domingo, 8 de maio de 2011

86- Tudo é memória de trabalho?

A memória de trabalho é uma função executiva. Isso significa que ela é usada para ajudar a tomar decisões momentâneas assim como para fazer planos de mais longo prazo. A memória de trabalho é a área na qual a informação fonológica ou visual é temporariamente armazenada, com o propósito de processamento e manipulação da informação (Swanson & Beebe-Frankenberger, 2004, Martinussen & Tannock, 2006). Crianças com TDAH têm fraqueza de memória de trabalho. Isso leva a dificuldade com problemas que envolvam a manipulação de informação verbal e não verbal (Martinussen & Tannock, 2006). Pesquisa recente examinou a conexão entre fraqueza de memória de trabalho e dificuldade com a matemática, especificamente, com a aritmética, conhecimento de algoritmo e solução de problemas. Swanson e Beebe-Fraser (2004) verificaram que a fraqueza da memória de trabalho contribuía para a dificuldade com a solução de problemas verbais mais do que o processamento fonológico isoladamente. Isso deu apoio à teoria de que a função executiva contribui significativamente para a solução de problemas matemáticos verbais. Mesmo quando se retira da equação estatística o processamento fonológico, a inibição e as habilidades de matemática e de leitura, uma relação significativa ainda existe entre a solução de problemas matemáticos e a memória de trabalho (Swanson & Beebe-Frankenberger, 2004). Entretanto, a memória de trabalho não é o único fator cognitivo que foi correlacionado às dificuldades com matemática e TDAH. A dificuldade de atenção é altamente correlacionada ao TDAH e contribui significativamente para as dificuldades com a matemática (Martinussen & Tannock, 2006, Fuchs et al., 2006).

Em outro estudo, Fuchs (2006) examinou as correlações cognitivas de estudantes do terceiro grau em várias áreas matemáticas. Diversamente de Swanson e Beebe-Fraser (2004) eles verificaram que a memória de trabalho não era um fator cognitivo correlato da aritmética, algoritmos de computação e solução de problemas. A atenção, em vez da memória de trabalho, era um fator significativo de previsão para aritmética, algoritmos e solução de problemas matemáticos. Em particular, a incapacidade de afastar os estímulos externos da memória de trabalho parecia ser significativa. Fuchs et al. (2006) sugeriram que a memória de trabalho parecia ser um fator crítico nas dificuldades com a matemática em estudos anteriores porque os outros estudos não tinham examinado o papel das múltiplas habilidades no funcionamento matemático. Eles reconheceram o trabalho de Swanson e Beebe-Fraser (2004), mas sugeriram que eles poderiam ter encontrado diferenças com respeito à memória de trabalho por causa das diferentes maneiras como ela é definida e medida.

Apesar da corrente discrepância na pesquisa, há forte evidência para sugerir que a memória de trabalho e a desatenção, ambas, têm um papel nas dificuldades com a matemática das crianças. Estes dois fatores cognitivos também são correlatos cognitivos do TDAH. Talvez a fraqueza cognitiva comum nas crianças com TDAH e dificuldades com a matemática seja a responsável pelo elevado número de crianças com TDAH que também sofrem de dificuldades com a matemática. Se o TDAH e o desempenho em matemática requerem as mesmas estruturas cognitivas para atuar eficientemente, não será então nenhuma surpresa o aparecimento dos dois problemas quando uma fraqueza for vista nessa estrutura cognitiva.

Por Amy Platt

sábado, 7 de maio de 2011

85- Dificuldades com a Matemática e TDAH

Por Amy Platt

Crianças com TDAH geralmente apresentam dificuldades acadêmicas. Um estudo indica que 71% das crianças com TDAH também apresentam uma dificuldade de aprendizagem (Mayes & Calhoun, 2006). O mesmo estudo divide as dificuldades de aprendizagem em subtipos e indica que 26% das crianças com TDAH têm uma dificuldade específica com a matemática. Esses achados sugerem que precisa ser estabelecido um entendimento mais profundo das relações entre TDAH e dificuldades com a matemática.

