Blog destinado à divulgação dos diversos aspectos do TDAH e do que mais eu quiser. As opiniões são de responsabilidade dos autores e podem não ser compartilhadas por mim (Dr. Menegucci).. Todo mundo é gênio. Mas, se você julgar um peixe pela sua habilidade de subir numa árvore, ele vai passar a vida toda pensando que é burro..
segunda-feira, 3 de abril de 2017
Um melhor jeito de achar a dose ideal de metilfenidato de liberação controlada (Ritalina LA e Concerta) - 434
Um melhor jeito de achar a dose ideal de metilfenidato de liberação controlada (Ritalina LA e Concerta) - 434
Acrescentar mais medicação aos poucos por um longo período de tempo pode ajudar adultos com TDAH mais eficientemente a reduzir seus sintomas.
Por Devon Frye - 24/março/2017
Uma nova pesquisa sugere que a remissão dos sintomas do TDAH – assim como melhor tolerância à medicação – é mais provável de acontecer com longos períodos de ajuste crescente da medicação, até encontrar a dose ideal.
A pesquisa, publicada no número de janeiro do Journal of Clinical Psychiatry, examinou 279 pacientes adultos, tratando 141 deles com metilfenidato de longa liberação e os restantes 138 com um placebo. Cada paciente iniciou com dose de 18 mg. Por um período de seis semanas, a dosagem podia ser aumentada pela adição de mais 18 mg por semana – processo conhecido como titulação – até que os sintomas fossem reduzidos abaixo de um nível ou que os efeitos colaterais se tronassem intoleráveis.
Os sintomas foram medidos com o uso de uma escala (AISRS) – Escala de Avaliação por Notas de Sintomas do TDAH.
As notas da AISRS variavam de zero a 54, com 18 sendo geralmente considerado a nota da linha de base de adultos com sintomas não controlados do TDAH.
No grupo que tomou metilfenidato, 13,6% permanecerm na dose inicial de 18 mg até o final da sexta semana, enquanto 23,1% teve de aumentar até 36 mg, 24,3% até 54 mg e 39,1% terminou com 72 mg.
Quase a metade dos do grupo de metilfenidato – 45% - tiveram uma completa remissão dos sintomas (indicados por uma nota da AISRS de 18 ou menos). Os indivíduos que tomaram metilfenidato também relataram melhor qualidade de vida, maior produtividade no trabalho e melhora da função cognitiva quando comparados ao grupo placebo.
A pesquisa difere de outras, segundo os autores, por permitir um maior período para descobrir a dose ideal de medicação de cada indivíduo. Pesquisas anteriores com o metilfenidato “não exploraram a possibilidade de que ao permitir ajustes adicionais do metilfenidato de liberação controlada – sistema OROS - (Ritalina LA e Concerta) poderia ser obtida melhora mais significativa, com remissão dos sintomas ou melhor tolerabilidade”, escreveram os autores.
"Essa melhora ao longo do tempo, assim como as pioras e melhoras dos sintomas e as respostas, sugerem que os clínicos devem pensar em um maior período de tempo, semanas ou até mais, para o ajuste das doses do metilfenidato OROS (Ritalina LA e Concerta), com o contínuo monitoramento, de tal modo que os benefícios de uma dose particular tenham tempo suficiente para aparecer”, concluem.
Acrescentar mais medicação aos poucos por um longo período de tempo pode ajudar adultos com TDAH mais eficientemente a reduzir seus sintomas.
Por Devon Frye - 24/março/2017
Uma nova pesquisa sugere que a remissão dos sintomas do TDAH – assim como melhor tolerância à medicação – é mais provável de acontecer com longos períodos de ajuste crescente da medicação, até encontrar a dose ideal.
A pesquisa, publicada no número de janeiro do Journal of Clinical Psychiatry, examinou 279 pacientes adultos, tratando 141 deles com metilfenidato de longa liberação e os restantes 138 com um placebo. Cada paciente iniciou com dose de 18 mg. Por um período de seis semanas, a dosagem podia ser aumentada pela adição de mais 18 mg por semana – processo conhecido como titulação – até que os sintomas fossem reduzidos abaixo de um nível ou que os efeitos colaterais se tronassem intoleráveis.
Os sintomas foram medidos com o uso de uma escala (AISRS) – Escala de Avaliação por Notas de Sintomas do TDAH.
As notas da AISRS variavam de zero a 54, com 18 sendo geralmente considerado a nota da linha de base de adultos com sintomas não controlados do TDAH.
No grupo que tomou metilfenidato, 13,6% permanecerm na dose inicial de 18 mg até o final da sexta semana, enquanto 23,1% teve de aumentar até 36 mg, 24,3% até 54 mg e 39,1% terminou com 72 mg.
Quase a metade dos do grupo de metilfenidato – 45% - tiveram uma completa remissão dos sintomas (indicados por uma nota da AISRS de 18 ou menos). Os indivíduos que tomaram metilfenidato também relataram melhor qualidade de vida, maior produtividade no trabalho e melhora da função cognitiva quando comparados ao grupo placebo.
A pesquisa difere de outras, segundo os autores, por permitir um maior período para descobrir a dose ideal de medicação de cada indivíduo. Pesquisas anteriores com o metilfenidato “não exploraram a possibilidade de que ao permitir ajustes adicionais do metilfenidato de liberação controlada – sistema OROS - (Ritalina LA e Concerta) poderia ser obtida melhora mais significativa, com remissão dos sintomas ou melhor tolerabilidade”, escreveram os autores.
"Essa melhora ao longo do tempo, assim como as pioras e melhoras dos sintomas e as respostas, sugerem que os clínicos devem pensar em um maior período de tempo, semanas ou até mais, para o ajuste das doses do metilfenidato OROS (Ritalina LA e Concerta), com o contínuo monitoramento, de tal modo que os benefícios de uma dose particular tenham tempo suficiente para aparecer”, concluem.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2017
Grande Pesquisa de Imagem Mostra Diferenças Estruturais do Cérebro em Pessoas com TDAH. - 433
Grande Pesquisa de Imagem
Mostra Diferenças Estruturais do Cérebro em Pessoas com TDAH.
Áreas críticas do cérebro
são menores em pessoas com TDAH, dizem os pesquisadores, provando que a
condição, tão frequentemente marginalizada, deveria ser vista como um
transtorno originado no cérebro. Por Devon Frye – Fevereiro
de 2017
Ressonâncias
magnéticas cerebrais de mais de 3 mil pessoas forneceram mais evidências de que
as pessoas com TDAH têm cérebros estruturalmente diferentes das pessoas sem o
transtorno, de acordo com um novo estudo promovido pelo National Institute of
Health. As diferenças – que foram mais pronunciadas nas crianças do que nos
adultos – tornam mais claro do que nunca que o TDAH é um transtorno do desenvolvimento
cerebral e não simplesmente um rótulo, diz o artigo dos autores.
