sexta-feira, 19 de agosto de 2016

VINTE E UM COMENTÁRIOS IGNORANTES SOBRE O TDAH (E OS FATOS PARA REFUTÁ-LOS) - 428

VINTE E UM COMENTÁRIOS IGNORANTES SOBRE O TDAH (E OS FATOS PARA REFUTÁ-LOS)

O TDAH não é desobediência de propósito. Não é causado por muito açúcar ou muitos jogos eletrônicos. E castigo físico não é um método de cura. A seguir, nossos leitores compartilham 21 dos mais ignorantes comentários sobre o TDAH, e os fatos que usam para refutá-los. Pelos leitores e editores de ADDitude.

Os piores comentários sobre o TDAH

Quando de fala sobre o TDAH, os mitos e a desinformação abundam. Nossos leitores compartilham alguns desses comentários idiotas e sem pés nem cabeça que ouviram de estranhos, professores, médicos e membros da família, sobre o TDAH. Prepare-se para o massacre de insensibilidade.

1- É somente uma birra

Minha mãe ficou em minha casa por uns dias. Toda vez que meu filho “enlouquecia”, ela dizia “Bem, para mim, é só uma crise de birra”. Eu até poderia concordar com ela se esses descontroles não acontecessem todos os dias!

2- É um falha de caráter

Enquanto eu crescia, meus pais me faziam crer que era um “defeito no meu caráter”, e não desatenção, o que me impedia de ir bem no desenvolvimento das habilidades acadêmicas. Precisei reconhecer o TDAH nos meus próprios filhos para começar a me livrar do sentimento de culpa!

3- É um criador de caso

Quando meu filho estava no quarto ano, sua professora ficou cansada com o que ela descrevia como “mau comportamento” e “desrespeito às regras”. Ela começou a dizer que nós éramos uma família de “criadores de caso”. Um professor não devia ter mais conhecimento?

4- Hiperativo

Oh, ele é só um pouquinho hiper”. Bem, isso é uma subestimação.

5- Aprender a ser pai (mãe)

Antes de ser diagnosticado como TDAH, um pediatra sugeriu de verdade que eu tomasse aulas de como ser pai ou mãe. Foi preciso que eu me mudasse para outro estado e consultasse outro pediatra para que meu filho fosse corretamente diagnosticado com TDAH.

6- O melhor remédio

Um dia fui comprar a medicação do meu filho e o farmacêutico disse “Você sabia que economizaria um bom dinheiro se em vez de remédio lhe desse umas boas palmadas?”. Fiquei chocada!

7- A solução é o Esporte

Alguém uma vez me disse que se eu pusesse meu filho para praticar algum esporte os problemas de comportamento deles seriam resolvidos. “Ele só precisa ficar muito cansado”.

8- Pais que criticam

Eu nunca deixaria meu filho fazer isso”. Acho que seu filho não tem TDAH.

9- Por um freio nele

O que há de errado com essa criança?! Por que os pais não põem um freio nela?”. Se fosse assim tão simples.

10- Teste do tempo

Ela vai superar isso”. Já ouviu falar do TDAH do adulto? Suspiro.

11- Mal ajustado socialmente

Fui apelidado de “mal ajustado” pela minha professora de jardim de infância, mas, na verdade, eu ficava apenas aborrecido porque não estava aprendendo nada novo.

12- Desmotivado

Enquanto crescia, fui chamado de “preguiçoso e desmotivado” e foi dito que eu só precisava me aplicar mais.

13- A vergonha das drogas

Então há os que dizem “Oh meu Deus, você dá essas drogas para ela? Você não tem medo do que elas fazem a ela?” Humm...não. Estou mais preocupada com o que minha filha vai fazer se ela não tomar seus medicamentos!

14- Vantagem desonesta

O Plano 504 e os IEPs (Programas Individuais de Educação) são uma vantagem desonesta”. Oh, tá certo, porque ter TDAH é como dar um passeio na praça.

15- Esforce-se

Você não está vivenciando todas as suas potencialidades. Se você apenas se esforçasse mais um pouco...”. Nós todos já escutamos isso.

