quinta-feira, 28 de julho de 2011

122- É Ansiedade ou TDAH?

O que você precisa saber quando avalia os sintomas e procura por um diagnóstico para o seu filho. Por Larry Silver, M.D.

Nem sempre é fácil analisar os sintomas de uma criança para fazer o diagnóstico correto.
Cerca de metade de todas as crianças com TDAH também têm uma dificuldade de aprendizagem. Depressão, transtorno obsessivo-compulsivo, dificuldades de controle da raiva, transtorno de tiques motores, transtorno bipolar ou transtorno de ansiedade. Os sintomas também podem parecer semelhantes.
Uma criança que parece ter TDAH – ela é hiperativa, impulsiva, desatenta – pode ter, em vez disso, um transtorno de ansiedade. Crianças que exibem os sintomas clássicos do transtorno de ansiedade podem ter TDAH. Distinguir entre TDAH e transtorno de ansiedade requer uma avaliação completa por profissional que esteja disposto a cavar fundo para encontrar as pistas.
Ainda, mesmo os profissionais podem interpretar mal os sintomas. Se uma criança não consegue ficar parada, não continua as tarefas, fala alto em sala de aula, ou faz comentários impróprios, eles pensam que deve ser TDAH. Se uma criança tem medos excessivos ou preocupações, deve ser transtorno de ansiedade.
O problema é que nós às vezes vemos a fumaça e não enxergamos o fogo. Ou vemos a fumaça e concluímos incorretamente o que está causando o fogo. Comportamentos são mensagens, não são diagnósticos. È tarefa do profissional clarificar as razões para os comportamentos.
Foco e Problemas de Medos
Veja Mônica, uma menina do terceiro ano, por exemplo. Sua inquietação em classe e sua incapacidade de prestar atenção no trabalho em classe levou sua professora a acreditar que ela tivesse TDAH. O seu pediatra receitou uma medicação estimulante para TDAH, mas os sintomas não melhoraram.
Recentemente, ela começou a demonstrar sinais de ansiedade: Ela tem dificuldade de pegar no sono por si mesmo, e tem medo de ficar sozinha em qualquer lugar de sua casa.
Minha avaliação informal mostrou que ela tem as habilidades de linguagem e de escrita no nível inicial do segundo grau. Mônica me disse que, se ela não sabia o que escrever ou se tinha dificuldades em sala de aula, ela ficava com medo de que a professora ficaria brava com ela.
Estudos formais confirmaram que ela não tem TDAH, mas na verdade tem uma dificuldade de aprendizagem que causou seu estado de ansiedade em casa e na escola.
Facilmente distraído e intimidado
José tinha 16 anos quando veio ao meu consultório. Seus pais o descreveram como quieto, tímido, “com medo de sua sombra”. Ele não tinha amigos e evitava esportes e outras atividades em grupo.
José ficava nervoso com pessoas que ele não conhecesse ou quando tinha de falar frente a classe. Tinha também medo de elevadores e de espações pequenos e fechados.
Seus pais disseram que José mostrava sinais de ansiedade desde a infância. Sua mãe disse que tinha comportamentos semelhantes quando era criança – e que ainda tinha. Fiquei sabendo que José ia mal na escola.
Ele se distraia com objetos e barulhos na sala de aula. Ele sonhava acordado e perdia a noção do que estava acontecendo. Também descobri que ele tinha dificuldade com organização. Meu diagnóstico foi de transtorno de ansiedade e TDAH sem tratamento, ou seja, ainda não tratados.
A Sra. Garcia, graduada por faculdade e que tinha uma posição importante em firma de consultoria, tomava medicação para ansiedade por três anos. Mas não tinha melhora: Ainda precisava de um lugar silencioso para ficar prestando atenção no que fazia. Pareceu-me que sua ansiedade e o estresse na faculdade e no trabalho vinham da desatenção.
Suspendi sua medicação para ansiedade e receitei medicação para o TDAH. Em uma semana ela podia prestar atenção e terminar seus projetos no trabalho. Sua ansiedade havia cessado.
Ansiedade: A causa ou o efeito?
O estresse e a ansiedade são parte normal de vida de crianças e de adultos. A ansiedade moderada ajuda as crianças a se esforçarem para serem bem sucedidas em casa, com os amigos e na escola.
