terça-feira, 8 de março de 2011

60- Repensar o TDAH a partir de uma perspectiva cognitiva

Introdução
Embora o diagnóstico de TDAH seja baseado nos sintomas de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade, a evidência sugere que crianças com TDAH também apresentam significativas deficiências cognitivas em áreas que são essenciais para o funcionamento diário, tanto na escola quanto em casa. Especificamente, pesquisas indicam que crianças com TDAH frequentemente têm problemas em:

• funções executivas (por exemplo, o planejamento de um projeto, manter a atenção na tarefa, ignorando informações irrelevantes)

• memória de trabalho (que é muitas vezes considerada uma função executiva)

• a velocidade de processamento (crianças com TDAH processam as informações de forma mais lenta do que seus pares)

No entanto, é importante notar que muitos desses processos cognitivos são frequentemente inter-relacionados. Por exemplo, problemas na memória de trabalho podem afetar negativamente outras funções executivas, ou velocidade de processamento lenta pode reduzir a habilidade de recordar e organizar as informações.

Quanto mais nova ou complexa uma tarefa, maior será a necessidade de funções executivas. Tarefas exigentes podem incluir aprender a conduzir um carro pela primeira vez ou escrever uma redação.

Funções executivas

As funções executivas contribuem tanto para o processamento dinâmico, bem sucedido, em tempo real, de momento a momento, da informação, quanto das ações de autor-regulação que ocorrem durante um longo período de tempo (como o planejamento e tomada de decisão).

Uma das maneiras mais fáceis de entender o impacto de momento a momento das funções executivas no comportamento é pensar sobre o papel do maestro de uma orquestra. Uma orquestra é composta de muitos tipos diferentes de instrumentos (oboé, clarinete, violino, e assim por diante) e cada um desses instrumentos pode ser tocado de forma independente. O papel do maestro é dinamicamente integrar e organizar os vários elementos da orquestra, de momento a momento, para alcançar a sua meta em relação à peça musical. Da mesma forma, são as funções executivas do cérebro que organizam as ações em curso e as emoções do indivíduo para guiar o comportamento intencional de momento a momento. Assim, os indivíduos com deficiências da função executiva muitas vezes têm falta de organização e de foco, e têm dificuldade de adaptar-se com flexibilidade para o contexto ou situação.

Para entender o papel que desempenham as funções executivas no comportamento de um indivíduo que ocorre em períodos de tempo mais longos, pense sobre o papel do executivo-chefe (CEO) em uma grande corporação. O CEO funciona como principal tomador de decisão, organizando, planejando, orientando e integrando as diversas ações e decisões dos departamentos das empresas. Da mesma forma, as funções executivas organizam as ações e as emoções de um indivíduo para controlar o comportamento intencional, como o planejamento, tomada de decisão e monitoramento dos resultados. As funções executivas podem ser divididas em diferentes subfunções e cada um contribui para a capacidade de um indivíduo a agir de uma dirigida e intencional modo objetivo. Estas subfunções incluem a capacidade de um indivíduo para:

• representar ou identificar um problema,

• desenvolver planos e executá-los,

• organizar a si mesmo e às atividades,

• inibir ações e regular as emoções,

• resistir a distrações e controlar a atenção,

• automonitorar-se e auto-avaliar pensamentos e ações.

Os pesquisadores examinaram uma série destas subfunções inter-relacionadas em crianças e adultos e descobriram que a capacidade das crianças para exibir funções executivas (por exemplo, ações de autorregularão e comportamento), melhora durante o desenvolvimento. No entanto, mesmo crianças muito jovens podem apresentar funções executivas, tais como a capacidade de inibir uma ação ou regular as emoções. (continua na próxima postagem) http://research.aboutkidshealth.ca/teachadhd/abc/chapter3/document_view

segunda-feira, 7 de março de 2011

59- Disciplina (Prof. João Marcello Almeida)