16- As dificuldades para a pender

Fui diagnosticada com TDAH no jardim de infância. Minha professora do primeiro ano disse “Bem, ela só é burra e não consegue aprender”. Hoje, tenho 4 graduações de bacharel e uma de mestrado, e estou me preparando para um doutorado. Adivinha se eu não provei que ela estava errada.

17- Os inteligentes

Gente inteligente não tem incapacidades e gente com incapacidades não é inteligente”. Isso, obviamente, não é verdade. Já ouviu falar de Einstein? Sim, ele tinha TDAH.

18- Um dia “tipo TDAH”

É uma neura pra mim quando um não TDAH brinca dizendo “Hoje estou tão TDAH”, quando estão distraídos. É o tipo de piada que faz as pessoas deixarem de considerar o TDAH um transtorno grave.

19- Um lar desfeito

Uma vez, alguém me disse que eu me comportava daquele jeito porque eu era o produto de um “lar desfeito”.

20- O que há num nome?

Irresponsável” é uma palavra que ouço constantemente enquanto cresço. Sinto que é o meu nome do meio, ou segundo nome.

21- Sobrecarga de TV

Tive um professor de psicologia que me disse que o TDAH era provocado por maus pais e por excesso de TV! Fiquei vermelho de raiva por vários dias. Doeu meu coração pensar que alguém pudesse realmente dizer isso.


segunda-feira, 15 de agosto de 2016

O TDAH da criança e o do adulto podem ser transtornos independentes. 427

O TDAH da criança e o do adulto podem ser transtornos independentes.

Novas pesquisas, polêmicas, sugerem que as pessoas, que não demonstram nenhum sinal de TDAH na infância, podem desenvolver a condição mais tarde na vida e, inversamente, crianças com o diagnóstico podem superar no crescimento os seus sintomas.
Duas novas pesquisas sugerem que o TDAH adulto não é uma simples continuação do TDAH da infância, mas, na verdade, um transtorno separado, com um desenvolvimento independente ao longo da vida. E, além disso, o TDAH com início na idade adulta pode ser realmente mais comum do que o de início na infância. Esses dois resultados vão contra o que se acredita popularmente, e pedem para serem confirmados com mais pesquisa.
Os dois estudos, publicados no número de julho de 2016 do JAMA Psychiatry, usaram metodologia semelhante e mostraram resultados muito parecidos. O primeiro, conduzido por uma equipe da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no Brasil, avaliou mais de 5 mil indivíduos nascidos em 1993 na cidade de Pelotas. Aproximadamente 9% deles foram diagnosticados como TDAH da infância – uma taxa bem dentro da média. Doze por cento dos mais de 5 mil indivíduos preencheram os critérios de TDAH quando adultos – significativamente mais do que era esperado pelos pesquisadores – mas havia superposição muito pequena entre os grupos. De fato, somente 12,6% dos adultos com TDAH tinham sinais diagnosticados como TDAH na infância.
O segundo estudo, que avaliou 2.040 gêmeos nascidos na Inglaterra e no País de Gales de 1994 a 1995, verificou que de 166 indivíduos que preenchiam os critérios para TDAH do adulto, mais da metade (67,5%) não tinham nenhum sintoma de TDAH na infância. Dos 247 indivíduos que preenchiam os critérios para TDAH na infância, menos de 22% retiveram tal diagnóstico como adultos.
Os resultados desses dois estudos confirmam os achados de uma pesquisa da Nova Zelândia, publicada em outubro de 2015, na qual foram seguidos indivíduos desde o nascimento até a idade de 38 anos. Dos pacientes que mostraram sinais de TDAH como adultos, naquele estudo, um surpreendente índice de 90% não mostraram nenhum sinal do transtorno na infância.
Os resultados combinados desses dois estudos sugerem que a definição mais amplamente aceita do TDAH (como um transtorno que se desenvolve na infância e ocasionalmente se resolve com o crescimento do paciente) pode estar precisando de uma revisão. Alguns especialistas permanecem em dúvida, entretanto, e sugerem que os autores dos estudos podem ter simplesmente ignorado os sintomas de TDAH na infância nos casos em que ele aparentemente surgiu na idade adulta.
Como essas dúvidas sugerem que as pesquisas do Reino Unido, Brasil e Nova Zelândia podem ter subestimado a persistência do TDAH e superestimado a prevalência do TDAH de aparecimento no adulto, seria um erro para os profissionais admitir que muitos adultos a eles encaminhados com sintomas de TDAH não tiveram uma história de TDAH na infância”, escreve Stephen Faraone, Ph.D., e Joseph Biederman, M.D., em um editorial alertando a comunidade TDAH a interpretar os dois mais recentes estudos como “um grão de sal”. Eles acham que os resultados são “prematuros”.