É normal ficar ansioso quando se faz uma prova ou se participa de uma peça de teatro na escola. Espera-se que crianças e adolescentes fiquem nervosos no médico e no dentista, ou quando enfrentam situações novas. Quando o nível de ansiedade é maior do que o esperado, suspeitamos que haja um transtorno de ansiedade.
Ainda, simplesmente diminuir os sintomas proeminentes pode levar os pais e os profissionais a tomar o caminho errado. A ansiedade pode causar inquietação que pode ser interpretada como hiperatividade. Ou pode trazer preocupações e dúvidas que provocam a desatenção da criança. Conforme aumente o nível de ansiedade, a criança pode parecer estar agindo rapidamente ou irracionalmente, para diminuir o estresse. Um pai pode rotulála como impulsiva. Uma avaliação superficial pode sugerir que a criança tenha TDAH, quando o que ela realmente tem é um transtorno de ansiedade.
Um diagnóstico correto é crítico para o desenvolvimento de um plano de tratamento. Um médico ou um profissional deve determinar se a ansiedade é primária ou secundária.
Se uma criança tem dificuldade de regular o estresse e a ansiedade desde pequena, e sua ansiedade é prejudicial, ela é primária. Se um ou os dois pais se lembram de que eram ansiosos desde a infância, ou se ainda são, um diagnóstico de ansiedade é quase certo. Os transtornos de ansiedade são frequentemente genéticos.
Por outro lado, um transtorno de ansiedade pode ser secundário a dificuldades sentidas por uma criança que tenha TDAH ou uma dificuldade de aprendizagem. A ansiedade secundária ocorre em certas circunstâncias.
Mônica tornou-se ansiosa a respeito de tudo relacionado com a escola. Sua ansiedade desapareceu em semanas. Algumas crianças se tornam ansiosas depois de passarem por eventos estressantes, tais como mudar de uma cidade para outra, ou seus pais iniciarem um processo de divórcio. Na ansiedade secundária não há nenhuma história familiar do transtorno.
Qual deles você trata primeiro?
A resposta depende da descoberta das causas dos comportamentos observados. Quando uma criança mostra sinais de ansiedade, um pai ou profissional deve não assumir que ela esteja sofrendo de transtorno de ansiedade.
Eles devem tentar ir até a raiz do comportamento ansioso. Pode ser que a criança (ou adulto) tenha TDAH, e sua ansiedade seja secundária às frustrações, fracassos e feedback negativo que ela recebe na escola ou no trabalho, em casa, e com os colegas. Em tal caso, um profissional deveria tratar o TDAH enquanto trabalha nos problemas sociais, emocionais e familiares associados com o transtorno de ansiedade.
Outra possibilidade é a de que a criança tenha TDAH e transtorno de ansiedade. Se for assim, um profissional deve tratar ambos os problemas para aumentar a chance de sucesso. Se a criança estiver recebendo tratamento para a ansiedade, mas os sintomas persistem e o médico começa a suspeitar de que são causados por um TDAH não diagnosticado, ele deve tratar o TDAH e ver se os sintomas de ansiedade desaparecem.
O tratamento precisa incluir medicamentos, terapia comportamental, terapia individual, grupos de habilidades sociais e/ou aconselhamento familiar. Os pais devem lembrar-se de que o plano de tratamento eficaz sempre decorre de um diagnóstico correto.
As dúvidas do diagnóstico
Os pais precisam entender que o processo de diagnóstico pode ser ainda mais complicado durante a fase de tratamento. Foi assim para Roberto, de 10 anos de idade.
Ele foi diagnosticado como tendo TDAH e recebeu um estimulante. Dois dias depois, sua mãe ligou, dizendo que seu filho estava muito ansioso. Não dormia sozinho e chamava a sua mãe da escola, para saber se ela estava bem. Suspendi a medicação e sua ansiedade desapareceu.
Enquanto algumas crianças com TDAH podem ter um transtorno de ansiedade ou outra condição comórbida, algumas vezes o transtorno é tão pequeno que não há nenhum sintoma. Chamamos isto de subclínico. Entretanto, ao tomar um estimulante, essa condição subclínica, de nível baixo, pode ser exacerbada. Quando isto acontece, é importante lidar com o transtorno de ansiedade em primeiro lugar. Depois que ele estiver sendo tratado, geralmente será seguro reintroduzir o estimulante sem causar um surto de ansiedade.

