terça-feira, 26 de julho de 2011

120- É Transtorno Bipolar ou TDAH? (BMD or ADHD?)

Os sintomas do TDAH e do Transtorno Bipolar são frequentemente confundidos – e geralmente coexistem na mesma pessoa. Como fazer a distinção, e sugestões para o tratamento do transtorno bipolar associado ao TDAH, a seguir. Por William Dodson, M.D.

Pode ser bastante difícil obter-se um diagnóstico de TDAH, mas para complicar as coisas ainda mais, o TDAH geralmente coexiste com outros transtornos físicos e mentais. Uma revisão de adultos com TDAH demonstrou que 42% tinham outro transtorno psiquiátrico importante. Assim, a questão diagnóstica não é “é um ou o outro?”, mas sim “São ambos?”
Talvez o diagnóstico diferencial mais difícil a ser feito esteja entre o TDAH e o Transtorno Bipolar do Humor (TBH), porque eles apresentam muitos sintomas em comum, incluindo a instabilidade do humor, os surtos de energia e de inquietação, de falar sem parar, e de impaciência. Estima-se que cerca de 20% dos que são diagnosticados com TDAH também sofrem de um transtorno de humor do espectro bipolar – e o diagnóstico correto é crítico no tratamento do transtorno bipolar junto com TDAH.
TDAH
O TDAH é caracterizado por níveis significativamente mais altos de desatenção, distração, impulsividade e de inquietação física do que seria esperado em pessoa de idade e desenvolvimento semelhantes. Para o diagnóstico do TDAH, tais sintomas precisam estar consistentemente presentes e serem prejudiciais. O TDAH é cerca de 10 vezes mais comum do que o TBH na população em geral.
TBH
Por definição diagnóstica, os transtornos do humor são “transtornos do nível ou da intensidade do humor nos quais o humor tem vida própria, separado dos eventos da vida da pessoa e fora de sua vontade e do controle consciente”. Em pessoas com TBH, sentimentos intensos de felicidade ou de tristeza, de alta energia (chamada “mania”), ou de baixa energia (chamada “depressão”) mudam sem razão aparente em período de dias ou de semanas, e muitos persistem por semanas ou meses. Comumente, há períodos de meses a anos durante os quais o indivíduo não apresenta problemas.
Fazendo o diagnóstico
Por causa das várias características compartilhadas, há um risco elevado de um diagnóstico errado ou da falta de diagnóstico. Não obstante, o TDAH e o TBH podem ser distinguidos um do outro com base nestes seis fatores:
1- Idade de início: O TDAH é uma condição de toda a vida, com os sintomas aparentes (embora não necessariamente com prejuízos) pela idade de sete anos. Embora agora reconheçamos que as crianças possam desenvolver TBH, isso ainda é considerado raro. A maioria das pessoas que desenvolvem TBH tem seu primeiro episódio de doença afetiva depois dos 18 anos, co0m a média de 26 anos para o diagnóstico.