A
pesquisa, publicada dia 15 de fevereiro no The
Lancet, foi financiada pelo NIH, mas conduzida pelo ENIGMA Consortium, uma
cooperativa internacional que se focaliza nas bases genéticas dos transtornos
psiquiátricos. ENIGMA recrutou 3.242 voluntários com idades de 4 a 63 anos,
1.713 com TDAH e 1.529 sem, para fazer as ressonâncias magnéticas.
Os
participantes com TDAH mostraram volumes menores em sete regiões-chave do
cérebro: núcleo caudado, putamen, núcleo acumbens, pálido, tálamo, amígdala e
hipocampo. Dessas regiões, muitas foram associadas ao TDAH no passado, mas a
amígdala pode ser particularmente importante, apontaram os pesquisadores,
porque ela tem um papel importante na memória, na tomada de decisões e no
controle emocional. O hipocampo é igualmente envolvido tanto na memória de
curto prazo quanto na memória de longo prazo, áreas que geralmente são
deficientes nas pessoas com TDAH. Diferenças similares foram encontradas nos
cérebros de pessoas com Transtorno Depressivo Maior, uma condição geralmente
comórbida com o TDAH.
As
variações foram maiores nas crianças, disseram os pesquisadores, e, embora
muitos do grupo TDAH estivessem tomando remédios para tratar seu TDAH, isso
pareceu não ter nenhum efeito nos resultados das ressonâncias magnéticas. A
disparidade entre as crianças e adultos levaram os pesquisadores a fazer a
hipótese de que o TDAH esteja ligado a um atraso na maturação cerebral – embora
mais pesquisa longitudinal seja necessária para maior entendimento de como o
cérebro muda durante o ciclo da vida.
No
conjunto, embora essas diferenças sejam pequenas, disseram os pesquisadores, em
alguns casos somente poucos pontos percentuais, o grande tamanho da amostra
permitiu-lhes identificar padrões mais claros, confirmando estudos anteriores
que chegaram às mesmas conclusões, mas cujos tamanhos pequenos das amostras os
tornaram inconclusivos. Com mais de 3 mil participantes, esse foi o maior
estudo dessa espécie, mostrando clara evidência de que o TDAH seja um transtorno
originado no cérebro e não o resultado de falta de educação dada pelos pais ou
falta de força de vontade.
" Os
resultados de nossa pesquisa confirmam que as pessoas com TDAH têm diferenças
em sua estrutura cerebral e, por isso, sugerem que o TDAH seja um Transtorno do
cérebro", disse Martine Hoogman, Ph.D., o principal investigador da
pesquisa. " Esperamos que isso ajude a reduzir o estigma de que o TDAH
seja somente um rótulo para as
crianças difíceis, ou que seja causado por má educação dada pelos pais. Isso,
definitivamente, não é o caso, e esperamos que este trabalho contribuirá para
um melhor entendimento do transtorno"
ADDitude
quinta-feira, 26 de janeiro de 2017
Os medicamentos para o TDAH raramente funcionam bem na primeira tentativa. 432
Os
medicamentos para o TDAH raramente funcionam bem na primeira
tentativa.
Encontrar
a medicação mais eficiente para a química própria do seu cérebro
ainda é, infelizmente, um processo de tentativa e erro. É difícil,
mas não desista, ao menos antes de ler essas soluções para os
problemas comuns das medicações para o TDAH. Por Larry Silver, M.D.
Tomar
remédio geralmente é o primeiro passo no tratamento do TDAH. Mas o
que fazer se os medicamentos para o TDAH não funcionarem? Ou se os
sintomas ficarem piores? Ou quando você ou o seu filho apresentarem
efeitos colaterais dos medicamentos?
Leia
adiante as soluções para os problemas comuns dos medicamentos que
os adultos e as crianças, assim como seus pais, enfrentam.
-
Problema: A medicação para o TDAH não funciona.
Quando
começam a usar medicação, alguns adultos e pais reclamam que não
há nenhuma melhora. A razão mais comum para essa falta de resposta
é um diagnóstico errado de TDAH. Pode ser que os comportamentos do
seu filho sejam causados por um problema acadêmico, tal como uma
Dificuldade de Aprendizagem. Pode ser que seja depressão ou um
transtorno emocional e não TDAH adulto. Muitos pacientes contam para
seus médicos que eles, ou seus filhos, não conseguem ficar quietos
ou prestar atenção às tarefas diárias. Sem fazer perguntas ou
realizar testes, o médico faz uma receita.
O
diagnóstico de TDAH não é assim tão simples. Critérios
específicos devem ser observados antes que um diagnóstico de
transtorno de deficit de atenção seja feito: estabelecer que os
comportamentos são crônicos (existem desde a infância) e
pervasivos (em casa, no trabalho, na escola).
Em
alguns casos, o diagnóstico de TDAH pode estar correto, mas a
dosagem recomendada pode estar incorreta. Determinar a dosagem
correta não se baseia na idade ou no peso corporal, mas em quão
rapidamente a medicação é absorvida para a corrente sanguínea e
levada ao cérebro. Um adulto de 113 quilos pode precisar de 5 mg,
enquanto uma criança de 27 quilos pode precisar de 20 mg. Como a
dose necessária é específica para cada paciente, a medicação
deve ser iniciada em doses baixas, em 5 mg. Se não aparecerem
benefícios, a dose deve ser aumentada em mais 5 mg a cada 5 ou 7
dias até que seja determinada a dose correta.
Finalmente,
muitos portadores de TDAH apresentam problemas adicionais, além do
seu diagnóstico de TDAH. Os mais frequentes são Dificuldades de
Aprendizagem, Transtorno de Ansiedade, Depressão, Problemas com o
Controle da Raiva, ou Transtorno Obsessivo-compulsivo. Os
estimulantes controlam os sintomas do TDAH, mas não resolvem os
sintomas causados pelas outras doenças.
-
Problema: A medicação para o TDAH não funciona o tempo todo.
Se
as manhãs são difíceis: Pense em como você ou seu filho agem
quando estão sob efeito da medicação do TDAH e em como quando não
estão. Muitos problemas acontecem antes da medicação começar a
funcionar ou quando d dosagem não dura todas as 4 ou 8 horas citadas
na bula.
Para
se manter, ou ao seu filho, calmo e focalizado pela manhã, tente
acordar uma hora mais cedo do que o usual e tomar logo a medicação
para o TDAH. Então, volte a se deitar. Para as crianças, se voltar
a dormir for difícil, converse com seu médico sobre o uso de
Daytrana, um adesivo de metilfenidato (não existe no Brasil).
Aplique o adesivo na coxa do seu filho quando ele ainda estiver
dormindo e a medicação começará a funcionar em uma hora. Se fizer
isso, mais uma dose no começo da tarde poderá ser necessária.
