sábado, 23 de abril de 2011

75- Crianças e adolescentes desafiadores e violentos: Um treinamento de disciplina para refrear comportamento violento e desafiador.

ANTES: Você pega seu filho na casa de um amigo e diz “Está na hora de irmos. Por favor, você pode pôr o brinquedo de volta na caixa?” Seu filho continua a brincar. Você fala de novo, um pouco mais alto. Ele continua a brincar. Você diz “Vou contar até três, e, se este brinquedo não estiver na caixa, você não poderá brincar com o Joãozinho novamente.”. Seu filho agarra o brinquedo com mais força. Você toma o brinquedo e o coloca na caixa, e o seu filho começa a chorar, gritar e espernear.
Você fica embaraçado, e, para acalmá-lo, diz: “Ok, você pode brincar por mais dois minutos, depois temos de ir”. Você se vira para a mãe do Joãozinho e combina o encontro dele com seu filho da próxima semana. Em menos de um minuto você ensinou a seu filho que se ele fizer um escândalo, ele obtém o que quiser. Por não estabelecer uma consequência, você perdeu sua autoridade.

DEPOIS: Você diz: “Está na hora de irmos. Por favor, ponha o brinquedo de volta na caixa”. Você espera cinco segundos para ele obedecer, mas ele não se mexe. Você diz: “Se você não puser o brinquedo de volta na caixa, terá de ficar sentado de castigo”. Espera mais cinco segundos. Nada. Você diz: “Porque você não fez o que eu mandei, vai ter de ficar de castigo”. Seu filho corre para pôr o brinquedo na caixa. Você toma o brinquedo das mãos dele, põe de volta no chão e repete o que disse: “Porque você não fez o que eu mandei, vai ter de ficar sentado de castigo”. Então você leva seu filho a um lugar conveniente para o castigo e diz: “Fique aqui até que eu lhe diga para se levantar”.

Três minutos mais tarde, você pergunta ao seu filho: “Você está pronto para pôr o brinquedo de volta na caixa?”. Se ele disser que sim e o fizer, o castigo termina. Se não, o castigo continua até que ele esteja disposto a obedecer. Quando, finalmente, ele fizer isso, você diz: “Ótimo”, ou “OK”, mas não o elogie por isso. Imediatamente após isso, dê uma ordem que seja fácil de cumprir, tal como: “OK, agora peque o seu casaco”. Se ele fizer isso sem ter de ser mandado novamente – como a maioria das crianças fará nessa situação – diga: “Obrigado por obedecer de primeira. Estou muito orgulhoso de você”. Então, dê-lhe uma atenção positiva, para que ele perceba que o relacionamento de vocês não foi prejudicado.

O castigo deve terminar com a mesma ordem pela qual começou, para que seu filho saiba que ele tem de fazer o que você eventualmente mandar.

Por Laura Flynn McCarthy – ADDitude – spring 2011

74- Levando a sério o controle dos sintomas do TDAH

A terapia cognitiva comportamental (TCC) pode melhorar significativamente o controle dos sintomas do TDAH. Você já pensou em acrescentar a TCC ao seu plano de tratamento? Por Wayne Kalyn

Uma leitora recentemente nos enviou um e-mail e suas palavras desenhavam um quadro rabiscado, mas correto, um Rauschenberg se você preferir, da hiperatividade e da insegurança:

“Eu me sinto um fracasso. Por que não consigo fazer meu trabalho? E por que eu sempre me meto em apuros por perguntar. Por quê?”. “Tinha ficado entusiasmada com o emprego no início. Agora, parece que não consigo me focar nele por mais de um segundo. Estou tendo muita dificuldade para permanecer ativa. Quero chorar, quero correr. Não consigo ficar sentada aqui no meu canto. Quero apertar botões, girar em minha cadeira, arrumar minha roupa, e correr, mas não tenho tempo porque estou atrasada novamente, muito atrasada. Quero me esconder debaixo da minha mesa de todos os que me veem como tal fracasso. Preciso trabalhar, droga!”