2- Consistência do prejuízo: O TDAH é crônico e está sempre presente. O TBH vem em episódios que se alternam com níveis mais ou menos normais de humor.
3- Fatores desencadeantes: As pessoas com TDAH são passionais, e têm reações emocionais intensas a eventos ou a fatores precipitantes, em suas vidas. Eventos felizes resultam em felicidade intensa e humor excitado. Eventos infelizes – especialmente a experiência de ser rejeitado, criticado ou provocado – promovem intensos sentimentos de tristeza. Com o TBH, as mudanças do humor vão e vêm sem nenhuma conexão com os eventos da vida.
4- Rapidez da mudança de humor: Como as mudanças de humor no TDAH quase sempre são precipitadas por eventos da vida, as mudanças parecem instantâneas. Eles têm humor normal em todos os aspectos, exceto na intensidade. São geralmente chamadas de crises ou explosões, por causa do início repentino. Em contraste, as mudanças de humor não precipitadas do TBH levam horas ou dias para ir de um estado ao outro.
5- Duração dos humores: embora as respostas a perdas graves e a rejeições possam durar semanas, as mudanças de humor do TDAH geralmente são medidas em horas. As mudanças de humor do TBH, pela definição do DSM-IV, precisam ser mantidas por ao menos duas semanas. Por exemplo, para apresentar o transtorno bipolar “de ciclo rápido”, uma pessoa precisa ter somente quatro mudanças de humor, de alto a baixo ou de baixo a alto, no período de 12 meses. Muitas pessoas com TDAH têm estas muitas mudanças de humor num só dia.
6- História familiar: Os dois transtornos aparecem em famílias, mas os indivíduos com TDAH quase sempre tem uma árvore familiar com múltiplos casos de TDAH. Os que têm TBH provavelmente terão menos ligações genéticas.
Tratamento combinado do TDAH e do TBH
Poucos artigos foram publicados sobre o tratamento de pessoas com TDAH e TBH. Minha experiência clínica, tendo visto mais de 100 pacientes com os dois transtornos, mostra que a coexistência do TDAH e do TBH pode ser tratada muito bem. É importante sempre diagnosticar e tratar o TBH em primeiro lugar, porque o tratamento do TDAH pode precipitar mania ou piorar o TBH.
Os resultados dos meus pacientes tratados tanto para o TDAH quanto para o TBH têm sido muito bons. A maioria foi capaz de retornar ao trabalho. Talvez o mais importante, eles relataram que se sentiam mais “normais” em seu humor e em sua capacidade de desempenhar seu papel de esposos, pais e empregados. É impossível determinar se esses resultados significativamente bons foram devidos ao aumento da estabilidade do humor, ou se o tratamento do TDAH auxilia na melhor aderência ao uso dos medicamentos. A chave é o reconhecimento de que ambos os diagnósticos estejam presentes e que os transtornos responderão de modo independente, mas coordenado, ao tratamento.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