121- É Depressão ou TDAH?

A depressão é surpreendentemente comum entre os adultos com TDAH. Felizmente, não há necessidade de sofrer em silêncio. Por Carl Sherman, Ph.D.

Primeiro, as notícias ruins: A depressão é 2,7 vezes mais prevalente entre os adultos com TDAH do que entre a população adulta em geral.
Agora, as boas notícias: Remédios eficientes para a depressão estão disponíveis, e funcionam tão bem para adultos com TDAH como para os outros adultos. Se você acha que tem esse problema, não há necessidade de sofrer.
Depressão primária versus depressão secundária
Alguns adultos com TDAH tornam-se deprimidos sem nenhuma razão aparente – a doença surge mesmo na ausência de acontecimentos ou circunstâncias desagradáveis na vida (dificuldades no trabalho, na escola, perda de emprego, problemas de relacionamento, doença crônica etc.). O risco para esta forma de depressão, conhecida como depressão primária, parece ser altamente herdado.
Cuidando da depressão secundária
Em outros casos, a depressão surge como consequência direta da frustração crônica e do desapontamento de viver com o TDAH mal ou não tratado. Algumas estimativas apontam 25% dos adultos como portadores do transtorno sem tratamento apropriado. Tais casos de depressão são chamados de secundários ao TDAH.
“Frequentemente vejo depressão em adultos cujo TDAH não foi reconhecido e tratado na sua juventude”, diz Yvonne Pennington, Ph.D., psicóloga de Atlanta, que se especializou em TDAH do adulto. “Por terem sofrido tantos golpes em sua autoestima, eles aceitaram a ideia de que são preguiçosos e estúpidos – ou não bons o suficiente para terem sucesso profissional e social”.
Separando o TDAH da depressão
Para complicar as coisas, os médicos podem confundir o TDAH como depressão. Pode ser difícil diferenciar as condições porque amos os transtornos trazem problemas de humor, esquecimento, dificuldade de prestar atenção e falta de motivação. Entretanto, há distinções sutis entre os sintomas induzidos pelo TDAH e os causados pela depressão.
EMOÇÕES  - O TDAH pode causar humores sombrios, mas eles geralmente estão ligados a revezes específicos. Os sentimentos ruins tender a ser transitórios. Em contraste, os problemas de humor associados à depressão são geralmente invasivos e crônicos, frequentemente durando semanas ou meses.
Diferente dos maus sentimentos causados pelo TDAH (que frequentemente começam a surgir na infância), a depressão tipicamente não se desenvolve até a adolescência ou mais tarde.
MOTIVAÇÃO  - Com o TDAH, parece impossível terminar qualquer coisa, porque você está “num vácuo e não pode decidir o que fazer primeiro”, diz Roberta Tsukahara, Ph.D., psicóloga de Austin. “Com a depressão, é mais do que estar letárgico e não poder iniciar qualquer atividade”.
DIFICULDADES DE SONO – Com o TDAH, o problema geralmente acontece quando se inicia o sono; a mente se recusa a “desligar”, e mantém a adição de coisas à lista de coisas a fazer no dia seguinte. Em contraste, as pessoas deprimidas adormecem rapidamente, mas acordam repetidamente durante a noite (e logo de manhã cedo). A cada despertar, a mente está cheia de pensamentos negativos e ansiosos.
O que você deve tratar primeiro
“Eu não cuido do TDAH e da depressão primária ao mesmo tempo”, diz  Lenard Adler, M.D., diretor do programa para TDAH adulto do NYC Langone Medical Center, em Nova Iorque. “Trabalho primeiro na condição que estiver causando o maior prejuízo. Os problemas causados pelo TDAH são reais, mas a depressão pode ser um risco à vida”.
Antidepressivos que são destinados a aumentar o nível dos neurotransmissores serotonina e/ou norepinefrina são o tratamento de escolha para a depressão grave. Seu médico também pode prescrever um antidepressivo se persistir uma depressão de leve a moderada, apesar das mudanças de estilo de vida e do tratamento correto par o seu TDAH.
Muitos antidepressivos funcionam bem junto com a medicação estimulante para o TDAH, assim como o não estimulante Strattera (Atomoxetina), embora pequenos ajustes  precisem ser feitos. Wellbutrin (bupropiona) é um antidepressivo que também pode ser útil no TDAH.
Na maior parte das vezes, a depressão melhora substancialmente com o primeiro antidepressivo receitado. Se ele não funcionar, um segundo provavelmente funcionará. Cerca de metade dos que tomam antidepressivos atingem um alívio completo dos sintomas depressivos.
Obtenha o alívio você mesmo
Quando a depressão é secundária ao TDAH, pouca medicação e ajustes do estilo de vida podem ser tudo o que é necessário para sair do buraco. E se a depressão persistir apesar da aderência a um medicamento para o TDAH? Os médicos reconhecem que as mudanças de estilo de vida ajudam a melhorar. Exercícios aeróbicos “têm um efeito profundo no nível de humor das pessoas com TDAH”, diz William Dodson, M.D., um psiquiatra de Denver. “Se você não consegue motivar-se por si mesmo, o exercício pode normalizar seu humor”.
Muitos portadores de TDAH sentem que seu humor piora quando eles não têm nada para fazer. “O sistema nervoso dos TDAH se alimenta de curiosidade e desafio”, diz Dodson. Para se prevenir do ócio, ele recomenda a criação de uma “caixinha de curiosidades”: Sempre que você encontrar algo interessante – um bom livro, por exemplo, ou um projeto de trabalho – ponha-o na caixinha. Na próxima vez que você estiver procurando por algo para fazer, sempre haverá algo esperando por você.
Meditação e Psicoterapia
A meditação também tem o seu lugar no tratamento da depressão. Sente-se em silêncio, com os olhos fechados, e focalize-se na sua respiração. Cada vez que você expirar, repita silenciosamente uma palavra de uma sílaba – “um” ou “paz” ou “om”. Faça isto por um minuto ou mais, ou tente isto por 10 a 20 segundos sempre que tiver dificuldade de mudar de uma atividade para outra.
Junto com, ou em vez da meditação e medicação, uma forma de psicoterapia conhecida como terapia cognitiva comportamental (TCC) demonstrou ser altamente eficiente contra a depressão. A primeira meta da TCC é permitir que o paciente identifique e reduza os pensamentos negativos intensos e frequentes – “Isto é muito difícil de fazer”, por exemplo.
O próximo passo é substituir esses pensamentos e crenças destruidores da autoestima por pensamentos mais realistas e construtivos – “Sim, é difícil. Como eu poderia tornar isso mais factível?”  Você está reconhecendo a dificuldade, mas não afundando nela. Você está se dirigindo na direção de uma ação positiva.
O objetivo é reduzir a frequência e a intensidade dos sintomas. Não espere eliminá-los completamente. Mas, você poderá controlar os sintomas que já teve, no caminho para uma vida feliz.

