Muitos relacionamentos TDA/TDAH são afetados por padrões
semelhantes, especialmente quando o transtorno não está sendo bem conduzido.
Quando você reconhecer esses padrões, você poderá mudá-los.
• Áreas para o parceiro TDA/TDAH trabalhar
1- Namoro Hiperfoco.
O maior choque nos relacionamentos TDA/TDAH acontece com a
transição da fase de namoro para o casamento. Tipicamente, uma pessoa com
TDA/TDAH hiperfocaliza em seu parceiro nos primeiros estágios do
relacionamento. Ele a faz sentir-se o centro do universo. Quando o hiperfoco
acaba, o relacionamento muda dramaticamente. O parceiro não TDA/TDAH toma isso
como sua culpa. Meu marido parou de hiperfocalizar em mim no dia em que
chegamos em casa vindos da lua de mel. De repente, ele tinha sumido – de volta
para o trabalho, de volta para sua vida normal. Eu fui deixada para trás.
Depois de seis meses de casamento, eu me perguntava se tinha me casado com o
homem certo. O parceiro não TDA/TDAH precisa lembrar-se de que a desatenção não
é intencional, e encontrar um jeito de perdoar seu companheiro, Sentir-se
ignorada é doloroso. Corrija o problema de cara, estabelecendo maneiras de
melhorar sua conexão e intimidade, e permitindo-se lamentar a dor que o choque
do hiperfoco causou em vocês dois.
2- Andando Em Cima De Ovos.
Brigas, raiva e comportamento rude geralmente acompanham os
sintomas do TDA/TDAH não tratado. Um homem com TDA/TDAH não tratado descreveu-o
para mim como “ter de adivinhar a resposta de minha parceira a cada coisa que
eu faça. Vivo minha vida tentando acolhe-la, porque quero agradá-la, mas na
maior parte do tempo ela está simplesmente furiosa”. Mudança de comportamento
em ambos os parceiros é crucial para melhorar um relacionamento. Não assuma que
a raiva ou a frustração em cada parceiro seja parte do TDA/TDAH. Há boas
chances de que vocês possam manter essas coisas sob controle.
3- Acreditar Que o TDA/TDAH Não Tenha Importância.
Alguns casais não acreditam que o TDA/TDAH seja um fator em
seu relacionamento. Eles dizem, “Não preciso de tratamento! Gosto de mim do
jeito que sou. Você é que não gosta de mim, e tem problemas com seus
relacionamentos”. Meu marido negava tudo. A boa notícia para nós foi que, um
mês e pouco depois do diagnóstico, ele decidiu que não tinha muito a perder se
fizesse um tratamento. Ele descobriu que o tratamento fez uma enorme diferença.
Então, eis aqui o meu conselho para todos os casais que são
céticos: Se você não acredita que o transtorno prejudica seu relacionamento,
admita que ele prejudique e faça uma avaliação e um tratamento correto. Isso
poderá salvar seu relacionamento.
• Áreas para o parceiro não TDA/TDAH
trabalhar
4- Confundindo os Sintomas.
Você e seu par provavelmente confundem os motivos um do
outro e as ações porque vocês pensam que entendem um ao outro. Por exemplo, um
parceiro com TDA/TDAH não diagnosticado pode ser distraído, prestando pouca
atenção naqueles a quem ama. Isso pode ser interpretado como “ele não se
importa” em vez de “ele é distraído”. A resposta á primeira interpretação é
sentir-se magoada. A resposta à segunda interpretação é “dar um tempo para cada
um”. Tentar saber as suas diferenças, no
contexto do TDA/TDAH, pode esclarecer os mal-entendidos.
5- Guerra Das Tarefas.
Ter um parceiro com TDA/TDAH geralmente resulta em que o
parceiro não TDAH assuma quase todo o trabalho de casa. Se a desigual carga de
trabalho não for corrigida, o parceiro não TDAH vai ficar ressentido. Trabalhar
mais não é a resposta. Os parceiros TDA/TDAH precisam tentar de outro jeito, se
estiverem querendo ter sucesso – e os parceiros não TDAH precisam aceitar as
maneiras não ortodoxas dos seus companheiros. Deixar roupas limpas na secadora,
para que possam ser facilmente achadas na manhã seguinte, pode parecer
estranho, mas pode funcionar para o parceiro TDA/TDAH. Ambos os parceiros se
beneficiam quando o parceiro não TDA/TDAH admite que sua maneira de fazer as
coisas não funciona para o outro.
6- Respostas Impulsivas.
Os sintomas do TDA/TDAH sozinhos não são destruidores de um
relacionamento; a resposta de um parceiro aos sintomas, e a reação que ela
evoca, sim. Você pode responder ao hábito impulsivo de um parceiro falando
coisas por se sentir desrespeitado e revidar. Ou você pode responder mudando
seu padrão de diálogo para tornar mais fácil a participação do parceiro
TDA/TDAH. Algumas das maneiras de fazer isso incluem falar sentenças curtas e
fazer seu parceiro tomar notas para retomar uma ideia mais tarde. Casais que
são conscientes desse padrão podem escolher respostas produtivas.
7- Pragueje Agora, Pague Depois.
Se você tem um parceiro TDA/TDAH, provavelmente você falará
mal dele. A melhor razão para não fazer isso é que não funciona. Como os
problemas do parceiro TDA/TDAH são a distração e os sintomas não tratados, não
a sua motivação, praguejar não o ajudará a fazer as coisas. Fará com que o
parceiro TDA/TDAH se retraia, aumentando os sentimentos de solidão e de
separação, e reforçará a vergonha que ele sente depois de anos de não preencher
as expectativas das pessoas. Fazer um parceiro tratar os sintomas do TDA/TDAH,
e parar quando perceber que você está praguejando, quebrará esse padrão.
Depende de Vocês Dois
8- O Jogo de Culpar.
Parece o nome de um show de TV. “Por 40 pontos: Quem não
retirou o lixo nesta semana?” Não é nenhum jogo. O Jogo de Culpar é corrosivo
para o relacionamento. Acontece quando o parceiro não TDAH culpa a falta de
confiabilidade do parceiro TDA/TDAH pelos problemas do relacionamento, e o
parceiro TDA/TDAH culpa o não TDAH pela raiva – “Se ela se acalmasse tudo
ficaria bem!”
Aceitar a validade das queixas do outro parceiro rapidamente
alivia um pouco da pressão. Separar sua parceira do comportamento dela permite
que o casal ataque o problema, não o indivíduo, pela frente.
9- A Dinâmica Pai-Filho.
O padrão mais destrutivo em um relacionamento TDA/TDAH é
quando um parceiro se torna a figura do “pai” responsável e o outro da “criança”
irresponsável. Isso é causado pela inconsistência inerente ao TDA/TDAH não
tratado. Como o parceiro TDA/TDAH não pode ser confiável, o parceiro não TDAH
assume o controle, resultando em raiva e frustração em ambos os parceiros.
Fazer o papel de pai de um parceiro nunca é bom. Você pode mudar esse padrão
usando estratégias de apoio para o TDA/TDAH, tais como sistemas de lembretes e
tratamento medicamentoso. Isso ajuda o parceiro TDA/TDAH a se tornar mais
confiável e a ter de volta seu status de “parceiro”.
Extraído de The ADHD
Effect on Marriage, por Melissa Orlov