Se
você ou seu filho pioram à tarde: Pode ser que haja uma queda da
proteção ao meio-dia e as dificuldades apareçam entre as 12 e as
13 horas. Pode ser que você comece a perder o foco em torno das 4
horas da tarde, ou ligado e hiperativo às 8 da noite. Preste atenção
para descobrir quando os sintomas do TDAH pioram. Pode ser que o
comprimido de 4 horas dure somente 3 horas. Talvez a cápsula de 8
horas que você está dando ao seu filho não esteja liberando o
medicamento de modo uniforme. Conte ao seu médico quando a medicação
não funciona. Ele poderá reconfigurar a dosagem ou mudar a
medicação.
-
Problema: A medicação para o TDAH provoca efeitos colaterais.
Perda
do apetite. Alguns medicamentos para o TDAH provocam perda de
apetite, mas ele costuma voltar ao normal em algumas semanas. Quando
não, tente atrasar a primeira dose para depois do café da manhã. O
almoço costuma ser o grande desafio. Um almoço diferente do
tradicional, tal como um milkshake com suplementos (Ensure), ou uma
barra de cereal com proteínas e bem calórica, podem proporcionar os
nutrientes enquanto o apetite não estiver muito bom. Para aumentar o
apetite na hora do jantar, atrase o comprimido da tarde até a hora
do jantar. Se nada disso funcionar, peça ao seu médico um
encaminhamento para um nutricionista que tenha experiência no
trabalho com TDAH. Se o apetite não voltar, fale com seu médico
sobre mudar para outro medicamento estimulante ou para um não
estimulante.
Problemas
de sono. Os
estimulantes afetam a área do cérebro que induz o sono. Pular a
dose das 4 horas da tarde pode ajudar, mas não ao custo dos sintomas
se tornarem incontroláveis. Se você achar que esse é o caso, tente
essa experiência. Com a permissão do seu médico, acrescente um
comprimido de 4 horas de ação às 8 horas da noite. Uma pequena
dose de estimulante ajuda alguns TDAHs a pegar no sono. Se a
experiência falhar e você ou o seu filho não conseguirem dormir,
seu médico poderá sugerir Benadryl. Muitas pessoas acham que uma
pequena dose de melatonina ajuda no sono.
Outros
efeitos colaterais. De trinta a cinquenta por cento dos pacientes com
TDAH têm uma comorbidade. Em alguns casos, a medicação estimulante
piora essas comorbidades ou faz com que elas se tornem clinicamente
aparentes. Se você notar que você ou seu filho se tornem mais
ansiosos ou com medo, infelizes ou enraivecidos com os estimulantes,
mas que os sintomas somem
quando você está sem a medicação, fale com seu médico.
É
essencial que os problemas de regulação emocional sejam tratados
prontamente. Um médico geralmente receitará um inibidor seletivo da
recaptação de serotonina (SSRI) para tratar esses transtornos.
Então a medicação estimulante poderá ser reintroduzida sem causar
dificuldades. A medicação poderá ser necessária para tratar o
transtorno de tiques, também.
Problemas
com a educação dos filhos. Seu filho resiste ou se recusa a tomar a
medicação. Eduque seu filho sobre a medicação que ele está
tomando. Não conte a ele que é um comprimido de vitamina. Você
terá muita dificuldade de reconquistar a confiança dele mais tarde,
quando ele descobrir a verdade. Explique o que é o TDAH e como ele
afeta sua vida. Conte a ele como a medicação diminui os sintomas do
TDAH. Explique que ele pode sentir efeitos colaterais, mas que eles
serão controlados pelo médico e por você. Seu filho será mais
cooperativo se ele participar do processo de tratamento.
Desacordo
entre marido e mulher quanto à medicação do TDAH. No caso de uma
criança com TDAH, se um dos progenitores achar de maneira muito
segura que ela não deveria tomar a medicação, e dizer isso para a
criança, poderão ocorrer sérios problemas. Se a criança tiver
visões conflitantes sobre os benefícios da medicação, ela poderá
parar de tomar ou questionar o por quê dela ter de tomá-la. Se você
é um adulto com TDAH e seu companheiro/a não acreditar que você
precise de medicação, isso poderá criar uma tensão em seu
relacionamento ou causar dificuldades em outras áreas da sua vida.
Marque um encontro com seu médico para discutir o diagnóstico do
TDAH e o valor da medicação, junto com seu cônjuge.
domingo, 8 de janeiro de 2017
TDAH - O tratamento do seu filho é do tipo “pacote completo”? - 431
O
tratamento do seu filho é do tipo “pacote completo”?
A
medicação trata somente as deficiências neuroquímicas do deficit
de atenção. Precisamos tratar, também, os problemas psicológicos
e sociais. Por Larry Silver, M.D.
Fiz
meu treinamento em Psiquiatria Geral, seguido por treinamento em
Psiquiatria da Criança e do Adolescente, na metade dos anos
sessentas. Minha especialidade médica era uma subespecialidade
relativamente nova da Psiquiatria. Naquela época, a teoria para a
compreensão e o tratamento de crianças era centrado na teoria
psicanalítica e na psicoterapia psicoanaliticamente orientada. Todo
meu treinamento e supervisão clínica foi baseado nesse modelo. Eu
era fascinado pela psicologia da mente. Mas eu era igualmente
interessado na compreensão do funcionamento cerebral e nas relações
entre o cérebro e a mente.
Com
a permissão do diretor do meu programa de treinamento, atendia
discussões de casos para residentes em outra nova subespecialidade
médica, Neurologia da Infância. Um dos casos era de um menino com
algo chamado de “Reação Hipercinética da Infância”. Isso,
agora, é chamado de Transtorno de Deficit de Atenção e
Hiperatividade, ou TDAH. A criança era hiperativa e ia muito mal nos
estudos. Foi medicado com dextro-anfetamina e seus sintomas
melhoraram.
Eu
lidava com uma criança que tinha sintomas semelhantes na terapia.
Ela tinha todas as características da Reação Hipercinética da
Infância. Discuti minha ideia de tentar a medicação. Meu
supervisor não ficou contente com a minha ideia de tentar usar
medicação em vez de psicoterapia, e encorajou-me a me concentrar na
“psicodinâmica do caso”. Eu estava frustrado com a falta de
progresso do caso e, então, assumi o risco de me meter em problemas.
Em colaboração com o pediatra do meu paciente, providenciei para
que ele começasse a tomar a medicação (dextroanfetamina). Os pais,
os professores e o próprio paciente notaram uma dramática melhora.
Ele se tornou capaz de ficar sentado durante as aulas e de se
concentrar em seu trabalho. Seus comportamentos disruptivos cessaram.
Eu não podia dizer ao meu supervisor que tinha ignorado suas ordens
e providenciado o uso de medicação. Então, tive de exaltar como a
psicoterapia e a orientação dos pais tinha resultado na melhora dos
sintomas. Meu supervisor elogiou meu trabalho.