terça-feira, 26 de julho de 2011

120- É Transtorno Bipolar ou TDAH? (BMD or ADHD?)

Os sintomas do TDAH e do Transtorno Bipolar são frequentemente confundidos – e geralmente coexistem na mesma pessoa. Como fazer a distinção, e sugestões para o tratamento do transtorno bipolar associado ao TDAH, a seguir. Por William Dodson, M.D.

Pode ser bastante difícil obter-se um diagnóstico de TDAH, mas para complicar as coisas ainda mais, o TDAH geralmente coexiste com outros transtornos físicos e mentais. Uma revisão de adultos com TDAH demonstrou que 42% tinham outro transtorno psiquiátrico importante. Assim, a questão diagnóstica não é “é um ou o outro?”, mas sim “São ambos?”
Talvez o diagnóstico diferencial mais difícil a ser feito esteja entre o TDAH e o Transtorno Bipolar do Humor (TBH), porque eles apresentam muitos sintomas em comum, incluindo a instabilidade do humor, os surtos de energia e de inquietação, de falar sem parar, e de impaciência. Estima-se que cerca de 20% dos que são diagnosticados com TDAH também sofrem de um transtorno de humor do espectro bipolar – e o diagnóstico correto é crítico no tratamento do transtorno bipolar junto com TDAH.
TDAH
O TDAH é caracterizado por níveis significativamente mais altos de desatenção, distração, impulsividade e de inquietação física do que seria esperado em pessoa de idade e desenvolvimento semelhantes. Para o diagnóstico do TDAH, tais sintomas precisam estar consistentemente presentes e serem prejudiciais. O TDAH é cerca de 10 vezes mais comum do que o TBH na população em geral.
TBH
Por definição diagnóstica, os transtornos do humor são “transtornos do nível ou da intensidade do humor nos quais o humor tem vida própria, separado dos eventos da vida da pessoa e fora de sua vontade e do controle consciente”. Em pessoas com TBH, sentimentos intensos de felicidade ou de tristeza, de alta energia (chamada “mania”), ou de baixa energia (chamada “depressão”) mudam sem razão aparente em período de dias ou de semanas, e muitos persistem por semanas ou meses. Comumente, há períodos de meses a anos durante os quais o indivíduo não apresenta problemas.
Fazendo o diagnóstico
Por causa das várias características compartilhadas, há um risco elevado de um diagnóstico errado ou da falta de diagnóstico. Não obstante, o TDAH e o TBH podem ser distinguidos um do outro com base nestes seis fatores:
1- Idade de início: O TDAH é uma condição de toda a vida, com os sintomas aparentes (embora não necessariamente com prejuízos) pela idade de sete anos. Embora agora reconheçamos que as crianças possam desenvolver TBH, isso ainda é considerado raro. A maioria das pessoas que desenvolvem TBH tem seu primeiro episódio de doença afetiva depois dos 18 anos, co0m a média de 26 anos para o diagnóstico.
2- Consistência do prejuízo: O TDAH é crônico e está sempre presente. O TBH vem em episódios que se alternam com níveis mais ou menos normais de humor.
3- Fatores desencadeantes: As pessoas com TDAH são passionais, e têm reações emocionais intensas a eventos ou a fatores precipitantes, em suas vidas. Eventos felizes resultam em felicidade intensa e humor excitado. Eventos infelizes – especialmente a experiência de ser rejeitado, criticado ou provocado – promovem intensos sentimentos de tristeza. Com o TBH, as mudanças do humor vão e vêm sem nenhuma conexão com os eventos da vida.
4- Rapidez da mudança de humor: Como as mudanças de humor no TDAH quase sempre são precipitadas por eventos da vida, as mudanças parecem instantâneas. Eles têm humor normal em todos os aspectos, exceto na intensidade. São geralmente chamadas de crises ou explosões, por causa do início repentino. Em contraste, as mudanças de humor não precipitadas do TBH levam horas ou dias para ir de um estado ao outro.
5- Duração dos humores: embora as respostas a perdas graves e a rejeições possam durar semanas, as mudanças de humor do TDAH geralmente são medidas em horas. As mudanças de humor do TBH, pela definição do DSM-IV, precisam ser mantidas por ao menos duas semanas. Por exemplo, para apresentar o transtorno bipolar “de ciclo rápido”, uma pessoa precisa ter somente quatro mudanças de humor, de alto a baixo ou de baixo a alto, no período de 12 meses. Muitas pessoas com TDAH têm estas muitas mudanças de humor num só dia.
6- História familiar: Os dois transtornos aparecem em famílias, mas os indivíduos com TDAH quase sempre tem uma árvore familiar com múltiplos casos de TDAH. Os que têm TBH provavelmente terão menos ligações genéticas.
Tratamento combinado do TDAH e do TBH
Poucos artigos foram publicados sobre o tratamento de pessoas com TDAH e TBH. Minha experiência clínica, tendo visto mais de 100 pacientes com os dois transtornos, mostra que a coexistência do TDAH e do TBH pode ser tratada muito bem. É importante sempre diagnosticar e tratar o TBH em primeiro lugar, porque o tratamento do TDAH pode precipitar mania ou piorar o TBH.
Os resultados dos meus pacientes tratados tanto para o TDAH quanto para o TBH têm sido muito bons. A maioria foi capaz de retornar ao trabalho. Talvez o mais importante, eles relataram que se sentiam mais “normais” em seu humor e em sua capacidade de desempenhar seu papel de esposos, pais e empregados. É impossível determinar se esses resultados significativamente bons foram devidos ao aumento da estabilidade do humor, ou se o tratamento do TDAH auxilia na melhor aderência ao uso dos medicamentos. A chave é o reconhecimento de que ambos os diagnósticos estejam presentes e que os transtornos responderão de modo independente, mas coordenado, ao tratamento.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

