ABEAD
Jovens com Transtorno de Déficit de Atenção com
Hiperatividade (TDAH) têm mais chances de tornarem-se usuários de drogas
ilícitas que os demais jovens da mesma faixa etária. Essa foi a principal
conclusão dos pesquisadores do projeto Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
e uso de substâncias psicoativas: estudo de sua associação, do tratamento
farmacológico com metilfenidato e neuroimagem através de SPECT com TRODAT,
desenvolvido por pesquisadores do Centro de Pesquisas em Álcool e Drogas do Hospital
de Clínicas de Porto Alegre.
O envolvimento de adolescentes com substâncias psicoativas
(SPA), um dos mais importantes problemas de saúde pública do país, pode ser
originado por muitas e diferentes causas, e sabe-se que vários transtornos
psiquiátricos podem atuar como fatores predisponentes ao uso de drogas, como
por exemplo o Transtorno de Conduta. Com os dados finais dessa pesquisa,
provou-se que a presença isolada do TDAH contribui para uma dependência química
mais intensa e de pior prognóstico.
Como o TDAH se
desenvolve antes dos sete anos de idade, cerca de seis anos antes do início da
dependência de substâncias psicoativas, e considerando-se que esse transtorno
apresenta tratamentos farmacológicos bem estabelecidos, o esclarecimento da
natureza da associação entre ambos é essencial em termos de prevenção primária
ao uso problemático de drogas. Apesar das evidências da eficácia do tratamento
medicamentoso do TDAH, poucos estudos anteriores avaliaram a intervenção
medicamentosa quando está presente a comorbidade TDAH e o uso de drogas.
Como o TDAH e o uso de SPA estão associados a alterações em
circuitos cerebrais de funcionamento dopaminérgico – a dopamina é um
neurotransmissor, precursor natural da adrenalina e da noradrenalina, que tem
como função a atividade estimulante do Sistema Nervoso Central – como o sistema
de recompensa, foram analisadas funções cerebrais através de Tomografia
Computadorizada por Emissão de Photons (SPECT) e TRODAT (radiofármaco
específico para o transportador da dopamina).
O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)
é um problema neurobiológico que ocorre em 3 a 5% das crianças, possui causas
genéticas, aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda
a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, desorganização,
inquietude e impulsividade, sendo chamado por vezes de DDA (Distúrbio do
Déficit de Atenção). Sendo uma situação crônica, pode acarretar diversos
prejuízos ao indivíduo, como dificuldades na escola, na universidade, no
emprego, mais chances de gravidez não-planejada e de envolvimento em acidentes,
por exemplo. O tratamento desse problema deve ser multimodal, englobando
medicação, orientação às pessoas de convívio do paciente e psicoterapia.
Além da associação do TDAH com o uso de substâncias
psicoativas, o estudo também avalia a intervenção medicamentosa no transtorno
quando está presente o uso ou o abuso de drogas.
Para embasar o estudo foram entrevistados 968 adolescentes
da região metropolitana de Porto Alegre, todos entre 15 e 20 anos de idade,
sendo que foram identificados 61 usuários de drogas ilícitas com suspeita de
terem TDAH que participaram do projeto. Os pesquisados não estavam recebendo
nenhum tipo de tratamento para TDAH nem para abuso de drogas, fosse ele medicamentoso
ou psicoterápico.
O estudo de caso-controle foi desenvolvido pela autora
Cláudia Szobot durante seu doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS), sob orientação do professor Flavio Pechansky. Além da tese final,
os dados da pesquisa vão resultar na publicação de artigos científicos. O
projeto recebeu financiamento dos laboratórios Eli Lilly e Toxilab, do FIPE, do
PRODAH e do CPAD
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