quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Transtorno de Ansiedade Social não é timidez (374)


Algumas pessoas acreditam que o Transtorno de Ansiedade Social seja sinônimo de timidez. Outros, incluindo alguns médicos, não creem que ele exista de verdade. Mas, para os que vivem com o TAS, ele é muito real.

Se você tem TAS, você estará constantemente preocupado em ser julgado negativamente pelas outras pessoas. Você poderá achar difícil comer ou falar em público, ou em usar banheiros públicos. Poderá descobrir que é impossível comparecer a eventos sociais. Assim como acontece com outros transtornos de ansiedade, você poderá ter consciência de que seus medos são irracionais, mas se sentirá sem poder para eliminá-los.

O Transtorno de Ansiedade Social não é raro. Os estudos mostram que de 2 a 13% da população dos Estados Unidos sofre de uma ansiedade social, em alguma época de suas vidas, em grau tal que seria tida como TAS. É o tipo mais comum de transtorno de ansiedade em adolescentes. É mais comum nas mulheres e geralmente se inicia na infância ou no começo da adolescência.

A ansiedade social não é um traço da personalidade. TAS e timidez não são a mesma coisa. A timidez é considerada um traço da personalidade. As pessoas tímidas sentem nervosismo ou ansiedade quando enfrentam situação social ou interpessoal, mas aceitam que serem tímidas é parte do que são. As pessoas com ansiedade social podem ser tímidas ou extrovertidas, mas elas sentem que o TAS é uma coisa negativa e geralmente se culpam por sentirem o que sentem.

Sintomas do TAS. A seguir, todos são sintomas de TAS, embora nem todos sejam sentidos por uma pessoa. Algumas pessoas podem ter os sintomas em somente um tipo de situação, enquanto outras podem sentir múltiplos sintomas em várias situações sociais.

• Autocrítica na frente de outras pessoas

• Medo exagerado de que os outros o julguem

• Preocupação por dias ou semanas antes de um acontecimento

• Evitação de situações que necessitem de interação social

• Intensamente desconfortável frente a uma situação social

• Mantém no mínimo a conversação com os outros

• Dificuldade de fazer e de manter amizades

• Ataques de pânico, incluindo tremores, ruborização, náuseas ou   
  sudorese, quando em situação social

• Dificuldade para conversar com outras pessoas

Nem todas as pessoas com TAS são apenas figurantes. Enquanto algumas pessoas com TAS podem permanecer na retaguarda, outras são mais ativas em situações que não exijam delas ações que desencadeiem os problemas. Por exemplo, alguém que fique ansioso por comer em público, pode não ter dificuldade de falar em público. Os sintomas do TAS aparecem somente quando os gatilhos de uma pessoa são ativados.

O TAS é grave. Ele pode interferir com sua capacidade de fazer amigos e de participar das atividades sociais. Mas ele também pode causar problemas de relacionamento, fazer com que você não vá à escola ou ao trabalho, ou fazer com que você tenha notas mais baixas por causa do seu medo de responder questões ou de falar em classe.

O TAS aumento o risco de depressão. Adolescentes com ansiedade social geralmente também sofrem de depressão. Algumas pesquisas descobriram que se você tem TAS, você terá seis vezes mais risco de sofrer de depressão, distimia ou transtorno bipolar. Você também terá maior risco de abusar de drogas. o tratamento precoce poderá reduzir o risco de desenvolver depressão ou outras condições coexistentes.


Existem tratamentos eficazes. Tal como outros transtornos de ansiedade, há ajuda se você tiver fobia social. A terapia cognitiva comportamental (TCC) ajuda as pessoas a entender os gatilhos para a ansiedade e ensina técnicas, tais como "paradas do pensamento" (thought logs), auto-instrução (mindfulness) e exercícios de relaxamento, para ajudar a controlar sentimentos ansiosos. Algumas pessoas usam medicamentos para ajudar a controlar a ansiedade. Isso pode ser especialmente eficaz quando começar primeiro a TCC.