119- É TDAH ou Menopausa?

Como a menopausa afeta a memória, atenção e os relacionamentos, conforme a mulher envelhece. Mais, os sintomas que você tem são relacionados ao TDAH, à menopausa, ou a ambos?   Por Edward Hallowell M.D.

Você “tem certa idade” e repentinamente sua memória tem tantos furos que você a chama de “cérebro de queijo suíço”. Você perde as coisas mais frequentemente, e se perde nos próprios pensamentos, distraída num segundo. As mulheres diagnosticadas com TDAH às vezes entram em pânico, preocupadas com a piora dos seus sintomas. As mulheres que ainda não foram diagnosticadas com TDAH e que sentem esses sintomas, às vezes debilitantes, perguntam aos seus médicos, “O que está acontecendo? Eu tenho TDAH ou Alzheimer?”
Não importando se você tem TDAH ou não, a menopausa influencia tudo!  Após “a mudança”, o nível de estrogênio das mulheres cai cerca de 65%, o que afeta a captação de dopamina e de outros neurotransmissores. Menos estrogênio significa menores níveis de dopamina e serotonina, causando o aparecimento de sintomas parecidos aos do TDAH: aumento da dificuldade de concentração, disfunção da memória e problemas cognitivos, e menos clareza mental. Se você tiver TDAH, a maior queda de dopamina, da qual você já tem níveis baixos, significa que os sintomas existentes vão piorar e novos sintomas vão surgir.
Esses sintomas são da menopausa ou do TDAH?
Algumas mulheres que tenham o TDAH não diagnosticado por toda a sua vida percebem que a piora dos sintomas as encaminha ao médico, procurando por respostas. Mas os sintomas parecidos com os do TDAH nem sempre indicam a presença do transtorno. Se você tiver apenas recentemente desenvolvido esses sintomas (e eles não estando presentes desde a infância), então a menopausa provavelmente será a culpada. Fale com seu médico sobre o alívio dos sintomas.
Se você tiver sido diagnosticada com TDAH, os efeitos da menopausa sobre o transtorno geralmente requerem ajustes no tratamento. Trabalhe com seu médico no aumento da dosagem da medicação, ou tente uma medicação com duração de efeito mais longa, faça mais exercício (que pode melhorar o foco e, no processo, reduzir as chances de desenvolver osteoporose), e pense na terapia hormonal. Para muitas mulheres, o melhor tratamento é o estrogênio, por três a quatro meses, seguido por 10 dias de progesterona.
O problema é que 85% das mulheres apresentam alguma disfunção sexual após a menopausa. Logo quando poderiam usar o humor e o apoio do seu parceiro para conviver com o “cérebro de queijo suíço”, você pode achar que seu relacionamento se torna mais tenso.
Trate os seus sintomas
É importante, a cada etapa de sua vida, manter sob controle os sintomas do TDAH. Isto pode significar trabalhar com vários profissionais – um psicólogo, um clínico e um ginecologista. Instrua-se sobre o TDAH e sobre o que está acontecendo com o seu corpo, mantenha uma lista de medicamentos e faça uma tabela dos seus sintomas. Os médicos raramente pensam nas flutuações hormonais quando estão planejando um tratamento.
Se você tiver problemas em prestar atenção, em manter-se organizada, em manter sua vida num ritmo constante, um profissional poderá prescrever um estimulante, mesmo na ausência de um diagnóstico de TDAH. Mas isso deve ser feito no contexto de um plano multimodal e abrangente, que inclua tudo, desde as mudanças nutricionais e os exercícios, até a psicoterapia e a terapêutica de reposição hormonal. Para os problemas das mudanças sexuais, ajudar o seu parceiro a entender que elas são normais é um bom ponto para o início.