119- É TDAH ou Menopausa?

Como a menopausa afeta a memória, atenção e os relacionamentos, conforme a mulher envelhece. Mais, os sintomas que você tem são relacionados ao TDAH, à menopausa, ou a ambos?   Por Edward Hallowell M.D.

Você “tem certa idade” e repentinamente sua memória tem tantos furos que você a chama de “cérebro de queijo suíço”. Você perde as coisas mais frequentemente, e se perde nos próprios pensamentos, distraída num segundo. As mulheres diagnosticadas com TDAH às vezes entram em pânico, preocupadas com a piora dos seus sintomas. As mulheres que ainda não foram diagnosticadas com TDAH e que sentem esses sintomas, às vezes debilitantes, perguntam aos seus médicos, “O que está acontecendo? Eu tenho TDAH ou Alzheimer?”
Não importando se você tem TDAH ou não, a menopausa influencia tudo!  Após “a mudança”, o nível de estrogênio das mulheres cai cerca de 65%, o que afeta a captação de dopamina e de outros neurotransmissores. Menos estrogênio significa menores níveis de dopamina e serotonina, causando o aparecimento de sintomas parecidos aos do TDAH: aumento da dificuldade de concentração, disfunção da memória e problemas cognitivos, e menos clareza mental. Se você tiver TDAH, a maior queda de dopamina, da qual você já tem níveis baixos, significa que os sintomas existentes vão piorar e novos sintomas vão surgir.
Esses sintomas são da menopausa ou do TDAH?
Algumas mulheres que tenham o TDAH não diagnosticado por toda a sua vida percebem que a piora dos sintomas as encaminha ao médico, procurando por respostas. Mas os sintomas parecidos com os do TDAH nem sempre indicam a presença do transtorno. Se você tiver apenas recentemente desenvolvido esses sintomas (e eles não estando presentes desde a infância), então a menopausa provavelmente será a culpada. Fale com seu médico sobre o alívio dos sintomas.
Se você tiver sido diagnosticada com TDAH, os efeitos da menopausa sobre o transtorno geralmente requerem ajustes no tratamento. Trabalhe com seu médico no aumento da dosagem da medicação, ou tente uma medicação com duração de efeito mais longa, faça mais exercício (que pode melhorar o foco e, no processo, reduzir as chances de desenvolver osteoporose), e pense na terapia hormonal. Para muitas mulheres, o melhor tratamento é o estrogênio, por três a quatro meses, seguido por 10 dias de progesterona.
O problema é que 85% das mulheres apresentam alguma disfunção sexual após a menopausa. Logo quando poderiam usar o humor e o apoio do seu parceiro para conviver com o “cérebro de queijo suíço”, você pode achar que seu relacionamento se torna mais tenso.
Trate os seus sintomas
É importante, a cada etapa de sua vida, manter sob controle os sintomas do TDAH. Isto pode significar trabalhar com vários profissionais – um psicólogo, um clínico e um ginecologista. Instrua-se sobre o TDAH e sobre o que está acontecendo com o seu corpo, mantenha uma lista de medicamentos e faça uma tabela dos seus sintomas. Os médicos raramente pensam nas flutuações hormonais quando estão planejando um tratamento.
Se você tiver problemas em prestar atenção, em manter-se organizada, em manter sua vida num ritmo constante, um profissional poderá prescrever um estimulante, mesmo na ausência de um diagnóstico de TDAH. Mas isso deve ser feito no contexto de um plano multimodal e abrangente, que inclua tudo, desde as mudanças nutricionais e os exercícios, até a psicoterapia e a terapêutica de reposição hormonal. Para os problemas das mudanças sexuais, ajudar o seu parceiro a entender que elas são normais é um bom ponto para o início.