Um jornalista costuma dizer que o "futebol é a coisa mais importante dentre as menos importantes". Parece-me uma boa definição... Essa importância paradoxal, no entanto, atinge cada vez mais as áreas verdadeiramente "importantes" da vida. O caso mais recente, e cansativamente comentado, refere-se ao jogador santista Neymar, seu ex-técnico Dorival Júnior e o Santos Futebol Clube. Temos, portanto, dois funcionários, hierarquicamente distintos, e uma instituição quase centenária. Os fatos todos conhecem: desrespeito do jogador, punição do técnico, não aceitação da instituição, demissão do técnico, "vida normal" ao jogador. As discussões sobre esse caso se desdobraram em interessantes questões. Talvez a mais importante delas esteja na ideia de que faltou disciplina ao jogador. E aqui está uma palavra que nos últimos tempos está sendo carregada de sentidos pejorativos e perigosos.
Disciplina pode ser entendida como obediência, como respeito (moral) e até mesmo como "força de vontade". Nos dois primeiros significados (pois o terceiro é pouco usado), a disciplina passou a ser negativa: ela tolhe a criatividade, a liberdade, o vínculo afetivo, a jovialidade (já que pais e filhos não cumprem mais seus papéis sociais,mas são meros amigos que moram juntos, e que possuem "quase" a mesma idade - moral, comportamental, consumidora). Por que obedecer? O que respeitar? Neymar é mais talentoso que Dorival; Neymar ganha mais e gera mais lucros ao clube que lhe paga; Neymar é ídolo, Dorival não. Neymar sofreu o pênalti... é justo que ele queira bater; por que ele tem que obedecer seu treinador?

É isso que aconteceu com a disciplina. De virtude, tornou-se vício, repressor e opositor ao talento. E é isso também que ocorre diariamente nas salas de aula. Os alunos não precisam obedecer... eles são mais importantes que os professores, eles geram lucros para as instituições educativas, eles, se infelizmente não forem professores, ganharão mais que seus mestres. Eles serão Neymar! E o que será feito?

A escola precisa recordar seu papel primordial de, na ausência da instituição família, por exemplo, educar moralmente seus alunos. Uma pessoa alfabetizada moralmente aplica princípios, pois não há regras para todas as situações. O princípio não diz o que fazer, mas inspira uma conduta. O princípio do dia é a disciplina. A mesma que faltou a Neymar, que não obedeceu e respeitou seu treinador; a mesma que faltou a Dorival, que não ensinou a disciplina a seus atletas em inúmeras situações anteriores; a mesma que também faltou à instituição Santos F.C., que refugou à hipótese de disciplinar seu jogador mais importante.

O futebol precisa de talento e de disciplina. A educação também!

Prof. João Marcello Almeida
Historiador e Pedagogo, Professor do Colégio São Luiz/SP
Publicado em http://www.aprendercrianca.com.br/

domingo, 6 de março de 2011

58- TDAH em adultos

Algumas pessoas com TDAH continuam a ser desatentas, desorganizadas, impulsivas e temperamentais na vida adulta.  Embora adultos com TDAH possam obter significativo sucesso na vida, as pesquisas mostram que os adultos com TDAH correm maior risco de resultados negativos. Em comparação aos seus colegas sem TDAH, os adultos com TDAH tendem a:

§  Ter rendimentos significativamente menores e sofrer níveis mais elevados de estresse do que adultos sem TDAH com níveis equivalentes de educação.
§  Ter menor posição hierárquica no emprego.
§  Ter problemas emocionais e sociais mais graves.
§  Ter maiores taxas de divórcio.
§  Ter uma autoimagem menos positiva.

