terça-feira, 8 de julho de 2014

348- TDAH - Como enfrentar seu hiperfoco


O que é hiperfoco? É a habilidade natural dos portadores de TDAH de bloquear todas as distrações e de se concentrar completamente até que a tarefa esteja terminada. Siga as dicas desses especialistas para desfrutar dos benefícios do hiperfoco e para fazer mais coisas com o TDAH do adulto. Pelos editores de ADDitude.

O reverso da distração.

Não é nenhum segredo que os portadores de TDAH têm dificuldade para manter a atenção nas coisas que eles acham chatas. Mas o inverso também é verdadeiro: Nós podemos prestar atenção tão intensamente (focar) em coisas que realmente nos interessam, que ficamos indiferentes ao mundo que nos cerca, por longos períodos de tempo. Esse sintoma comum do TDAH é chamado de hiperfoco, e pode ser um benefício se aprendermos a dirigir nossa atenção de modo produtivo. Leia adiante dicas sobre como fazer isso.

1- O hiperfoco explicado

Do mesmo modo que a distração, o hiperfoco é tido como o resultado de níveis anormalmente baixos de dopamina, um neurotransmissor que é particularmente ativo nos lobos frontais do cérebro. Essa deficiência de dopamina torna difícil "mudar as marchas" para iniciar tarefas chatas porém necessárias.

2- Recompensas instantâneas

Dr. Russel Barkley, Ph.D., famoso especialista em TDAH, diz que "Crianças e adultos com TDAH têm dificuldade de mudar a atenção de uma coisa para outra. Se estão fazendo algo de que gostem ou que achem psicologicamente recompensador, tenderão a permanecer nesse comportamento até muito depois que outras pessoas normalmente já teriam mudado para outras coisas. Os cérebros das pessoas com TDAH são movidos por atividades que dão feedbacks (retornos positivos) imediatos".

3- Quando o hiperfoco é problemático

O foco desenfreado pode ser uma ruindade. Deixado sem controle, pode levar a horas perdidas online, ao fracasso escolar, à baixa
produtividade no trabalho, e a relacionamentos tensos com amigos e em casa. Finalmente, a melhor maneira de lidar com o hiperfoco é não brigar com ele, mas enfrentá-lo.

4- Estabeleça prioridades cuidadosamente

Uma maneira de fazer o hiperfoco trabalhar a seu favor é organizar estrategicamente sua lista de coisas a fazer. Cuide bem das tarefas que sejam sempre importantes (marcar ou confirmar uma reunião, ir buscar seu filho etc.) antes de iniciar um trabalho que você sabe que vai comandar toda sua atenção.

5- Programe um despertador

Para ter mais controle sobre seu hiperfoco, decida, antes do início, quanto tempo você terá de ficar imerso em um trabalho. Então, ajuste um alarme, despertador ou timer de cozinha para tocar quando for a hora de parar.

6- Monte um sistema de apoio

Peça a um membro da família ou a um amigo para ajudá-lo a ficar no controle do seu hiperfoco - quer seja uma ajuda (lembrá-lo de que sua família sentirá sua falta quando você ficar absorvido em um trabalho em casa) ou um gesto (colocar uma mão no seu ombro ou  entre você e a tela do computador, quando você estiver lá já por horas).

7- Estabeleça metas para si mesmo

O hiperfoco tem maior probabilidade de ocorrer quando você estiver engajado em tarefas que sejam desafiadoras, que sejam importantes para você, e nas quais você pode fazer progressos. Tire vantagem disso! Se você tiver uma meta que esteja de acordo com algo que o deixe excitado, você terá mais chance de ficar ligado à tarefa e de terminar o trabalho.

8- Abra-se com os outros


Fale com sua mulher (ou marido) ou outra pessoa importante sobre o hiperfoco. Explique que é parte do seu TDAH e que você não pode ligar e desligar quando quiser. Assegure à sua mulher (ou marido) que seu foco em outras coisas que não ela (ou ele) não é o reflexo do seu interesse nela (ou nele) ou do seu amor por ela (ou ele).

