TDAH
- Na sombra de um estereótipo
Novos
fatos sobre o TDAH – “Descobertas das neurociências, de imagem
cerebral e de pesquisas clínicas mudaram dramaticamente o
conhecimento antigo sobre o TDAH como essencialmente um transtorno do
comportamento”. Esta é uma leitura obrigatória. Os editores de
ADDitude.
1-
TDAH 2.0 – Agora, os especialistas veem o TDAH como um defeito do
desenvolvimento do sistema cerebral de autocontrole – as funções
executivas. Atualize seus conhecimentos sobre o transtorno, e
abandone os mitos que ainda existem, com esses fatos sobre o TDAH:
2-
Novos versus Antigos Modelos – O Novo modelo do TDAH difere de
muitas maneiras da visão histórica desse transtorno como um
conjunto de problemas de comportamento das crianças pequenas. O novo
modelo é uma mudança de tipo paradigma para o entendimento do TDAH.
Ele se aplica a crianças, adolescentes e adultos. Ele se focaliza em
uma ampla faixa de funções de autocontrole ligadas a complexas
operações cerebrais, e estas não estão limitadas a comportamentos
prontamente observáveis. Mas, há uma substancial superposição
entre o velho e o novo modelo de TDAH.
3-
Foco ligado-desligado – Os dados clínicos indicam que os prejuízos
das funções executivas são variáveis de acordo com a situação.
Cada pessoa com TDAH pode, em cenários e situações específicas,
não apresentar nenhuma dificuldade no uso das funções executivas,
que estão significativamente comprometidas na maioria das outrs
situações. Tipicamente, são atividades nas quais o indivíduo com
TDAH tem um interesse pessoal forte ou situações com consequências
desagradáveis por falha em agir.
4-
Sinais na infância – Pesquisas recentes mostram que muitas pessoas
com TDAH funcionam bem durante a infância e não manifestam nenhum
sintoma significativo até a adolescência, ou mais tarde, quando
desafios às funções executivas de multiplicam. As agora mostram
que os sintomas do TDAH persistem até a idade adulta em muitos
pacientes. Em outros, os sintomas do TDAH da infância se dissipam
significativamente com a idade.
5-
QI alto e TDAH – A inteligência, medida pelos testes de QI, não
tem nenhuma relação sistemática com os prejuízos das funções
executivas associados ao TDAH. Estudos mostram que crianças e
adultos até mesmo com QI elevados podem sofrer os prejuízos do
TDAH. Isso torna difícil utilizar, consistente e efetivamente,
fortes habilidades cognitivas em muitas situações de vida.
6-
Conexão emocional – Pesquisas recentes mostraram o papel
importante das emoções no TDAH. Algumas pesquisas focalizaram
somente os problemas no controle das emoções sem inibição
suficiente. As pesquisas também mostraram que um deficit crônico
nas emoções que compõem a motivação é um prejuízo para muitos
indivíduos. Isso torna difícil, para eles, iniciar e sustentar a
motivação para atividades que não dão reforço imediato e
contínuo.
7-
Mapeando os deficit – As funções executivas são complexas e
envolvem não somente o córtex pré-frontal do cérebro. Indivíduos
com TDAH demonstraram ser diferentes quanto à taxa de maturidade de
áreas específicas do córtex na espessura do tecido cortical, nas
características das regiões parietais e cerebelares, assim com nos
núcleos da base e nos tratos da substância branca que conectam e
proporcionam comunicação, criticamente importante, entre várias
regiões do cérebro.
8-
Desequilíbrio químico – Os prejuízos do TDAH não são devidos a
um excesso global ou a falta de uma substância química específica
dentro ou ao redor do cérebro. O problema principal está
relacionado a substâncias químicas fabricadas, liberadas e
recaptadas ao nível das sinapses, as junções entre certas redes de
neurônios que modulam o sistema de controle do cérebro. Pessoas com
TDAH tendem a não liberar a quantidade suficiente dessas substâncias
químicas, ou a liberar e recaptá-las muito rapidamente. As
medicações para o TDAH ajudam a suavizar esse processo.
9-
O gene do TDAH – Não foi identificado nenhum gene único como a
causa do TDAH. As pesquisas recentes identificaram dois agrupamentos
diferentes de genes que, juntos, estão associados ao TDAH, embora
não sejam definitivamente a causa dele. Atualmente, a complexidade
do transtorno está provavelmente associada a múltiplos genes, cada
um dos quais, por si mesmo, tem somente um pequeno efeito no
desenvolvimento do TDAH.
10-
TDAH e TDO – A incidência do Transtorno Desafiador de Oposição
nas crianças com TDAH é de aproximadamente 40%. Crianças com o
tipo combinado de TDAH têm maior probabilidade de apresentar sinais
de TDO, o que é caracterizado por problemas crônicos com
negativismo, desobediência, comportamento hostil e/ou desafiador em
relação a figuras de autoridade. Tipicamente o TDO aparece em torno
dos 12 anos de idade e persiste por cerca de 6 anos, gradualmente
desaparecendo. Mais de 70% das crianças diagnosticadas com TDO nunca
desenvolvem Transtorno de Conduta (TC).