118- É TDAH ou envelhecimento? (Is it ADHD or Aging?)

Por Linda Roggli
Foi a história das luvas de lã dela que me convenceu que minha velha mãe, de 85 anos, tinha TDAH não diagnosticado.
“Quando eu estava no colegial, queria fazer um suéter”, minha mãe me contou. “Então a tia Laura comprou uns lindos novelos de lã cor de rosa, com a condição de que eu tricotasse o suéter. Quando eu saí de casa para estudar na faculdade, ainda estava tricotando as luvas. O suéter e o resto dos novelos ficaram na cesta de vime por nove anos, até que eu engravidei de você. Eu provavelmente deveria ter feito um par de sapatinhos de lã, mas desmanchei o suéter e fiz um par de luvas para mim mesmo. Afinal, eu não mais precisava terminar o suéter!”
Ajuda para os idosos
Um psiquiatra reconheceria num instante os sintomas do TDAH de procrastinação, falta de continuidade e falta de gerenciamento. Porém, os critérios atuais de diagnóstico requerem que todos os sintomas estejam presentes antes dos sete anos de idade. Não tenho certeza de que minha mãe possa lembrar-se o suficiente da sua infância para poder ser diagnosticada. E não tenho certeza de que os médicos dela estão considerando a possibilidade de TDAH diante de problemas médicos mais urgentes: diabetes, colesterol alto, artrite, depressão crônica. Quanto mais ela vive, mais cresce a lista dos seus problemas.
Mesmo que pudéssemos por de lado os seus problemas médicos, é difícil definir se o seu esquecimento e desatenção são TDAH ou parte do “processo normal de envelhecimento”. (Detesto esta frase. Parece inevitável, como se a nossa cognição fosse determinada pela longevidade.)
O TDAH dela foi ignorado por todos esses anos? E se ela fosse diagnosticada agora, quais opções de tratamento haveria?
A resposta curta é que não há respostas. Há somente um estudo na literatura médica sobre o tratamento do TDAH na velhice. Foi publicado em 2008 e mostrou que o metilfenidato (Ritalina e Concerta) foi eficaz no tratamento de uma senhora de 67 anos. Uma mulher. Só isso.
Minha psiquiatra descreve a pesquisa em adultos idosos como “patética”, e eu concordo. Ela disse que os estudos e pesquisas excluem os sujeitos mais velhos do que 45 anos porque, como a minha mãe, eles não devem ter histórias da infância para suportar o diagnóstico de TDAH.
Pior, as opções de tratamento se estreitam significativamente na população  TDAH idosa. (Há uma população TDAH idosa? – ainda não sabemos.) Por exemplo, tome o exercício. Os estudos mostram que ele melhora significativamente os sintomas na criança e nos adultos. Mas minha mãe tem os joelhos tão doloridos, e o seu equilíbrio é tão difícil, que ela não pode fazer os exercícios aeróbicos que poderiam trazer os benefícios.
Tenho certeza de que os estimulantes ajudariam minha mãe; o médico dela prescreveu remédio para emagrecimento (anfetaminas) em 1970, e ela foi capaz de limpar a casa, de cima embaixo! Mas os estimulantes podem provocar ou piorar a pressão alta e os problemas cardíacos. E a Atomoxetina, um não estimulante, pode aumentar o risco de glaucoma.
O treinamento da memória de trabalho é eficiente para o TDAH e para as dificuldades de aprendizagem, e é promissor para as demências leves. Mas quase todos os treinamentos de memória são baseados no computador; muitos adultos acima dos 70 anos de idade não sabem lidar com computador, e muitos não têm acesso a um computador.
Abraçando uma nova causa
Estou frustrada porque não posso ajudar minha mãe, e não estou sozinha. Recentemente, recebi um e-mail de uma mulher com TDAH, que estava desesperada para encontrar auxílio para sua mãe de 80 anos, que exibia grave prejuízo das funções executivas. “Ela evita tomar decisões e fica satisfeita em  sentar-se na cama o dia todo e ser atendida”, disse sua filha. “Não sei o que fazer.”
A solução temporária, eu penso, é estabelecer estruturas para nossos parentes que estão envelhecendo, como eles fizeram por nós quando éramos crianças. Limpei e organizei o closet de minha mãe, de modo a que ela tenha menos roupas para lidar. Arrumei reposição automática das medicações receitadas. Comprei um timer barulhento para que ela vá ao banheiro a cada par de horas. Falei com seu médico para mudar o antidepressivo por um que melhorasse especificamente a sua dopamina.
Em seu benefício (e no meu, como a ligação genética do TDAH é um fato), assumi uma nova causa: advogar para a pesquisa do TDAH no idoso. Talvez um dia estaremos aptos a responder à pergunta: É TDAH, ou é a idade?
ADDitude – 2011 número de primavera (spring issue)