ADDitude

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Dez frases que pessoas bem-sucedidas jamais dirão (373)


O site ForumBlog, em parceria com o Linkedin, publicou as principais frases que pessoas que desejam se tornar bem sucedidas devem abolir.
O que a apresentadora norte-americana Oprah Winfrey, o empresário Ralph Lauren e o mega-investidor George Soros têm em comum? Além de um patrimônio de bilhões de dólares, os três passaram por dificuldades antes de se tornarem algumas das personalidades mais bem sucedidas e influentes do mundo. Por isso se tornaram referência para aqueles que pretendem alavancar um negócio ou fazer fortuna com uma nova ideia, mesmo que começando do zero. Mas o que de fato é preciso para ser uma pessoa de sucesso? Primeiramente, é preciso pensar como um indivíduo bem-sucedido. O site ForumBlog, em parceria com o Linkedin, elaborou as principais frases que grandes líderes devem abolir do vocabulário. Saiba quais são.
1- "Como posso colocar a culpa em outra pessoa?"

Pessoas de sucesso não perdem tempo pensando nos erros de outras pessoas. Em vez disso, elas se preocupam com as oportunidades que podem criar diariamente, transformando o fracasso em força para incentivar suas equipes.

2- "Quando isso acontecer..."

Frases como "quando terminar o projeto...", "quando conseguir aquele emprego dos sonhos..." ou "quando me aposentar..." não são típicas de pessoas poderosas. Elas sabem que alcançar grandes metas não as tornarão felizes de uma hora para a outra, ou melhor, que a felicidade não depende de um único objetivo. Cada dia é uma nova oportunidade para compartilhar e inovar.

3- "Vou pagar na mesma moeda"

Pessoas bem-sucedidas não perdem tempo com vingança. Elas podem ficar chateadas ou frustradas às vezes, mas não desperdiçam energias em machucar os outros. Em vez disso, concentram-se em despertar o que há de melhor em cada pessoa, incluindo as que as incomodam.

4- "Sou assim e ponto final"

Esta frase torna qualquer mudança impossível, seja pela criação, pelas circunstâncias ou por algum erro passado. Pessoas de sucesso preferem focar em palavras positivas. Elas dizem a si mesmas que são confiantes e corajosas, transformando a motivação em realidade.

5- "Eu tenho razão"

Pessoas de sucesso reconhecem que ser a pessoa mais esperta do escritório é bastante irritante, afinal, ninguém gosta de ficar ao lado de pessoas arrogantes, que dizem saber tudo durante confraternizações ou "happy hours". As pessoas de sucesso sempre estão dispostas a aprender e a interagir com outras pessoas e nunca têm medo de admitir que não sabem de alguma coisa.

6- "Por que eu?"

Pessoas bem-sucedidas trocam eu por nós, sempre pensando no que podem fazer para melhorar e ganhar mais experiência. Elas geralmente são altruístas, pois deixam de olhar apenas para o próprio umbigo para ajudar os outros a conquistarem seus objetivos.

7- "Não sou bom o suficiente"

Esta frase devastadora geralmente vem à tona quando uma promoção não acontece ou quando os negócios não vão bem. Pessoas bem-sucedidas tentam manter a autoconfiança, pensando que são mais do que suficientes. Elas sabem que não precisam esperar um objetivo se concretizar para se sentirem felizes e realizadas.

8- "Está bom assim"

Pessoas de sucesso não costumam ser acomodadas. Elas estão sempre inventando maneiras de mudar as coisas para melhor. Elas querem desenvolver coisas diferentes e não param de se perguntar "por que não?"

9- "Não é minha obrigação"

Você nunca será uma pessoa bem-sucedida levando uma vida irresponsável. Elas não obrigam outras pessoas a realizarem tarefas por preguiça ou falta de capacidade própria. Da mesma forma, elas não menosprezam a criatividade. Elas acreditam que a criatividade tem o poder de conectar as coisas as coisas de maneira prática e inspiradora.