118- É TDAH ou envelhecimento? (Is it ADHD or Aging?)

Por Linda Roggli
Foi a história das luvas de lã dela que me convenceu que minha velha mãe, de 85 anos, tinha TDAH não diagnosticado.
“Quando eu estava no colegial, queria fazer um suéter”, minha mãe me contou. “Então a tia Laura comprou uns lindos novelos de lã cor de rosa, com a condição de que eu tricotasse o suéter. Quando eu saí de casa para estudar na faculdade, ainda estava tricotando as luvas. O suéter e o resto dos novelos ficaram na cesta de vime por nove anos, até que eu engravidei de você. Eu provavelmente deveria ter feito um par de sapatinhos de lã, mas desmanchei o suéter e fiz um par de luvas para mim mesmo. Afinal, eu não mais precisava terminar o suéter!”
Ajuda para os idosos
Um psiquiatra reconheceria num instante os sintomas do TDAH de procrastinação, falta de continuidade e falta de gerenciamento. Porém, os critérios atuais de diagnóstico requerem que todos os sintomas estejam presentes antes dos sete anos de idade. Não tenho certeza de que minha mãe possa lembrar-se o suficiente da sua infância para poder ser diagnosticada. E não tenho certeza de que os médicos dela estão considerando a possibilidade de TDAH diante de problemas médicos mais urgentes: diabetes, colesterol alto, artrite, depressão crônica. Quanto mais ela vive, mais cresce a lista dos seus problemas.
Mesmo que pudéssemos por de lado os seus problemas médicos, é difícil definir se o seu esquecimento e desatenção são TDAH ou parte do “processo normal de envelhecimento”. (Detesto esta frase. Parece inevitável, como se a nossa cognição fosse determinada pela longevidade.)
O TDAH dela foi ignorado por todos esses anos? E se ela fosse diagnosticada agora, quais opções de tratamento haveria?
A resposta curta é que não há respostas. Há somente um estudo na literatura médica sobre o tratamento do TDAH na velhice. Foi publicado em 2008 e mostrou que o metilfenidato (Ritalina e Concerta) foi eficaz no tratamento de uma senhora de 67 anos. Uma mulher. Só isso.
Minha psiquiatra descreve a pesquisa em adultos idosos como “patética”, e eu concordo. Ela disse que os estudos e pesquisas excluem os sujeitos mais velhos do que 45 anos porque, como a minha mãe, eles não devem ter histórias da infância para suportar o diagnóstico de TDAH.
Pior, as opções de tratamento se estreitam significativamente na população  TDAH idosa. (Há uma população TDAH idosa? – ainda não sabemos.) Por exemplo, tome o exercício. Os estudos mostram que ele melhora significativamente os sintomas na criança e nos adultos. Mas minha mãe tem os joelhos tão doloridos, e o seu equilíbrio é tão difícil, que ela não pode fazer os exercícios aeróbicos que poderiam trazer os benefícios.
Tenho certeza de que os estimulantes ajudariam minha mãe; o médico dela prescreveu remédio para emagrecimento (anfetaminas) em 1970, e ela foi capaz de limpar a casa, de cima embaixo! Mas os estimulantes podem provocar ou piorar a pressão alta e os problemas cardíacos. E a Atomoxetina, um não estimulante, pode aumentar o risco de glaucoma.
O treinamento da memória de trabalho é eficiente para o TDAH e para as dificuldades de aprendizagem, e é promissor para as demências leves. Mas quase todos os treinamentos de memória são baseados no computador; muitos adultos acima dos 70 anos de idade não sabem lidar com computador, e muitos não têm acesso a um computador.
Abraçando uma nova causa
Estou frustrada porque não posso ajudar minha mãe, e não estou sozinha. Recentemente, recebi um e-mail de uma mulher com TDAH, que estava desesperada para encontrar auxílio para sua mãe de 80 anos, que exibia grave prejuízo das funções executivas. “Ela evita tomar decisões e fica satisfeita em  sentar-se na cama o dia todo e ser atendida”, disse sua filha. “Não sei o que fazer.”
A solução temporária, eu penso, é estabelecer estruturas para nossos parentes que estão envelhecendo, como eles fizeram por nós quando éramos crianças. Limpei e organizei o closet de minha mãe, de modo a que ela tenha menos roupas para lidar. Arrumei reposição automática das medicações receitadas. Comprei um timer barulhento para que ela vá ao banheiro a cada par de horas. Falei com seu médico para mudar o antidepressivo por um que melhorasse especificamente a sua dopamina.
Em seu benefício (e no meu, como a ligação genética do TDAH é um fato), assumi uma nova causa: advogar para a pesquisa do TDAH no idoso. Talvez um dia estaremos aptos a responder à pergunta: É TDAH, ou é a idade?
ADDitude – 2011 número de primavera (spring issue)