ADDitude

quinta-feira, 3 de julho de 2014

347- São seguros os "feriados" de medicamento para o TDAH?


Você está pensando e dar uma parada na medicação para o TDAH nessas férias? Eis aqui o que você precisa saber sobre os prós e os contras de fazer "feriados" de medicação - e qual a melhor maneira de tentar parar ou fazer uma redução da dose. Por Carl Sherman e os editores de ADDitude.

Dar uma parada na medicação

Para muitos de nós, a medicação para o TDAH é um fato da vida. Assim é, também, parar de tomar a medicação - ou querer parar de tomar. Tomar comprimidos dia sim dia não pode ser uma dificuldade para adultos, pais e filhos - mas assim também é o reaparecimento dos sintomas que frequentemente acompanham uma diminuição ou a parada da medicação para o TDAH. Como você aborda a decisão de fazer feriados de remédio, entretanto, faz toda a diferença no tratamento do seu TDAH. Eis aqui o que você precisa saber.

Por que os pais interrompem a medicação para o TDAH?

Em recente pesquisa de ADDitude, 48% dos pais disseram que planejavam fazer uma pausa na medicação para o TDAH nas férias. As razões eram tão variadas quanto os 200 indivíduos pesquisados, entretanto motivações em comum incluíam:

* 64%: Diminuição do apetite ("Eu esperava que ele melhorasse")
* 60%: Avaliação dos sintomas ("Queria ver se tinha melhorado")
* 58%: Somente para o aprendizado ("Só dou nos dias de aula")
* 52%: Férias escolares ("Sempre paro nas férias")
* 38%: Efeitos colaterais (Meu filho não gosta do jeito que ele fica")

Os "feriados" de medicação para o TDAH funcionam?

Dos 59% de pais que disseram que pararam ou diminuíram os medicamentos para TDAH de seus filhos nas últimas férias, só a metade considerou o "feriado" um sucesso. 41% disseram que uma diminuição na medicação para o TDAH causou mais problemas que soluções; 59% acharam a parada positiva. Muitos pais relataram "problemas com o controle dos impulsos", "falta de foco", "estresse emocional" e um caos na organização do lar que os levaram a abandonar o "feriado de medicação" ou ficar ao menos com uma pequena dose.

Boas experiências com os "feriados de medicação"

Aproximadamente 10% das pessoas pesquisadas disseram que o "feriado de medicação" foi um sucesso tão grande que eles "nem mais se lembraram de medicação até a volta às aulas". Os benefícios citados da parada da medicação incluíam aumento de peso, menos mudanças de humor e menos desafio. Outros pais com crianças diagnosticadas com o tipo desatento do TDAH disseram que, sem o trabalho escolar de casa para ser feito, a medicação não tinha sido necessária nas férias escolares.

Um pequeno teste de descontinuação

Muitas pessoas escolheram parar a medicação porque elas "se sentiam bem". Elas pensavam: Eu me sentirei tão bem se parar a medicação? Não é uma má questão, diz Timothy Wilens, M.D. Mas, há um jeito certo e um jeito errado de parar a medicação. "Eu indico uma tentativa de descontinuação se a pessoa estiver livre de sintomas por vários meses", diz Wilens. "O que você quer saber é se a medicação foi a responsável por toda a melhora, ou se o transtorno melhorou por si".

Eu superei o TDAH

O TDAH é um transtorno neurológico crônico, mas às vezes ele parece que desaparece. Os estudos sugerem que muitas crianças com TDAH superam aspectos do transtorno antes de chegar à idade adulta. Por quê? Alguns pesquisadores teorizam que o processo de maturação do cérebro, que dura décadas, gradualmente repara os circuitos cerebrais errados associados ao TDAH. Outros atribuem a melhora à gradual aquisição de habilidades de adaptação. Se os sintomas são leves, e as habilidades de adaptação também foram aperfeiçoadas, diz Wilens, a medicação se torna desnecessária.

