segunda-feira, 3 de abril de 2017

van Gogh

Um melhor jeito de achar a dose ideal de metilfenidato de liberação controlada (Ritalina LA e Concerta) - 434

Um  melhor jeito de achar a dose ideal de metilfenidato de liberação controlada (Ritalina LA e Concerta) - 434

Acrescentar mais medicação aos poucos por um longo período de tempo pode ajudar adultos com TDAH mais eficientemente a reduzir seus sintomas.

Por Devon Frye - 24/março/2017

Uma nova pesquisa sugere que a remissão dos sintomas do TDAH – assim como melhor tolerância à medicação – é mais provável de acontecer com longos períodos de ajuste crescente da medicação, até encontrar a dose ideal.
A pesquisa, publicada no número de janeiro do Journal of Clinical Psychiatry, examinou 279 pacientes adultos, tratando 141 deles com metilfenidato de longa liberação e os restantes 138 com um placebo. Cada paciente iniciou com dose de 18 mg. Por um período de seis semanas, a dosagem podia ser aumentada pela adição de mais 18 mg por semana – processo conhecido como titulação – até que os sintomas fossem reduzidos abaixo de um nível ou que os efeitos colaterais se tronassem intoleráveis.

Os sintomas foram medidos com o uso de uma escala (AISRS) – Escala de Avaliação por Notas de Sintomas do TDAH.
As notas da AISRS variavam de zero a 54, com 18 sendo geralmente considerado a nota da linha de base de adultos com sintomas não controlados do TDAH.

No grupo que tomou metilfenidato, 13,6% permanecerm na dose inicial de 18 mg até o final da sexta semana, enquanto 23,1% teve de aumentar até 36 mg, 24,3% até 54 mg e 39,1% terminou com 72 mg.
Quase a metade dos do grupo de metilfenidato – 45% - tiveram uma completa remissão dos sintomas (indicados por uma nota da AISRS de 18 ou menos). Os indivíduos que tomaram metilfenidato também relataram melhor qualidade de vida, maior produtividade no trabalho e melhora da função cognitiva quando comparados ao grupo placebo.

A pesquisa difere de outras, segundo os autores, por permitir um maior período para descobrir a dose ideal de medicação de cada indivíduo. Pesquisas anteriores com o metilfenidato “não exploraram a possibilidade de que ao permitir ajustes adicionais do metilfenidato de liberação controlada – sistema OROS - (Ritalina LA e Concerta) poderia ser obtida melhora mais significativa, com remissão dos sintomas ou melhor tolerabilidade”, escreveram os autores.

"Essa melhora ao longo do tempo, assim como as pioras e melhoras dos sintomas e as respostas, sugerem que os clínicos devem pensar em um maior período de tempo, semanas ou até mais, para o ajuste das doses do metilfenidato OROS (Ritalina LA e Concerta), com o contínuo monitoramento, de tal modo que os benefícios de uma dose particular tenham tempo suficiente para aparecer”, concluem.








terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Grande Pesquisa de Imagem Mostra Diferenças Estruturais do Cérebro em Pessoas com TDAH. - 433

Grande Pesquisa de Imagem Mostra Diferenças Estruturais do Cérebro em Pessoas com TDAH.

Áreas críticas do cérebro são menores em pessoas com TDAH, dizem os pesquisadores, provando que a condição, tão frequentemente marginalizada, deveria ser vista como um transtorno originado no cérebro. Por Devon Frye – Fevereiro de 2017


Ressonâncias magnéticas cerebrais de mais de 3 mil pessoas forneceram mais evidências de que as pessoas com TDAH têm cérebros estruturalmente diferentes das pessoas sem o transtorno, de acordo com um novo estudo promovido pelo National Institute of Health. As diferenças – que foram mais pronunciadas nas crianças do que nos adultos – tornam mais claro do que nunca que o TDAH é um transtorno do desenvolvimento cerebral e não simplesmente um rótulo, diz o artigo dos autores.

A pesquisa, publicada dia 15 de fevereiro no The Lancet, foi financiada pelo NIH, mas conduzida pelo ENIGMA Consortium, uma cooperativa internacional que se focaliza nas bases genéticas dos transtornos psiquiátricos. ENIGMA recrutou 3.242 voluntários com idades de 4 a 63 anos, 1.713 com TDAH e 1.529 sem, para fazer as ressonâncias magnéticas.

Os participantes com TDAH mostraram volumes menores em sete regiões-chave do cérebro: núcleo caudado, putamen, núcleo acumbens, pálido, tálamo, amígdala e hipocampo. Dessas regiões, muitas foram associadas ao TDAH no passado, mas a amígdala pode ser particularmente importante, apontaram os pesquisadores, porque ela tem um papel importante na memória, na tomada de decisões e no controle emocional. O hipocampo é igualmente envolvido tanto na memória de curto prazo quanto na memória de longo prazo, áreas que geralmente são deficientes nas pessoas com TDAH. Diferenças similares foram encontradas nos cérebros de pessoas com Transtorno Depressivo Maior, uma condição geralmente comórbida com o TDAH.

As variações foram maiores nas crianças, disseram os pesquisadores, e, embora muitos do grupo TDAH estivessem tomando remédios para tratar seu TDAH, isso pareceu não ter nenhum efeito nos resultados das ressonâncias magnéticas. A disparidade entre as crianças e adultos levaram os pesquisadores a fazer a hipótese de que o TDAH esteja ligado a um atraso na maturação cerebral – embora mais pesquisa longitudinal seja necessária para maior entendimento de como o cérebro muda durante o ciclo da vida.

No conjunto, embora essas diferenças sejam pequenas, disseram os pesquisadores, em alguns casos somente poucos pontos percentuais, o grande tamanho da amostra permitiu-lhes identificar padrões mais claros, confirmando estudos anteriores que chegaram às mesmas conclusões, mas cujos tamanhos pequenos das amostras os tornaram inconclusivos. Com mais de 3 mil participantes, esse foi o maior estudo dessa espécie, mostrando clara evidência de que o TDAH seja um transtorno originado no cérebro e não o resultado de falta de educação dada pelos pais ou falta de força de vontade.

