Por que pessoas com TDAH sofrem com sentimentos de
vergonha e como elas conseguem superá-los. Por William Dodson, M.D.
Vergonha
não é culpa
Vergonha (shame) é umas das mais velhas palavras inglesas
conhecidas, que originalmente significava "esconder" ou
"encobrir". Como tal, vergonha é a coisa mais difícil de se lidar,
porque tende a ficar escondida e nunca ser resolvida. Sentir vergonha é
diferente de sentir culpa. Culpa refere-se a algo que se tenha feito. Vergonha
tem a ver com o que se é.
Sentir-se
isolado e diferente
Para os TDAHs, a vergonha surge de repetidos fracassos
para atingir as expectativas dos pais, professores, amigos, chefes e o mundo.
Calcula-se que os que têm TDAH recebem 20 mil mais mensagens negativas até a idade
de 12 anos do que os que não têm o transtorno. Eles se vêem a si mesmos como
fundamentalmente diferentes e imperfeitos. Eles não são como as outras pessoas.
Sentir-se
mal consigo mesmo
É especialmente doloroso quando pessoas bem comportadas,
que fazem parte da vida de uma pessoa com TDAH, dizem que ela falhou ou que
desistiu. Os TDAHs são acusados, diretamente ou por simplificação, de serem
preguiçosos, ou deliberadamente desobedientes - como se eles se programassem
para fracassar. É difícil não se sentir mal consigo mesmo. De fato, um
especialista acredita que a "baixa autoestima" deveria ser um dos
critérios para o diagnóstico do TDAH nos adultos.
Raiva
contra os que criticam
Os TDAHs que sentem vergonha escondem-se em si mesmos -
ou escondem-se atrás de uma raiva contra a fonte identificada da negatividade.
Isso pode explicar por que pessoas com TDAH temem que os outros as conheçam
intimamente, ou que vejam como elas vivem. Os TDAHs guardam dois segredos
horríveis: seu futuro é descontrolado e incontrolável,
e a vida pode infligir a vergonha que machuca, tão facilmente quanto engendra o
sucesso.
Dificuldades
com as tentativas de ser perfeito
A muitos TDAHs, a vergonha causa a tentativa de serem
perfeitos. Uma pessoa pensa: "Se eu pareço e faço tudo perfeito, posso
evitar a vergonha. Um TDAH, que tenha essa crença, está constantemente
avaliando todos em sua vida - amigos, família, filhos - para ver o que eles
aprovam e valorizam, e lhes dá isso de volta. A pessoa com TDAH se esquece do
que quer de verdade para a sua própria vida.
A
desistência
Muitos TDAHs, que sentem vergonha, param de tentar fazer
coisas - no trabalho e em casa - a não ser que tenham a garantia antecipada de
sucesso rápido, completo e fácil. Eles não têm a habilidade de manter o esforço
por muito tempo, se não estão tendo sucesso completo. Isso geralmente é
interpretado como preguiça, levando a pessoa a se sentir mais envergonhada e
mais mal compreendida. É por essa razão que os videogames são tão populares.
Se você fracassa, só você fica sabendo. Você reinicia o jogo e segue em frente,
como se nada tivesse acontecido.
A
vergonha de pedir ajuda
A vergonha aparece no caminho dos adultos e crianças que
pedem ajuda. Para muitas pessoas com TDAH, contar ao médico os seus fracassos e
pedir para receber medicação para ajudá-las a serem bem sucedidas, é
impensável. Elas já tentaram de tudo e nada funcionou. Muitas crianças preferem
repetir de ano a pedir ajuda do professor. É por isso que muitos pais acham que
foram cegos quando descobrem o quão mal seu filho está indo nos estudos. Seu
filho não conta nada para eles porque sente muita vergonha em ter de admitir
isso.
Culpar
os outros
Muitos com TDAH resolvem culpar os outros por sua
incapacidade de resolver os problemas que os fazem sentir vergonha. Depois que
encontram alguém a ser culpado, lavam as mãos da responsabilidade e das
providências para corrigir o erro. A meta de quebrar o ciclo da vergonha é
adotar o ponto de vista do investidor financeiro George Soros: "Não há
nada vergonhoso em estar errado, só em fracassar na correção de nossos
erros"
Espantar
a vergonha sorrindo
Para os TDAHs, o humor é uma das melhores armas contra a
vergonha. Rir de uma situação que deu errado ou de um erro que você cometeu
traz mais aceitação de si mesmo e alivia as atitudes geralmente severas
desenvolvidas contra si próprio na infância. o humor elimina o poder da
vergonha sobre nós.
Aceite-se
a si mesmo - com verrugas e tudo
Embora as pessoas que se sentem envergonhadas sejam
intensamente focalizadas em como o mundo exterior as vê, o primeiro passo para
combater isso é a auto-aceitação. Até que uma pessoa com TDAH seja capaz de
aceitar-se e valorizar-se, embora não seja perfeita, ela realmente não poderá
acreditar que os outros possam amá-la do jeito que ela é.
Encontre
um líder de torcida
Ter alguém - um amigo, vizinho, treinador, ou avô - que
aceite e ame uma criança ou adulto com TDAH, apesar dos seus defeitos e
limitações, é vital para superar a vergonha. Isso é o oposto do perfeccionismo,
no qual a aprovação está na dependência do que a pessoa tem feito ultimamente.
A pessoa que aceita age como um vaso que contém a memória de você como uma
pessoa boa e valiosa, mesmo quando as coisas não vão bem.
A
força dos números
Um grupo de apoio aos TDAHs pode ser uma ilha de boa
recepção num mundo TDAH. Finalmente, a pessoa é compreendida. As outras pessoas
do grupo estiveram em suas sandálias e sabem a vergonha e o fracasso em ser
diferente. o grupo vê a pessoa como ela é e corrige as distorções que resultam
de esconder-se em um mundo interior de vergonha. Além disso, grupos de
auto-ajuda estabelecem metas específicas para os TDAHs que são mais realistas e
amáveis.
Revele
a verdade
Um médico e um terapeuta precisam ser vigilantes para os
sinais da vergonha porque muitos TDAHs a escondem do mundo. É fundamental para
o diagnóstico correto e a terapia bem sucedida que o terapeuta e o paciente
estejam conscientes da intensidade emocional que é parte da vida de um
paciente. Uma grande quantidade de pacientes tenta esconder este componente
emocional, temerosa de ser ferida posteriormente se a verdade for conhecida.
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