Tenho perguntas. Ela está tomando remédio? Ela está sendo orientada por um coach? Ela está falando de suas dificuldades para um conselheiro? Ela está meditando sobre sua ansiedade antes do trabalho? Ela está se exercitando depois do trabalho? Ela está experimentando neurofeedback ou fazendo treinamento de memória de trabalho? Ela está fazendo terapia cognitiva comportamental (TCC)? E, se ela não está fazendo alguma – ou nenhuma dessas coisas – por que não?

Pergunte a um especialista sobre o tratamento do TDAH e suas primeiras palavras serão previsíveis e também muito verdadeiras: Certifique-se de tratar bem todos os seus sintomas. Você consegue levar a vida com o TDAH, mas somente quando leva a sério o compromisso de controlar seus sintomas.

O que me traz de volta à terapia cognitiva comportamental, que não é mencionada suficientemente nos círculos do TDAH. Um estudo importante publicado por Steve Safren, Ph. D., e pelo Massachusetts General Hospital durante o verão, mostrou que participantes portadores de TDAH que usaram essa técnica - adquirindo habilidades para lidar com os desafios da vida e/ou desafiar e vencer os pensamentos positivos – viram uma melhora de 30% no controle dos sintomas do TDAH. Isto é significante

A TCC poderia ensinar aos nossos amigos derrotados e inseguros mais do que a usar eficientemente calendários e listas, a resolver problemas e a lidar preventivamente com as distrações antes que eles fiquem girando em suas cadeiras.

Se você ainda não pensou em acrescentar a TCC ao seu tratamento, leia na ADDitude a história sobre a técnica. Pode mudar sua mente.

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quinta-feira, 21 de abril de 2011

73- Desafios podem tornar prazeroso para a criança o dever de casa.

Muitas vezes é complicado afastar a criança das brincadeiras e das horas passadas na frente da televisão para que ela faça o dever de casa. Manhas e expressões emburradas podem ser comuns nos pequenos que não gostam do compromisso diário. Segundo especialistas, diminuir a cara feia é dever dos pais e professores, que devem tornar a lição sinônimo de criatividade e diversão para as crianças.
Para a psicóloga e mestre em psicologia escolar Luiza Elena Valle, o dever de casa não é somente importante para a criança, é uma oportunidade para a escola e a família trabalharem juntas. "Percebo a lição de casa como uma chance para os pais acompanharem o que acontece na escola. E também é essencial para os professores reforçarem o aprendizado dos pequenos e tirarem as dúvidas que possam surgir", diz.

A especialista defende, porém, que o trabalho só será produtivo se representar algo prazeroso para a criança. Para isso, ela defende que é preciso atiçar a curiosidade dos pequenos. "As crianças gostam de desafios e não é produtivo aquele tipo de lição de casa, repetitivo, desinteressante. Espera-se que a lição de casa permita um espaço criativo, de descoberta, de gostar de aprender. Se não for assim, perde a razão de ser", afirma.

Além disso, o interesse dos responsáveis nos exercícios escolares também serve para que a própria criança valorize as tarefas. "O empenho dos pais é importante, não apenas para desenvolver responsabilidades em relação às obrigações da criança, mas também para incentivar mais conhecimentos e valorizar a tarefa", afirma.

Luiza diz que o acompanhamento dos pais não significa fazer o dever pelo filho, e muito menos aproveitar para testar o conhecimento da criança e a repreender por errar. "Os pais devem ser o apoio da criança quando ela tem dúvidas, quando se sente insegura ou quando tem interesse em ir além daquilo que está no dever. Deixa de ser uma 'ajuda' quando se torna um momento de críticas ou ameaças. É sempre bom lembrar que a criança forma sua autoestima a partir das mensagens que recebe do ambiente".