Além disso, adultos com TDAH podem ter maior dificuldade no papel de pais, especialmente se forem pais de uma ou mais crianças que também tenham  TDAH. Alguns pais com TDAH podem ter dificuldade em aderir a esquemas e a rotinas e podem sentir dificuldade de acrescentar mais itens à sua rotina diária.
Do ponto de vista do professor, pais com TDAH podem representar desafios para a comunicação entre a escola e a família. Veja a lista:
Lista: Possíveis Desafios de Comunicação com os Pais que têm TDAH
Desatenção:
Podem esquecer-se de assinar documentos, permissões e as tarefas de casa.
Podem perder partes da conversa entre professor e pais.
Podem não seguir planos elaborados em conjunto com a escola.
Podem chegar atrasados para a reunião com os professores, ou no dia errado.
Impulsividade/hiperatividade:
Podem dominar a conversa ou interromper frequentemente a entrevista de pais e professor.
Podem bater o lápis, esfregar as mãos ou mudar frequentemente de posição durante a entrevista de pais com o professor.
Podem parecer impacientes, irritados, ou desinteressados.
Outros problemas relativos ao TDAH:
Podem tratar cada incidente envolvendo seu filho como uma grave crise.
Podem não conseguir modular a voz ou o tom durante a entrevista, podendo parecer bravos, irritados, acusadores etc.
As seguintes propostas foram feitas aos professores que trabalham com pais que podem ter TDAH:
• Não julguem e somente discutam os tipos de comportamento (acadêmicos ou sociais) que estão prejudicando o desempenho da criança na sala de aulas.
• Lembrem-se de que os sintomas do TDAH não são “ruins” mas que interferem no aprendizado e no sucesso acadêmico do aluno.
• Forneçam aos pais um resumo escrito ou uma breve conversa sobre os pontos chave de uma reunião e revejam os passos chave do plano de ação.
• Peçam aos pais informações sobre o que eles fazem para ajudar a criança em casa (por exemplo, estratégias que funcionam) ou informações sobre os tipos de atividades que a criança demonstra ser capaz de gostar.
• Trabalhem em equipe. Criem estruturas que ajudem vocês e os pais a lidar com situações comuns (por exemplo, devolver livros ou trabalhos). Perguntem aos pais o que seria melhor para eles ou o que encaixaria com as suas rotinas já existentes.
• Se os pais estiverem interessados, encaminhem-nos para os recursos e apoios (tais como os recursos da comunidade, livros e sítios da internet) que possam fornecer-lhes mais informação sobre os cuidados paternos para uma criança com TDAH.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

57- A Perspectiva das Crianças que Vivem com TDAH

Uma área importante e relativamente negligenciada da pesquisa sobre TDAH é a de como as crianças com o transtorno sentem suas vidas. Como o objetivo essencial do tratamento do TDAH vai além da redução dos sintomas, para melhorar a qualidade de vida das crianças em casa, na escola e com os amigos, é muito importante aprender como as crianças com TDAH sentem suas vidas . O que torna isso especialmente verdadeiro é que a percepção que as crianças têm de si mesmas pode ser muito diferente da opinião dos seus professores e dos seus pais.

A pequena quantidade de pesquisa nesta área trouxe resultados variados. Quando foram examinados os relatos dos pais, as crianças com TDAH tinham qualidade de vida mais baixa do que as crianças com outras doenças mentais e as que tinham outras doenças crônicas, como asma. Entretanto, quando os pesquisadores avaliaram os relatos das próprias crianças, alguns encontraram qualidade de vida mais baixa do que os colegas sem TDAH, enquanto outros não encontraram nenhuma diferença.

Também é o caso de um conjunto de pesquisas que identificou o que alguns pesquisadores chamam de “viés positivo ilusório”, em jovens com TDAH, pelo qual eles fornecem relatos positivos inesperados sobre sua própria competência. E alguns pesquisadores indicaram que a maioria das crianças com TDAH superestimou sua competência no domínio do seu maior déficit. Nesses estudos, os relatos dos pais e ou dos professores foram tidos como reveladores da competência real das crianças, e os relatos das crianças que excediam esses níveis foram tidos como reveladores das avaliações não realistas das crianças.

Estudos anteriores não examinaram cuidadosamente o que realmente significam as discrepâncias na avaliação da competência e nos relatos de qualidade de vida entre as crianças com TDAH e seus pais. Entretanto, esta é uma questão importante a ser esclarecida. Esta questão foi uma das que foram estudadas em recente pesquisa publicada com o título ‘The Child's Experience of ADHD’, que apareceu em número recente do Journal of Attention Disorders [Sciberras et al., (2010)]. The child's experience of ADHD. Journal of Attention Disorders, publicado online em Dezembro, 2010].

Os participantes eram 47 jovens de 8 a 18 anos de idade, diagnosticados com TDAH, e seus pais. Quarenta e cinco eram masculinos e somente duas eram femininas. Todos foram recrutados dos ambulatórios clínicos do Royal Children's Hospital em Melbourne, Austrália. Durante o estudo, aproximadamente 90% estavam sendo tratados com medicação estimulante.