" Os resultados de nossa pesquisa confirmam que as pessoas com TDAH têm diferenças em sua estrutura cerebral e, por isso, sugerem que o TDAH seja um Transtorno do cérebro", disse Martine Hoogman, Ph.D., o principal investigador da pesquisa. " Esperamos que isso ajude a reduzir o estigma de que o TDAH seja somente um rótulo para as crianças difíceis, ou que seja causado por má educação dada pelos pais. Isso, definitivamente, não é o caso, e esperamos que este trabalho contribuirá para um melhor entendimento do transtorno"
ADDitude

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Os medicamentos para o TDAH raramente funcionam bem na primeira tentativa. 432

Os medicamentos para o TDAH raramente funcionam bem na primeira tentativa.

Encontrar a medicação mais eficiente para a química própria do seu cérebro ainda é, infelizmente, um processo de tentativa e erro. É difícil, mas não desista, ao menos antes de ler essas soluções para os problemas comuns das medicações para o TDAH. Por Larry Silver, M.D.

Tomar remédio geralmente é o primeiro passo no tratamento do TDAH. Mas o que fazer se os medicamentos para o TDAH não funcionarem? Ou se os sintomas ficarem piores? Ou quando você ou o seu filho apresentarem efeitos colaterais dos medicamentos?

Leia adiante as soluções para os problemas comuns dos medicamentos que os adultos e as crianças, assim como seus pais, enfrentam.

- Problema: A medicação para o TDAH não funciona.

Quando começam a usar medicação, alguns adultos e pais reclamam que não há nenhuma melhora. A razão mais comum para essa falta de resposta é um diagnóstico errado de TDAH. Pode ser que os comportamentos do seu filho sejam causados por um problema acadêmico, tal como uma Dificuldade de Aprendizagem. Pode ser que seja depressão ou um transtorno emocional e não TDAH adulto. Muitos pacientes contam para seus médicos que eles, ou seus filhos, não conseguem ficar quietos ou prestar atenção às tarefas diárias. Sem fazer perguntas ou realizar testes, o médico faz uma receita.
O diagnóstico de TDAH não é assim tão simples. Critérios específicos devem ser observados antes que um diagnóstico de transtorno de deficit de atenção seja feito: estabelecer que os comportamentos são crônicos (existem desde a infância) e pervasivos (em casa, no trabalho, na escola).

Em alguns casos, o diagnóstico de TDAH pode estar correto, mas a dosagem recomendada pode estar incorreta. Determinar a dosagem correta não se baseia na idade ou no peso corporal, mas em quão rapidamente a medicação é absorvida para a corrente sanguínea e levada ao cérebro. Um adulto de 113 quilos pode precisar de 5 mg, enquanto uma criança de 27 quilos pode precisar de 20 mg. Como a dose necessária é específica para cada paciente, a medicação deve ser iniciada em doses baixas, em 5 mg. Se não aparecerem benefícios, a dose deve ser aumentada em mais 5 mg a cada 5 ou 7 dias até que seja determinada a dose correta.
Finalmente, muitos portadores de TDAH apresentam problemas adicionais, além do seu diagnóstico de TDAH. Os mais frequentes são Dificuldades de Aprendizagem, Transtorno de Ansiedade, Depressão, Problemas com o Controle da Raiva, ou Transtorno Obsessivo-compulsivo. Os estimulantes controlam os sintomas do TDAH, mas não resolvem os sintomas causados pelas outras doenças.

- Problema: A medicação para o TDAH não funciona o tempo todo.

Se as manhãs são difíceis: Pense em como você ou seu filho agem quando estão sob efeito da medicação do TDAH e em como quando não estão. Muitos problemas acontecem antes da medicação começar a funcionar ou quando d dosagem não dura todas as 4 ou 8 horas citadas na bula.

Para se manter, ou ao seu filho, calmo e focalizado pela manhã, tente acordar uma hora mais cedo do que o usual e tomar logo a medicação para o TDAH. Então, volte a se deitar. Para as crianças, se voltar a dormir for difícil, converse com seu médico sobre o uso de Daytrana, um adesivo de metilfenidato (não existe no Brasil). Aplique o adesivo na coxa do seu filho quando ele ainda estiver dormindo e a medicação começará a funcionar em uma hora. Se fizer isso, mais uma dose no começo da tarde poderá ser necessária.

Se você ou seu filho pioram à tarde: Pode ser que haja uma queda da proteção ao meio-dia e as dificuldades apareçam entre as 12 e as 13 horas. Pode ser que você comece a perder o foco em torno das 4 horas da tarde, ou ligado e hiperativo às 8 da noite. Preste atenção para descobrir quando os sintomas do TDAH pioram. Pode ser que o comprimido de 4 horas dure somente 3 horas. Talvez a cápsula de 8 horas que você está dando ao seu filho não esteja liberando o medicamento de modo uniforme. Conte ao seu médico quando a medicação não funciona. Ele poderá reconfigurar a dosagem ou mudar a medicação.

- Problema: A medicação para o TDAH provoca efeitos colaterais.

Perda do apetite. Alguns medicamentos para o TDAH provocam perda de apetite, mas ele costuma voltar ao normal em algumas semanas. Quando não, tente atrasar a primeira dose para depois do café da manhã. O almoço costuma ser o grande desafio. Um almoço diferente do tradicional, tal como um milkshake com suplementos (Ensure), ou uma barra de cereal com proteínas e bem calórica, podem proporcionar os nutrientes enquanto o apetite não estiver muito bom. Para aumentar o apetite na hora do jantar, atrase o comprimido da tarde até a hora do jantar. Se nada disso funcionar, peça ao seu médico um encaminhamento para um nutricionista que tenha experiência no trabalho com TDAH. Se o apetite não voltar, fale com seu médico sobre mudar para outro medicamento estimulante ou para um não estimulante.

Problemas de sono. Os estimulantes afetam a área do cérebro que induz o sono. Pular a dose das 4 horas da tarde pode ajudar, mas não ao custo dos sintomas se tornarem incontroláveis. Se você achar que esse é o caso, tente essa experiência. Com a permissão do seu médico, acrescente um comprimido de 4 horas de ação às 8 horas da noite. Uma pequena dose de estimulante ajuda alguns TDAHs a pegar no sono. Se a experiência falhar e você ou o seu filho não conseguirem dormir, seu médico poderá sugerir Benadryl. Muitas pessoas acham que uma pequena dose de melatonina ajuda no sono.