Até logo, efeitos colaterais

Mesmo em casos nos quais a medicação ainda atue, os efeitos colaterais podem ser insuportáveis. Essa é uma razão comum para que tanto crianças quanto adultos com TDAH façam uma parada da medicação quando eles conseguem. "Fiquei livre dos remédios por várias vezes", diz Robert Jergen, Ph.D., 36 anos, professor associado de educação especial na Universidade de Wisconsin, em Oshkosh. "Algumas drogas causavam dor intestinal. Outras faziam meu coração disparar. Uma foi eficaz em reduzir minha hiperatividade, mas eu não conseguia dormir. A última medicação que usei fez com que minha ereção ficasse difícil de surgir e de ser mantida, e provocou tiques vocais".

Como parar a medicação

Se você está pensando em abandonar a medicação, os especialistas alertam que deva fazer isso somente com a aprovação do seu médico. Ele pode lhe dar a luz verde, ou pode lhe sugerir outras opções, tais como associar psicoterapia ou TDAH "coaching" (treinamento) ao seu tratamento medicamentoso. Seu médico pode ser capaz de aliviar suas preocupações por meio do ajuste das doses da medicação ou pela troca por nova medicação. "Um monte de gente não sabe quantas medicações existem para o TDAH", diz Michele Novotni, Ph.D., psicóloga em Pennsylvania.

Dúvida sobre a segurança da medicação

Não pare a medicação do seu filho porque uma notícia de jornal ou no Facebook fala sobre a segurança da medicação. Fale com seu médico sobre as preocupações antes de fazer uma mudança. Dr. Adesman conta sobre o pai de um paciente que queria parar de dar a Ritalina para o seu filho. "O pai estava preocupado por causa de uma notícia que sugeria que as crianças que tomavam Ritalina eram mais propensas a ter câncer", diz Adesman. Esta acusação não foi provada. Depois que Adesman explicou isso, o pai abandonou sua decisão de tirar a medicação do filho, a qual estava sendo muito eficaz.

Adie o julgamento

Não seja muito apressado para declarar o sucesso ou o fracasso. Os estimulantes saem do corpo em horas, mas medicamentos como o Strattera podem continuar a controlar os sintomas por vários dias, talvez semanas, após a última dose. Quando você para a medicação, a hiperatividade volta rapidamente, mas a concentração dificultada e os problemas de organização podem levar até seis meses para se tornarem evidentes. Você pode decidir voltar à medicação. Se for assim, tenha em perspectiva a experiência. Você aprendeu algo valioso.


ADDitude.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

346- TDAH - Dez Erros de Tratamento Que Até Mesmo os Médicos Cometem


Regras de tratamento medicamentoso que seu médico pode não saber - mas que deveria - para diminuir os sintomas e otimizar o plano de tratamento. Por Gina Pera

Informe-se

Muitos adultos ainda encontram profissionais cujo conhecimento do manejo medicamentoso é pontual, incluindo psiquiatras que propagam grande especialização. Seja um consumidor de cuidados de saúde esperto e aprenda tudo o que puder sobre qualquer medicação antes de começar a tomá-la. Ao mesmo tempo, se o seu médico fizer uma das dez declarações seguintes, pode ser que esteja na hora de pular fora e encontrar um novo médico.

1- Meus pacientes adultos com TDAH se dão melhor com este medicamento estimulante.

Médicos que elegem estimulantes "favoritos" não têm uma base comprovada para assim agir, e estão apostando com as suas chances de sucesso. Cada uma das duas principais classes de medicação estimulante (metilfenidato e anfetaminas) pode funcionar para alguns pacientes com TDAH mas não ter efeito em outros. Não há nenhum modo de saber de antemão a que classe de estimulantes você responderá, até que você experimente.