A secretária gaúcha C. P., 28 anos, conseguiu encontrar o equilíbrio ideal na hora de ajudar a filha B. P. C., 6 anos. Ela conta que sempre fica por perto quando a filha começa a fazer as lições. "Eu não fico 'em cima', quero que ela esteja à vontade, mas sempre estou por perto para estimular e deixando claro que qualquer dúvida eu vou estar ali para tentar ajudar", conta.

Segundo a mãe, B. gosta de fazer lições mais dinâmicas e que atiçam sua criatividade. Deveres repetitivos costumam chatear a menina. "Ela não gosta de lições paradas, como de caligrafia, por exemplo. Nesses casos ela passa a tentar adiar o momento do dever".

A psicóloga explica que o horário da lição é outro fator determinante no despenho infantil. "O ideal é que a criança esteja descansada, porque o bom desempenho depende de um esforço cognitivo, quer dizer, de um processo neurológico em que as mensagens são levadas ao cérebro, onde se conectam com as experiências e conhecimentos existentes e formam-se novas conexões neurológicas. Não existe uma fórmula certa, o melhor horário vai depender dos hábitos da casa, porque não deve concorrer com outras atividades mais atrativas, nem deve ser a última opção, quando a criança já está com sono", diz.

C. conta que para a filha o melhor horário é de manhã, logo depois do café. "Ela estuda de tarde e chega em casa no final do dia. O melhor horário para ela é no dia seguinte de manhã, porque está bem descansada e já na expectativa pelo dia que vai ter no colégio", afirma.

Porém, se mesmo depois de se preocupar com todos estes fatores a criança ainda mostrar desinteressante e irritação, é sinal de que algo está errado. "É fácil saber se está tudo bem, basta observar os resultados. Se a criança gosta de aprender e de fazer suas atividades, é porque tudo está ocorrendo como esperado. Se as coisas não estiverem assim, é preciso buscar onde estão as falhas", afirma Luiza, ressaltando que a melhor forma de detectar o problema é conversando com a escola, ou ainda buscando um terapeuta.

"Vale a pena descobrir o que pode ser feito. É mais fácil atender às dificuldades do jovem estudante do que 'empurrar' o filho pelo resto de sua vida escolar", alerta

http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias/

quarta-feira, 20 de abril de 2011

72- Técnicas de Gerenciamento do tempo: 9 dicas Dr.Hallowell para poupar o seu tempo

Nove maneiras de adultos com TDAH se acalmar, fazer uma respiração profunda e reduzir o estresse em suas vidas atarefadas. Por Edward Hallowell, M.D.

Lembra-se do telefone com disco de discagem? Tive de usar um deles na cabana que a minha família alugou ao lado de um lago no último verão, e, menino, foi irritante. Aquele velho monstro demorava um tempão para discar. Okay, demorava somente 11 segundos (eu contei), mas parecia uma eternidade neste mundo agitado de hoje. Isto me fez pensar sobre o porquê de eu achar tão irritante gastar 11 segundos para discar um número de telefone!

E então?

Sem ter a intenção, muitas pessoas descobrem que vivem numa correria que elas não criaram. Às vezes a correria é benéfica. Mas não se a correria o impedir de fazer o que é mais importante para você. Veja aqui como superar esta doença comum:

1- Focalize-se no que realmente é importante.

Não se disperse muito, e não pegue atalhos. Lembre-se, telefones celulares, computadores pessoais, e outras ferramentas de alta tecnologia, permitem que façamos mais, porém mais não é necessariamente melhor.

2- Crie um ambiente emocional positivo onde você for.

Emoção positiva não é um enfeite. É o botão de liga-desliga para o funcionamento mental eficiente. Quando você se sente seguro em seu meio, você pensa melhor, comporta-se melhor, trabalha melhor e fica mais capaz de auxiliar os outros. Assim, faça o melhor para construir relacionamentos positivos. Procure ser sempre amigável e otimista.

3- Não perca tempo ficando grudado na telinha.