10- "Estou sem tempo"


Pessoas de sucesso não se limitam a fazer apenas o que é mais importante. Elas preferem inovar em vez de gerenciar o tempo, sempre colocando família, amigos e bem-estar acima de tudo.

terra.com.br

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Oito regras para perder peso com o TDAH (372)


Problemas com as funções executivas, problemas com o sono e impulsividade podem tornar difícil a perde de peso. Veja aqui como ficar em forma, magro e saudável com o TDAH. Por Roberto Olivardia, Ph.D.

Perder peso, tendo TDAH - ou mantê-lo -  pode ser uma verdadeira batalha. Isso acontece porque comer, especialmente comer coisas saudáveis, requer o controle das funções executivas, o que não é uma das fortalezas do TDAH.
Decidir o que vai cozinhar, ter os ingredientes necessários na despensa e na geladeira, planejar e preparar uma refeição, tudo isso é um desafio para pessoas com déficit de atenção. Quando elas se sentem pressionadas, pulam refeições ou vão a um fast food para não ter de lidar com os desafios executivos.

Programado para ganhar peso

Vários estudos mostraram que os que têm TDAH são predispostos à obesidade e acham difícil perder peso. Isso não é uma surpresa. Os TDAHs nem sempre estão cientes de quanta comida ingerem. Muitos comem enquanto fazem outra atividade - ver televisão, por exemplo, ou até mesmo dirigindo - assim, eles perdem a conta de quantas calorias consomem. Alguns com o déficit de atenção comem para aliviar o estresse, o tédio, a tristeza, ou até mesmo os pensamentos persistentes.

Hábitos de sono indevidos, com os quais muitos TDAHs brigam, também levam a problemas de obesidade. A privação do sono diminui o metabolismo, particularmente o dos carboidratos. Seu corpo se agarra às gorduras e queima menos calorias. Além disso, quando seu corpo é privado de sono, um hormônio chamado leptina diminui. Essa diminuição aumenta seu apetite e faz você se sentir menos satisfeito depois de comer uma refeição. Outro hormônio, chamado grelina, que estimula seu apetite, aumenta em concentração.

Assim, o que tem a fazer uma pessoa com TDAH que queira comer de modo saudável e perder alguns quilos?

Eis aqui algumas estratégias que funcionam.

1- Gaste uma hora todas as noites de domingo para planejar suas refeições da semana. Assinale os horários em que deve comer. Por exemplo, Segunda-feira, 8 horas da manhã: clara de ovo, biscoito, fatia de queijo; 10:30 da manhã: uma maçã; 1 da tarde: sanduíche de presunto e queijo com pipoca [Eca! Como americano come mal!]. Um esquema detalhado permite que você faça uma lista dos ingredientes necessários para a semana. Cole sua lista na geladeira.

2- Faça o café da manhã e coma muita proteína. Se você pula o café da manhã, isso significa que você ficou de 16 a 18 horas sem comer. Isso inicia um ciclo de metabolismo diminuído e conservador de gordura, ao mesmo tempo em que aumenta seu desejo de gorduras e de carboidratos. Os estudos mostraram que tomar o café da manhã aumenta a memória de curto prazo e a atenção. Se você incluir uma fonte de proteína no seu desjejum - frango grelhado, ovos, iogurte integral - você terá menos fome nas horas a seguir. A proteína é alimento para o cérebro, permitindo que os neurotransmissores do seu cérebro trabalhem eficazmente. Isso melhora sua memória e atenção.

3- Durma o tempo certo para perder peso. Temos a tendência de associar o dormir demais com ser improdutivo, mas isso não é o caso. O sono correto ajuda a manter corretos os níveis hormonais relacionados com o apetite. Disso resultam avisos precisos de fome e de saciedade. Também mantém nosso metabolismo em uma taxa saudável, permitindo que nosso corpo queime as calorias com eficiência.