Há diferentes modos de ver o relacionamento que existe entre o TDAH e as dificuldades com a matemática. Uma delas, é examinar as implicações comportamentais que o TDAH tem no aprendizado em classe. Talvez, as crianças com TDAH não sejam capazes de processar a linguagem das instruções em classe e, assim, ficam atrasadas em matemática. Esta explicação tem algum mérito; entretanto não parece explicar a totalidade do problema. Outra explicação, que tem sido discutida recentemente em pesquisa, é o papel que desempenham a memória de trabalho, a função executiva e a desatenção. Diversos estudos e pesquisas estão tentando separar estes diferentes componentes cognitivos para desenvolver uma teoria sobre o porquê do TDAH e as dificuldades com a matemática serem tão intimamente relacionados (Swanson & Beeb-Frankenberger, 2004. Fuchs et al., 2005, Fuchs et al., 2006).

84- O que é a Dificuldade com a Matemática?

Por Amy Platt
Os números estão em toda parte. Habilidades com a matemática são necessárias para o funcionamento diário na sociedade atual. Saúde, transporte, dinheiro e preparação do alimento são exemplos de habilidades com a matemática intrínsecas às nossas rotinas diárias. Entretanto, o desenvolvimento das habilidades matemáticas não é fácil para todas as crianças. Algumas têm dificuldade para desenvolver o senso de número logo no início do seu desenvolvimento cognitivo. Nesse caso, elas parecem demorar mais para diferenciar entre os valores de dois números e continuam a usar habilidades imaturas de contar, tal como contar nos dedos, por vários anos escolares (Gersen, Jordan & Flojo, 2005).

Além da dificuldade com o senso dos números, algumas crianças têm dificuldade para dominar os fatos básicos da adição, subtração, multiplicação e divisão. Sua lembrança desses fatos matemáticos para outros usos é mais lenta do que a dos seus colegas com desenvolvimento normal (Swanson & Beebe-Frankenberger, 2004). Ainda não há uma definição padrão de “dificuldades com a matemática”; entretanto, o senso de número e a fluência nos fatos são medidas geralmente usadas para ajudar a avaliar o grau de dificuldade matemática que uma criança esteja apresentando. Estudos indicam que de 4 a 7% da população em idade escolar apresentam alguma forma de dificuldade com a matemática (Fuchs et al., 2005)

83- TDAH e Dificuldades com a Matemática: Semelhanças Cognitivas e Intervenções no Ensino

Por Amy Platt

Resumo: Estudos indicam que de 4 a 7% da população em idade escolar sofrem de alguma forma de dificuldade com a matemática (Fuchs & Compton, 2005). Das crianças com TDAH, 26% têm uma dificuldade específica com a matemática (Mayes & Calhoun, 2006). Descobriu-se que crianças com TDAH têm fraquezas da memória de trabalho, que levam a dificuldade com problemas que envolvam a manipulação de informação verbal e não verbal (Martinussen & Tannock, 2006). Pesquisa recente abordou a conexão entre as fraquezas da memória de trabalho e as dificuldades com a matemática, especificamente com a aritmética, o conhecimento de algoritmos e a resolução de problemas. Swanson e Beebe-Fraser (2004) descobriram que a fraqueza da memória de trabalho contribuía para a dificuldade na solução de problemas matemáticos verbais, mais que somente o processamento fonológico. Entretanto, a memória de trabalho não foi o único fator correlacionado às dificuldades com a matemática e ao TDAH. A atenção é um significativo fator de previsão de fracas habilidades em aritmética, algoritmos e para solução de problemas matemáticos. Em particular, é significativa a incapacidade afastar os estímulos externos da memória de trabalho. A pesquisa concentrou-se em várias intervenções na tentativa de descobrir um modo de ensinar melhor as crianças com TDAH e dificuldades com a matemática. Reforço, incentivo ao uso de computador, instrução focalizada e o uso de medicação estimulante são os quatro métodos que podem funcionar para auxiliar as crianças a aumentar seu desempenho acadêmico.

O assunto será desenvolvido nas postagens 84, 85, 86 e 87, acima.

terça-feira, 3 de maio de 2011

82- Autismo ou TDAH?

Suspeita que seu filho com TDAH também seja autista? Aqui está o que você precisa saber sobre o diagnóstico e o tratamento do autismo em crianças com TDAH.    Por Eileen Costello

O que é Autismo?