Outros efeitos colaterais. De trinta a cinquenta por cento dos pacientes com TDAH têm uma comorbidade. Em alguns casos, a medicação estimulante piora essas comorbidades ou faz com que elas se tornem clinicamente aparentes. Se você notar que você ou seu filho se tornem mais ansiosos ou com medo, infelizes ou enraivecidos com os estimulantes, mas que os sintomas somem quando você está sem a medicação, fale com seu médico.

É essencial que os problemas de regulação emocional sejam tratados prontamente. Um médico geralmente receitará um inibidor seletivo da recaptação de serotonina (SSRI) para tratar esses transtornos. Então a medicação estimulante poderá ser reintroduzida sem causar dificuldades. A medicação poderá ser necessária para tratar o transtorno de tiques, também.

Problemas com a educação dos filhos. Seu filho resiste ou se recusa a tomar a medicação. Eduque seu filho sobre a medicação que ele está tomando. Não conte a ele que é um comprimido de vitamina. Você terá muita dificuldade de reconquistar a confiança dele mais tarde, quando ele descobrir a verdade. Explique o que é o TDAH e como ele afeta sua vida. Conte a ele como a medicação diminui os sintomas do TDAH. Explique que ele pode sentir efeitos colaterais, mas que eles serão controlados pelo médico e por você. Seu filho será mais cooperativo se ele participar do processo de tratamento.

Desacordo entre marido e mulher quanto à medicação do TDAH. No caso de uma criança com TDAH, se um dos progenitores achar de maneira muito segura que ela não deveria tomar a medicação, e dizer isso para a criança, poderão ocorrer sérios problemas. Se a criança tiver visões conflitantes sobre os benefícios da medicação, ela poderá parar de tomar ou questionar o por quê dela ter de tomá-la. Se você é um adulto com TDAH e seu companheiro/a não acreditar que você precise de medicação, isso poderá criar uma tensão em seu relacionamento ou causar dificuldades em outras áreas da sua vida. Marque um encontro com seu médico para discutir o diagnóstico do TDAH e o valor da medicação, junto com seu cônjuge.


domingo, 8 de janeiro de 2017

TDAH - O tratamento do seu filho é do tipo “pacote completo”? - 431

O tratamento do seu filho é do tipo “pacote completo”?

A medicação trata somente as deficiências neuroquímicas do deficit de atenção. Precisamos tratar, também, os problemas psicológicos e sociais. Por Larry Silver, M.D.

Fiz meu treinamento em Psiquiatria Geral, seguido por treinamento em Psiquiatria da Criança e do Adolescente, na metade dos anos sessentas. Minha especialidade médica era uma subespecialidade relativamente nova da Psiquiatria. Naquela época, a teoria para a compreensão e o tratamento de crianças era centrado na teoria psicanalítica e na psicoterapia psicoanaliticamente orientada. Todo meu treinamento e supervisão clínica foi baseado nesse modelo. Eu era fascinado pela psicologia da mente. Mas eu era igualmente interessado na compreensão do funcionamento cerebral e nas relações entre o cérebro e a mente.

Com a permissão do diretor do meu programa de treinamento, atendia discussões de casos para residentes em outra nova subespecialidade médica, Neurologia da Infância. Um dos casos era de um menino com algo chamado de “Reação Hipercinética da Infância”. Isso, agora, é chamado de Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade, ou TDAH. A criança era hiperativa e ia muito mal nos estudos. Foi medicado com dextro-anfetamina e seus sintomas melhoraram.

Eu lidava com uma criança que tinha sintomas semelhantes na terapia. Ela tinha todas as características da Reação Hipercinética da Infância. Discuti minha ideia de tentar a medicação. Meu supervisor não ficou contente com a minha ideia de tentar usar medicação em vez de psicoterapia, e encorajou-me a me concentrar na “psicodinâmica do caso”. Eu estava frustrado com a falta de progresso do caso e, então, assumi o risco de me meter em problemas. Em colaboração com o pediatra do meu paciente, providenciei para que ele começasse a tomar a medicação (dextroanfetamina). Os pais, os professores e o próprio paciente notaram uma dramática melhora. Ele se tornou capaz de ficar sentado durante as aulas e de se concentrar em seu trabalho. Seus comportamentos disruptivos cessaram. Eu não podia dizer ao meu supervisor que tinha ignorado suas ordens e providenciado o uso de medicação. Então, tive de exaltar como a psicoterapia e a orientação dos pais tinha resultado na melhora dos sintomas. Meu supervisor elogiou meu trabalho.

Como as coisas mudaram

A Psiquiatria da Infância e da Adolescência evoluiu muito desde então. Usamos um modelo biopsicossocial que leva em conta o funcionamento cerebral, assim como o funcionamento psicológico e social – tudo no contexto da vida da criança na família, na escola e com os colegas. As pesquisas com crianças TDAH nos ensinaram sobre as relações entre o funcionamento cerebral ou sua disfunção e os comportamentos clínicos observados.

Muitos acreditam que o TDAH foi o primeiro transtorno em que se demonstrou ser o resultado de uma produção deficiente de um neurotransmissor específico em áreas cerebrais específicas. A descoberta de que um grupo de medicações - chamadas de “estimulantes” porque estimulam células nervosas específicas a produzir mais desse neurotransmissor deficiente – causava uma diminuição ou interrompia a hiperatividade, a desatenção e a impulsividade, abriu o campo da psicofarmacologia da infância.

Atualmente, sabemos que outros transtornos são o resultado de uma deficiência de neurotransmissores específicos em áreas cerebrais específicas. (Até agora, não encontramos um transtorno que pareça ser o resultado de uma produção excessiva de um neurotransmissor específico em áreas específicas do cérebro.) Para cada um desses transtornos, temos medicações que aumenta a produção do neurotransmissor, levando à melhora. Foram as pesquisas com o TDAH que expandiram nosso conhecimento da neurociência e do tratamento de transtornos com base neurológica.