Para saber sobre as percepções das crianças e dos pais sobre a qualidade de vida das crianças, os participantes completaram o Pediatric Quality of Life Inventory, uma lista de 23 itens para medir a qualidade de vida em seis domínios: físico, emocional, social, escolar, psicossocial e de funcionamento geral. Esta é uma medida bem estabelecida e validada da qualidade de vida da criança. Os pais também completaram uma escala de avaliação do comportamento para indicar a gravidade dos sintomas e dos problemas de comportamento dos seus filhos.

Além disso, as crianças completaram o Harter Self-Perception Profile for Children. Ele avalia os sentimentos das crianças a respeito de sua própria competência em seis domínios: competência escolástica, aceitação social, aparência física, conduta comportamental e auto avaliação global.

Finalmente, as crianças completaram um teste denominado 'What am I like?' (Como eu sou?) que foi planejado para avaliar sua visão a respeito de seus sintomas e comportamentos. Uma amostra dos itens inclui 'Tenho muita energia', 'Tenho TDAH', 'Tomar remédio me ajuda', 'Acho que sou burro', 'Poderei ser o que eu quiser quando crescer'. Para cada item, as crianças marcavam se concordavam ou discordavam em uma escala de 4 pontos. Como é evidente pelos exemplos, os itens cobriam uma variedade de assuntos, indo da consciência dos sintomas e dificuldades, a sentimentos sobre o uso de medicação e o otimismo quanto ao futuro.

- Resultados -

O resultado mais surpreendente deste estudo foi que em todos os domínios de qualidade de vida, exceto para o ´físico´, as crianças informaram taxas maiores de qualidade de vida do que os seus pais. Estas diferenças não eram somente estatisticamente significantes, mas também eram de grande magnitude. Então, está claro que as crianças com TDAH relatam que se sentem muito melhor em relação à sua vida acadêmica, social e emocional do que imaginam os seus pais.

Na busca do entendimento do significado das diferenças entre as taxas de qualidade de vida da criança e dos seus pais, os pesquisadores focalizaram o domínio social, porque ele refletia a escala mais ampla de qualidade de vida. Nessa escala, 77% das crianças relataram qualidade de vida maior do que seus pais. Interessante que não houve nenhuma diferença na gravidade do TDAH ou dos sintomas oposicionistas entre as crianças que relataram valores maiores em contraste com as que relataram valores menores de qualidade de vida neste domínio, em relação aos seus pais. Entretanto, as crianças que relataram menores taxas de qualidade de vida do que seus pais mostraram valores mais baixos na escala de auto-avaliação global do Harter Self-Perception Profile for Children.

Resultados do 'Como eu sou?' também forneceram achados interessantes. A maioria das crianças, isto é, ao menos 70%, concordaram com a afirmação que indicava a consciência de comportamentos hiperativos, desatentos e impulsivos. Por exemplo, 76% das crianças concordaram que tinham dificuldade de se concentrar. Então, a maioria das crianças concordava em admitir suas dificuldades nessas áreas.

Uma porcentagem significativa de crianças também admitiu ter preocupação em áreas relacionadas. Assim, 44% sentiam que os problemas em sua família eram por sua culpa, 53% sentiam que elas perturbavam sua classe, 32% sentiam que eram ´burras´, e 46% relataram que ´se preocupavam muito´.

Apesar desses achados, muitas crianças concordaram com as afirmações que traziam otimismo sobre si mesmo e seu futuro. Assim, 79% pensavam que seu TDAH ´ficaria melhor´ e que elas poderiam ´ser o que eu quiser quando eu crescer´. Mais de 60% pensavam que podiam ´aprender as coisas rapidamente´, 66% pensavam que eram ´legais´ e 83% concordavam em que ´acompanhavam as outras crianças´.

Os resultados específicos para o TDAH e seu tratamento também foram interessantes. A maioria (70%) não se importava em ter de tomar medicação, 85% concordavam que a medicação os ajudava, e somente 20% relataram preocupação sobre 'os comprimidos poderem causar dano'. Quarenta e quatro por cento estavam preocupados ´por ter TDAH´ e somente 23% concordavam que TDAH é uma ´doença´.