sábado, 23 de julho de 2011

117- Transtornos do processamento auditivo central (TPAC) e TDAH

Tudo que você precisa saber sobre os transtornos do processamento auditivo central (CAPD – Central Auditory Processing Disorders)(TPAC em potuguês) – incluindo uma lista de checagem de sintomas e informação sobre diagnóstico e tratamento. Mais, como adultos com TPAC e TDAH podem usar atividades de processamento auditivo e estratégias para melhorar a comunicação. Por Gina Pera – ADDitude

“Deturpada”. É assim que Diane descreve a comunicação com seu noivo George. Uma vez ela o encontrou na porta de entrada com um sorriso caloroso, viu que tinha lama nos sapatos, e pediu a ele que os deixasse nos degraus (stairs). Confuso, ele disse, “Seu terno encara? O quê? (Your suits stare? What?)”.
Apesar da explicação de Diane, George insistiu que ela tinha dito exatamente aquilo – e em tom de voz desaprovador.
Diante da conversa confusa, e do costume de George de ver TV a todo volume, Diane pensou que ele tivesse um problema de audição, mas os testes afastaram esta hipótese. O terapeuta do casal sugeriu que George tinha uma sólida resistência em ouvir Diane, então ele bloqueava a sua fala. Diane não aceitou essa explicação: “Não é que ele não ouvisse ou que não quisesse ouvir. Ele estava olhando direto para mim, prestando atenção. Mas a mensagem foi picada e repicada no trajeto da minha boca até a sua compreensão do que eu tinha falado.” Diane estava certa.
Quando a comunicação entre eles atingiu um estado febril, George foi diagnosticado com TDAH. O casal ficou aliviado quando o terapeuta cognitivo explicou a eles que o TDAH tem uma condição comórbida comum, chamada Transtorno do Processamento Auditivo Central (Central Auditory Processing Disorder) (TPAC). Simplesmente dito, o TPAC faz com que a pessoa interprete mal o que alguém está dizendo e o tom de voz em que está falando.
Transtorno do Processamento Auditivo Central e TDAH
O terapeuta deu a Diane e George estratégias para melhorar a comunicação. O casal também descobriu que a medicação estimulante podia corrigir o desentendimento por meio do “reforço do sinal” da via neuroquímica do ouvido (onde o som penetra) até o córtex processador auditivo cerebral (onde os sons são interpretados e ganham significado). “Nunca mais tivemos alguma mensagem deturpada depois que George começou a tomar a medicação para o TDAH”, conta Diane.
“Não há nenhum pequeno alto-falante dentro do seu cérebro que transmita as mensagens do exterior”, explica o neurologista Martin Kutscher. M.D., autor de “Kids in the Syndrome Mix of ADHD, LD, Asperger´s, Tourette´s, Bipolar, and More! “O que você pensa que ouve é uma recriação virtual da realidade de sons que atingem seu tímpano e, daí em frente, existem como impulsos elétricos silenciosos.”
Eis aqui o que acontece numa troca entre quem fala e quem escuta:
As pregas vocais do falante produzem uma sequência de vibrações que viajam invisivelmente pelo ar e batem no tímpano do ouvinte.
O tímpano do ouvinte vibra, causando a movimentação de três pequenos ossinhos que, por sua vez, estimulam a cóclea e o nervo coclear. É aqui que o som termina
Deste ponto em diante, o que o ouvinte pensa que escuta é na verdade uma série de estímulos elétricos silenciosos transportados pelos fios neuronais.
“O cérebro processa esses impulsos elétricos em som, daí em palavras, e então em sentenças e ideias com significado”, diz Kutscher. “A maioria de nós faz isso sem esforço. Alguns adultos têm problemas na conversão desses impulsos elétricos neuronais em significado. Nós chamamos esses problemas de Transtornos do Processamento Auditivo Central”.
TDAH ou Transtorno do Processamento Auditivo?
Ouvimos muita coisa sobre crianças de têm TPAC ou Transtorno do Processamento Auditivo (APD). Mas os psicólogos e os psiquiatras raramente usam esses termos, que são originados nas profissões da fala e da linguagem. Evidência limitada sugere que o TPAC é, às vezes, uma condição separada do TDAH. Ainda, como um trabalho de revisão resumiu: “Para a criança (ou adulto) receber o diagnóstico de TPAC ou de TDAH, pode depender dela ter sido avaliada primeiro por um audiólogo ou um psicólogo”.
Uma leitura rigorosa da literatura aponta um “vício de disciplina” – a condição é diagnosticada de maneira diferente, dependendo da especialidade do profissional. A diferença reside no tipo de tratamento disponível – uma importante distinção, porque a pesquisa nesta área sugere que o metilfenidato (nome genérico dos medicamentos Ritalina e Concerta) pode melhorar os sintomas do TPAC, geralmente de modo dramático.
Em contraste, as intervenções não médicas para o TPAC são limitadas a estratégias tais como o uso de aparelhos eletrônicos e a mudança no ambiente de aprendizado (menos barulho no ambiente).
