bobs.
Estar repentinamente em meio à terra estranha do mundo da corretagem me deixou um pouco insegura. Viver com o TDAH não diagnosticado me treinou para me sentir inepta. Em situações importantes, nunca esperei que me levassem a sério. Sempre tinha medo de que todos ficassem me criticando pelas costas.

O medo estava todo na minha mente. O advogado e o corretor ficaram admirados com as perguntas que eu fiz. Finalmente, aqui estavam pessoas que não achavam incomodativo meu excesso de perguntas. Embora tivesse encontrado a casa dos meus sonhos, pedi conselhos ao meu corretor e visitei várias outras casas para me certificar. Isso não é pouca coisa para alguém com impulsividade.

O corretor disse, “Quase ninguém procura o suficiente antes de comprar”.

Surpresa de me sentir tão bem no papel de gente grande, tentei minimizar o cumprimento do meu corretor dizendo, “Isso é porque eles têm mais dinheiro do que eu para gastar”. Agora percebo que eu estava tão desconfortável com o elogio que diminui seu cumprimento.

Não vou fazer isso outra vez. É bom ter um jeito que costumava criar exasperação transformado em uma luz positiva.

Ainda é difícil me sentir como uma adulta já formada porque estou fazendo tantas coisas pela primeira vez em minha vida. Mas me sinto bem porque as estou fazendo direito.

Este artigo foi publicado no número de inverno/2012 de ADDitude

domingo, 18 de novembro de 2012

240- Mulheres e Meninas TDAH - A Desvantagem do Sexo (Parte II)


Por Maureen Connolly

Outra razão porque as meninas ficam sem diagnóstico por tanto tempo tem a ver com o modo diferente como cada sexo enfrenta a escola. A Dra. Quinn dá um exemplo: “Um menino e uma menina com TDAH recebem um trabalho de longo prazo. Cada um deixa o trabalho por fazer durante semanas. Então, na noite anterior à entrega do trabalho, cada um se lembra do prazo. Em vez de tentar fazer o trabalho, o menino resolve assistir vários episódios de um seriado na TV. Por sua vez, a menina se apavora e tenta fazer um trabalho perfeito durante a noite. (Perfeccionismo é outro comportamento comum nas meninas com TDAH). Ela pede a ajuda de sua mãe e ficam acordadas até a madrugada para terminar a tarefa. Quando ela entrega o trabalho pela manhã, a professora não tem nenhuma pista de que ele foi feito no último minuto.”
As meninas parecem ser levadas a fazer sua tarefa escolar porque nossa cultura as encoraja a serem socialmente mais conscientes.
Elas querem agradar mais do que os meninos, e se espera que elas sejam bem sucedidas na escola.
Como as notas desde o jardim de infância até o nono ano não são tão desafiadoras quanto as dos graus superiores, uma menina com TDAH não diagnosticado pode se sair bem na escola elementar – e então fracassar. “Na escola média e no colegial, as exigências sobre a atenção são maiores para os alunos, de modo que ela não consegue sucesso trabalhando com 50% de eficiência”, diz o doutor Andrew Adesman, diretor da divisão de transtornos do comportamento e do desenvolvimento do Schider´s Children´s Hospital, em New Hyde Park, Nova Iorque, e membro do National Board de diretores do CHADD. “E porque as crianças no ensino fundamental e médio frequentemente mudam de classes, os professores não têm tempo para conhecê-las e para identificar problemas.”

Algumas meninas também compensam o problema por meio do desenvolvimento de estratégias que mascaram seu TDAH. Como foi mencionado anteriormente, pode ser o perfeccionismo. Por exemplo, uma menina pode gastar horas tomando notas em cada capítulo que será testada ou para obter uma boa nota. Ou pode tornar-se obsessivo-compulsiva, checando e revendo seu material para ter certeza que tem tudo o que precisa.
As diferenças de sexo no TDAH também se mostram em classe. A pesquisa revela que as meninas com TDAH podem ser rejeitadas mais frequentemente por suas colegas do que os meninos. A razão é que, comparadas aos meninos, as amizades das meninas requerem maior sofisticação e maior manutenção. “Dois meninos podem se encontrar no pátio e começar a cavar um buraco até a China com suas pás, e em instantes são amigos. A amizade entre as meninas é mais complexa, mesmo nas idades mais baixas. Ela exige afetividade e a percepção das dicas sociais”, diz a Dra. Quinn.