- Resumo e Implicações -

Os resultados deste estudo fornecem fortes evidências de que os jovens com TDAH tendem a ver suas vidas de modo mais positive do que os seus pais. Alguns pesquisadores sugeriram que isto reflete um 'viés positivo ilusório' por parte das crianças com TDAH que serve uma importante função autoprotetora, mas que pode prejudicar sua motivação para superar dificuldades importantes em suas vidas. Em outras palavras, estas visões mais positivas podem ser um problema em vez de uma ´proteção´.

Por outro lado, esses autores verificaram que crianças com taxas de qualidade de vida menos positivas do que a dos seus pais tinham significativamente menor autovalorização, o que sugere afetos negativos associados com a visão menos positiva de suas vidas. Claramente, não é possível aprender deste estudo sozinho quais são as possíveis implicações do fato de jovens com TDAH terem maior tendência a relatar qualidade de vida mais positiva do que os seus pais, e o significado destas discrepâncias certamente irá variar entre os pares individuais de pais e filhos. Como os autores notam, mais pesquisa sobre esse assunto é necessária, seguindo as crianças por mais tempo, para entender melhor o possível significado das discrepâncias que eles encontraram.

Apesar das taxas de qualidade de vida mais positivas, não é o caso de jovens com TDAH estarem alheios a suas dificuldades. A maioria admitiu dificuldades ligadas ao núcleo dos sintomas do TDAH e uma substancial minoria relatou sentimentos de preocupação, culpando-se pelas dificuldades da família, sentindo-se burra e percebendo que atrapalhavam as aulas. Isto ressalta a importância de avaliar cuidadosamente estes tipos de problemas, porque preocupações dessa natureza certamente deverão ser resolvidas no tratamento da criança.

Uma descoberta que eu achei surpreendente foi a de que uma pequena porcentagem de jovens – somente 23% - via o TDAH como uma doença. A concepção do TDAH como um transtorno com importantes aspectos biológicos é certamente a visão predominante no campo, mas isto não parece ser consistente com quantas crianças veem sua condição. Seria certamente interessante saber o que as crianças acreditam que seja o TDAH, e eu não sei de pesquisa que tenha examinado este assunto básico.

Há várias limitações neste estudo que foram admitidas pelos autores. Em primeiro lugar, as amostras eram quase somente do sexo masculino, e em que extensão esses achados podem ser aplicados às meninas não está claro. Em segundo lugar, a amostra foi relativamente pequena, baseada mais na clínica do que na comunidade, e foi recrutada de uma só região geográfica. Em que extensão estes achados se aplicam a uma amostra mais representativa de jovens com TDAH é incerto.

Seria também interessante se os autores comparassem os achados para os jovens de acordo com sua medicação, para saber se a autopercepção poderia ser influenciada pelo tratamento. A idade dos participantes, 8-18, é também muito ampla e o exame da autopercepção em grupos com idade mais estreitamente definida permitiria estudar as mudanças na autopercepção promovidas pelo desenvolvimento.

Finalmente, e mais importante, não há nenhum grupo comparativa de jovens com TDAH neste estudo. Assim, em que extensão a percepção da qualidade de vida difere entre os jovens com e sem TDAH não pôde ser determinada.

Embora estas limitações sejam todas importantes, os achados deste trabalho certamente sugerem um número interessante e importante de perguntas a ser respondido em pesquisa subsequente, O estudo também fornece um valioso lembrete do valor da atenção às experiências de vida das crianças com TDAH e como elas veem essas experiências.

David Rabiner, Ph.D. Associate Research Professor Dept. of Psychology & Neuroscience Duke University - Durham, NC 27708

sábado, 5 de fevereiro de 2011

56- Lição de casa

Diminua as brigas por causa do estudo e das lições de casa por meio de rotinas para o seu filho com TDAH. Por Vicki Siegel

Voltar às aulas significa voltar às lições de casa. Significa também brigas, lágrimas e frustração, porque o trabalho de casa exige mais disciplina e consistência do que muitas crianças com TDAH (ou qualquer criança, afinal) conseguem ter. Mas você pode tornar as tarefas de casa mais fáceis criando uma rotina baseada com três perguntas fundamentais: Quando? Onde? Como?