sábado, 23 de julho de 2011

117- Transtornos do processamento auditivo central (TPAC) e TDAH

Tudo que você precisa saber sobre os transtornos do processamento auditivo central (CAPD – Central Auditory Processing Disorders)(TPAC em potuguês) – incluindo uma lista de checagem de sintomas e informação sobre diagnóstico e tratamento. Mais, como adultos com TPAC e TDAH podem usar atividades de processamento auditivo e estratégias para melhorar a comunicação. Por Gina Pera – ADDitude

“Deturpada”. É assim que Diane descreve a comunicação com seu noivo George. Uma vez ela o encontrou na porta de entrada com um sorriso caloroso, viu que tinha lama nos sapatos, e pediu a ele que os deixasse nos degraus (stairs). Confuso, ele disse, “Seu terno encara? O quê? (Your suits stare? What?)”.
Apesar da explicação de Diane, George insistiu que ela tinha dito exatamente aquilo – e em tom de voz desaprovador.
Diante da conversa confusa, e do costume de George de ver TV a todo volume, Diane pensou que ele tivesse um problema de audição, mas os testes afastaram esta hipótese. O terapeuta do casal sugeriu que George tinha uma sólida resistência em ouvir Diane, então ele bloqueava a sua fala. Diane não aceitou essa explicação: “Não é que ele não ouvisse ou que não quisesse ouvir. Ele estava olhando direto para mim, prestando atenção. Mas a mensagem foi picada e repicada no trajeto da minha boca até a sua compreensão do que eu tinha falado.” Diane estava certa.
Quando a comunicação entre eles atingiu um estado febril, George foi diagnosticado com TDAH. O casal ficou aliviado quando o terapeuta cognitivo explicou a eles que o TDAH tem uma condição comórbida comum, chamada Transtorno do Processamento Auditivo Central (Central Auditory Processing Disorder) (TPAC). Simplesmente dito, o TPAC faz com que a pessoa interprete mal o que alguém está dizendo e o tom de voz em que está falando.
Transtorno do Processamento Auditivo Central e TDAH
O terapeuta deu a Diane e George estratégias para melhorar a comunicação. O casal também descobriu que a medicação estimulante podia corrigir o desentendimento por meio do “reforço do sinal” da via neuroquímica do ouvido (onde o som penetra) até o córtex processador auditivo cerebral (onde os sons são interpretados e ganham significado). “Nunca mais tivemos alguma mensagem deturpada depois que George começou a tomar a medicação para o TDAH”, conta Diane.
“Não há nenhum pequeno alto-falante dentro do seu cérebro que transmita as mensagens do exterior”, explica o neurologista Martin Kutscher. M.D., autor de “Kids in the Syndrome Mix of ADHD, LD, Asperger´s, Tourette´s, Bipolar, and More! “O que você pensa que ouve é uma recriação virtual da realidade de sons que atingem seu tímpano e, daí em frente, existem como impulsos elétricos silenciosos.”
Eis aqui o que acontece numa troca entre quem fala e quem escuta:
As pregas vocais do falante produzem uma sequência de vibrações que viajam invisivelmente pelo ar e batem no tímpano do ouvinte.
O tímpano do ouvinte vibra, causando a movimentação de três pequenos ossinhos que, por sua vez, estimulam a cóclea e o nervo coclear. É aqui que o som termina
Deste ponto em diante, o que o ouvinte pensa que escuta é na verdade uma série de estímulos elétricos silenciosos transportados pelos fios neuronais.
“O cérebro processa esses impulsos elétricos em som, daí em palavras, e então em sentenças e ideias com significado”, diz Kutscher. “A maioria de nós faz isso sem esforço. Alguns adultos têm problemas na conversão desses impulsos elétricos neuronais em significado. Nós chamamos esses problemas de Transtornos do Processamento Auditivo Central”.
TDAH ou Transtorno do Processamento Auditivo?
Ouvimos muita coisa sobre crianças de têm TPAC ou Transtorno do Processamento Auditivo (APD). Mas os psicólogos e os psiquiatras raramente usam esses termos, que são originados nas profissões da fala e da linguagem. Evidência limitada sugere que o TPAC é, às vezes, uma condição separada do TDAH. Ainda, como um trabalho de revisão resumiu: “Para a criança (ou adulto) receber o diagnóstico de TPAC ou de TDAH, pode depender dela ter sido avaliada primeiro por um audiólogo ou um psicólogo”.
Uma leitura rigorosa da literatura aponta um “vício de disciplina” – a condição é diagnosticada de maneira diferente, dependendo da especialidade do profissional. A diferença reside no tipo de tratamento disponível – uma importante distinção, porque a pesquisa nesta área sugere que o metilfenidato (nome genérico dos medicamentos Ritalina e Concerta) pode melhorar os sintomas do TPAC, geralmente de modo dramático.