Como
as coisas mudaram
A
Psiquiatria da Infância e da Adolescência evoluiu muito desde
então. Usamos um modelo biopsicossocial que leva em conta o
funcionamento cerebral, assim como o funcionamento psicológico e
social – tudo no contexto da vida da criança na família, na
escola e com os colegas. As pesquisas com crianças TDAH nos
ensinaram sobre as relações entre o funcionamento cerebral ou sua
disfunção e os comportamentos clínicos observados.
Muitos
acreditam que o TDAH foi o primeiro transtorno em que se demonstrou
ser o resultado de uma produção deficiente de um neurotransmissor
específico em áreas cerebrais específicas. A descoberta de que um
grupo de medicações - chamadas de “estimulantes” porque
estimulam células nervosas específicas a produzir mais desse
neurotransmissor deficiente – causava uma diminuição ou
interrompia a hiperatividade, a desatenção e a impulsividade, abriu
o campo da psicofarmacologia da infância.
Atualmente,
sabemos que outros transtornos são o resultado de uma deficiência
de neurotransmissores específicos em áreas cerebrais específicas.
(Até agora, não encontramos um transtorno que pareça ser o
resultado de uma produção excessiva de um neurotransmissor
específico em áreas específicas do cérebro.) Para cada um desses
transtornos, temos medicações que aumenta a produção do
neurotransmissor, levando à melhora. Foram as pesquisas com o TDAH
que expandiram nosso conhecimento da neurociência e do tratamento de
transtornos com base neurológica.
Lições
Aprendidas
Deixem-me
voltar à minha história. Depois dos meus anos de treinamento,
liguei-me à faculdade de um centro médico universitário. Doze anos
mais tarde, mudei-me para o National Institute of Mental Health
(Instituo Nacional de Saúde Mental). Depois, voltei ao centro médico
universitário. Nesses mais de 40 anos, minhas principais áreas de
pesquisa, trabalhos clínicos escritos e atividade clínica
focalizaram o TDAH e as Dificuldades de Aprendizagem. Durante esses
anos, o pêndulo gradualmente balançou dos modelos psicológicos
para os modelos biológicos, para o entendimento do comportamento
normal e da psicopatologia. Atualmente o pêndulo mudou para o
centro, com igual atenção nas disfunções cerebrais e nos desafios
psicológicos e sociais.
Hoje,
sabemos que uma deficiência de um neurotransmissor específico em
áreas específicas do cérebro explica as dificuldades encontradas
em uma criança ou em um adulto com TDAH. Sabemos que certos
medicamentos corrigem a deficiência do neurotransmissor, resultando
na redução ou eliminação dessas dificuldades. Aprendemos, também,
que a medicação isoladamente não é o suficiente. Uma pessoa
diagnosticada com TDAH vive em uma família e deve funcionar no mundo
real, com todas suas expectativas e cobranças. Não podemos tratar
somente a deficiência neuroquímica.
Ainda
há médicos, incluindo alguns psiquiatras da infância e da
adolescência, que parecem ter pendido para um lado do arco. Seu foco
é muito centrado na medicação e pouco na exploração dos
possíveis problemas psicossociais e familiares.
Deixem-me
dar um exemplo. Um pai leva seu filho a um médico de família. O pai
diz: “O professor dele diz que ele não consegue ficar sentado
quieto e que não presta atenção na aula. Em casa, vejo a mesma
coisa.” O médico ouve hiperatividade e desatenção, conclui que é
TDAH e escreve uma receita de um estimulante. No que o médico
possivelmente falhou? A inquietação e a desatenção podem ser o
resultado de dificuldades acadêmicas, possivelmente devidas a uma
Dificuldade de Aprendizagem. Ou as dificuldades podem refletir
estresses na família por causa de problemas entre os pais. A
hiperatividade poderia ser o resultado da ansiedade, não de TDAH.
Médicos
e pais devem lembrar-se de que nem todos os indivíduos que são
hiperativos, desatentos e/ou impulsivos têm TDAH. Os comportamentos
vistos em crianças, adolescentes ou adultos que têm TDAH também
podem ser vistos em indivíduos com outros transtornos – depressão,
ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, para citar alguns. Também
é possível que tais comportamentos sejam o resultado da frustração
de um aluno na escola por causa de Dificuldades de Aprendizagem,
outro transtorno de origem no cérebro.
Dicas
para todos nós
É
importante determinar se os comportamentos são neurologicamente
baseados ou psicologicamente baseados. Temos guias clínicos em nosso
DSM-V (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) para
ajudar a distinguir entre os dois. Se a inquietação, desatenção,
dificuldades de organização ou impulsividade começam em uma ceerta
época ou ocorrem somente em certas situações, provavelmente será
um problema psicológico. Se os comportamentos são crônicos ( ou se
foram notados desde a infância) e pervasivos (ocorrem em casa, na
escola, no trabalho, e com os colegas), provavelmente será um
problema cerebral, tal como o TDAH.
Para
seu médico fazer um diagnóstico de TDAH, ele deve demonstrar que os
comportamentos observados são o resultado de problemas com base
cerebral, não psicológicos, familiares ou estresses sociais. Como
isso é feito?
1-
Documente quais comportamentos o adulto ou a criança tem.
2-
Mostre que esses comportamentos são crônicos.
3-
Mostre que esses comportamentos são pervasivos.
Se
os comportamentos identificados começaram em certa época da vida ou
se ocorrem em somente algumas circunstâncias, o TDAH não deve ser
considerado.
Foram
40 anos maravilhosos para mim, ser parte da transição de um modelo
psicológico para a compreensão do comportamento para um modelo que
envolve fatores biológicos, psicológicos e sociais. Em grande
parte, o estudo do TDAH abriu o caminho.
ADDitude.
sábado, 19 de novembro de 2016
Oito motivos pelos quais os professores devem repensar as tarefas de casa - 430
Oito
motivos pelos quais os professores devem repensar as tarefas de casa
Peça
ao professor do seu filho para avaliar e implementar essas boas
práticas de tarefa de casa, para tornar a noite de estudos mais
simple e mais eficaz, para todos. Por Sandra Rief, M.A.
Os
professores de crianças com TDAH e Dificuldades de Aprendizagem
deveriam ter em mente que essas crianças precisam de mais tempo para
fazer as tarefas de casa do que seus colegas neurotípicos. O que uma
criança sem TDAH ou Dificuldade de Aprendizagem faz em 15 ou 20
minutos, frequentemente leva de 3 a 4 vezes mais tempo para uma
criança com TDAH.
Menos
estresse, por favor.