1. Quando?

• Determine um horário para os trabalhos de casa para todos os dias.

Faça isso de acordo com o temperamento do seu filho. Talvez ele esteja no seu melhor momento logo depois de chegar da escola, ou pode ser que seja uma hora depois. Evite as noites, que para a maioria das crianças é uma hora ruim.

• Seja consistente no dia a dia.

Se depois das atividades escolares for impossível o trabalho, afixe um plano diário ou um calendário semanal na sua cozinha, incluindo os horários de início e de término para cada dia.

• Determine o tempo necessário para completar as tarefas sem correria, baseado no nível de rendimento do seu filho e na história a respeito de completar as tarefas.

• Avise com antecedência sobre a hora das tarefas. Isto é importante, porque as crianças com TDAH não mudam facilmente de uma atividade para outra – especialmente de brincadeiras para trabalho. Você deve dizer, “Você pode brincar por mais 15 minutos, então venha fazer seus deveres de casa”.

2. Onde?

• Ajude seu filho a escolher um lugar de trabalho em casa. Tente a mesa da cozinha, onde ele pode espalhar o material. Ou talvez sua criança prefira sentar-se numa escrivaninha num local silencioso.

• Tente ficar longe de eletrônicos (TV, CD player). Mas se sua criança fica mais concentrada com algum ruído baixo, tente alguma música suave de fundo.

• Fique por perto (se possível). Crianças com TDAH ficam mais concentradas quando você estiver por perto. Se o seu filho precisar ir ao banheiro, lembre-o de que deve voltar logo em seguida. Quando ele sair do banheiro, lembre-o de que deve retornar ao seu trabalho.

3. Como?

• Estabeleça regras. Organize e imprima uma lista que especifique: horário de início e do fim; lugar; quando fazer pausas e por quanto tempo; e que você estará por perto para ajudar a entender as tarefas determinadas, a permanecer organizado e para dar apoio – mas não faça a lição de casa para o seu filho. Evite brigas – calmamente mostre-lhe as Regras.

• Ajude-o a começar. Certifique-se de que seu filho sabe qual é o trabalho e como fazê-lo. Ofereça assistência que seja de acordo com seu estilo de aprender. Para um processador verbal, leia as instruções para ele e faça-o ler em voz alta; para um processador visual, mostre-lhe como usar um marca-texto e marcadores coloridos para realçar as palavras chave e as frases importantes.

• Mantenha-o ocupado. Se o seu filho tenta parar antes de terminar, encoraje-o a continuar um pouco mais, e lembre-o de que haverá uma pausa logo mais.

• Faça uma pausa. Crianças com TDAH e com Dificuldades de Aprendizagem podem ficar cansadas por causa da distração, dos desafios da concentração, da frustração e da inquietação. Ajude seu filho a se recuperar, fazendo pausas curtas frequentes.

• Corrija ao final. Revise o trabalho do seu filho para ver se está completo. Se o seu filho sempre demora mais tempo do que o combinado, fale com o professor para ver se ele concorda em diminuir a quantidade de trabalho de casa.

• Elogie. Cumprimente seu filho quando ele ficar trabalhando, com atenção, quando for criativo etc. Seja específico. Diga, por exemplo, “Eu gosto do jeito com que você se concentra neste problema e insiste até que ele esteja resolvido.” Faça um carinho nele ou dê-lhe um abraço na metade da tarefa, também.

• Premie. É correto dar um premio para motivar. Para uma criança pequena, tente um tempo a mais para brincar, um lanche preferido ou um jogo, ou uma história especial lida em voz alta; para uma criança maior, um programa de TV favorito, um tempo a mais no computador, ou no telefone.

• Persista. Uma nova rotina de tarefas de casa requer sólido compromisso. Leva de um a três meses para que uma rotina se torne um hábito – até mesmo mais tempo para uma pessoa com TDAH. Mas a recompensa será disciplina, autocontrole e sucesso na aquisição de habilidades.
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