Autismo é um transtorno neurobiológico complexo, que atinge quatro vezes mais meninos do que meninas. Os Transtornos do Espectro Autista (TEA) são geralmente denominados pelos médicos como Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) . TGD é um grupo de três condições – Transtorno Autista, Síndrome de Asperger e Transtorno Global do Desenvolvimento Não Especificado. As condições são caracterizadas por problemas de comunicação e de relacionamento com os outros, e uma necessidade de seguir rígidas rotinas e de se engajar em comportamentos repetitivos, além de problemas de linguagem.

Alguns pediatras são competentes para diagnosticar os TGDs, mas a maioria necessita do apoio de um especialista, principalmente se a criança já tenha recebido um diagnóstico de TDAH.

As semelhanças entre TDAH e Autismo

A sobreposição de sintomas de TDAH e de Autismo tem confundido muitas famílias. Quando uma criança não consegue ficar sentada quieta para uma tarefa escolar ou para uma refeição, ou ficar atenta na sala de aula, quando ela mexe muito com as mãos ou quando fala de modo exagerado e muito insistente, muitos pais, educadores, tutores e treinadores pensam “Esta criança deve ter TDAH!”

A primeira explicação que muitos médicos têm também é de TDAH. A condição é familiar, tem existido por um longo tempo, e há técnicas eficazes para o seu controle. É importante lembrar, entretanto, que quase todo transtorno psicológico do desenvolvimento da infância pode se parecer com o TDAH, com ou sem hiperatividade. Crianças sob estresse, causado por dificuldades de aprendizagem, ansiedade, depressão, ou por problemas de integração sensorial podem exibir os mesmos sintomas. É necessária uma avaliação competente para conseguir explicação para os comportamentos.

Diagnóstico do Autismo

O diagnóstico dos TEAs requer a avaliação por um pediatra, psiquiatra da infância ou um neuropediatra. Muitas companhias de seguro de saúde, e virtualmente todas as escolas públicas, requerem uma avaliação por escrito feita por um especialista, antes de fornecer ou pagar pelos serviços de que necessitam as crianças autistas.

Como o autismo não pode ser diagnosticado por testes médicos, a triagem e o diagnóstico envolvem entrevistas, observação e avaliações. Mesmo quando um profissional emite uma opinião, ele geralmente se protege dizendo, “Bem, ele é manhoso e tem alguns comportamentos típicos que são, de algum modo, consistentes com um diagnóstico de Transtorno Global do Desenvolvimento”. Esse tipo de conversa é frustrante para os pais e para a criança, mas, às vezes, é inevitável. Outra avaliação, depois de um ano, geralmente esclarece as coisas e algumas vezes a criança não precisa de um diagnóstico, desde que esteja recebendo a ajuda de que necessita.

Controle dos sintomas do Autismo

Geralmente uma criança que tenha sido diagnosticada com TEA não recebe um diagnóstico adicional de TDAH. Isto não quer dizer, entretanto, que crianças com autismo não se beneficiam das intervenções que ajudam as crianças com TDAH sem autismo.

Muitos pais e pediatras preferem começar com tratamentos não medicamentosos para controlar os sintomas que atrapalham o desempenho acadêmico e social e que levam a uma vida turbulenta no lar. A base do tratamento do autismo é a terapia comportamental, que reforça os comportamentos desejáveis e desencoraja os indesejáveis. Pregar listas, regras, e tabelas para manter as crianças com TEA organizadas pode ser útil. Listas de checagem podem dar às crianças autistas um senso de realização quando elas completam as tarefas.

O exercício físico é uma boa intervenção para o déficit de atenção e para o autismo, já que ambos parecem possuir energia sem limite. Canalizar o excesso de energia para uma atividade física, tal como natação ou caratê, que não requerem muita interação com outras crianças, permite a queima da energia excessiva sem a pressão da sociabilização.

Opções de medicamentos para o autismo

Se as intervenções educativas e comportamentais não forem suficientes, a medicação pode ajudar. Como as crianças com autismo têm reações imprevisíveis aos estimulantes, a classe mais comum de medicamentos utilizados nas crianças com TDAH, eles são menos receitados para as crianças autistas. Muitos pediatras e virtualmente todos os psiquiatras da infância sentem-se competentes para receitar estimulantes para o TDAH. Um pediatra pode indicar uma avaliação psiquiátrica para uma criança com autism, se as doses tiverem de ser aumentadas.