Lições Aprendidas

Deixem-me voltar à minha história. Depois dos meus anos de treinamento, liguei-me à faculdade de um centro médico universitário. Doze anos mais tarde, mudei-me para o National Institute of Mental Health (Instituo Nacional de Saúde Mental). Depois, voltei ao centro médico universitário. Nesses mais de 40 anos, minhas principais áreas de pesquisa, trabalhos clínicos escritos e atividade clínica focalizaram o TDAH e as Dificuldades de Aprendizagem. Durante esses anos, o pêndulo gradualmente balançou dos modelos psicológicos para os modelos biológicos, para o entendimento do comportamento normal e da psicopatologia. Atualmente o pêndulo mudou para o centro, com igual atenção nas disfunções cerebrais e nos desafios psicológicos e sociais.

Hoje, sabemos que uma deficiência de um neurotransmissor específico em áreas específicas do cérebro explica as dificuldades encontradas em uma criança ou em um adulto com TDAH. Sabemos que certos medicamentos corrigem a deficiência do neurotransmissor, resultando na redução ou eliminação dessas dificuldades. Aprendemos, também, que a medicação isoladamente não é o suficiente. Uma pessoa diagnosticada com TDAH vive em uma família e deve funcionar no mundo real, com todas suas expectativas e cobranças. Não podemos tratar somente a deficiência neuroquímica.

Ainda há médicos, incluindo alguns psiquiatras da infância e da adolescência, que parecem ter pendido para um lado do arco. Seu foco é muito centrado na medicação e pouco na exploração dos possíveis problemas psicossociais e familiares.

Deixem-me dar um exemplo. Um pai leva seu filho a um médico de família. O pai diz: “O professor dele diz que ele não consegue ficar sentado quieto e que não presta atenção na aula. Em casa, vejo a mesma coisa.” O médico ouve hiperatividade e desatenção, conclui que é TDAH e escreve uma receita de um estimulante. No que o médico possivelmente falhou? A inquietação e a desatenção podem ser o resultado de dificuldades acadêmicas, possivelmente devidas a uma Dificuldade de Aprendizagem. Ou as dificuldades podem refletir estresses na família por causa de problemas entre os pais. A hiperatividade poderia ser o resultado da ansiedade, não de TDAH.

Médicos e pais devem lembrar-se de que nem todos os indivíduos que são hiperativos, desatentos e/ou impulsivos têm TDAH. Os comportamentos vistos em crianças, adolescentes ou adultos que têm TDAH também podem ser vistos em indivíduos com outros transtornos – depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, para citar alguns. Também é possível que tais comportamentos sejam o resultado da frustração de um aluno na escola por causa de Dificuldades de Aprendizagem, outro transtorno de origem no cérebro.

Dicas para todos nós

É importante determinar se os comportamentos são neurologicamente baseados ou psicologicamente baseados. Temos guias clínicos em nosso DSM-V (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) para ajudar a distinguir entre os dois. Se a inquietação, desatenção, dificuldades de organização ou impulsividade começam em uma ceerta época ou ocorrem somente em certas situações, provavelmente será um problema psicológico. Se os comportamentos são crônicos ( ou se foram notados desde a infância) e pervasivos (ocorrem em casa, na escola, no trabalho, e com os colegas), provavelmente será um problema cerebral, tal como o TDAH.

Para seu médico fazer um diagnóstico de TDAH, ele deve demonstrar que os comportamentos observados são o resultado de problemas com base cerebral, não psicológicos, familiares ou estresses sociais. Como isso é feito?
1- Documente quais comportamentos o adulto ou a criança tem.
2- Mostre que esses comportamentos são crônicos.
3- Mostre que esses comportamentos são pervasivos.

Se os comportamentos identificados começaram em certa época da vida ou se ocorrem em somente algumas circunstâncias, o TDAH não deve ser considerado.

Foram 40 anos maravilhosos para mim, ser parte da transição de um modelo psicológico para a compreensão do comportamento para um modelo que envolve fatores biológicos, psicológicos e sociais. Em grande parte, o estudo do TDAH abriu o caminho.


ADDitude.

sábado, 19 de novembro de 2016

Oito motivos pelos quais os professores devem repensar as tarefas de casa - 430

Oito motivos pelos quais os professores devem repensar as tarefas de casa

Peça ao professor do seu filho para avaliar e implementar essas boas práticas de tarefa de casa, para tornar a noite de estudos mais simple e mais eficaz, para todos. Por Sandra Rief, M.A.

Os professores de crianças com TDAH e Dificuldades de Aprendizagem deveriam ter em mente que essas crianças precisam de mais tempo para fazer as tarefas de casa do que seus colegas neurotípicos. O que uma criança sem TDAH ou Dificuldade de Aprendizagem faz em 15 ou 20 minutos, frequentemente leva de 3 a 4 vezes mais tempo para uma criança com TDAH.

Menos estresse, por favor.

Além disso, os professores deveriam estar atentos para o fato de que as famílias têm conflitos em sua casa em relação às tarefas de casa. Em famílias com crianças com TDAH, o estresse em relação às tarefas de casa é intenso, tornando o relacionamento pais/criança estressante. Aqui estão oito dicas de sala de aula para tornar mais produtivas as tarefas de casa:

1- Seja receptivo aos pais que relatam grande frustração em relação às tarefas de casa. Esteja disposto a fazer ajustes, de modo que os alunos gastem um tempo razoável para fazer suas tarefas.

2- Entenda que os alunos com TDAH que recebem medicação durante o dia escolar (para ajudá-los a se manterem focalizados e ligados no trabalho) geralmente não recebem medicação à noite. Os alunos com TDAH estão na sala de aulas durante seu tempo ótimo de produtividade, e ainda assim não conseguem completar suas atividades. Não é razoável pensar que os pais sejam capazes de fazer com que seus filhos produzam em casa, à noite, o que não foram capazes de produzir na escola.

3- Muitos professores têm o costume de mandar para terminar em casa o trabalho não completado em classe. Evite ou reduza isso ao mínimo, se possível. Em vez disso, proporcione as modificações necessárias para os alunos com TDAH, de modo que trabalho de classe seja trabalho de classe e tarefa de casa seja tarefa de casa.

4- A tarefa de casa é um tempo para revisar e praticar o que os estudantes aprenderam em classe. Não dê tarefas que envolvam informação nova, que se espera seja ensinada pelos pais.