4- Programe atividades estimulantes quando se sentir chateado. Muitos TDAHs comem de modo impulsivo à noite. Se você for um deles, escreva três ou quatro coisas a que possa recorrer quando se sentir chateado. Algumas sugestões incluem: trabalhe em um projeto de arte; ligue para um amigo; faça uma pequena caminhada; leia um artigo ou um livro. Pense em fazer qualquer coisa que o estimule ou o alivie.

5- Diminua a velocidade com que come e monitore a quantidade que consome. Faça duas respirações profundas antes de uma refeição para acalmar-se e para aumentar sua consciência. Ponha uma porção do alimento em seu prato e afaste-se da panela, travessa ou tigela. Você terá mais consciência do quanto come se tiver de se servir novamente. Largue o garfo ou a colher depois de cada bocado. Não pegue as vasilhas para outra porção até que tenha mastigado e engolido sua última garfada.
Monitore o quanto come enquanto prepara e cozinha a comida. É tentador beliscar enquanto cozinha, mas não perca o controle de quanto já consumiu. Algumas pessoas realmente comem metade de uma refeição antes mesmo de se sentar para almoçar ou jantar. Se você come enquanto prepara a refeição, ajuste sua porção quando for se sentar para almoçar ou jantar.

6- Diminua o tamanho de seus pratos e tigelas. Os estudos mostram que o tamanho das tigelas e dos pratos em que você come afeta sua percepção do quanto comeu. A solução é simples: use pratos e tigelas menores em sua casa. Muitas pessoas descobrem que sua fome é satisfeita somente quando comem tudo que há em seu prato. Pratos maiores significam mais comida, e mais calorias.
Pessoas com TDAH geralmente seguem a dieta "ver-comida". Se elas vêem a comida, elas comem. Quando sair para comer, peça ao garçom que ponha metade de sua refeição em uma vasilha para cachorro, antes dela chegar à sua mesa. [Esses americanos...]. Você não só comerá menos, terá sobras para levar.

7- Faça da perda de peso uma coisa de um grupo. Encontre um amigo ou outra pessoa significante que tenha as mesmas metas que você, e percam peso junto. Vocês poderão manter um ao outro. Amigos tendem a manter um plano porque eles não querem desapontar um ao outro. Vá além de encontrar um amigo: arranje um sistema de apoio com pessoas que entendam o quão é importante para você atingir sua meta.

8- Seja honesto consigo mesmo. Conheça os alimentos que você não deve comprar porque comerá em excesso. O pacote normal de Negresco pode ser difícil de resistir, mas será mais inteligente comprar um pacote menor, que contenha poucas bolachas.

Nunca vá ao supermercado com fome, ou você comprará alimentos ricos em gordura, açúcares ou carboidratos simples. Escreva uma lista de compras em casa, leve-a com você e não fuja dela. Você estará mais consciente e menos impulsivo sobre o que comprar quando não estiver estimulado por todas aquelas ofertas do supermercado. Arrume sua despensa com produtos saudáveis, tais como nozes, iogurte sem gordura, cereais ricos em proteínas, carnes magras, vegetais e frutas. Se você costuma comer para se estimular, o que muitos TDAHs fazem, mastigue um chiclete quando tiver essa vontade. Você adicionará informação sensorial sem calorias indesejáveis.

Comer de modo saudável e perder peso são desafios para qualquer um. Alguns dias serão mais difíceis do que outros para prosseguir. Saiba que o TDAH torna a perda de peso mais difícil ainda. Não se envergonhe de estar acima do peso ou de comer por impulso. Os TDAHs tendem a ficar envergonhados, mais do que os que não sofrem desse transtorno, por coisas sobre as quais eles têm pouco controle. Se você não perde peso na taxa que esperava, não desanime. Use essas dicas e seu sistema de apoio para manter-se na jornada. Você pode fazê-lo.


Roberto Olivardia, Ph.D.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

TDAH E DEPRESSÃO: Diagnóstico, Tratamento e Gerenciamento de um Diagnóstico Duplo (371)


Por William Dodson, M.D.

