sábado, 17 de novembro de 2012

239- Mulheres e Meninas TDAH - Diagnóstico Tardio, Pouco Tratamento. (parte I)


Muito frequentemente, mulheres e meninas ficam sem diagnóstico e sem tratamento. Aprenda como reconhecer os sintomas e peça ajuda. Por Maureen Connoly
Andrea Burns, de vinte e oito anos de idade, preenche perfeitamente o perfil de mulher com TDA. Ela foi oficialmente diagnosticada com transtorno de déficit de atenção apenas quando entrou na Indiana University, em Bloomington, embora apresentasse os sinais óbvios do TDAH já no ensino médio.
Depois que um conselheiro acadêmico submeteu-a a um questionário de triagem para avaliar seus comportamentos de aprendizagem e suas conquistas acadêmicas (LASSI – Learning and Studies Strategy Inventory), os resultados indicaram o que ela e sua família já suspeitavam há tempos.
As coisas tiveram que ficar muito ruins – Burns esteve a ponto de fracassar – até que ela fosse submetida ao teste. “No ensino médio, eu tinha um tutor que me ajudava com diversos assuntos, mas, quando entrei na faculdade, queriam que eu fizesse tudo por minha conta. Eu estudava o tempo todo, mas ia mal nas provas porque eu tinha um branco”, diz Burns. “E eu tentava escutar nas aulas, mas tinha dificuldade de me concentrar e de prestar atenção no que o professor falava. Anotava um monte de coisas, mas quando as revisava, não fazia sentido o que eu tinha escrito”, diz a gerente de comunicação, agora em seu ano de estreia.
Depois do diagnóstico de TDAH do tipo desatento, Burns recebeu receita de medicação. Ela percebeu imediatamente os resultados: “Finalmente fui capaz de prestar atenção durante uma aula e a tomar notas de modo correto, o que me ajudou a melhorar minha pontuação. Pela primeira vez, me senti controlada em classe”.
Burns se sente aliviada por ter identificado a causa do seu fraco desempenho escolar, e feliz por ser capaz de tratá-la. Mas não é bom que ela, como muitas outras meninas, tenha sofrido por uma década ou mais com um transtorno não tratado, que podia impactar tão negativamente e de várias maneiras a sua vida. Por que as meninas são diagnosticadas tão mais tarde do que os meninos, se é que são? E o que os professores, pediatras e os pais precisam fazer para mudar isso?
Uma das principais razões por que as meninas são tão negligenciadas é que elas mostram a hiperatividade de um jeito diferente dos meninos, de acordo com Patrícia Quinn, M.D., diretora do National Center for Gender Issues and TDAH, em Washington, D.C. “Em classe, um menino pode sempre dizer as respostas de modo impulsivo ou mexer constantemente seus pés, enquanto uma menina pode demonstrar a hiperatividade falando sem parar”, ela diz. Uma menina que fala o tempo todo frequentemente é vista pelo professor como uma tagarela, não como hiperativa ou problemática – e, assim, tem menor probabilidade de ser encaminhada para uma avaliação.
Outra razão pela qual o TDAH frequentemente é negligenciado nas meninas é que elas têm maior probabilidade do que os meninos de sofrer do TDAH tipo desatento. Os sintomas desse subtipo (que incluem fraca atenção a detalhes, curto tempo de atenção, esquecimentos, distração e falha em terminar tarefas indicadas) tendem a ser menos perturbadores e menos evidentes do que os do TDAH tipo hiperativo.
Falando de modo mais simples, um menino (hiperativo) que repetidamente faz bagunça em sua carteira será notado antes do que uma menina (desatenta) que mexe em seu cabelo enquanto olha pela janela. “Creio que fui ignorada por tanto tempo porque não demonstrava a hiperatividade do jeito que meus dois irmãos com TDAH exibem”, diz Burns.
Percepção pelas pessoas
Não constitui surpresa que uma pesquisa nacional online recente (Harris Interactive) confirme que, com relação ao TDAH, as meninas têm sido intensamente ignoradas. Dra. Quinn e Sharon Wigal, Ph. D., professora associada de clínica pediátrica na Universidade da Califórnia, em Irvine, avaliaram 3.234 pessoas, incluindo membros da população em geral (adultos sem TDAH cujas crianças não tinham o transtorno), pais de crianças com o transtorno, professores, e adolescentes com TDAH, de 12 a 17 anos de idade. Entre os avaliados, 85% dos professores e mais da metade dos pais e das pessoas em geral acreditavam que as meninas com TDAH eram mais propensas a ficar sem diagnóstico. Eles disseram que as meninas têm mais probabilidade de “sofrer silenciosamente” ou de apresentar menos sintomas. Quatro professores em dez relataram mais dificuldade em reconhecer os sintomas nas meninas do que nos meninos.
Os pais e professores avaliados disseram também que, entre as crianças com TDAH, os meninos têm mais probabilidade que as meninas de exibir problemas de comportamento, enquanto as meninas são mais frequentemente desatentas ou deprimidas. As doutoras Quinn e Wigal disseram que essas diferenças fazem com que algumas meninas com TDAH escapem do diagnóstico. “O fracasso em reconhecer os sintomas do TDAH nas meninas provavelmente resulta em significativa falta de tratamento”, elas escreveram. “... não é um transtorno banal para as meninas, e elas precisam de tratamento profissional como os meninos”.
O preço que as meninas pagam
Outra descoberta da pesquisa de Harris: Meninas sofrem mais efeitos negativos do seu TDAH do que os meninos. A pesquisa demonstrou que as meninas têm mais chance do que os meninos de serem obrigadas a repetir o  ano por causa de fraco desempenho escolar. Quando um menino tem dificuldades, ele tem mais chance de ser avaliado para o TDAH ou para uma dificuldade de aprendizagem  (e de ser diagnosticado) do que repetir o ano. Mas um professor que observa uma estudante desorganizada – uma que não consegue planejar o futuro, terminar as tarefas em tempo, etc. – acredita que ela será beneficiada por repetir o ano. “Um ano mais tarde, a menina não estará melhor porque ainda não descobriu a causa dos seus problemas”, diz a Dra. Quinn.
A autoestima das meninas com TDAH também parece sem mais comprometida do que a dos meninos com TDAH (o que pode explicar porque a pesquisa descobriu que as meninas são três vezes mais propensas a relatar o uso de antidepressivos antes de serem diagnosticadas). Não é surpreendente, então, que o transtorno cause um prejuízo na saúde mental e geral das meninas. De acordo com a Dra. Quinn, as meninas com TDAH tendem a ter mais transtornos de humor, ansiedade e problemas de autoestima do que as meninas não TDAH. “Elas podem conseguir uma nota dez num trabalho, mas, porque tiveram de trabalhar três vezes mais para conseguir isso, elas se veem a si mesmas não tão inteligentes como as outras pessoas”, diz a Dra. Quinn.