5- Tarefa de casa não deve ser muita tarefa. Faça a tarefa de casa ser relevante e com propósito, de modo que o tempo gasto nela reforce as habilidades e conceitos que você já ensinou.

6- Nunca dê mais tarefa de casa como punição para mau comportamento na escola.

7- Designe colegas de estudos que sejam responsáveis e dispostos a serem contatados depois das aulas, para os alunos com TDAH.


8- Faça as adaptações das tarefas de casa para cada estudante. Pergunte a si mesmo "O que eu quero que os alunos aprendam com essa tarefa?", "Esse aluno pode entender todos os conceitos sem ter de fazer tudo por escrito?", "Ele pode demonstrar que entendeu por meio de um formato mais motivador?".

Oito motivos pelos quais os professores devem repensar as tarefas de casa - 430

Oito motivos pelos quais os professores devem repensar as tarefas de casa

Peça ao professor do seu filho para avaliar e implementar essas boas práticas de tarefa de casa, para tornar a noite de estudos mais simple e mais eficaz, para todos. Por Sandra Rief, M.A.

Os professores de crianças com TDAH e Dificuldades de Aprendizagem deveriam ter em mente que essas crianças precisam de mais tempo para fazer as tarefas de casa do que seus colegas neurotípicos(= normais). O que uma criança sem TDAH ou Dificuldade de Aprendizagem faz em 15 ou 20 minutos, frequentemente leva de 3 a 4 vezes mais tempo para uma criança com TDAH.

Menos estresse, por favor.

Além disso, os professores deveriam estar atentos para o fato de que as famílias têm conflitos em sua casa em relação às tarefas de casa. Em famílias com crianças com TDAH, o estresse em relação às tarefas de casa é intenso, tornando o relacionamento pais/criança estressante. Aqui estão oito dicas de sala de aula para tornar mais produtivas as tarefas de casa:

1- Seja receptivo aos pais que relatam grande frustração em relação às tarefas de casa. Esteja disposto a fazer ajustes, de modo que os alunos gastem um tempo razoável para fazer suas tarefas.

2- Entenda que os alunos com TDAH que recebem medicação durante o dia escolar (para ajudá-los a se manterem focalizados e ligados no trabalho) geralmente não recebem medicação à noite. Os alunos com TDAH estão na sala de aulas durante seu tempo ótimo de produtividade, e ainda assim não conseguem completar suas atividades. Não é razoável pensar que os pais sejam capazes de fazer com que seu filho produzam em casa, à noite, o que não foram capazes de produzir na escola.

3- Muitos professores têm o costume de mandar para terminar em casa o trabalho não completado em classe. Evite ou reduza isso ao mínimo, se possível. Em vez disso, proporcione as modificações necessárias para os alunos com TDAH, de modo que trabalho de classe seja trabalho de classe e tarefa de casa seja tarefa de casa.

4- A tarefa de casa é um tempo para revisar e praticar o que os estudantes aprenderam em classe. Não dê tarefas que envolvam informação nova, que se espera seja ensinada pelos pais.

5- Tarefa de casa não deve ser muita tarefa. Faça a tarefa de casa ser elevante e com propósito, de modo que o tempo gasto nela reforce as habilidades e conceitos que você já ensinou.

6- Nunca dê mais tarefa de casa como punição para mau comportamento na escola.

7- Designe colegas de estudos que sejam responsáveis e dispostos a serem contatados depois das aulas, para os alunos com TDAH.


8- Faça as adaptações das tarefas de casa para cada estudante. Pergunte a si mesmo "O que eu quero que os alunos aprendam com essa tarefa?", "Esse aluno pode entender todos os conceitos sem ter de fazer tudo por escrito?", "Ele pode demonstrar que entendeu por meio de um formato mais motivador?".

domingo, 2 de outubro de 2016

domingo, 25 de setembro de 2016

Mais, além de remédios: Um guia para modificação do comportamento no TDAH - 429

Mais, além de remédios: Um guia para modificação do comportamento no TDAH

A terapia comportamental auxilia as crianças com TDAH a aprender a controlar seus sintomas diários. Esse é um fato estabelecido. Mas como implementá-la? E no que ela realmente implica? O treinamento de habilidades desmistificado. Por William Pelham Jr, Ph.D. e editores de ADDitude.

Mude seu foco, mude seus resultados

Quando os pais e profissionais tratam o TDAH, tipicamente eles focalizam em primeiro lugar a melhoria dos sintomas. Em geral, os medicamentos são a estratégia número 1. Entretanto, muitos profissionais acreditam que o tratamento comportamental psicossocial não medicamentoso seja igualmente importante.
De fato, os estudos mostram que o sucesso dos adultos é previsto por três coisas: as eficientes habilidades dos pais, acompanhar as outras crianças e o sucesso na escola.

Muitos especialistas argumentam que a terapia comportamental resolve todos esses domínios e pode ser iniciada muito precocemente, antes que os fracassos comecem a impactar a autoestima.

O foco da terapia comportamental é diferente daquele dos medicamentos, que tentam eliminar os sintomas. Em vez disso, ele se concentra nas maneiras pelas quais a hiperatividade ou a desatenção podem impactar o desempenho acadêmico, o relacionamento com os irmãos e a desobediência às determinações dos pais. Ele lida com os ambientes e domínios da incapacidade, e depende da forte colaboração entre as famílias, escolas, profissionais de saúde mental e de primeiros cuidados.

O que é uma incapacidade?

Nenhuma criança começa um tratamento para o TDAH porque sua mãe estava sentada em sua cama, à noite, lendo um artigo sobre os sintomas do TDAH no Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais (DSM). As crianças chegam para tratamento porque seus professores chamam os pais e dizem “Você precisa vir para uma conversa. Estou tendo dificuldade com seu filho na escola”. Ou porque as coisas não estão indo bem em casa com as tarefas diárias ou com as brigas entre os irmãos ou pelos problemas criados com a vizinhança.

A incapacidade é a dificuldade que determina o resultado a longo prazo, ou o sucesso de uma criança. Portanto é o que deve ser visado no tratamento.