O que é isso? É ficar grudado na TV ou no computador. Isso interfere com sua habilidade cerebral de focalizar. Sempre que for possível, limite esta hipnose eletrônica a uma hora por dia.

4- Minimize as distrações.

Coisas que sempre o distraem devem ser evitadas. Perde sempre os óculos? Procure coloca-los num lugar especial. Se você fica distraída com as revistas espalhadas em sua cozinha, arrume uma estante em outro cômodo, e trate de guardar as revistas nela.

5- Delegue tudo em que você não for bom

Pagar as contas mensalmente é irritante porque você nunca consegue fazer isso a tempo? Delegue o trabalho ao seu companheiro. Se você não for casado (ou se o seu parceiro também não for bom nisso), entregue todas as contas que puder para pagamento automático no banco.
Seu objetivo não é ser independente, mas ser efetivamente interdependente. Isto é, compartilhar responsabilidades em várias atividades e projetos com outras pessoas.

6- Vá devagar

Periodicamente pergunte-se por que está correndo, e leve isso a sério. Se a resposta for "porque estou atrasado," reveja suas prioridades e elimine as obrigações desnecessárias. O tempo que você poupar deve ser dedicado somente a você ou à sua família.

7- Pense duas vezes sobre multitarefas

As pessoas geralmente tentam fazer duas ou mais coisas simultaneamente, achando que ganham tempo. Mas as pesquisas mostram que fazer duas coisas de uma vez leva 50% mais de tempo do que fazer uma depois da outra. Uma exceção a esta regra: Algumas pessoas com TDAH focalizam melhor se fizerem algo essencialmente inconsciente enquanto realizam uma tarefa importante – por exemplo, ouvir música ou se equilibrar numa bola enquanto faz a tarefa escolar.

8- Invista seu tempo para o máximo retorno.

Não tem controle do tempo? Crie uma tabela e anote tudo que você faz. Pode ser que a tabela mostre que você está gastando muito tempo procurando por chaves perdidas, ou irritando sua filha adolescente por causa da limpeza do quarto dela. Pense em alguma maneira criativa de eliminar essas coisas (pendurando um gancho para chaves perto da porta da frente ou verificando que o quarto dela realmente não está precisando de uma limpeza, afinal).

9- Brinque

Envolva-se com imaginação no que você está fazendo. Isso usará as melhores partes da sua maravilhosa mente criativa. Brincar não é perda de tempo. Isso o tornará mais eficiente no que estiver fazendo, seja mantendo uma conversa ou assando uma torta de maçã.

Este artigo saiu no número de June-July 2006 de ADDitude
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segunda-feira, 18 de abril de 2011

71- Dicas para as mães sobre o tratamento do TDAH

ADDitude perguntou aos seus leitores: O que você diria aos seus amigos, pais de crianças que tomam medicação para o TDAH?
Você sofre para começar o tratamento medicamentoso do seu filho — e você se preocupa quando ele está se tratando. Mas os pais decididos, como você, podem mudar tudo isso. Eis aqui o que os leitores têm a dizer...

"Faça um monte de perguntas ao seu filho sobre como ele está se sentindo com a medicação. Uma conversa informal geralmente funciona: 'Como você se sentiu hoje? Você se sentiu diferente? Melhor? Pior?' A observação de um pai é crucial. Posso dizer em três dias se a medicação do meu filho está funcionando."
– Mary, Texas

"Pergunte na sua farmácia se você pode comprar somente um pouco dos comprimidos em vez de toda a receita. O tratamento do TDAH geralmente é de tentativa e erro, então porque pagar caro por algo que pode não funcionar?" (Isso é um exemplo do pensamento prático americano. No Brasil, isso não é possível – Nota do tradutor)
– DeMarious T. Shaw, Stoneville, North Carolina

"Faça anotações. É difícil lembrar-se de todas as mudanças de comportamento, padrões de sono ou de efeitos colaterais que seu filho esteja apresentando enquanto toma a medicação. Mas, escrevendo tudo, pode ajudar a verificar a eficácia de um medicamento.”
– Julie, Vermont