Este artigo foi publicado no número de agosto/setembro de 2004 de ADDitude.

sábado, 10 de novembro de 2012

238- Controle da Raiva Para Crianças com TDAH


Conselho do especialista em TDAH, Dr. Ned Hallowell, para ensinar crianças e adolescentes com TDAH e cheios de raiva a expressar suas frustrações e a prevenir suas explosões violentas. Por Edward Hallowell, M.D.

As explosões raivosas do seu filho com TDAH, por causa das tarefas de casa, de ter de fazer amizades, de sua família, do mundo, estão tinindo em seus ouvidos? Ter discussões e gritar tira o seu sono, perguntando-se: de onde vem toda essa raiva, e como posso ajuda-lo a lidar com ela? Eis aqui duas estratégias que funcionam.
O remédio natural é o exercício. A atividade física desliga a mente do seu filho das causas de sua raiva, ao mesmo tempo em que aumenta os neurotransmissores no cérebro que mantêm o bem estar. Seu pavio já não é tão curto logo após você ter suado bastante. Praticar um jogo de equipe ou ter aulas de artes marciais ou de boxe oferece um benefício adicional: uma criança pode se ligar a um novo modelo de conduta – seu treinador ou sensei.
Muito menos comentado é sobre ensinar uma criança a usar as palavras para controlar a raiva. A linguagem tem um papel crucial no controle da raiva. Quando você usa as palavras, você tem de pensar no que está sentindo em vez de bater. Em resumo, as palavras forçam uma criança a se controlar e pensar melhor nas coisas. As crianças que têm dificuldades com a linguagem agem mais impulsiva e raivosamente do que as que podem explicar como se sentem.
ADDitude - Outono de 2010

237- Sete Hábitos Úteis Para os Portadores de TDA.


Todo adulto com TDA tem talentos especiais. O segredo é descobri-los e usá-los para atingir metas importantes. Por Edward Hallowell, M.D.

Você às vezes fica preocupado em ser prejudicado pelo TDA? Não precisa. Todos têm interesses e habilidades especiais que podem ajudar a atingir seus objetivos. A chave é identificar esses talentos e paixões geralmente escondidos e pô-los a trabalhar.