Você está deprimido porque tem TDAH sem tratamento ou está lidando com algo mais grave? Veja como saber a diferença entre depressão reativa e depressão maior, e como obter a ajuda de que necessita.

Para muitas pessoas, depressão significa sentir-se triste ou estar na fossa. É uma experiência quase universal para as pessoas com TDAH. Em algum ponto de suas vidas, elas se sentem deprimidas por causa da frustração e desmoralização com as tentativas de se encaixar em um mundo neurotípico, que faz pouco esforço para entendê-las e aceitá-las. Geralmente isso é chamado de depressão secundária, ou reativa.

Entretanto, deve ser enfatizado que a "depressão reativa" é uma experiência normal e não algo de errado. É uma percepção aguda de quão difícil e frustrante é ter TDAH, especialmente se não estiver em tratamento.

Não é assim que um médico pensa sobre depressão quando ele diagnostica um paciente. Um clínico é treinado para ver a depressão como um estado que piora gradualmente, no qual uma pessoa perde a energia e a capacidade de sentir prazer com as coisas de que ela gostava. Não há nenhuma relação de causa e efeito previsível entre o que está acontecendo na vida de uma pessoa e sua resposta emocional a esses acontecimentos. Um diagnóstico de depressão significa que o humor de uma pessoa "tomou seu rumo próprio, independente dos acontecimentos de sua vida e fora de sua vontade e do seu controle consciente".

Uma pessoa deprimida geralmente tem membros da família com depressão, os quais, por nenhuma razão aparente, perderam a capacidade de sentir alegria, de sorrir e de gostar de qualquer coisa (comida, sexo, hobbies), tornam-se irritados ou tristes, choram facilmente ou por nenhuma razão, e se afastam da vida e das interações sociais.

Uma pesquisa do National Cancer Institute perguntou às pessoas o que era pior: ser diagnosticado com depressão ou com câncer terminal? Noventa por cento disseram que sua depressão era pior ou do mesmo nível que o câncer que as estava matando. A depressão é muito mais do que esta infeliz porque as coisas não estão indo bem no momento.

Diferenças entre TDAH e Depressão

Muitas pessoas se confundem com os sintomas sobrepostos da depressão e do TDAH. As duas doenças têm muito em comum. Ambas envolvem diminuição da memória e da concentração, irritabilidade, alterações do sono, tristeza, desesperança e pessimismo. É comum atribuir tais sintomas ao TDAH e à propensão para uma vida de derrotas e perdas que a condição promove.

Então, a questão é: Os sintomas são causados pelo TDAH, pela Doença Depressiva Maior, ou por ambos. Uma quantidade significativa de pessoas tem o azar de ter as duas condições. Um estudo (NCRS - National Comorbidity Replication Study) verificou que ter uma das condições faz com que seja três vezes mais provável ter também a outra. As duas doenças podem ser diferenciadas uma da outra com base em seis fatores:

1 - Idade de início. Os sintomas do TDAH estão presentes pela vida toda. O DSM-V requer que os sintomas do TDAH estejam presentes (embora não necessariamente prejudiciais) antes dos 12 anos de idade. A média de início da Depressão Maior aos 18 anos de idade. Sintomas que comecem antes da puberdade são quase sempre devidos ao TDAH. Uma pessoa com as duas condições geralmente é capaz de perceber a presença do TDAH desde o início da infância, com os sintomas da Depressão Maior aparecendo mais tarde, na vida, geralmente no colegial.

2 - Consistência do prejuízo dos sintomas. O TDAH e suas frustrações estão sempre presentes. A Depressão Maior vem em episódios que acabam se estabilizando em níveis mais ou menos normais de humor em cerca de 12 meses.

3 - Instabilidade de humor provocada. Pessoas com TDAH são passionais e têm reações emocionais intensas a acontecimentos de suas vidas. Entretanto, é esse desencadear diferente de mudanças de humor que distingue o TDAH das mudanças de humor da Depressão Maior, que vão e vêm sem nenhuma conexão com eventos da vida. Além disso, as mudanças de humor que ocorrem no TDAH são adequadas à natureza do evento provocador. Acontecimentos infelizes, especialmente a experiência de ser rejeitado, criticado, envergonhado ou provocado, levam a estados emocionais dolorosos.