Em ambos os estudos, entretanto,os que tinham TDAH do adulto mostraram níveis elevados de comportamento criminoso. Abuso de substâncias, acidentes de tráfego e tentativas de suicídio. Essas preocupantes correlações permaneceram mesmo após os autores terem ajustado a análise para outros transtornos psiquiátricos – provando uma vez mais que quer se desenvolva na infância ou na idade adulta, o TDAH não tratado é um problema sério. Por Devon Frye. ADDitude.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Tome cuidado! Os médicos confundem TDAH com Transtorno Bipolar do Humor - 426

Tome cuidado! Os médicos confundem TDAH com Transtorno Bipolar do Humor

Para os médicos que são treinados em transtornos do humor, os sintomas do TDAH podem se parecer com Transtorno bipolar. Não deixe que seu médico erre o seu diagnóstico.
Dr. Willian Dodson, M.D.

As pessoas com o sistema nervoso do tipo TDAH são passionais. Elas sentem as coisas mais intensamente que as pessoas com sistema neurológico normal. Elas tendem a reagir exageradamente a pessoas e a acontecimentos em suas vidas, especialmente quando percebem que alguém as está rejeitando e retirando amor, aprovação ou respeito.

Os médicos veem o que estão treinados a ver. Se eles veem “oscilações de humor” somente em termos de transtornos de humor, eles mais provavelmente diagnosticarão um transtorno de humor. Se eles são treinados a interpretar a excessiva energia e o pensamento veloz em termos de mania, isso é o que eles provavelmente diagnosticarão.

De acordo com dados do National Comorbidity Survey Replication (NCS-R), todos os adultos com TDAH foram diagnosticados como tendo transtorno bipolar do humor (TBH). O TDAH não foi uma opção. Quando a maioria deles obteve o diagnóstico correto, eles já tinham se consultado com 2,3 médicos, em média, e fracassado em 6,6 tipos de tratamento com antidepressivos e estabilizadores do humor.

Antes de que um médico faça o diagnóstico, os pacientes precisam saber que as doenças do humor:

- Não são desencadeadas por eventos da vida diária; elas “caem do céu”
- São independentes do que está acontecendo com a vida da pessoa
(quando coisas boas acontecem, eles ainda se sentem “miseráveis”);
- Têm início lento, durante semanas ou meses;
- Duram semanas ou meses, a não ser que tratados.

Os pacientes também precisam saber que as oscilações de humor do TDAH:

- São uma resposta a algo que está acontecendo na vida da pessoa;
- Combinam com o que a pessoa percebe como fator desencadeante;
- Mudam instantaneamente;
- Desaparecem rapidamente, geralmente quando a pessoa diagnosticada com TDAH se engaja em algo novo e interessante.