11-
TDAH e Autismo – As pesquisas demonstraram que muitos indivíduos
com TDAH têm significativos traços relacionados ao Transtorno de
Espectro Autista (TEA) e muitos diagnosticados com TEA também
preenchem os critérios para TDAH. Os estudos também mostraram que
os medicamentos para o TDAH podem ser úteis para aliviar os
problemas de TDAH nos indivíduos com TEA. Os medicamentos para o
TDAH também podem ajudar os que têm TEA+TDAH a melhorar alguns
sintomas específicos do TEA.
12-
Medicamentos e Mudanças Cerebrais - Pesquisas e testes clínicos
mostraram que os medicamentos para TDAH dão os seguintes benefícios
para algumas crianças e adultos:
a)
melhoram a memória de trabalho, o comportamento na sala de aula, a
motivação para fazer as tarefas e a persistência para resolver
problemas.
b)
minimizam o tédio, a distração quando fazem um trabalho, e as
crises emocionais.
c)
aumentam o desempenho nas provas, as taxas de graduação e outras
conquistas que podem ter efeitos duradouros.
d)
normalizam as anormalidades estruturais em regiões cerebrais
específicas.
13-
Medicamentos para Diferentes Idades – O ajuste fino da dosagem e do
horário dos estimulantes é importante porque a dose mais eficaz
depende do metabolismo, da genética, e do funcionamento dos
neurotransmissores, isto é, quão sensível é o corpo do paciente
àquela medicação específica. Geralmente os médicos começam com
doses muito baixas e aumentam gradualmente, até que seja encontrada
uma dose eficaz, ou que os efeitos colaterais apareçam de modo
significativo, ou que seja atingida a dose máxima recomendada.
Alguns adolescentes e adultos precisam de doses menores do que as
tomadas por crianças; alguma crianças pequenas precisam de doses
maiores do que a maioria dos seus colegas.
14-
Pré-escolares e Medicamentos – As pesquisas mostraram que a
maioria das crianças de 3 a 5 anos e meio, com TDAH moderado a
grave, tem melhora significativa dos sintomas quando tratada com
estimulantes. Os efeitos colaterais são ligeiramente mais comuns do
que os vistos em crianças maiores, mas ainda são mínimos. A
Associação Americana de Pediatria recomenda que crianças de 4 a 5
anos com prejuízo9s significativos do TDAH devem ser tratadas com
terapia comportamental, Se não for eficiente após 3 meses, estará
indicada a medicação estimulante.
15-
Impulsivo para Sempre? - Muitos indivíduos com TDAH nunca manifestam
níveis excessivos de hiperatividade ou de impulsividade na infância
ou depois. Entre os que são mai “hiper” e impulsivos na
infância, uma substancial porcentagem supera os sintomas no final da
infância ou início da adolescência. Porém, os prejuízos em
focalizar e manter a atenção, organizar as tarefas, controlar as
emoções e usar a memória de trabalho podem persistir e se tornarem
problemáticos, conforme a pessoa entra na adolescência e na idade
adulta.
16-
TDAH é Diferente – O TDAH difere de muitos outros transtornos
porque ele coexiste com outros deles. Os prejuízos de funções
executivas que constituem o TDAH também rondam outros transtornos.
Muitos transtornos de aprendizagem e transtornos psiquiátricos podem
ser comparados a problemas com um pacote de software pra computador,
que, quando não funciona bem, interfere com poucas funções. O TDAH
pode ser comparado a um problema no sistema operacional do computador
(Windows, Linux, por exemplo), que vai interferir no funcionamento de
muitos programas diferentes.
Olá, Dr. Menegucci. A prescricao de Ritalina é feita em que momento a uma criança de 8 anos com desatencao, dificudade de aprendizagem e falta de memoria? O uso da medicacao de imediato sem nenhuma investigacao a mais de possiveis comorbidades pode ser prejudicial a criança? A criança em questão é minha filha.Obrigada.
ResponderExcluirRemédio é a última etapa do processo de tratamento. O diagnóstico correto, incluindo as comorbidades, é a base de tudo. Às vezes o remédio é desnecessário ou até prejudicial. Cada caso é diferente do outro. Faça uma avaliação neuropsicológica de sua filha.
ResponderExcluirDoutor estou lendo o blog de cabo a rabo e gostando muito das informações passadas. Continue o bom e dedicado trabalho que está sendo feito.
ResponderExcluirOBS: Faça mais comparações com estruturas ou conceitos da computação quando possível.
Encontrei seu blog há pouco tempo e, as informações aqui são incríveis. Obrigado por compartilhar seu conhecimento.
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