Tratamentos a evitar

Esses tratamentos são geralmente usados para crianças após o diagnóstico de TDAH, mas não têm efeito comprovado:
1- A tradicional terapia um a um
2- Terapia cognitiva
3- Ludoterapia
4- Terapia neural de biofeedback e treinamento com EEG
5- Dietas de eliminação de alimentos
6- Quiropraxia
7- Tratamentos para alergia
8- Treinamento motor ou perceptivo / treinamento de integração sensorial
9- Tratamento para equilibrar os problemas
10- Terapia ocupacional
11- Suplementação dietética (mega vitaminas, algas verdes)

Qual é o melhor tratamento?

As únicas terapias que se comprovou serem eficazes para o tratamento do TDAH são a terapia de modificação comportamental, a medicação estimulante ou uma combinação de ambas. Costuma funcionar melhor quando se inicia com a terapia comportamental e, então ver se é preciso adicionar a medicação como um suplemento, se ela não resolver totalmente os problemas funcionais. Se necessária, a medicação deve ser dada muito gradualmente, para encontrar a menor dose possível que faça efeito.

Como o TDAH é um problema crônico, a coisa mais importante que os pais e os professores podem fazer é aprender como implementar de forma consistente as estratégias para o controle do comportamento das crianças.
A medicação tem efeitos de curto prazo mas não tem efeitos de longo prazo.
Ela não muda as partes do cérebro que fazem as crianças aprenderem melhor. Ela somente faz as crianças ficarem mais aptas a permanecer sentadas quietas e a fazer o trabalho sentado.

Como avaliar a deficiência

O primeiro passo para começar um programa de modificação do comportamento é completar uma avaliação das dificuldades diárias e das habilidades adaptativas.
Esse é o aspecto mais fundamental de uma avaliação inicial. Ele determina as áreas alvo do tratamento e estabelece uma linha de base para as avaliações futuras destinadas a aferir a resposta ao tratamento.

Escalas abreviadas de notas dos pais e professores são suficientes para indicar se o TDAH é um problema. Os pais e os professores usam a escala de avaliação das deficiências (IRS - Impairment Rating Scale) para descrever o que eles veem como os principais problemas das crianças em forma narrativa. Notas, então, quantificam como os sintomas das crianças afetaram cada um dos seguintes domínios:
1- relacionamento com os colegas e irmãos
2- relacionamento com os pais ou professores
3- o progresso acadêmico de cada crianças
4- o comportamento em sala de aula e em casa
5- a autoestima
6- problemas em geral e a necessidade de tratamento

Intervenção dos pais

A abordagem comportamental focaliza as habilidades dos pais, o comportamento da criança e os relacionamentos familiares. Os pais aprendem habilidades, tais como o modo de prestar atenção positiva na sua criança quando ela estiver fazendo alguma coisa que eles gostem, e como modificar as técnicas de acordo com as necessidades.

Os ABCs da modificação do comportamento para os pais são: Modificar os Antecedentes (coisas que acontecem antes dos comportamentos, por exemplo, uma solicitação à criança); Comportamentos (o que a criança faz em resposta e que os pais querem mudar); Consequências (coisas que acontecem depois do comportamento, por exemplo, a resposta à desobediência)

Não se trata de tentar ensinar a criança a pensar de modo diferente, mas, realmente, de ensinar os pais a usar a sua atenção e consequências positivas para moldar o comportamento da criança e reforçar coisas que eles querem que a criança faça mais, e consequências negativas brandas para ajudar a criança a aprender.

Programas de Habilidades dos Pais

A maneira mais comum de aprender essas habilidades é baseada em grupos, com sessões semanais com um terapeuta (de 8 a 16 sessões). Os pais aprendem uma técnica, vão para casa e a implementam do modo que aprenderam e discutem o progresso, a resolução dos problemas, e aprendem nova técnica a cada semana. Daí, as sessões geralmente diminuem para mensal ou trimestralmente, uma vez que o comportamento esteja sob controle.

As intervenções precisam ser factíveis e palatáveis para as famílias, de modo que elas possam ser mantidas por longo prazo. Os programas ensinam habilidades tais como sistemas de recompensas, e como dar ordens corretamente. A melhora geralmente é gradual, e deve haver um plano caso a criança desande, especialmente durante as transições mais importantes do desenvolvimento, como iniciar o ensino médio.

Treinamento de Habilidades para os Professores

A intervenção comportamental na escola somente pode acontecer se os professores focarem em um bom gerenciamento de práticas de sala de aulas, no desempenho acadêmico e nos relacionamentos entre os colegas.

O treinamento de professores é amplamente disponível e programas gerais que treinam todos os funcionários e administradores, ou seguem um modelo de consultoria (Isso nos Estados Unidos). Começam com sessões semanais com um terapeuta ou psicólogo da escola. As sessões vão se distanciando conforme os professores aprendem as habilidades que vão utilizar com as crianças TDAH nas horas de aula. Em geral, os professores precisam de 2 a 10 horas de treinamento. As técnicas comportamentais devem se integrar aos programas baseados na escola, tais como os planos IEPs e o 504 (Isso, nos Estados Unidos) e devem estar disponíveis a todos os membros relevantes da equipe escolar.

Cartão Diário de Avaliação

Uma coisa que é absolutamente essencial para as crianças com TDAH é um cartão de avaliação diário. É uma ferramenta para o monitoramento constante do progresso da criança e pode ser utilizado para ajustar a dosagem mais adequada da medicação, se necessário.

Um pai ou m terapeuta age em conjunto com a escola para determinar as metas para a criança – o que fará a criança atuar melhor na sala de aula, as coisas mais importantes que precisam ser reduzidas em termos de problemas ou de trabalho acadêmico. Então, juntos, eles estabelecem um sistema simples para o professor avaliar periodicamente como a criança se comporta durante o dia, para dar o reforço que ela precisa e fornecer uma nota para casa. Os pais seguem em casa com recompensas para a criança que está apresentando um bom dia escolar. Há um modelo de cartão de avaliação diária que pode ser baixado em www.ccf.fiu.edu

Essa ferramenta é necessária porque as crianças com TDAH precisam de reforço específico para seu comportamento com maior frequência do que uma vez por semana. Custa pouco e toma pouco tempo do professor, mas é eficiente para mudar o comportamento da criança na escola. Uma vez adotado o cartão diário de avaliação, ele reduz o tempo que os professores precisam gastar para lidar com os comportamentos problemáticos da criança e proporcionam uma ferramenta para o monitoramento contínuo do progresso da criança.