Com tendências à impulsividade, hiperatividade e esquecimentos, pode ser difícil ficar de boca fechada, não interromper constantemente, ou lembrar-se do aniversário do melhor amigo. E quando todos no grupo estão admirando os brincos novos da Jéssica e a menina com TDAH fala alguma coisa totalmente sem nexo, as outras meninas olham para ela e se perguntam de onde que ela vem. Esse tipo de dificuldade social torna difícil para uma menina sentir-se bem consigo mesma e manter relacionamentos.
Infelizmente, esses sinais geralmente não são suficientes para suspeitar de TDAH. No caso de Danielle Cardali, de 14 anos de idade, de North Babylon, Nova Iorque, foram necessárias duas avaliações até que sua professora e seus pais percebessem por que suas notas eram tão baixas. Sendo classificada com TDAH na quarta série, ela foi submetida a reforço em sala de recursos por 45 minutos por dia, com uma professora somente para ela. Mas a melhora real somente aconteceu na sétima série, quando ela foi medicada com Strattera e Concerta. “Depois do primeiro trimestre com a medicação, eu consegui notas C altas e B baixas”, diz Cardali. “Parecia ter um melhor entendimento do que acontecia em classe”.

Em alguns casos, um pai tropeçará no TDAH depois que uma dificuldade de aprendizado for descoberta. (Eles frequentemente coexistem, daí ser importante quando avaliar um deles, avaliar também o outro.) Esse foi o caso com Allison Isidore, de 7 anos, de Montclair, Nova Iorque. Sua mãe, Liz Birge, teve a oportunidade de ver sua filha em atividade na sala de aula por 45 minutos, uma vez por semana, quando ela se ofereceu voluntariamente para ajudar em treinamento de escrita. Liz descobriu que sua filha estava apresentando muita dificuldade para ligar os sons às letras e que não tinha nenhum interesse em tentar escrever. Testes revelaram que Allison tinha uma dificuldade de aprendizagem e TDAH.
Obtendo Ajuda
Se os pais suspeitam que sua filha tenha TDAH (ou uma dificuldade de aprendizagem), as doutoras Quinn e Wigal aconselham a não esperar, mesmo se os professores não tenha se preocupado. Como dito anteriormente, os professores geralmente procuram hiperatividade, desorganização ou esquecimentos como os sinais do TDAH, antes de recomendar uma avaliação. Mas, o modo como o TDAH geralmente se manifesta nas meninas – falar excessivo, baixa autoestima, preocupação, perfeccionismo, assumir riscos, e ser barulhenta – raramente é visto como tal.

O pediatra de sua filha poderá fazer uma avaliação (se a sua filha for adolescente, primeiro procure um médico que se sinta bem lidando com adolescentes). Certifique-se de que o médico dela obtenha uma história médica completa (incluindo a história da família, por causa da grande herdabilidade do TDAH). O médico deve também trabalhar em conjunto com a escola de sua filha para obter mais informação sobre os comportamentos dela. “E, como adolescentes são uma grande fonte de informação sobre sua própria experiência, encoraje um adolescente a falar diretamente com seu médico”, aconselha Dra. Wigal.
Por fim, para uma menina que sofre de TDAH, um diagnóstico oficial pode ser boa notícia. “Todos acham que um diagnóstico de TDAH seja um estigma”, diz a doutora Quinn. “De fato, 56% das meninas em nossa pesquisa disseram que se sentiam melhor depois de, finalmente, terem um nome para o que sentiam. Somente 15% disseram que se sentiram pior. Para a maioria, foi um alívio descobrir que elas não eram preguiçosas, loucas ou burras”.

Mais boas notícias: Pais de meninas diagnosticadas com TDAH têm mais probabilidade de procurar tratamento do que os pais de meninos diagnosticados com TDAH, porque apenas os casos mais graves são diagnosticados nelas. “As meninas podem ter uma pequena vantagem sobre os meninos em um aspecto”, escreveram as doutoras Quinn e Wigal em seu trabalho. “Uma vez suspeitas de terem o TDAH, seus pais tendem a ser mais desejosos de procurar ajuda médica”. E isso é um bom presságio para elas.
Maureen Connolly, ADDitude, 2010

 O tratamento do autismo se distancia do “conserto” da condição Existem diferentes maneiras de ser feliz e funcionar bem, mesmo que seu cér...