Se você não consegue que seu médico veja essas distinções importantes, a probabilidade é de que você será mal diagnosticado e não receberá o tratamento adequado. 

terça-feira, 24 de maio de 2016

TDAH EM MENINAS E MULHERES - 425

Sábado, 14 Maio 2016 00:00

TDAH EM MENINAS E MULHERES

Escrito por  
A maior parte da literatura sobre TDAH é tradicionalmente direcionada ao gênero masculino, pois em tese somariam 80% dos portadores. Entretanto, há algum tempo, pesquisadores têm chamado a atenção, quanto à expressão do transtorno, para as diferenças entre homens e mulheres. Alguns autores vêm se dedicando ao estudo específico do TDAH em meninas e mulheres.
Atualmente mais mulheres estão sendo diagnosticadas, com a melhor identificação do tipo predominantemente desatento (SEM hiperatividade). Meninas e mulheres com TDAH lutam com uma variedade de problemas que são diferentes daqueles que os homens enfrentam.
Nem todos os pais ou professores ouviram falar em TDAH. E não devemos esquecer que a maioria deles, quando ouve esse termo, lembra com freqüência de um menino pequeno e agitado.overwhelmed-woman-juggling
A maior parte dos meninos com TDAH é mais facilmente identificável, seja na sala de aula seja no lazer, e com mais frequencia são levados para uma avaliação. A maior parte das escalas e questionários de avaliação enfatizam os aspectos da hiperatividade, da impulsividade e do comportamento desafiador. E apenas as poucas meninas que são parecidas com esses meninos é que são levadas a alguma avaliação. Com isso continuamos com a taxa enganosa de 4 : 1.
Pode-se traçar um paralelo entre as formas tradicionais (tipo misto, tipo predominantemente hiperativo-impulsivo e tipo predominantemente desatento) e a maneira como os sintomas se expressam nas meninas e nas mulheres. Esse paralelo é bastante útil para compreender as variações sobre esses três tipos.
O que se percebe agora é que muitas meninas não foram diagnosticadas porque seus sintomas se mostram diferentes. Uma grande diferença é que as meninas são menos rebeldes, menos desafiadoras, em geral menos " difíceis " que os meninos. Mas " ser menos difícil " em vez de ajudar, só dificultou o reconhecimento do problema. Enquanto meninos causam frequentes problemas com a disciplina, em casa ou na escola, e rapidamente se procura uma orientação, as meninas, por serem mais cordatas, dificilmente são identificadas, e vão passando ano após ano na escola sem usar todo o seu potencial.
No entanto, meninas com TDAH não são todas iguais. Quando seu comportamento é parecido com o TDAH em meninos o reconhecimento é mais fácil. Mas mesmo as que são do tipo Misto ou do tipo Predominantemente Hiperativo-Impulsivo, nem sempre são tão parecidas com os meninos. E é aí que elas ficam sem diagnóstico.
As meninas e mulheres que apresentam sintomas de Hiperatividade e Impulsividade mais marcantes, os expressam de forma diferente da dos meninos. São frequentemente menos rebeldes, menos opositivas, e a Hiperatividade se expressa através da fala e da ação. Como a comorbidade com os Transtornos de Ansiedade e Depressão são os mais frequentes, costumam ter uma instabilidade emocional importante, com frequentes mudanças de humor.
As meninas com o tipo Predominantemente Desatento se mostram sonhadoras e tímidas. Se esforçam para não chamar a atenção sobre si mesmas. Aparentam estar ouvindo enquanto suas mentes divagam. Podem parecer ansiosas em relação a escola, esquecidas e desorganizadas com o dever de casa e atrasar a entrega de trabalhos. Costumam ter um ritmo lento e a sensação de sobrecarga. Algumas são ansiosas ou depressivas e vistas erradamente como menos inteligentes do que realmente são.
No tipo Misto apesar de terem um nível de atividade muito mais alto que as desatentas, elas não são necessariamente hiperativas. A agitação se mostra através da fala mais intensa. O discurso pode ser confuso pela dificuldade em organizar seus pensamentos, e tentam disfarçar a desorganização e o esquecimento. Na adolescência podem tentar compensar a pobre performance acadêmica se expondo a riscos com fumar, beber e iniciar vida sexual ativa, precocemente.
adhd-women-different
Quanto mais inteligente, mais tarde os problemas acadêmicos tendem a aparecer. Muitas meninas com QI acima da média podem progredir até chegar ao nível secundário , ou mesmo à faculdade. À medida que a vida escolar se torna mais exigente e complicada, nos níveis superiores, a dificuldade com a concentração, organização e conclusão tem maior probabilidade de aparecer. As disfunções executivas ficam mais visíveis a medida que as exigências sociais progridem.
As pesquisas atuais já demosntram que a proporção de mulheres com TDAH é de 1 para 1 com relação aos homens, o que, portanto, significa, que o TDAH não faz distinção de sexo, e que tantos homens quanto mulheres são igualmente passíveis de sofrer do transtorno.
Neste sentido, é fundamental observar as meninas, especialmente se há ocorrências de casos de TDAH prévios na família, para que não cheguem a idade adulta sem diagnóstico, e acabem colhendo mais prejuízos.
Texto de Katia Beatriz – psiquiatra e membro da diretoria da ABDA
- See more at: http://www.tdah.org.br/br/artigos/textos/item/137-tdah-em-mulheres.html#sthash.J9HwY8sq.dpuf