Intervenções com a Criança

A abordagem comportamental e de desenvolvimento usada com as crianças focaliza no ensino de competências acadêmicas, recreacionais e sociais/comportamentais, diminuindo a agressividade, aumentando a obediência, desenvolvendo amizades consistentes, melhorando o relacionamento com os adultos e construindo a autossuficiência.

Há vários níveis de tratamento: para-profissionais, tratamento intensivo (como programas de 8 semanas no verão), sessões depois das aulas, e sessões de 6 horas aos sábados. Todos os programas usam um núcleo de procedimentos que incluem treinamento (coaching), uso de exemplos, modelagem, representação teatral de papéis, reforço, recompensas e consequências, e prática.


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sexta-feira, 19 de agosto de 2016

VINTE E UM COMENTÁRIOS IGNORANTES SOBRE O TDAH (E OS FATOS PARA REFUTÁ-LOS) - 428

VINTE E UM COMENTÁRIOS IGNORANTES SOBRE O TDAH (E OS FATOS PARA REFUTÁ-LOS)

O TDAH não é desobediência de propósito. Não é causado por muito açúcar ou muitos jogos eletrônicos. E castigo físico não é um método de cura. A seguir, nossos leitores compartilham 21 dos mais ignorantes comentários sobre o TDAH, e os fatos que usam para refutá-los. Pelos leitores e editores de ADDitude.

Os piores comentários sobre o TDAH

Quando de fala sobre o TDAH, os mitos e a desinformação abundam. Nossos leitores compartilham alguns desses comentários idiotas e sem pés nem cabeça que ouviram de estranhos, professores, médicos e membros da família, sobre o TDAH. Prepare-se para o massacre de insensibilidade.

1- É somente uma birra

Minha mãe ficou em minha casa por uns dias. Toda vez que meu filho “enlouquecia”, ela dizia “Bem, para mim, é só uma crise de birra”. Eu até poderia concordar com ela se esses descontroles não acontecessem todos os dias!

2- É um falha de caráter

Enquanto eu crescia, meus pais me faziam crer que era um “defeito no meu caráter”, e não desatenção, o que me impedia de ir bem no desenvolvimento das habilidades acadêmicas. Precisei reconhecer o TDAH nos meus próprios filhos para começar a me livrar do sentimento de culpa!

3- É um criador de caso

Quando meu filho estava no quarto ano, sua professora ficou cansada com o que ela descrevia como “mau comportamento” e “desrespeito às regras”. Ela começou a dizer que nós éramos uma família de “criadores de caso”. Um professor não devia ter mais conhecimento?

4- Hiperativo

Oh, ele é só um pouquinho hiper”. Bem, isso é uma subestimação.

5- Aprender a ser pai (mãe)

Antes de ser diagnosticado como TDAH, um pediatra sugeriu de verdade que eu tomasse aulas de como ser pai ou mãe. Foi preciso que eu me mudasse para outro estado e consultasse outro pediatra para que meu filho fosse corretamente diagnosticado com TDAH.

6- O melhor remédio

Um dia fui comprar a medicação do meu filho e o farmacêutico disse “Você sabia que economizaria um bom dinheiro se em vez de remédio lhe desse umas boas palmadas?”. Fiquei chocada!

7- A solução é o Esporte

Alguém uma vez me disse que se eu pusesse meu filho para praticar algum esporte os problemas de comportamento deles seriam resolvidos. “Ele só precisa ficar muito cansado”.

8- Pais que criticam

Eu nunca deixaria meu filho fazer isso”. Acho que seu filho não tem TDAH.

9- Por um freio nele

O que há de errado com essa criança?! Por que os pais não põem um freio nela?”. Se fosse assim tão simples.

10- Teste do tempo

Ela vai superar isso”. Já ouviu falar do TDAH do adulto? Suspiro.

11- Mal ajustado socialmente

Fui apelidado de “mal ajustado” pela minha professora de jardim de infância, mas, na verdade, eu ficava apenas aborrecido porque não estava aprendendo nada novo.

12- Desmotivado

Enquanto crescia, fui chamado de “preguiçoso e desmotivado” e foi dito que eu só precisava me aplicar mais.

13- A vergonha das drogas

Então há os que dizem “Oh meu Deus, você dá essas drogas para ela? Você não tem medo do que elas fazem a ela?” Humm...não. Estou mais preocupada com o que minha filha vai fazer se ela não tomar seus medicamentos!

14- Vantagem desonesta

O Plano 504 e os IEPs (Programas Individuais de Educação) são uma vantagem desonesta”. Oh, tá certo, porque ter TDAH é como dar um passeio na praça.

15- Esforce-se

Você não está vivenciando todas as suas potencialidades. Se você apenas se esforçasse mais um pouco...”. Nós todos já escutamos isso.

16- As dificuldades para a pender

Fui diagnosticada com TDAH no jardim de infância. Minha professora do primeiro ano disse “Bem, ela só é burra e não consegue aprender”. Hoje, tenho 4 graduações de bacharel e uma de mestrado, e estou me preparando para um doutorado. Adivinha se eu não provei que ela estava errada.

17- Os inteligentes

Gente inteligente não tem incapacidades e gente com incapacidades não é inteligente”. Isso, obviamente, não é verdade. Já ouviu falar de Einstein? Sim, ele tinha TDAH.

18- Um dia “tipo TDAH”

É uma neura pra mim quando um não TDAH brinca dizendo “Hoje estou tão TDAH”, quando estão distraídos. É o tipo de piada que faz as pessoas deixarem de considerar o TDAH um transtorno grave.

19- Um lar desfeito

Uma vez, alguém me disse que eu me comportava daquele jeito porque eu era o produto de um “lar desfeito”.

20- O que há num nome?

Irresponsável” é uma palavra que ouço constantemente enquanto cresço. Sinto que é o meu nome do meio, ou segundo nome.

21- Sobrecarga de TV

Tive um professor de psicologia que me disse que o TDAH era provocado por maus pais e por excesso de TV! Fiquei vermelho de raiva por vários dias. Doeu meu coração pensar que alguém pudesse realmente dizer isso.


segunda-feira, 15 de agosto de 2016

O TDAH da criança e o do adulto podem ser transtornos independentes. 427

O TDAH da criança e o do adulto podem ser transtornos independentes.