Além
disso, os professores deveriam estar atentos para o fato de que as
famílias têm conflitos em sua casa em relação às tarefas de
casa. Em famílias com crianças com TDAH, o estresse em relação às
tarefas de casa é intenso, tornando o relacionamento pais/criança
estressante. Aqui estão oito dicas de sala de aula para tornar mais
produtivas as tarefas de casa:
1-
Seja receptivo aos pais que relatam grande frustração em relação
às tarefas de casa. Esteja disposto a fazer ajustes, de modo que os
alunos gastem um tempo razoável para fazer suas tarefas.
2-
Entenda que os alunos com TDAH que recebem medicação durante o dia
escolar (para ajudá-los a se manterem focalizados e ligados no
trabalho) geralmente não recebem medicação à noite. Os alunos com
TDAH estão na sala de aulas durante seu tempo ótimo de
produtividade, e ainda assim não conseguem completar suas
atividades. Não é razoável pensar que os pais sejam capazes de
fazer com que seus filhos produzam em casa, à noite, o que não foram
capazes de produzir na escola.
3-
Muitos professores têm o costume de mandar para terminar em casa o
trabalho não completado em classe. Evite ou reduza isso ao mínimo,
se possível. Em vez disso, proporcione as modificações necessárias
para os alunos com TDAH, de modo que trabalho de classe seja trabalho
de classe e tarefa de casa seja tarefa de casa.
4-
A tarefa de casa é um tempo para revisar e praticar o que os
estudantes aprenderam em classe. Não dê tarefas que envolvam
informação nova, que se espera seja ensinada pelos pais.
5-
Tarefa de casa não deve ser muita tarefa. Faça a tarefa de casa ser relevante e com propósito, de modo que o tempo gasto nela reforce as
habilidades e conceitos que você já ensinou.
6-
Nunca dê mais tarefa de casa como punição para mau comportamento
na escola.
7-
Designe colegas de estudos que sejam responsáveis e dispostos a
serem contatados depois das aulas, para os alunos com TDAH.
8-
Faça as adaptações das tarefas de casa para cada estudante.
Pergunte a si mesmo "O que eu quero que os alunos aprendam com
essa tarefa?", "Esse aluno pode entender todos os
conceitos sem ter de fazer tudo por escrito?", "Ele pode
demonstrar que entendeu por meio de um formato mais motivador?".
Oito motivos pelos quais os professores devem repensar as tarefas de casa - 430
Oito
motivos pelos quais os professores devem repensar as tarefas de casa
Peça
ao professor do seu filho para avaliar e implementar essas boas
práticas de tarefa de casa, para tornar a noite de estudos mais
simple e mais eficaz, para todos. Por Sandra Rief, M.A.
Os
professores de crianças com TDAH e Dificuldades de Aprendizagem
deveriam ter em mente que essas crianças precisam de mais tempo para
fazer as tarefas de casa do que seus colegas neurotípicos(= normais). O que uma
criança sem TDAH ou Dificuldade de Aprendizagem faz em 15 ou 20
minutos, frequentemente leva de 3 a 4 vezes mais tempo para uma
criança com TDAH.
Menos
estresse, por favor.
Além
disso, os professores deveriam estar atentos para o fato de que as
famílias têm conflitos em sua casa em relação às tarefas de
casa. Em famílias com crianças com TDAH, o estresse em relação às
tarefas de casa é intenso, tornando o relacionamento pais/criança
estressante. Aqui estão oito dicas de sala de aula para tornar mais
produtivas as tarefas de casa:
1-
Seja receptivo aos pais que relatam grande frustração em relação
às tarefas de casa. Esteja disposto a fazer ajustes, de modo que os
alunos gastem um tempo razoável para fazer suas tarefas.
2-
Entenda que os alunos com TDAH que recebem medicação durante o dia
escolar (para ajudá-los a se manterem focalizados e ligados no
trabalho) geralmente não recebem medicação à noite. Os alunos com
TDAH estão na sala de aulas durante seu tempo ótimo de
produtividade, e ainda assim não conseguem completar suas
atividades. Não é razoável pensar que os pais sejam capazes de
fazer com que seu filho produzam em casa, à noite, o que não foram
capazes de produzir na escola.
3-
Muitos professores têm o costume de mandar para terminar em casa o
trabalho não completado em classe. Evite ou reduza isso ao mínimo,
se possível. Em vez disso, proporcione as modificações necessárias
para os alunos com TDAH, de modo que trabalho de classe seja trabalho
de classe e tarefa de casa seja tarefa de casa.
4-
A tarefa de casa é um tempo para revisar e praticar o que os
estudantes aprenderam em classe. Não dê tarefas que envolvam
informação nova, que se espera seja ensinada pelos pais.
5-
Tarefa de casa não deve ser muita tarefa. Faça a tarefa de casa ser
elevante e com propósito, de modo que o tempo gasto nela reforce as
habilidades e conceitos que você já ensinou.
6-
Nunca dê mais tarefa de casa como punição para mau comportamento
na escola.
7-
Designe colegas de estudos que sejam responsáveis e dispostos a
serem contatados depois das aulas, para os alunos com TDAH.
8-
Faça as adaptações das tarefas de casa para cada estudante.
Pergunte a si mesmo "O que eu quero que os alunos aprendam com
essa tarefa?", "Esse aluno pode entender todos os
conceitos sem ter de fazer tudo por escrito?", "Ele pode
demonstrar que entendeu por meio de um formato mais motivador?".
domingo, 25 de setembro de 2016
Mais, além de remédios: Um guia para modificação do comportamento no TDAH - 429
Mais,
além de remédios: Um guia para modificação do comportamento no
TDAH
A
terapia comportamental auxilia as crianças com TDAH a aprender a
controlar seus sintomas diários. Esse é um fato estabelecido. Mas
como implementá-la? E no que ela realmente implica? O treinamento de
habilidades desmistificado. Por William Pelham Jr, Ph.D. e editores
de ADDitude.
Mude
seu foco, mude seus resultados
Quando
os pais e profissionais tratam o TDAH, tipicamente eles focalizam em
primeiro lugar a melhoria dos sintomas. Em geral, os medicamentos são
a estratégia número 1. Entretanto, muitos profissionais acreditam
que o tratamento comportamental psicossocial não medicamentoso seja
igualmente importante.
De
fato, os estudos mostram que o sucesso dos adultos é previsto por
três coisas: as eficientes habilidades dos pais, acompanhar as
outras crianças e o sucesso na escola.
Muitos
especialistas argumentam que a terapia comportamental resolve todos
esses domínios e pode ser iniciada muito precocemente, antes que os
fracassos comecem a impactar a autoestima.
O
foco da terapia comportamental é diferente daquele dos medicamentos,
que tentam eliminar os sintomas. Em vez disso, ele se concentra nas
maneiras pelas quais a hiperatividade ou a desatenção podem
impactar o desempenho acadêmico, o relacionamento com os irmãos e a
desobediência às determinações dos pais. Ele lida com os
ambientes e domínios da incapacidade, e depende da forte colaboração
entre as famílias, escolas, profissionais de saúde mental e de
primeiros cuidados.