2- Para um adulto do seu peso e altura, começo com esta dosagem.

A dose ótima da medicação não está relacionada com o peso ou a altura da pessoa.

3- Esta é uma dose média de início.

Não há nenhuma dose média de início. A escolha depende de muitos fatores, incluindo sua história de uso de estimulantes, diferenças genéticas, condições coexistentes e a gravidade dos seus sintomas. O cérebro é complexo, e os resultados diferem de pessoa a pessoa.

4- Aumentaremos a dose para 10 mg em duas semanas.

Assim como um profissional não pode prever qual medicação funcionará melhor para você, ou em qual dose de início, ele também não pode prever uma dose ótima final. A dose ótima é identificada por um método chamado titulação: o aumento cuidadoso da dose ao longo do tempo, até que os efeitos colaterais superem os efeitos benéficos, e, então, reduzindo para a dose anterior.

5- Então, como esta medicação está funcionando para você?

Julgar a eficiência da medicação precisa de mais coisas além de perguntar como você está indo. Requer um inventário cuidadoso das mudanças que você está sentindo depois do início da medicação e revisar regularmente o progresso do tratamento, identificando as melhoras ou os efeitos colaterais. Durante a titulação, os especialistas recomendam conversar com o médico semanalmente e marcar consultas a cada três ou quatro semanas.

6- Você vai ter uma grande melhora dos sintomas daqui para a frente.

A pesquisa nos fala muito sobre a eficiência da medicação estimulante, mas não podemos como a medicação afetará cada uma das pessoas. Qualquer efeito positivo não deveria ser exageradamente propagandeado. Na verdade, alguns sintomas podem melhorar dramaticamente em alguns dias, ou até mesmo horas. Mas é importante esperar para julgar o efeito completo, porque leva algum tempo para todos esses dados serem acumulados.

7- Se o estimulante atrapalhar seu sono, teremos que mudar para um não estimulante.

Os problemas de sono entre os pacientes com TDAH são multifacetados e pouco entendidos por muitos médicos. Cada vez mais, a pesquisa aponta para diferenças neurofisiológicas no ritmo circadiano, o relógio biológico interno que nos diz quando dormir. Algumas pessoas com TDAH dormem melhor com estimulantes, que param o "barulho cerebral" e aumentam o foco em ir dormir.

8- Sim, continue a consumir cafeína, se você gosta.

Muitos adultos com TDAH têm uma longa história de amor com a cafeína e com bebidas gasosas cafeinadas. Porém, a cafeína pode exacerbar os efeitos das medicações estimulantes, criando ansiedade e palpitações cardíacas. Você não pode determinar o que está causando esses efeitos - o estimulante ou a cafeína - até que gradualmente diminua a ingestão de cafeína antes de começar a usar os estimulantes.

9- Se você tem pressão alta, você não pode usar estimulantes.

Adultos com TDAH devem passar por um rigoroso exame físico e ter sua pressão arterial aferida antes de começar a usar qualquer medicação nova. Mas a idéia de que a hipertensão impeça a tomada de medicação para o TDAH é um mito. De fato, há medicações para o TDAH que abaixam a pressão arterial - como a guanfacina ou a atensina - e que podem ser usadas como alternativa ou junto com os estimulantes.

10- Se você acha que a medicação estimulante parou de funcionar para você, talvez devamos experimentar outra coisa.

Talvez a medicação  estimulante tenha parado de funcionar por razões neurobiológicas, ou talvez você tenha se  esquecido de como era sua vida antes de começar a usá-la. Depois de algumas semanas de experimentar a novidade da melhora dos sintomas, é fácil se esquecer de onde você veio e onde chegou. Manter anotações do seu progresso é a melhor maneira de saber se a medicação está funcionando.


ADDitude.

 O tratamento do autismo se distancia do “conserto” da condição Existem diferentes maneiras de ser feliz e funcionar bem, mesmo que seu cér...