"Avise o médico sobre os maus efeitos colaterais. Eu tive uma intensa azia quando tomei Strattera. Meu médico me deu uma receita de Zantac para combatê-la e, agora, o Strattera funciona muito bem."
– Dawn Saunders, Columbus, Ohio

"Conforme seu filho cresce, sua medicação precisa ser alterada. Se você vê uma mudança de comportamento em casa ou se o desempenho escolar se modifica, pode bem ser a hora de reavaliar o plano de tratamento com o seu médico."
– Sheri Watson, Dublin, Ohio

"Não se conforme com uma qualidade de vida diminuída. As pessoas com TDAH merecem estar no seu melhor. O trabalho de casa da minha filha melhorou com Metadate, mas ela parecia muito emotiva e não se alimentava bem. Mudamos para o Concerta, e ela está mais feliz do que antes."
– Sharon Watts, Buda, Texas

"Começar o tratamento medicamentoso do meu filho foi uma decisão difícil – e encontrar um remédio que funcionasse suficientemente bem, com consistência, demorou mais de dois anos! Os pais precisam ser pacientes. A medicação não é a escolha favorita de ninguém, nem é a resposta perfeita, mas eu decidi, afinal, que os medicamentos eram melhor para o meu filho do que vê-lo sentir-se mal a respeito de si mesmo o tempo todo."
– Janet Wallenfang, Illinois

"Mantenho contato com os professores do meu filho. Uso uma lista semanal de monitoramento que os professores comuns e os de recursos preenchem. Transmito ao médico os comentários que eles fazem."
– Diane Spriggs, Ashburn, Virginia

"Seja persistente com o seu médico sobre a mudança de medicação quando você notar mudanças para pior. Embora eu entenda a relutância de um medico em mudar a medicação muito rapidamente, os pais conhecem melhor o seu filho."
– Jana and Kent Chapline, Everglade Mansfield, Texas

"Se você acha que um novo esquema de medicação não está funcionando tão bem como o anterior, fale imediatamente com o seu médico. Não espere pela próxima consulta."
– Lynn Sorrel, Covington, Tennessee

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domingo, 17 de abril de 2011

70- Os 10 piores terapeutas para adultos com TDAH

Encontrar um psiquiatra ou psicólogo confiável e competente pode ajudar os que vivem com déficit de atenção a readquirir o controle de suas vidas e a lidar com seus sintomas. Mas, tenham cuidado portadores de TDAH. Alguns terapeutas os deixarão mais confusos e frustrados do que antes. Por Frank South
Esta lista, inteiramente subjetiva, saiu dos meus quarenta anos de idas e vindas com psiquiatras e psicólogos de centenas de correntes diferentes. Inclui também alguns exemplos de ideias dos meus amigos, assim como de leitores de ADDitude que, depois de verem a postagem sobre esse assunto em meu blog, postaram respostas ou me enviaram e-mails com sugestões.

1- O Disciplinador

Em algum ponto de sua vida, este terapeuta teve a ideia de que os adultos com TDAH precisam é de um bom par de algemas e um severo castigo. Você saberá que está em uma sessão com um disciplinador quando lhe forem determinadas tarefas como trabalho de casa entre as sessões. Então, há as recompensas, geralmente na forma de sinais de aprovação e de palavras de incentivo, mas já ouvi falar de chocolates sendo dados a adultos no contexto deste tipo de terapia. O que este tipo de terapeuta pensa da gente?

A autoestima já é muito difícil de ser conquistada em nosso mundo, sem ter de pagar a algum bobalhão para afastá-la de você. A vergonha é uma péssima arma para ser usada no tratamento do TDAH. No que me diz respeito, a última coisa que um portador de TDAH precisa é de mais uma pessoa para fazê-lo sentir-se menor.