O
que é uma incapacidade?
Nenhuma
criança começa um tratamento para o TDAH porque sua mãe estava
sentada em sua cama, à noite, lendo um artigo sobre os sintomas do
TDAH no Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais
(DSM). As crianças chegam para tratamento porque seus professores
chamam os pais e dizem “Você precisa vir para uma conversa. Estou
tendo dificuldade com seu filho na escola”. Ou porque as coisas
não estão indo bem em casa com as tarefas diárias ou com as brigas
entre os irmãos ou pelos problemas criados com a vizinhança.
A
incapacidade é a dificuldade que determina o resultado a longo
prazo, ou o sucesso de uma criança. Portanto é o que deve ser
visado no tratamento.
Tratamentos
a evitar
Esses
tratamentos são geralmente usados para crianças após o
diagnóstico de TDAH, mas não têm efeito comprovado:
1-
A tradicional terapia um a um
2-
Terapia cognitiva
3-
Ludoterapia
4-
Terapia neural de biofeedback e treinamento com EEG
5-
Dietas de eliminação de alimentos
6-
Quiropraxia
7-
Tratamentos para alergia
8-
Treinamento motor ou perceptivo / treinamento de integração
sensorial
9-
Tratamento para equilibrar os problemas
10-
Terapia ocupacional
11-
Suplementação dietética (mega vitaminas, algas verdes)
Qual
é o melhor tratamento?
As
únicas terapias que se comprovou serem eficazes para o tratamento do
TDAH são a terapia de modificação comportamental, a medicação
estimulante ou uma combinação de ambas. Costuma funcionar melhor
quando se inicia com a terapia comportamental e, então ver se é
preciso adicionar a medicação como um suplemento, se ela não
resolver totalmente os problemas funcionais. Se necessária, a
medicação deve ser dada muito gradualmente, para encontrar a menor
dose possível que faça efeito.
Como
o TDAH é um problema crônico, a coisa mais importante que os pais e
os professores podem fazer é aprender como implementar de forma
consistente as estratégias para o controle do comportamento das
crianças.
A
medicação tem efeitos de curto prazo mas não tem efeitos de longo
prazo.
Ela
não muda as partes do cérebro que fazem as crianças aprenderem
melhor. Ela somente faz as crianças ficarem mais aptas a permanecer
sentadas quietas e a fazer o trabalho sentado.
Como
avaliar a deficiência
O
primeiro passo para começar um programa de modificação do
comportamento é completar uma avaliação das dificuldades diárias
e das habilidades adaptativas.
Esse
é o aspecto mais fundamental de uma avaliação inicial. Ele
determina as áreas alvo do tratamento e estabelece uma linha de base
para as avaliações futuras destinadas a aferir a resposta ao
tratamento.
Escalas
abreviadas de notas dos pais e professores são suficientes para
indicar se o TDAH é um problema. Os pais e os professores usam a
escala de avaliação das deficiências (IRS - Impairment Rating Scale) para descrever o que eles veem como os principais problemas
das crianças em forma narrativa. Notas, então, quantificam como os
sintomas das crianças afetaram cada um dos seguintes domínios:
1-
relacionamento com os colegas e irmãos
2-
relacionamento com os pais ou professores
3-
o progresso acadêmico de cada crianças
4-
o comportamento em sala de aula e em casa
5-
a autoestima
6-
problemas em geral e a necessidade de tratamento
Intervenção
dos pais
A
abordagem comportamental focaliza as habilidades dos pais, o
comportamento da criança e os relacionamentos familiares. Os pais
aprendem habilidades, tais como o modo de prestar atenção positiva
na sua criança quando ela estiver fazendo alguma coisa que eles
gostem, e como modificar as técnicas de acordo com as necessidades.
Os
ABCs da modificação do comportamento para os pais são: Modificar
os Antecedentes (coisas que acontecem antes dos comportamentos, por
exemplo, uma solicitação à criança); Comportamentos (o que a
criança faz em resposta e que os pais querem mudar); Consequências
(coisas que acontecem depois do comportamento, por exemplo, a
resposta à desobediência)
Não
se trata de tentar ensinar a criança a pensar de modo diferente,
mas, realmente, de ensinar os pais a usar a sua atenção e
consequências positivas para moldar o comportamento da criança e
reforçar coisas que eles querem que a criança faça mais, e
consequências negativas brandas para ajudar a criança a aprender.
Programas
de Habilidades dos Pais
A
maneira mais comum de aprender essas habilidades é baseada em
grupos, com sessões semanais com um terapeuta (de 8 a 16 sessões).
Os pais aprendem uma técnica, vão para casa e a implementam do modo
que aprenderam e discutem o progresso, a resolução dos problemas, e
aprendem nova técnica a cada semana. Daí, as sessões geralmente
diminuem para mensal ou trimestralmente, uma vez que o comportamento
esteja sob controle.
As
intervenções precisam ser factíveis e palatáveis para as
famílias, de modo que elas possam ser mantidas por longo prazo. Os
programas ensinam habilidades tais como sistemas de recompensas, e
como dar ordens corretamente. A melhora geralmente é gradual, e deve
haver um plano caso a criança desande, especialmente durante as
transições mais importantes do desenvolvimento, como iniciar o
ensino médio.
Treinamento
de Habilidades para os Professores
A
intervenção comportamental na escola somente pode acontecer se os
professores focarem em um bom gerenciamento de práticas de sala de
aulas, no desempenho acadêmico e nos relacionamentos entre os
colegas.
O
treinamento de professores é amplamente disponível e programas
gerais que treinam todos os funcionários e administradores, ou
seguem um modelo de consultoria (Isso nos Estados Unidos). Começam
com sessões semanais com um terapeuta ou psicólogo da escola. As
sessões vão se distanciando conforme os professores aprendem as
habilidades que vão utilizar com as crianças TDAH nas horas de
aula. Em geral, os professores precisam de 2 a 10 horas de
treinamento. As técnicas comportamentais devem se integrar aos
programas baseados na escola, tais como os planos IEPs e o 504 (Isso,
nos Estados Unidos) e devem estar disponíveis a todos os membros
relevantes da equipe escolar.
Cartão
Diário de Avaliação
Uma
coisa que é absolutamente essencial para as crianças com TDAH é um
cartão de avaliação diário. É uma ferramenta para o
monitoramento constante do progresso da criança e pode ser utilizado
para ajustar a dosagem mais adequada da medicação, se necessário.