As seguintes características do TPAC, segundo o National Institute on Deafness and Other Communication Disorders (Instituto Nacional de Surdez e Outros Transtornos da Comunicação), parecem semelhantes às do TDAH:
Tem dificuldade de prestar atenção e de lembrar-se da informação apresentada oralmente
Tem problemas de seguir ordens com várias etapas
Tem fraca capacidade de ouvir
Precisa de mais tempo para processar a informação
Tem problemas de comportamento
Tem dificuldade com a leitura, compreensão, soletração e com o vocabulário.
Crianças com TDAH podem ser mal diagnosticadas com CAPD, mas se um adulto tem capacidade auditiva menor do que um parceiro, ele pode ser visto como passivo-agressivo, oposicionista, emocionalmente introvertido, ou briguento, em vez de ser visto como um indivíduo com déficit de atenção.
Identificando os sintomas do TPAC
E sobre o tom de voz que George se queixou de ter ouvido de Diane? O problema pode começar no lobo temporal direito, de acordo com o neurocientista clínico Dr. Charles Parker, fundador do CorePsych Blog. O lobo temporal não dominante (geralmente o direito) processa as expressões faciais, os tons verbais e as entonações dos outros, assim como a audição de ritmos e de música.
Parker cita o exemplo de um esquiador olímpico que sofreu uma grave queda durante o treinamento. Tendo sofrido um traumatismo craniano e uma concussão, seu lobo temporal direito mostrou uma função significativamente diminuída. Ele apresentava negação (também chamada de baixa consciência) em relação à comunicação deteriorada que tinha com sua mulher e colegas, afirmando firmemente que ele não tinha nenhum problema. Assim, ele tinha muito em comum com aqueles adultos com TDAH que não têm nenhuma  noção de seus desafios. Para essas pessoas, é importante saber que a terapia enfatizando estratégias de melhor comunicação pode não resolver os problemas.
Após ver o SPECT do esquiador, Parker disse a ele, “Você é o tipo de gente que não entende e não admite que não entenda”. O paciente deu um profundo suspiro e, com um ar confuso, respondeu rapidamente, “Não, eu entendo”. Parker apontou que ele tinha feito isso novamente – dado uma resposta correta que não refletia compreensão – e pediu ao paciente para repetir o que Parker havia acabado de dizer. Ele murmurou uma resposta inteligente, mas cheia de jargões. Sua esposa interrompeu: “É isso que acontece o tempo todo”.
Comenta Parker: “Ultimamente ele compreende, por causa do SPECT e dos problemas com os outros, que não podem ser negados. A medicação e suplementos dirigidos melhoraram suas habilidades de comunicação”.
Não é preciso que alguém tenha uma lesão cerebral para sofrer de TPAC, afirma Parker. “Muitos fatores contribuintes podem criar uma diminuição da função do lobo temporal”, ele diz, “de forma geral, de mudanças sutis na sensibilidade ao glúten até medicamentos para dormir. Qualquer dessas agressões ao cérebro, amplificadas pelo TDAH coexistente, trarão problemas de comunicação a um relacionamento”.
Estratégias de audição para o TPAC e TDAH
Os sinais centrais do TDAH – distração, desatenção e memória de trabalho fraca – além do TPAC, podem contribuir para uma Torre de Babel a dois. Estas práticas estratégias podem desatar os nós da comunicação.
Para os parceiros de adultos com TDAH:
Elimine os barulhos que distraem (desligue a TV ou o computador) antes de falar com seu par.
Toque seu par no braço ou no ombro antes de falar, permitindo a ele um tempo para mudar seu foco do que estava fazendo para a conversa que você está iniciando.
Peça ao seu par para que ele repita o que você disse, para ter certeza que ele entendeu.
Fale concisamente, eliminando os detalhes supérfluos.
Para adultos com TDAH:
Reconheça que ouvir de perto o seu par significa que você o valoriza.
Primeiro ouça, depois responda. Deixe de lado o que você estava fazendo ou pensando em fazer, quando seu par terminar de falar, ou mudar de assunto. Se você precisar de um tempo para dar uma resposta, peça-o.
Use técnicas de relaxamento para clarear sua mente antes de conversas importantes.
Para casais:
Para alguns assuntos, o e-mail funciona melhor. Um adulto com TDAH precisa de tempo para formular uma resposta, sem sentir a pressão de ter de responder imediatamente.
Não insista no contato pelo olhar quando estiver falando sobre algo importante.
O contato pelo olhar distrai alguns portadores de TDAH.
Fale e ande. O exercício reduz o estresse e aumenta o fluxo de sangue para o cérebro.
Quando essas estratégias fracassam, pense em tomar um estimulante, se você ainda não o estiver usando.  “Os estimulantes geralmente ajudam a transmitir as mensagens de maneira mais confiável”, diz Kutscher, “assim como permitem que a pessoa preste atenção na informação que estiver sendo passada”. Ambas são essenciais para manter um relacionamento.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