Em mais de duas décadas como psiquiatra, conheci inúmeras pessoas que conseguiram se realizar apesar – e geralmente por causa – do seu TDA. Penso em pessoas como meu amigo R. L., que usou um dom para a conversa e uma habilidade para permanecer calmo em ambientes caóticos, para conquistar uma dinâmica carreira como âncora de televisão.

Naturalmente, encontrei muitos portadores de TDA cujas carreiras e relacionamentos pessoais foram destruídos por esse transtorno. O que explica essa diferença de resultados? Por que alguns portadores de TDA fracassam enquanto outros são bem sucedidos? Penso que seja uma questão de hábitos. Isto é, portadores de TDA bem sucedidos tendem a ser os que aprenderam a focalizar em suas potencialidades e que desenvolveram estes bons hábitos:

1. Faça o que você faz bem.

Todos são bons em alguma coisa, e não tão bons em outras. Geralmente é mais produtivo focalizar no aprimoramento de suas potencialidades do que tentar melhorar seus pontos fracos. E quando você precisa fazer alguma coisa em que você não é bom? Trabalhe com membros da família, treinadores ou tutores para encontrar estratégias que o ajudem a se tornar “bom o bastante”.

2. Mantenha-se em contato com seus amigos.

Bons amigos são essenciais para a felicidade. E amigos podem lhe dar uma perspectiva valiosa.

3. Peça conselho.

A vida é dura, mas não há necessidade de vivê-la sozinho. Descubra em quem você confia, e converse com ele com regularidade – e especialmente quando aparecerem os problemas. Ignore os pessimistas e os críticos.

4. Seja suficientemente organizado.

Você não tem de ser totalmente organizado – arquivos perfeitos, nenhuma falha. Isso é muito difícil para os portadores de TDA e, em minha opinião, pura perda de tempo. Você só precisa ser organizado o bastante para que a desorganização não atrapalhe seu caminho.

5. Encontre uma saída para a sua criatividade.

Qual é o seu hobby? Música? Caratê? O meu é escrever. A vida é sempre mais interessante e completa quando me envolvo em um projeto de escrever.

6. Aprenda a delegar.

Se você enfrenta uma tarefa de responsabilidade que você acha particularmente difícil, peça a alguém para fazê-la por você em troca de você fazer algo para ele. E não pense que alguém vai assumir sua tarefa se você não fizer o que tem de ser feito. Peça a ele ou ela para fazer por você. Pedir ajuda é especialmente importante no contexto do casamento; não entender que você está deixando as coisas não tão engraçadas (cuidar da casa, pagar as contas etc.) para seu cônjuge não TDA, invariavelmente vai levar ao ressentimento.

7. Permaneça otimista.

Todos têm um lado escuro e podem se sentir deprimidos ocasionalmente. Mas faça o seu melhor para tomar decisões e viver sua vida com seu lado positivo.

ADDitude abril/maio 2007

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

236- Ajudando os aprendizes TDAH visuais, auditivos e tácteis


Ajudando os aprendizes TDAH visuais, auditivos e tácteis (continuação da 235)

Você sabe o estilo de aprendizagem do seu filho? Ajude seu aluno TDAH a obter sucesso escolar focalizando em métodos de estudo que combine com seu modo de aprender visual, auditivo ou táctil.

Cada criança tem seu próprio estilo de aprendizagem – um modo particular de obter e processar a informação. A maioria dos alunos – especialmente os com TDAH – usam todos os seus cinco sentidos para o aprendizado, mas, frequentemente, favorecem um sentido em relação aos outros.

“Aprendizes visuais” preferem ler ou observar. “Aprendizes auditivos” se dão melhor falando e ouvindo. “Aprendizes tácteis ou sinestésicos” se beneficiam de abordagem do tipo mão na massa.

Descubra como seu filho com TDA aprende melhor para ajuda-lo com criatividade a ser bem sucedido na escola.

Se o seu filho é um aprendiz visual

Faça suas notas de classe e tarefas em letras impressas de vários estilos, cores e tamanhos.

Use cartões (flash cards), desenhos e diagramas para ajuda-lo a estudar para uma prova.

Peça ao professor para dar as tarefas de casa por escrito. Em casa, faça uma lista escrita das instruções, agendas e rotinas.

Utilize jogos de palavras cruzadas, anagramas e outros jogos de palavras.

Se o seu filho é um aprendiz auditivo

- Faça com que ele leia as anotações e o material de estudo gravado como se ele fosse um locutor de esportes ou um disque jóquei. Isso manterá sua atenção quando fizer revisões para uma prova.

