Por Laura Flynn McCarthy
A revisão de protocolos dá aos médicos a permissão para
diagnosticar e tratar as crianças mais novas com TDAH, mas os pais estão
confiantes em avaliar os pré-escolares em relação ao TDAH?
Ann Marie Morrison suspeitou que seu filho tivesse TDAH
quando ele tinha três anos.
“As crises de birra do John eram mais intensas do que as
dos outros meninos de três anos, e apareciam sem motivo algum”, diz Morrison,
de Absecon, New Jersey. “Demorava uma eternidade tirar ele da porta do apartamento.
Ele tinha de se vestir no corredor, onde não havia quadros ou brinquedos que o distraíssem.
Ele não ficava sentado quieto, e quebrava todos os brinquedos. Eu tinha cartões
de presentes na minha bolsa, de modo que, quando ele quebrava um brinquedo na
casa de um amigo, eu pudesse dar à mãe do amigo um cartão de presente para que
ela o substituísse.”
Quando Morrison discutia a hiperatividade e o
comportamento impulsivo de John com os seus médicos, suas preocupações eram
rechaçadas. “Ele é somente um menino ativo”, eles diziam. “Um pediatra disse,
`Mesmo que ele tenha TDAH, não há nada que se possa fazer até que ele tenha
cinco anos de idade`”, lembra-se
Morrison. “Isto é como dizer: ´Seu filho tem uma doença grave, mas não podemos tratá-lo
por ainda dois anos´. O que poderemos fazer
enquanto isso?”. A família mudou-se para outra região do estado quando
John tinha cinco anos de idade, e, por acaso, sua nova pediatra era uma
especialista em TDAH. Ela mesma tinha sido diagnosticada com TDAH e criou um
filho com esse transtorno.
“Durante o exame, ela estava anotando a história médica
do John e ele, como sempre, incapaz de parar sentado quieto. Ela parou e perguntou
´Você já fez nele um teste para TDAH? ´. Eu comecei a chorar. Pensei: Oh,
obrigado Deus. Alguém mais percebeu isso”. “Depois de anos de escutar os
parentes dizendo que eu tinha de dar mais disciplina a ele, depois de anos de
me sentir física e mentalmente exausta, e de pensar que eu era uma péssima mãe,
alguém viu com o que estávamos lidando”.
Uma avaliação completa de John, que incluiu informações
dos professores dele e da família, levou ao diagnóstico de TDAH. Logo em
seguida ele recebeu medicação, que o ajudou a focalizar a atenção e melhorou seu controle do impulso. O tratamento mudou a
vida dele e de sua família. “Se John tivesse sido diagnosticado mais cedo,
teria ajudado muito,” diz Morrison. “Não sei se lhe daria medicação quando ele
tinha três ou quatro anos, mas teria aprendido as técnicas para mantê-lo
organizado, disciplinado e teria ajudado a estabelecer uma rotina, sem ter de
descobrir tudo por mim mesma. Se eu soubesse mais cedo que ele tinha TDAH,
teria me cuidado melhor, também. Eu não estava preparada. Não é somente a
criança que é atingida pelo TDAH. É toda a família,”
Hoje, é provável que crianças como John sejam
diagnosticadas e auxiliadas mais cedo na vida, graças a novos protocolos da
American Academy of Pediatrics (AAP). Os achados incluem recomendações para a
avaliação e o tratamento de crianças pré-escolares e adolescentes com idades de
4 a 18 anos. Os protocolos anteriores a 2001 atingiam somente crianças de 6 a
12 anos.
“A AAP tem um comité que revisou as pesquisas sobre TDAH
feitas nos últimos 10 anos e concluiu que há benefícios em diagnosticar e
tratar crianças de idade inferior a seis anos com TDAH”, diz Michael Reiff,
M.D., professor de pediatria na Universidade de Minnesota, que atuou no comité
que desenvolveu os novos protocolos.
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