Uma classe de medicamentos chamada de neurolépticos atípicos geralmente é eficaz no tratamento da inquietação motora, dos comportamentos repetitivos e dos distúrbios de sono das crianças com autismo. Entre eles estão o aripiprazol, a quetiapina, e a risperidona (a única dos três que foi aprovada pelo FDA para o tratamento dos comportamentos associados ao autismo). Uma boa resposta a um neuroléptico atípico pode eliminar a necessidade de um estimulante.

Toda criança com autismo se beneficiará do apoio de um pediatra ou psiquiatra especializados em desenvolvimento e em comportamento e com treinamento em espectro autista. Ter um especialista que entende o que é viver com uma criança autista ativa (há alguma de outro tipo?) é também uma benção para os pais.

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segunda-feira, 2 de maio de 2011

81- Alguns dados sobre dislexia . Veja mais em www.dislexia.com.br

1 – A dislexia afeta uma em cada cinco crianças nos Estados Unidos;
2 – A dislexia é a mais comum e dominante dentre todas as dificuldades de aprendizagem conhecidas;
3 – A dislexia é a mais pesquisada de todas as dificuldades de aprendizagem;
4 – A dislexia afeta meninos e meninas em idêntica proporção;
5 – Algumas formas de dislexia são altamente hereditárias;
6 – A dislexia é a principal causa de falência na leitura e de evasão escolar nos Estados Unidos;
7 – O fracasso no aprendizado da leitura é a característica mais compartilhada entre jovens  transgressores da lei, nos Estados Unidos;
8 – Está claramente demonstrado que a dislexia está relacionada a diferenças neurofisiológicas da função cerebral. Crianças disléxicas apresentam dificuldades na correlação som/símbolo, na codificação escrita, por causa de diferenças da função cerebral;
9 – A intervenção precoce é essencial para essa população;
10- Entre 5 ½ e 6 ½ anos de idade, a dislexia é identificável, com a probabilidade de 92% de precisão diagnóstica;
11- A dislexia é causada, primariamente, por déficits lingüísticos. Agora, sabemos que:
A dislexia tem como causa uma dificuldade no processamento da linguagem;
A dislexia não é decorrente de problemas visuais; pessoas disléxicas não vêem palavras ou letras de trás para frente;
12- Falência no aprendizado da leitura, causada por dislexia, pode ser altamente prevenida por meio de instrução direta e explícita para o desenvolvimento de consciência fonológica;
13- Ao crescer, crianças disléxicas não superam, por si mesmas, suas dificuldades no aprendizado da leitura, ou dislexia;
14- Dentre as crianças que apresentem problemas no aprendizado da leitura no 1º. ano, 74% delas serão pobres leitores no 9º.ano escolar, e permanecerão com essa dificuldade em sua idade adulta, se não
receberem instrução adequada e explícita em percepção fonológica. Por si memas, crianças disléxicas não superam suas dificuldades no aprendizado da leitura;
15- Evidências de pesquisas demonstram não ser adequado para crianças disléxicas o uso de qualquer método de ensino da leitura que se baseie em técnica de ensino global, através da palavra inteira;
16- Dislexia e Transtorno de Déficit de Atenção - TDA, são dificuldades distintas, e cada uma delas é identificável;
17- Dislexia e Transtorno de Déficit de Atenção freqüentemente coexistem em uma mesma criança, por isto é conveniente que ela seja testada nessas duas dificuldades;
18- Crianças com Dislexia e Transtorno de Déficit de Atenção, correm um risco dramaticamente maior de envolvimento com drogas e de transgressão à Lei, se não receberem assistência apropriada;
19- Testes correntes, com base no “modelo de discrepância”, atualmente utilizados por escolas públicas americanas, com a finalidade de estabelecer legitimidade para serviços de educação especial, não são
marcadores válidos para o diagnóstico da Dislexia.

O TDAH frequentemente aparece associado a outras comorbidades. A DISLEXIA é uma delas.

 O tratamento do autismo se distancia do “conserto” da condição Existem diferentes maneiras de ser feliz e funcionar bem, mesmo que seu cér...