quarta-feira, 4 de maio de 2016

O Impacto do TDAH no Casamento - 424

O Impacto do TDAH no casamento.

Escrito por  
O Impacto do TDAH no Casamento

shutterstock 110329328-e1441596315353Quem convive diariamente com pessoas que têm TDAH, sabe como essas relações podem se tornar difíceis e desgastantes. Estudos têm focado nas dificuldades que surgem em casamentos onde um ou ambos os cônjuges tem TDAH. Essas relações, usualmente, vivem sucessivas crises que em muitos casos, podem levar ao divórcio.
Alguns autores defendem a existência de um perfil consistente e previsível de casamentos prejudicados pelo TDAH e, que ao identificar esses aspectos é possível traçar uma estratégia de tratamento que permita que o casal se relacione melhor com as dificuldades impostas pela convivência com uma pessoa com TDAH.
Igual a todos os casamentos, os casamentos afetados pelo TDAH podem variar entre exemplos de grande sucesso ou de completo desastre, no entanto, os casamentos afetados negativamente pelo TDAH são especificamente mais problemáticos e com maiores chances de terminarem em divórcios e mais desgaste emocional.  
Existem muitas formas de se vivenciar os prejuízos do TDAH em um casamento. A primeira é que quando se está casado com uma pessoa com TDAH, muitas vezes, o cônjuge que não é TDAH se sente ignorado e solitário no relacionamento. Por ourto lado, o cônjuge que tem TDAH tem sempre a sensação de nunca conseguir corresponder às expectativas do seu parceiro(a). O cônjuge que convive com uma pessoa com TDAH frequentemente experimenta o sentimento de estar lidando “com mais uma criança em casa”, de que está sempre se queixando e cobrando que o outro cumpra com as suas obrigações, o que gera insatisfação e frustrações intermináveis. A médio prazo, o efeito deste ciclo na relação é extremamente negativo uma vez que pode suscitar no cônjuge que tem TDAH a sensação de estar sendo controlado justamente pela pessoa (seu marido/esposa) que deveria ocupar um lugar de parceria. 
Não importa o quanto o indivíduo com TDAH tente, ele nunca consegue satisfazer minimamente as expectativas do cônjuge, sempre responde com um desempenho inferior ao esperado, se sente constantemente cobrado, mas nunca satisfaz as demandas do outro. A sensação que ele experimenta é de estar vivendo continuamente um interminável ciclo de cobranças.
Se alguma dessas descrições parecerem familiares, é porque provavelmente o casamento está sofrendo com o efeito nocivo dos sintomas do TDAH. Vidas emocionais estão em risco. Os  estudos científicos mostram como as pessoas que tem TDAH são duas vezes mais suscetíveis a divórcios do que as pessoas que não tem TDAH (Bierderman et al. in 1993). Esses dados não significam que os que tem TDAH são incapazes de estabelecer bons relacionamentos afetivos. Nesses casamentos, na maioria das vezes o fracasso se deve ao fato de ambos os cônjuges serem vítimas de uma combinação de sintomas de TDAH não compreendidos e, portanto, interpretados como comportamento voluntário do outro.
cartoon-couple-arm-wrestlingO desencadeamento de uma série de respostas negativas previsíveis em ambos os cônjuges cria uma espiral descendente no casamento. As características destrutivas em um relacionamento não são exclusividade dos sintomas do TDAH, mas as consequências de um padrão de relacionamento que incluem os sintomas do TDAH e as respostas equivocadas a estes sintomas, geram crises conjugais, muitas vezes insolúveis. Esse padrão é conhecido como ciclo sintoma-resposta, que é a base da má comunicação que se instala no casamento com indivíduos com TDAH.
            Em casamentos que se encontram em situações extremas, onde a esperança parece ter desaparecido e onde um não reconhece mais no outro aquela pessoa por quem se apaixonou, existem estratégias que podem ser adotadas pelo casal para que juntos conseguam construir uma relação que possa coexistir com a presença do TDAH.