4 - Rapidez da mudança de humor. Como as mudanças de humor do TDAH são quase sempre provocadas, elas geralmente são mudanças completas e instantâneas de um estado para outro. Tipicamente, são descritas como "trombadas" ou "estalos", o que enfatiza a repentina mudança de estado. Em contraste, as mudanças de humor não provocadas da Depressão Maior levam semanas para se mover de um estado para outro.

5 - Duração das mudanças de humor. Pessoas com TDAH relatam que seu humor muda rapidamente de acordo com o que está acontecendo em suas vidas. A duração de sua resposta a perdas graves e a rejeições geralmente é medida em horas ou poucos dias. As mudanças de humor da Depressão Maior devem estar presentes sem interrupção por ao menos duas semanas.

6 - História familiar. Ambas as doenças são presentes na família, mas as pessoas com Depressão Maior geralmente têm um outro caso de depressão na família, enquanto pessoas com TDAH têm uma história familiar com vários casos de TDAH.

Na avaliação com um médico, uma pessoa que tem tanto o TDAH quanto a Depressão Maior deve ser capaz de fornecer uma história clara de prejuízos do TDAH continuamente presentes em todas as suas atividades, com existência tão antiga quanto sua memória consiga atingir. Ela também deve ser capaz de se lembrar de que o insidioso deslizar para um estado de tristeza que sempre piora e que suga a alegria e o significado da vida começa no final da adolescência.

O tratamento da depressão reativa e do TDAH

Quase todo mundo que tem um sistema nervoso com TDAH vai enfrentar o que foi chamada de depressão secundária ou reativa. A vida é mais difícil para as pessoas com TDAH. Elas precisam aprender como manejar seu sistema nervoso TDAH, que não é confiável em sua capacidade de se engajar e ter as coisas feitas. Às vezes elas estão com hiperfoco e podem realizar coisas maravilhosas, e às vezes elas não conseguem iniciar uma atividade, não importa quanto tentem. Duas coisas ajudam:

1 - Desenvolvimento de competência. Pergunte a uma pessoa com sistema nervoso TDAH a seguinte questão: "Quando você foi capaz de se engajar e ficar concentrado em uma tarefa específica, você descobriu alguma coisa que não conseguia fazer?" A maioria das pessoas responderá, "Não. Se eu consigo me engajar em alguma coisa, posso fazer tudo". Essa é a principal fonte de frustração: Os TDAHs sabem que podem fazer coisas extraordinárias, mas não conseguem fazê-las a pedido. Eles nunca sabem quando suas habilidades vão se manifestar quando forem solicitadas.
Lidar com o TDAH é aprender com o que dá certo em suas vidas, não com o que dá errado. Como você entra no estado em que faz praticamente tudo? Quando você entendeu e dominou seu sistema nervoso TDAH, você poderá ser bem sucedido em um mundo neurotípico. A competência traz a confiança e a duradoura sensação de bem estar.

2- Tenha alguém que o apóie. Sabemos que muitas pessoas com TDAH têm sido muito bem sucedidas na vida sem o uso de medicação. Como elas venceram o desencorajamento e perseveraram? Provavelmente o fator mais importante é que elas têm alguém em sua vida que lhes dá apoio em meio aos inevitáveis momentos difíceis. Se você é uma criança ou um adulto, o importante é ter alguém que veja você, não os seus problemas.