2- O receitador de remédios

Este psiquiatra pensa que os remédios resolverão todos os seus problemas, e não vai ouvi-lo se você disser que não pensa assim. Quando eu tinha vinte anos, depois de ter sofrido uma leve depressão, procurei um deste tipo, cuja solução para o meu caso foi prescrever altas doses de um antipsicótico. Semana após semana, eu reclamei que o medicamento não estava ajudando, e, pior, que ele fazia todo o mundo parecer virar um pudim incompreensível. Ele simplesmente fez que sim, murmurou algo e tomou notas no seu estúpido pequeno bloco.

Quando eu finalmente percebi que ele não ligava para o que eu estava achando – ele só queria me ver sedado – tratei de me livrar dele e dos antipsicótico, e fique por minha conta por um tempo. Provavelmente você vai dizer que eu ainda guardo certo rancor. Mas não me entenda a mal, com a ajuda de um bom psiquiatra, que me ouvia, descobri que respondia bem ao Adderal, e isso ajudou a mudar a minha vida. Mas a chave de todo o processo é a parte do ouvir.

3- A doutora nervosa

Esta terapeuta geralmente é novata na profissão, ou tem uma clínica dedicada a pacientes mais calmos e focados que você. Ela parece achar que o que você diz é confuso e enervante e gasta a maior parte do seu tempo de sessão pedindo para você esclarecer o que você acabou de dizer repetidas vezes. Eu estava sabendo a pouco do meu TDAH, tentando descobrir o que tudo isso significava, quando tive uma curta temporada com uma doutora como essa. Seu consultório era perto de onde eu trabalhava e, embora ela não fosse uma especialista em TDAH, não pensei que isso tivesse importância.

Nossas sessões consistiam nela dizendo “Não tenho certeza do que você está querendo me dizer” ou, “Vamos tentar ficar num só assunto de cada vez” e, “Não posso ajuda-lo quando você fica assim tão agitado,” enquanto tentava não hiperventilar, conforme olhava para seu relógio e empurrava sua cadeira cada vez para mais perto da porta. Depois de um tempo, percebi que estava aterrorizando a pobre mulher. Então, deixei-a em paz, e fui procurar alguém que não ficasse tão amedrontada por um sujeito de meia idade tão agitado quanto eu. Também descobri que quando você procura por um terapeuta, se ele tem experiência com o TDAH e se não fica assustado com os sintomas é mais importante do que se o seu consultório fica perto de você.

4- O pesquisador

Se no meio de uma sessão de terapia você tiver a impressão de que é um rato de laboratório sendo testado no meio de um labirinto de perguntas complicadas que parecem ter respostas certas e erradas, seu médico pode ser um pesquisador. Esses terapeutas são um problema.

Primeiro, eles desumanizam, reduzindo-o à soma dos seus sintomas (esta é uma armadilha comum que os médicos e pacientes têm de evitar cuidadosamente). E pior, os pesquisadores estão somente interessados em você como um caso a ser testado com suas teorias para animais. No total, eles têm muito pouco interesse real pelo seu bem estar – especialmente se o que você diz e ou faz não acaba por apoiar a teoria dele. Quando você se sente preso em um canto que não conhece e rotulado com marcas com que não concorda, pule fora do labirinto, corra para a saída, e encontre um médico que não gaste o seu tempo tentando enfiá-lo numa caixa.

5- O comediante

Eu gosto de piadas tanto quanto os outros, mas não quando elas são sobre mim. Como você se sentiria se levasse seu carro para uma revisão preventiva e o seu mecânico ficasse dando risada e balançando a cabeça pacientemente por causa dos problemas - oh, tão interessantes - com os freios e a caixa de direção?

Os mecânicos de cérebros também não devem achar nenhuma graça nas dificuldades do TDAH. Tive um terapeuta que me deu aquele olhar de curiosidade depois que eu lhe disse que tinha tido três ataques de pânico, em algumas semanas, durante almoços de negócios num restaurante italiano. Se você começa a suspeitar que o seu psiquiatra esteja usando a sua dor para nova piada (“Tive alguns pacientes malucos, mas o que está acontecendo com esse sujeito e o almoço? Será um pití?”), caia fora logo.