Para reconstruir com sucesso um casamento prejudicado pela presença do TDAH é necessário, primeiramente, que ambos os cônjuges estejam dispostos a buscar tratamento especializado e dispostos a fazer mudanças. A responsabilidade pelo casamento não pode recair somente sobre aquele que tem TDAH. Se o casamento se encontra em crise, é possível que seja consequência do comportamento do casal. Somente mudando a forma com que ambos interagem emocionalmente é que pode ser feita uma mudança na qualidade do relacionamento.
Em segundo lugar, ao entender qual o papel que o TDAH desempenha na dinâmica da relação, é possível com ajuda de um profissional especializado melhorar a comunicação entre o casal e evitar que as mesmas respostas que levaram o casal ao conflito permanente continuem se repetindo. Nesses casos, o conhecimento sobre o TDAH e seus efeitos no casamento é uma ferramenta fundamental e permite que o casal resignifique comportamentos que antes eram vistos como sendo “má vontade” e “preguiça”, possam ser vistos como sintomas do TDAH.
Algumas estratégias benéficas que o casal pode tentar estabelecer tendo como objetivo a melhora na comunicação do casal.
pop-art-gift 1. Restabelecer e cultivar a empatia pelo cônjuge, tentar entender o porquê do outro apresentar comportamentos específicos sem antecipar a intenção do outro. Olhar para si mesmo e para as suas responsabilidades e refletir de que maneira as suas ações reverberam no outro e quais as consequências delas.
 2. Evitar que as mesmas emoções acarretem nas mesmas respostas. Identifique onde o padrão se repete e trabalhe exaustivamente para ter uma reação diferente da comum, que você já sabe que não funciona.
3. Responder agressivamente à distração do(a) seu(sua) marido(esposa) é muito menos eficaz do que tentar apoiá-lo e motivá-lo a mudar o seu comportamento. Mesmo que pareça que seu cônjuge com TDAH mereça as suas reclamações, entenda que, na verdade, com esta atitude agressiva ele vai se sentir cada vez mais desmotivado e cada vez menos amado e compreendido.
4. A busca de tratamento especializado é fundamental para que as estratégias de convivência sejam eficazes a longo prazo;  frequentemente ambos os cônjuges precisam de algum tipo de tratamento (psicoterapia). Os anos de convívio dentro de um casamento com uma pessoa com TDAH podem desenvolver ou agravar outras condições psicológicas do cônjuge, como:  depressão, ansiedade, desesperança e outras questões subjetivas.
5. Finalmente, após todo um trabalho no sentido de melhorar a má comunicação que se instalou no casamento, o casal poderá resgatar uma posição positiva no relacionamento e empreender uma caminhada em direção à reconstrução de uma relação saudável.
Para maiores informações leia o livro:
ORLOV, M. The ADHD Effect on Marriage: Understand and Rebuild Your Relationship in Six Steps. Florida: Specialty Press, 2010.
- See more at: http://tdah.org.br/br/artigos/textos/item/319-o-efeito-do-tdah-no-casamento.html#sthash.3JGxdQm0.dpuf

 O tratamento do autismo se distancia do “conserto” da condição Existem diferentes maneiras de ser feliz e funcionar bem, mesmo que seu cér...