Um
pai ou m terapeuta age em conjunto com a escola para determinar as
metas para a criança – o que fará a criança atuar melhor na sala
de aula, as coisas mais importantes que precisam ser reduzidas em
termos de problemas ou de trabalho acadêmico. Então, juntos, eles
estabelecem um sistema simples para o professor avaliar
periodicamente como a criança se comporta durante o dia, para dar o
reforço que ela precisa e fornecer uma nota para casa. Os pais
seguem em casa com recompensas para a criança que está apresentando
um bom dia escolar. Há um modelo de cartão de avaliação diária
que pode ser baixado em www.ccf.fiu.edu
Essa
ferramenta é necessária porque as crianças com TDAH precisam de
reforço específico para seu comportamento com maior frequência do
que uma vez por semana. Custa pouco e toma pouco tempo do professor,
mas é eficiente para mudar o comportamento da criança na escola.
Uma vez adotado o cartão diário de avaliação, ele reduz o tempo
que os professores precisam gastar para lidar com os comportamentos
problemáticos da criança e proporcionam uma ferramenta para o
monitoramento contínuo do progresso da criança.
Intervenções
com a Criança
A
abordagem comportamental e de desenvolvimento usada com as crianças
focaliza no ensino de competências acadêmicas, recreacionais e
sociais/comportamentais, diminuindo a agressividade, aumentando a
obediência, desenvolvendo amizades consistentes, melhorando o
relacionamento com os adultos e construindo a autossuficiência.
Há
vários níveis de tratamento: para-profissionais, tratamento
intensivo (como programas de 8 semanas no verão), sessões depois
das aulas, e sessões de 6 horas aos sábados. Todos os programas
usam um núcleo de procedimentos que incluem treinamento (coaching),
uso de exemplos, modelagem, representação teatral de papéis,
reforço, recompensas e consequências, e prática.
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sexta-feira, 19 de agosto de 2016
VINTE E UM COMENTÁRIOS IGNORANTES SOBRE O TDAH (E OS FATOS PARA REFUTÁ-LOS) - 428
VINTE
E UM COMENTÁRIOS IGNORANTES SOBRE O TDAH (E OS FATOS PARA
REFUTÁ-LOS)
O
TDAH não é desobediência de propósito. Não é causado por muito
açúcar ou muitos jogos eletrônicos. E castigo físico não é um
método de cura. A seguir, nossos leitores compartilham 21 dos mais
ignorantes comentários sobre o TDAH, e os fatos que usam para
refutá-los. Pelos leitores e editores de ADDitude.
Os
piores comentários sobre o TDAH
Quando
de fala sobre o TDAH, os mitos e a desinformação abundam. Nossos
leitores compartilham alguns desses comentários idiotas e sem pés
nem cabeça que ouviram de estranhos, professores, médicos e membros
da família, sobre o TDAH. Prepare-se para o massacre de
insensibilidade.
1-
É somente uma birra
Minha
mãe ficou em minha casa por uns dias. Toda vez que meu filho
“enlouquecia”, ela dizia “Bem, para mim, é só uma crise de
birra”. Eu até poderia concordar com ela se esses descontroles não
acontecessem todos os dias!
2-
É um falha de caráter
Enquanto
eu crescia, meus pais me faziam crer que era um “defeito no meu
caráter”, e não desatenção, o que me impedia de ir bem no
desenvolvimento das habilidades acadêmicas. Precisei reconhecer o
TDAH nos meus próprios filhos para começar a me livrar do
sentimento de culpa!
3-
É um criador de caso
Quando
meu filho estava no quarto ano, sua professora ficou cansada com o
que ela descrevia como “mau comportamento” e “desrespeito às
regras”. Ela começou a dizer que nós éramos uma família de
“criadores de caso”. Um professor não devia ter mais
conhecimento?
4-
Hiperativo
“Oh,
ele é só um pouquinho hiper”. Bem, isso é uma subestimação.
5-
Aprender a ser pai (mãe)
Antes
de ser diagnosticado como TDAH, um pediatra sugeriu de verdade que eu
tomasse aulas de como ser pai ou mãe. Foi preciso que eu me mudasse
para outro estado e consultasse outro pediatra para que meu filho
fosse corretamente diagnosticado com TDAH.
6-
O melhor remédio
Um
dia fui comprar a medicação do meu filho e o farmacêutico disse
“Você sabia que economizaria um bom dinheiro se em vez de remédio
lhe desse umas boas palmadas?”. Fiquei chocada!
7-
A solução é o Esporte
Alguém
uma vez me disse que se eu pusesse meu filho para praticar algum
esporte os problemas de comportamento deles seriam resolvidos. “Ele
só precisa ficar muito cansado”.
8-
Pais que criticam
“Eu
nunca deixaria meu filho fazer isso”. Acho que seu filho não tem
TDAH.
9-
Por um freio nele
“O
que há de errado com essa criança?! Por que os pais não põem um
freio nela?”. Se fosse assim tão simples.
10-
Teste do tempo
“Ela
vai superar isso”. Já ouviu falar do TDAH do adulto? Suspiro.
11-
Mal ajustado socialmente
Fui
apelidado de “mal ajustado” pela minha professora de jardim de
infância, mas, na verdade, eu ficava apenas aborrecido porque não
estava aprendendo nada novo.
12-
Desmotivado
Enquanto
crescia, fui chamado de “preguiçoso e desmotivado” e foi dito
que eu só precisava me aplicar mais.
13-
A vergonha das drogas
Então
há os que dizem “Oh meu Deus, você dá essas drogas para ela?
Você não tem medo do que elas fazem a ela?” Humm...não. Estou
mais preocupada com o que minha filha vai fazer se ela não tomar
seus medicamentos!
14-
Vantagem desonesta
“O
Plano 504 e os IEPs (Programas Individuais de Educação) são uma
vantagem desonesta”. Oh, tá certo, porque ter TDAH é como dar um
passeio na praça.
15-
Esforce-se
“Você
não está vivenciando todas as suas potencialidades. Se você apenas
se esforçasse mais um pouco...”. Nós todos já escutamos isso.
16-
As dificuldades para a pender
Fui
diagnosticada com TDAH no jardim de infância. Minha professora do
primeiro ano disse “Bem, ela só é burra e não consegue
aprender”. Hoje, tenho 4 graduações de bacharel e uma de
mestrado, e estou me preparando para um doutorado. Adivinha se eu não
provei que ela estava errada.
17-
Os inteligentes
“Gente
inteligente não tem incapacidades e gente com incapacidades não é
inteligente”. Isso, obviamente, não é verdade. Já ouviu falar de
Einstein? Sim, ele tinha TDAH.
18-
Um dia “tipo TDAH”
É
uma neura pra mim quando um não TDAH brinca dizendo “Hoje estou
tão TDAH”, quando estão distraídos. É o tipo de piada que faz
as pessoas deixarem de considerar o TDAH um transtorno grave.
19-
Um lar desfeito
Uma
vez, alguém me disse que eu me comportava daquele jeito porque eu
era o produto de um “lar desfeito”.
20-
O que há num nome?