6- O jogador de culpas

Nos meus trinta anos, fui a um psicólogo que me disse que eu não tinha um problema com bebida – tudo era culpa da minha mulher. Ele me disse para imaginar que uma almofada de sofá era a cara do meu pai e a praticar lutas com ela. “Vá em frente,” ele disse, “Deixe sua raiva sair – bata na almofada – bata com força”.

Este cara foi o meu favorito por um tempo – alguém tinha de ser culpado pelas coisas ruins da minha vida e eu tinha de sair de cada sessão de terapia como a vítima correta. Não era para amar isso?

Mas lá no fundo da minha mente eu sabia que eu era realmente um alcoólico, não importasse o que o cara dissesse, e que minha mulher só queria uma vida um pouco mais pacífica. Quanto aos problemas forçados em relação ao meu pai, ele sempre foi amável e gentil comigo. Entretanto, não tenho certeza de que esse era o caso do terapeuta.

Cuidado com este tipo: Eles são sedutores. Lembre-se, terapeutas que ouvem são bons, mas eles também devem ter um cérebro se estiverem a fim de lhe dar alguma ajuda verdadeira. Você não encontrará seu potencial interior para descobrir as maneiras de entender e lidar com o que vai em sua cabeça, se sempre for culpa dos outros.

7- O curador rápido

Este profissional de saúde mental está constantemente dizendo “Ham ham” e balançando afirmativamente a cabeça enquanto você está falando. Seu bloco de notas está de lado quando você entra. Ele tem um pacote esquematizado, e fica mais confortável com entrevistas de 15 minutos. E se você tiver bastante sorte de conseguir uma sessão completa, ela ficará parecendo três sessões de 15 minutos amontoadas.

Os ham ham parecem chuva. Então vem um relâmpago. Não, é somente outro “isto parece bom,” para seguir qualquer comentário incompleto que está saindo da sua boca. Então você é incentivado com um rápido sorriso e uma tapinha no ombro. Seu medico não ouviu nenhuma palavra do que você ou ele disse em todo o tempo em que estiveram conversando. Se este é o caso do "cego guiando o cego," ou somente a velha pressa, você não terá nenhuma ajuda real com o seu TDAH aqui. Receba a última tapinha e vá embora. Provavelmente sua ausência não será sentida.

8- O juiz distante

Uma vez, tive uma experiência com este tipo de terapeuta. Deveria ter sabido que era uma má escolha tão logo entrei no seu enorme consultório. Pinturas americanas antigas e originais e objetos de arte enfeitavam cada pedaço de suas paredes, exceto o espaço atrás de sua mesa, o qual era cheio de diplomas emoldurados e algumas fotos do doutor conversando com pessoas importantes, sem dúvida. As cadeiras, otomanas, e os sofás eram feitos de couro escuro estofado, com enfeites de latão. Pesadas cortinas enquadravam uma vista do jardim. Espero nunca entrar novamente numa sala tão intimidante assim.

Quando o doutor entrou, ele sentou-se atrás da mesa, olhou para mim e disse, “Fale-me sobre você.” Não me lembro do que eu falei. Mas ele reclinou-se em sua cadeira, enquanto eu falava, e tomou notas. Então ele checou algumas coisas em um formulário, e me deu minha primeira receita de TDAH. Enquanto voltava para o meu carro, percebi que o homem mal me olhou durante todo o tempo em que fiquei lá. Agora, pode parecer óbvio a vocês que este tipo de gente não deve ser procurado para tratamento. Mas eu demorei duas sessões para descobrir que ficar junto com esse pedante não era o jeito de obter ajuda para lidar com meus problemas. Então, mais uma vez, saí à procura daquele tipo humano e inteligente de terapeuta que escuta, que todos nós com TDAH do adulto realmente necessitamos.