Tratamento da Depressão Maior e do TDAH

O que a infeliz pessoa que tem tanto o TDAH quanto a Depressão Maior deve fazer? O que deve ser tratado primeiro? A decisão geralmente é tomada pelo paciente com base no que ele acha que é a condição mais urgente ou prejudicial. Se eu tenho de escolher, eu trato primeiro o TDAH com um estimulante. Isso é com base em minha experiência de que uma alta porcentagem de pacientes (cerca de 50 por cento) contam que seu humor melhora quando atingem as doses ótimas da medicação estimulante.
Se os sintomas depressivos persistem, um antidepressivo geralmente é adicionado à medicação do TDAH. Muitos clínicos escolhem a fluoxetina, porque ela não tem nenhum efeito no TDAH e tem longa permanência no organismo, tornando-a uma medicação ideal para pacientes que se esquecem de tomá-la.

Alguns clínicos podem usar uma medicação de segunda linha, sozinha, para casos de depressão leve a moderada mais TDAH. Deve ser dito que, enquanto as medicações antidepressivas têm estudos que mostram que elas ajudam nos sintomas do TDAH, nenhuma tem demonstrado efeitos robustos. Os estudos demonstraram que há benefícios detectáveis, mas somente como medicamentos de segunda linha, quando o uso de estimulantes ou um alfa-agonista não for indicado.

Expectativas sobre os medicamentos

O que uma pessoa pode esperar do tratamento da depressão com a medicação? Todos os antidepressivos disponíveis têm uma taxa de resposta de 70 por cento. Consequentemente, a escolha da medicação para iniciar é feita com base na tolerância e no custo. A bupropiona é a que tem os menores efeitos colaterais, seguida pelos medicamentos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (SSRI), tais como o citalopram e o escitalopram.

Os antidepressivos agem lentamente. Muitas pessoas não vêem nenhum benefício nos primeiros 10 a 14 dias. Depois de duas semanas, a irritabilidade e as crises de choro diárias geralmente desaparecem. Depois que começa a resposta de uma pessoa à medicação, leva de oito a dez semanas para se ver o benefício completo de um antidepressivo. Durante esse tempo, as medicações próprias para o TDAH podem ser minuciosamente ajustadas. Essas duas classes de medicamentos "agem bem uma com a outra" e são usadas geralmente juntas sem interações.

Deve ser ressaltado que ficar melhor com um antidepressivo não é a mesma coisa que uma remissão completa. Você não vai voltar a ser feliz como antes. Muitas pessoas precisarão de um agente que potencialize a resposta inicial até a remissão completa. As medicações estimulantes também são geralmente usadas como potencializadores, não importa se o paciente tenha ou não o TDAH.

É importante que o clínico pense claramente sobre a sobreposição comum entre o TDAH e a Depressão Maior verdadeira. Confundir a depressão reativa com a Depressão Maior geralmente leva a anos de tentativa fracassadas de antidepressivos e adia o tratamento do TDAH.

Inversamente, mesmo quando o TDAH está sendo tratado, o fracasso em reconhecer e tratar a Depressão Maior deixa o paciente sem a energia e a esperança para seguir aprendendo a manejar seu sistema nervoso TDAH. Uma avaliação cuidadosa inicial é vital. Mais frequentemente os clínicos reconhecerão o que foram treinados a ver. Geralmente eles verão o TDAH como um transtorno do humor a não ser que você os ajude a fazer essa distinção. O tratamento bem sucedido necessita que cada condição seja identificada e manejada para obter todo o alívio que seja possível.


ADDitude.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Encontrados os três mapas genéticos do autismo (370)