Novas pesquisas, polêmicas, sugerem que as pessoas, que não demonstram nenhum sinal de TDAH na infância, podem desenvolver a condição mais tarde na vida e, inversamente, crianças com o diagnóstico podem superar no crescimento os seus sintomas.
Duas novas pesquisas sugerem que o TDAH adulto não é uma simples continuação do TDAH da infância, mas, na verdade, um transtorno separado, com um desenvolvimento independente ao longo da vida. E, além disso, o TDAH com início na idade adulta pode ser realmente mais comum do que o de início na infância. Esses dois resultados vão contra o que se acredita popularmente, e pedem para serem confirmados com mais pesquisa.
Os dois estudos, publicados no número de julho de 2016 do JAMA Psychiatry, usaram metodologia semelhante e mostraram resultados muito parecidos. O primeiro, conduzido por uma equipe da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no Brasil, avaliou mais de 5 mil indivíduos nascidos em 1993 na cidade de Pelotas. Aproximadamente 9% deles foram diagnosticados como TDAH da infância – uma taxa bem dentro da média. Doze por cento dos mais de 5 mil indivíduos preencheram os critérios de TDAH quando adultos – significativamente mais do que era esperado pelos pesquisadores – mas havia superposição muito pequena entre os grupos. De fato, somente 12,6% dos adultos com TDAH tinham sinais diagnosticados como TDAH na infância.
O segundo estudo, que avaliou 2.040 gêmeos nascidos na Inglaterra e no País de Gales de 1994 a 1995, verificou que de 166 indivíduos que preenchiam os critérios para TDAH do adulto, mais da metade (67,5%) não tinham nenhum sintoma de TDAH na infância. Dos 247 indivíduos que preenchiam os critérios para TDAH na infância, menos de 22% retiveram tal diagnóstico como adultos.
Os resultados desses dois estudos confirmam os achados de uma pesquisa da Nova Zelândia, publicada em outubro de 2015, na qual foram seguidos indivíduos desde o nascimento até a idade de 38 anos. Dos pacientes que mostraram sinais de TDAH como adultos, naquele estudo, um surpreendente índice de 90% não mostraram nenhum sinal do transtorno na infância.
Os resultados combinados desses dois estudos sugerem que a definição mais amplamente aceita do TDAH (como um transtorno que se desenvolve na infância e ocasionalmente se resolve com o crescimento do paciente) pode estar precisando de uma revisão. Alguns especialistas permanecem em dúvida, entretanto, e sugerem que os autores dos estudos podem ter simplesmente ignorado os sintomas de TDAH na infância nos casos em que ele aparentemente surgiu na idade adulta.
Como essas dúvidas sugerem que as pesquisas do Reino Unido, Brasil e Nova Zelândia podem ter subestimado a persistência do TDAH e superestimado a prevalência do TDAH de aparecimento no adulto, seria um erro para os profissionais admitir que muitos adultos a eles encaminhados com sintomas de TDAH não tiveram uma história de TDAH na infância”, escreve Stephen Faraone, Ph.D., e Joseph Biederman, M.D., em um editorial alertando a comunidade TDAH a interpretar os dois mais recentes estudos como “um grão de sal”. Eles acham que os resultados são “prematuros”.

Em ambos os estudos, entretanto,os que tinham TDAH do adulto mostraram níveis elevados de comportamento criminoso. Abuso de substâncias, acidentes de tráfego e tentativas de suicídio. Essas preocupantes correlações permaneceram mesmo após os autores terem ajustado a análise para outros transtornos psiquiátricos – provando uma vez mais que quer se desenvolva na infância ou na idade adulta, o TDAH não tratado é um problema sério. Por Devon Frye. ADDitude.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Tome cuidado! Os médicos confundem TDAH com Transtorno Bipolar do Humor - 426

Tome cuidado! Os médicos confundem TDAH com Transtorno Bipolar do Humor

Para os médicos que são treinados em transtornos do humor, os sintomas do TDAH podem se parecer com Transtorno bipolar. Não deixe que seu médico erre o seu diagnóstico.
Dr. Willian Dodson, M.D.

As pessoas com o sistema nervoso do tipo TDAH são passionais. Elas sentem as coisas mais intensamente que as pessoas com sistema neurológico normal. Elas tendem a reagir exageradamente a pessoas e a acontecimentos em suas vidas, especialmente quando percebem que alguém as está rejeitando e retirando amor, aprovação ou respeito.

Os médicos veem o que estão treinados a ver. Se eles veem “oscilações de humor” somente em termos de transtornos de humor, eles mais provavelmente diagnosticarão um transtorno de humor. Se eles são treinados a interpretar a excessiva energia e o pensamento veloz em termos de mania, isso é o que eles provavelmente diagnosticarão.

De acordo com dados do National Comorbidity Survey Replication (NCS-R), todos os adultos com TDAH foram diagnosticados como tendo transtorno bipolar do humor (TBH). O TDAH não foi uma opção. Quando a maioria deles obteve o diagnóstico correto, eles já tinham se consultado com 2,3 médicos, em média, e fracassado em 6,6 tipos de tratamento com antidepressivos e estabilizadores do humor.

Antes de que um médico faça o diagnóstico, os pacientes precisam saber que as doenças do humor:

- Não são desencadeadas por eventos da vida diária; elas “caem do céu”
- São independentes do que está acontecendo com a vida da pessoa
(quando coisas boas acontecem, eles ainda se sentem “miseráveis”);
- Têm início lento, durante semanas ou meses;
- Duram semanas ou meses, a não ser que tratados.

Os pacientes também precisam saber que as oscilações de humor do TDAH:

- São uma resposta a algo que está acontecendo na vida da pessoa;
- Combinam com o que a pessoa percebe como fator desencadeante;
- Mudam instantaneamente;
- Desaparecem rapidamente, geralmente quando a pessoa diagnosticada com TDAH se engaja em algo novo e interessante.


Se você não consegue que seu médico veja essas distinções importantes, a probabilidade é de que você será mal diagnosticado e não receberá o tratamento adequado. 

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