116- Segredos do Ensino: Ensinando os alunos (com e sem TDAH-ADHD) a aprender

Por Cossondra George
Bons professores não têm somente um firme domínio do conteúdo, mas também são excelentes em ajudar diversos estudantes a dominar os conceitos e habilidades. Pode ser muita coisa para dar conta, e os professores iniciantes, às vezes, perdem de vista outro aspecto importante do nosso papel: guiar os alunos para que se tornem responsáveis pelo próprio aprendizado.
Mesmo professores veteranos alguma vezes dizem aos alunos para “tomar notas” ou para “estudar”, sem ao menos discutir com eles as estratégias para fazer o recomendado. O ensino de técnicas de leitura, de tomar notas, e de estudar pode consumir tempo, mas é um investimento que vale a pena. Encorajando os estudantes a terem a intenção de aprender, você pode equipá-los com as ferramentas necessárias para terem sucesso em sua classe e no futuro.
O conhecimento das armadilhas comuns e das estratégias eficazes pode suportar seus esforços para ajudar o aluno “a aprender a aprender” ao longo dos anos escolares:
Armadilha No.1: Achar que os alunos serão capazes de identificar a informação importante e tomar notas com propriedade. A atividade de tomar notas pode ser atrapalhada por problemas, particularmente se o texto estiver acima do nível de leitura do aluno. Geralmente os estudantes começam a escrever imediatamente, fazendo julgamentos atabalhoados sobre o que pode ser importante. Cegamente juntam dados e pedaços sem um senso de como os fatos se relacionam uns com os outros.
Evitando a armadilha: Trabalhe com os alunos para demonstrar a leitura eficaz e as estratégias de anotar. Leia as seções em voz alta. Ensine (e discuta com os alunos) como selecionar a informação relevante para a inclusão nas anotações. Demonstre técnicas como a leitura prévia, o exame de palavras em negrito e dos cabeçalhos, a colocação das ideias principais em palavras próprias, e a prestar atenção aos títulos.
Explore os diferentes estilos de fazer anotações, e discuta como adaptar os estilos de anotação ao conteúdo em causa. Por exemplo, ajude os alunos a aprender a reconhecer quando será apropriado o uso de um diagrama Venn para comparar e contrastar dois tópicos, ou quando um esquema com estrutura hierárquica ajudará a organizar o estudo de eventos cronológicos. Introduza um conjunto de ferramentas de anotação (incluindo marca-texto, etiquetas autocolantes e cartões de indexação) que preencham as várias necessidades de todos os aprendizes. Pratique a tomada de notas em grupo, engajando os alunos em discussões sobre o que é importante e como anotá-lo.
Armadilha No.2: Achar que os estudantes sabem como “estudar”. A verdade é que muitos alunos não sabem como enfrentar o material de aprendizagem por sua própria conta.
Evitando a armadilha: Depois que os alunos tenham aprendido a ler cuidadosamente e a tomar notas com significado, você pode guiá-los no uso dessas ferramentas para estudar eficazmente.
Separe uma pequena parte da aula, a cada dia, para ensinar os alunos sobre as estratégias para estudar. Demonstre que a repetição é muito importante para reter material novo. Introduza modos diversos de usar suas anotações: perguntando entre si com os cartões de anotação, praticando jogos de revisão, e criando testes de questões de um para o outro. Pratique o vocabulário com eles a cada dia. Trabalhe com métodos mnemônicos para as sequências difíceis. Ajude os alunos a entenderem que aprender é um processo, não uma atividade de memorização na noite anterior à prova.
Armadilha No.3: Achar que os alunos entendem a ligação entre o estudo e o desempenho acadêmico. Alunos que nunca aprenderam a identificar as ideias importantes, a tomar notas com significado, e a estudar eficazmente podem não “acreditar” que estudar aumenta seu desempenho acadêmico. Eles podem até mesmo achar que os alunos com alto desempenho são apenas “muito sabidos”.
Evitando a armadilha: Arrume as condições para expor aos alunos os dividendos que eles receberão por seus esforços. Conforme você os guie no aprendizado de tomar notar e de estudar eficientemente, dê a eles as oportunidades de avaliar e de refletir sobre essas técnicas.
Peça aos alunos para que eles estabeleçam metas de aprendizado para a sua classe (talvez baseados em provas anteriores, se você as fez). Reveja regularmente as metas de aprendizado e faça os alunos refletirem sobre o seu próprio progresso. Faça com que eles descubram o que ainda precisam alcançar para serem bem sucedidos. Conforme você monitora o progresso individual de cada aluno, faça os ajustes em suas aulas e ajude-os a planejar como alcançar suas próprias necessidades de aprendizado.
Depois de uma prova ou outra avaliação da classe, faça os estudantes refletirem sobre o seu próprio progresso desde antes da prova até o resultado final. Como esse processo de estudar os levou ao sucesso? Quais ferramentas de estudo eles acharam ser mais úteis? Em que áreas eles precisam encontrar mais ferramentas para ajudá-los a aprender? Pedir aos alunos que pensem como eles aprendem (e fazer os ajustes necessários) os ajudará a se sentirem mais com o controle do seu próprio progresso acadêmico.
Conforme você trabalha nesse processo ao longo do ano escolar, “aprender a aprender” vai se tornar cada vez mais rápido e mais automático para os alunos. E você terá compartilhado um dom valioso com eles: a habilidade de descobrir, organizar e internalizar novos conceitos em sua vida acadêmica e profissional.
Cossondra George é uma veterana professora de matemática e professora de educação especial em Newberry, Michigan, e membro da Teacher Leaders Network. Ela tem um blog sobre a vida de professor na Middle School, Day by Day.

 O tratamento do autismo se distancia do “conserto” da condição Existem diferentes maneiras de ser feliz e funcionar bem, mesmo que seu cér...