Encontrados os três mapas genéticos do autismo
As causas do autismo são discutidas há meio século e continuam sem estar claras, mas cada vez fica mais evidente a transcendência dos fatores genéticos.
Dois macroestudos apresentados na revista Nature confirmam agora os fortes e complexos componentes genéticos do autismo, identificam mais de 100 genes relacionados com o risco de desenvolver a doença e revelam os três grandes mapeamentos pelos quais viaja esse emaranhado de material hereditário.
Dois deles – a formação das sinapses e o controle dos genes cerebrais – eram de certo modo esperados, mas ninguém contava com o terceiro: a cromatina, uma arquitetura de alto nível que empacota ou expõe grandes áreas da geografia genômica em resposta ao ambiente.
Os resultados têm implicações imediatas para o diagnóstico genético do autismo, que agora é formado por um modesto 20% de capacidade de predição e poderá se multiplicar em poucos anos, embora certamente com a introdução das modernas técnicas da genômica – o sequenciamento de exomas, ou a parte do DNA que significa proteínas – ao alcance dos serviços de psiquiatria hospitalar.
Além disso, esses dados darão trabalho durante muito tempo aos neurocientistas, que deverão esclarecer como esses genes afetam o cérebro, e aos farmacêuticos, que poderão dirigir seus dardos químicos contra toda uma nova bateria de alvos.
O autismo, que aparece mais ou menos em uma de cada 100 crianças, é um transtorno de desenvolvimento que afeta a capacidade social, de comunicação e de linguagem, e costuma ser evidente antes dos três anos de idade.
O autismo “clássico”, a síndrome de Asperger e o transtorno generalizado do desenvolvimento não especificado (PDD-NOS pela sigla em inglês) são três quadros relacionados que costumam se agrupar sob o guarda-chuva de transtornos do espectro autista. Os macroestudos abrangem este espectro em geral, e não apenas o autismo clássico.
As mutações herdadas e de novo – ocorridas nos óvulos ou no esperma dos pais, e que, portanto, dão lugar a casos sem precedentes familiares – são o principal fator de risco para desenvolver o autismo; somando os dois tipos de mutações, os dois novos estudos identificam mais de 100 genes de risco. São, de longe, os maiores estudos sobre genética do autismo feitos até o momento.
O primeiro envolveu 37 instituições científicas internacionais, incluídas duas espanholas, foi coordenado pelo neurocientista e geneticista Joseph Buxbaum, do Hospital Monte Sinai de Nova York, e analisou o genoma de 3.871 autistas e 9.937 controles relacionados.
O segundo foi coordenado por Michel Wigler, do Laboratório Cold Spring Harbor, também em Nova York, e examinou o genoma de 2.500 famílias com filho autista, com um foco particular nas mutações de novo, que podem superar 20% de todas as mutações de risco segundo sua análise.
Estas mutações de novo são parte da razão pela qual a influência genética no autismo foi subvalorizada nos primeiros estudos: apesar de ter uma causa genética, estes casos não apresentavam relações familiares óbvias. “Mas as mutações de novo não são nenhuma peculiaridade do autismo”, explica Ángel Carracedo, da Universidade de Santiago de Compostela e coautor do primeiro trabalho. “Nossos óvulos e espermatozoides sofrem mutação, é parte do mecanismo de geração da diversidade humana.” A outra autora espanhola é Mara Parellada, da Universidad Complutense.
Bauxbaum, líder desse mesmo estudo, acha que o consórcio não só contribuiu com a fotografia teórica mais completa de como numerosas mudanças genéticas se combinam para afetar o cérebro das crianças com autismo, “mas também sobre as bases do que torna os humanos seres sociais”. Em termos lógicos, esses mesmos genes devem formar, quando funcionam corretamente, a base lógica das estruturas sociais do cérebro.
 “Todas estas descobertas genéticas”, continua Bauxbaum, “devem ser transportadas agora a estudos moleculares, celulares e animais para conseguir futuros benefícios para os afetados e suas famílias; um estudo como este cria uma indústria de muitos anos, com laboratórios procurando os efeitos fisiológicos das mudanças genéticas que encontramos e procurando fármacos para contrapor seus efeitos”.

“A genética que subjaz ao autismo é altamente complexa”, acrescenta o segundo coordenador do estudo, Mark Daly, do Instituto Broad (MIT e Harvard, e um dos pontos centrais do projeto genoma público), “e apenas tendo acesso a grande amostras é possível traçar as mutações e entender os mecanismos implicados”.

Javier Sampedro - 29/10/2014  Jornal El Pais (tirado do blog do Noblat)

 O tratamento do autismo se distancia do “conserto” da condição Existem diferentes maneiras de ser feliz e funcionar bem, mesmo que seu cér...