- Ajude-o a falar a tabuada ou outros fatos no ritmos de sua música preferida.

- Permita que ele estude com um amigo ou alguns colegas de classe.

- Procure versões de áudio dos livros que ele estiver lendo em classe ou por prazer.

Se o seu filho é um aprendiz táctil ou sinestésico

Providencie blocos, balas de goma ou cartões de jogos para usar no cálculo de problemas matemáticos; peças de soletração ou cereais moldados com o alfabeto para formar as palavras.

Crie experiências de mão na massa – passeios pela natureza, experimentos científicos e assim por diante.

Encene os fatos históricos ou da literatura.

Explore vários materiais e técnicas para as tarefas – colagem, modelagem em argila  etc.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

235- Determinando o estilo de aprendizagem do seu filho – Como maximizar o estilo de aprendizagem do seu filho.


Determinando o estilo de aprendizagem do seu filho – Como maximizar o estilo de aprendizagem do seu filho. Por Karen Sunderhaft.

Você pode já ter identificado o estilo sensorial de aprendizagem do seu filho – se ele é melhor no processamento da informação obtida visualmente, auditivamente ou sinestesicamente (por meio do tato ou do movimento).

Mas, e sobre o estilo cognitivo de aprendizagem dele? Ele mergulha nas particularidades, ou se afasta para uma visão de conjunto? Ele é um aprendiz “global”, que vê a floresta, ou um “analítico”, centrado nas árvores? Determinar como ele aprende permitirá que você apoie suas potencialidades e ensine estratégias que funcionem para ele.

Através de lentes diferentes

Você já ouviu seu filho comentar sobre um filme e se perguntou se ele assistiu ao mesmo filme?

Uma criança que vê o mundo de maneira global tende a “sentir” o filme. Ela prontamente entende o tema e pode dar uma descrição geral do enredo. Mas, provavelmente ela não poderá lembrar-se de detalhes sobre as personagens, o fio da história ou o local. Para essa informação, pergunte ao que aprende de modo analítico. Ele lhe contará a história em grandes detalhes, contará fragmentos dos diálogos e o que as personagens estavam vestindo em cada cena. Quando for solicitado um resumo, entretanto, ele não se sairá tão bem.

A mesma distinção é aparente na maneira como as crianças enfrentam as tarefas. Antes de iniciar um jogo de quebra cabeças de montar, por exemplo, o que aprende de maneira global estuda a figura da caixa em relação ao conteúdo, desenho e cores. Em contraste, o que aprende de modo analítico examina as peças do quebra cabeças e começa a juntá-las antes de olhar a figura.

Em sala de aula

Para se organizar ou para fazer provas, o que aprende de modo analítico tem potencialidades e necessidades diferentes das de uma criança cuja abordagem seja global. Eis aqui o que você deve saber e como poderá ajudar.

O aprendiz analítico:

prefere terminar uma tarefa antes de começar outra.

Elogie-o por um trabalho bem feito e ajude-o a prosseguir mantendo uma escala ou lista de checagem diária.

trabalha melhor sem distrações.

Propicie um local de trabalho silencioso e encoraje-o a escrever as perguntas e a evitar interrupções em sua concentração.

• precisa achar um significado e a relevância do que está aprendendo na escola.

Se o professor não faz essas conexões, tenha uma conversa em casa.

prefira testes de múltipla escolha do tipo verdadeiro/falso.

Crie testes práticos que incluam respostas longas ou dissertações.

O aprendiz global:

precisa ver a grande paisagem antes de se focalizar nos detalhes.

Para ajuda-lo a fazer as duas coisas, especifique os fatos a valorizar antes de começar a leitura. Se ele perde os detalhes durante a leitura, faça-o utilizar um gravador em sala de aula, para que possa escutar novamente.

tende à procrastinação.

Ajude-o a iniciar uma tarefa e fique checando seu progresso. Trabalhar com outra pessoa pode ajuda-lo a se manter atento.

deixa as tarefas sem terminar ou vai logo para a parte criativa.

Providencie uma lista de checagem passo-a-passo para mantê-lo na atividade.

prefere testes que exijam experiências em vez de uma lista de fatos.

Realce os fatos importantes no material de estudo. Ensine a ele estratégias para fazer as provas ou testes, tal como usar o processo de eliminação em testes de múltipla escolha.

 O tratamento do autismo se distancia do “conserto” da condição Existem diferentes maneiras de ser feliz e funcionar bem, mesmo que seu cér...