9- O confortador confuso

Este terapeuta costuma ser um psicólogo, e frequentemente tem um apelido que combina o título de doutor com o seu primeiro nome. (O Dr. Phil da TV é uma rara exceção – veja “O disciplinador.").

Em contraste com a doutora nervosa, o confortador confuso tem somente uma cordial compaixão por você – não importa a causa. Você poderia ir à sua sessão arrancando a cabeça de um esquilo com seus dentes e gritando como um pirata bêbado, e a única reação que teria seriam acenos simpáticos e gentis encorajamentos. (Não que eu tenha agredido um esquilo, a não ser que ele começasse.) Eu tive um terapeuta como esse, uma vez, com grandes olhos compreensivos, que ficava com uma touca afegã no colo. Ele se erguia ao final de cada sessão e me dava um abraço. Um abraço? Ele não percebia que os portadores de TDAH não querem simpatia, o que queremos é alguma ajuda para encontrar as soluções e as maneiras práticas de melhorar.

10- O analisador de sonhos

O TDAH é confuso – se você sabe ou não que tem ele. Ele pode coexistir com a ansiedade ou levar a ela. Pode causar ataques de pânico e insomnia, entre outras comorbidades comuns. Você pode começar a questionar as coisas básicas que você sabe sobre si mesmo. Sou uma boa pessoa? Minha vida bagunçada tem algum sentido afinal? Se tratamentos anteriores para o TDAH não forneceram respostas satisfatórias, então, como eu fiz, você pode decidir tentar uma psicoterapia subconsciente, um mergulho profundo, com um analisador de sonhos.

Para alguns, isto pode ser útil – para mim, não foi muito. Quando comecei essas sessões, esperava que encontrássemos a fonte do meu pânico, auto aversão e incapacidade de focar, vasculhando as cavernas da minha vida de sonhos subconscientes e erradicá-los com a luz brilhante do entendimento. Eu lia em voz alta as anotações do meu diário de sonhos e o psiquiatra ouvia e tomava notas, então tentava encontrar uma linha consistente que levasse à minha infância, mas como meus sonhos, eu ficava mudando de assunto. Então eu me esquecia de escrever o meu diário e me esquecia dos meus sonhos. Quando comecei a me esquecer das minhas anotações, o médico e eu decidimos parar.

Agora, eu creio que quando você luta com transtornos mentais – problemas com as ligações cerebrais como o TDAH, hipomania, ou transtorno bipolar –você não terá muita ajuda tentando tirar algum sentido dos seus sonhos. Tentei a velha solução da faculdade (embora nunca tenha tido paciência para terminar a faculdade), mas o que consegui foi dobrar a minha ansiedade porque nem o analisador de sonhos nem eu fomos capazes de encontrar algum sentido no meu subconsciente. Mesmo quando eu conseguia me lembrar deles, sendo os sonhos partidos de um TDAH-hipomaníaco-neurótico-insone, eles não tinham foco suficiente para serem analisados.

Os bons e os maus sinais

Sinais de aviso de que um terapeuta pode não ser bom para você


• Parece impaciente e/ou distante

• Escuta apenas superficialmente

• Oferece soluções rápidas

• Fala de sua situação/transtorno em generalidades

• Tem noção pré-concebida do tratamento

• Certifica-se de que você sabe da importância dele e de sua experiência no assunto

• Arruína sua autoconfiança

Sinais de que um terapeuta pode ser perfeito para você

• Não tem pressa

• Deixa você confortável

• Ouve você – ouve realmente, e faz bom contato com o olhar

• Dá valor às suas dúvidas

• Interage com você como um ser humano

• Tem ideias às quais você responde

• Dá a você autoconfiança e confiança em suas habilidades

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 O tratamento do autismo se distancia do “conserto” da condição Existem diferentes maneiras de ser feliz e funcionar bem, mesmo que seu cér...