“Irresponsável”
é uma palavra que ouço constantemente enquanto cresço. Sinto que é
o meu nome do meio, ou segundo nome.
21-
Sobrecarga de TV
Tive
um professor de psicologia que me disse que o TDAH era provocado por
maus pais e por excesso de TV! Fiquei vermelho de raiva por vários
dias. Doeu meu coração pensar que alguém pudesse realmente dizer
isso.
segunda-feira, 15 de agosto de 2016
O TDAH da criança e o do adulto podem ser transtornos independentes. 427
O
TDAH da criança e o do adulto podem ser transtornos independentes.
Novas
pesquisas, polêmicas, sugerem que as pessoas, que não demonstram
nenhum sinal de TDAH na infância, podem desenvolver a condição
mais tarde na vida e, inversamente, crianças com o diagnóstico
podem superar no crescimento os seus sintomas.
Duas
novas pesquisas sugerem que o TDAH adulto não é uma simples
continuação do TDAH da infância, mas, na verdade, um transtorno
separado, com um desenvolvimento independente ao longo da vida. E,
além disso, o TDAH com início na idade adulta pode ser realmente
mais comum do que o de início na infância. Esses dois resultados
vão contra o que se acredita popularmente, e pedem para serem
confirmados com mais pesquisa.
Os
dois estudos, publicados no número de julho de 2016 do JAMA
Psychiatry, usaram metodologia semelhante e mostraram resultados
muito parecidos. O primeiro, conduzido por uma equipe da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, no Brasil, avaliou mais de 5 mil
indivíduos nascidos em 1993 na cidade de Pelotas. Aproximadamente 9%
deles foram diagnosticados como TDAH da infância – uma taxa bem
dentro da média. Doze por cento dos mais de 5 mil indivíduos
preencheram os critérios de TDAH quando adultos –
significativamente mais do que era esperado pelos pesquisadores –
mas havia superposição muito pequena entre os grupos. De fato,
somente 12,6% dos adultos com TDAH tinham sinais diagnosticados como
TDAH na infância.
O
segundo estudo, que avaliou 2.040 gêmeos nascidos na Inglaterra e no
País de Gales de 1994 a 1995, verificou que de 166 indivíduos que
preenchiam os critérios para TDAH do adulto, mais da metade (67,5%)
não tinham nenhum sintoma de TDAH na infância. Dos 247 indivíduos
que preenchiam os critérios para TDAH na infância, menos de 22%
retiveram tal diagnóstico como adultos.
Os
resultados desses dois estudos confirmam os achados de uma pesquisa
da Nova Zelândia, publicada em outubro de 2015, na qual foram
seguidos indivíduos desde o nascimento até a idade de 38 anos. Dos
pacientes que mostraram sinais de TDAH como adultos, naquele estudo,
um surpreendente índice de 90% não mostraram nenhum sinal do
transtorno na infância.
Os
resultados combinados desses dois estudos sugerem que a definição
mais amplamente aceita do TDAH (como um transtorno que se desenvolve
na infância e ocasionalmente se resolve com o crescimento do
paciente) pode estar precisando de uma revisão. Alguns especialistas
permanecem em dúvida, entretanto, e sugerem que os autores dos
estudos podem ter simplesmente ignorado os sintomas de TDAH na
infância nos casos em que ele aparentemente surgiu na idade adulta.
“Como
essas dúvidas sugerem que as pesquisas do Reino Unido, Brasil e Nova
Zelândia podem ter subestimado a persistência do TDAH e
superestimado a prevalência do TDAH de aparecimento no adulto, seria
um erro para os profissionais admitir que muitos adultos a eles
encaminhados com sintomas de TDAH não tiveram uma história de TDAH
na infância”, escreve Stephen Faraone, Ph.D., e Joseph Biederman,
M.D., em um editorial alertando a comunidade TDAH a interpretar os
dois mais recentes estudos como “um grão de sal”. Eles acham que
os resultados são “prematuros”.
Em
ambos os estudos, entretanto,os que tinham TDAH do adulto mostraram
níveis elevados de comportamento criminoso. Abuso de substâncias,
acidentes de tráfego e tentativas de suicídio. Essas preocupantes
correlações permaneceram mesmo após os autores terem ajustado a
análise para outros transtornos psiquiátricos – provando uma vez
mais que quer se desenvolva na infância ou na idade adulta, o TDAH
não tratado é um problema sério. Por Devon Frye. ADDitude.
quarta-feira, 22 de junho de 2016
Tome cuidado! Os médicos confundem TDAH com Transtorno Bipolar do Humor - 426
Tome
cuidado! Os médicos confundem TDAH com Transtorno Bipolar do Humor
Para
os médicos que são treinados em transtornos do humor, os sintomas
do TDAH podem se parecer com Transtorno bipolar. Não deixe que seu
médico erre o seu diagnóstico.
Dr.
Willian Dodson, M.D.
As
pessoas com o sistema nervoso do tipo TDAH são passionais. Elas
sentem as coisas mais intensamente que as pessoas com sistema
neurológico normal. Elas tendem a reagir exageradamente a pessoas e
a acontecimentos em suas vidas, especialmente quando percebem que
alguém as está rejeitando e retirando amor, aprovação ou
respeito.
Os
médicos veem o que estão treinados a ver. Se eles veem “oscilações
de humor” somente em termos de transtornos de humor, eles mais
provavelmente diagnosticarão um transtorno de humor. Se eles são
treinados a interpretar a excessiva energia e o pensamento veloz em
termos de mania, isso é o que eles provavelmente diagnosticarão.
De
acordo com dados do National Comorbidity Survey Replication (NCS-R),
todos os adultos com TDAH foram diagnosticados como tendo transtorno
bipolar do humor (TBH). O TDAH não foi uma opção. Quando a maioria
deles obteve o diagnóstico correto, eles já tinham se consultado
com 2,3 médicos, em média, e fracassado em 6,6 tipos de tratamento
com antidepressivos e estabilizadores do humor.
Antes
de que um médico faça o diagnóstico, os pacientes precisam saber
que as doenças do humor:
-
Não são desencadeadas por eventos da vida diária; elas “caem do
céu”
-
São independentes do que está acontecendo com a vida da pessoa
(quando
coisas boas acontecem, eles ainda se sentem “miseráveis”);
-
Têm início lento, durante semanas ou meses;
-
Duram semanas ou meses, a não ser que tratados.
Os
pacientes também precisam saber que as oscilações de humor do
TDAH:
-
São uma resposta a algo que está acontecendo na vida da pessoa;
-
Combinam com o que a pessoa percebe como fator desencadeante;
-
Mudam instantaneamente;
-
Desaparecem rapidamente, geralmente quando a pessoa diagnosticada com
TDAH se engaja em algo novo e interessante.
Se
você não consegue que seu médico veja essas distinções
importantes, a probabilidade é de que você será mal diagnosticado
e não receberá o tratamento adequado.
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