Em contraste, as intervenções não médicas para o TPAC são limitadas a estratégias tais como o uso de aparelhos eletrônicos e a mudança no ambiente de aprendizado (menos barulho no ambiente).
As seguintes características do TPAC, segundo o National Institute on Deafness and Other Communication Disorders (Instituto Nacional de Surdez e Outros Transtornos da Comunicação), parecem semelhantes às do TDAH:
Tem dificuldade de prestar atenção e de lembrar-se da informação apresentada oralmente
Tem problemas de seguir ordens com várias etapas
Tem fraca capacidade de ouvir
Precisa de mais tempo para processar a informação
Tem problemas de comportamento
Tem dificuldade com a leitura, compreensão, soletração e com o vocabulário.
Crianças com TDAH podem ser mal diagnosticadas com CAPD, mas se um adulto tem capacidade auditiva menor do que um parceiro, ele pode ser visto como passivo-agressivo, oposicionista, emocionalmente introvertido, ou briguento, em vez de ser visto como um indivíduo com déficit de atenção.
Identificando os sintomas do TPAC
E sobre o tom de voz que George se queixou de ter ouvido de Diane? O problema pode começar no lobo temporal direito, de acordo com o neurocientista clínico Dr. Charles Parker, fundador do CorePsych Blog. O lobo temporal não dominante (geralmente o direito) processa as expressões faciais, os tons verbais e as entonações dos outros, assim como a audição de ritmos e de música.
Parker cita o exemplo de um esquiador olímpico que sofreu uma grave queda durante o treinamento. Tendo sofrido um traumatismo craniano e uma concussão, seu lobo temporal direito mostrou uma função significativamente diminuída. Ele apresentava negação (também chamada de baixa consciência) em relação à comunicação deteriorada que tinha com sua mulher e colegas, afirmando firmemente que ele não tinha nenhum problema. Assim, ele tinha muito em comum com aqueles adultos com TDAH que não têm nenhuma  noção de seus desafios. Para essas pessoas, é importante saber que a terapia enfatizando estratégias de melhor comunicação pode não resolver os problemas.
Após ver o SPECT do esquiador, Parker disse a ele, “Você é o tipo de gente que não entende e não admite que não entenda”. O paciente deu um profundo suspiro e, com um ar confuso, respondeu rapidamente, “Não, eu entendo”. Parker apontou que ele tinha feito isso novamente – dado uma resposta correta que não refletia compreensão – e pediu ao paciente para repetir o que Parker havia acabado de dizer. Ele murmurou uma resposta inteligente, mas cheia de jargões. Sua esposa interrompeu: “É isso que acontece o tempo todo”.
Comenta Parker: “Ultimamente ele compreende, por causa do SPECT e dos problemas com os outros, que não podem ser negados. A medicação e suplementos dirigidos melhoraram suas habilidades de comunicação”.
Não é preciso que alguém tenha uma lesão cerebral para sofrer de TPAC, afirma Parker. “Muitos fatores contribuintes podem criar uma diminuição da função do lobo temporal”, ele diz, “de forma geral, de mudanças sutis na sensibilidade ao glúten até medicamentos para dormir. Qualquer dessas agressões ao cérebro, amplificadas pelo TDAH coexistente, trarão problemas de comunicação a um relacionamento”.
Estratégias de audição para o TPAC e TDAH
Os sinais centrais do TDAH – distração, desatenção e memória de trabalho fraca – além do TPAC, podem contribuir para uma Torre de Babel a dois. Estas práticas estratégias podem desatar os nós da comunicação.
Para os parceiros de adultos com TDAH:
Elimine os barulhos que distraem (desligue a TV ou o computador) antes de falar com seu par.
Toque seu par no braço ou no ombro antes de falar, permitindo a ele um tempo para mudar seu foco do que estava fazendo para a conversa que você está iniciando.
Peça ao seu par para que ele repita o que você disse, para ter certeza que ele entendeu.
Fale concisamente, eliminando os detalhes supérfluos.
Para adultos com TDAH:
Reconheça que ouvir de perto o seu par significa que você o valoriza.
Primeiro ouça, depois responda. Deixe de lado o que você estava fazendo ou pensando em fazer, quando seu par terminar de falar, ou mudar de assunto. Se você precisar de um tempo para dar uma resposta, peça-o.
Use técnicas de relaxamento para clarear sua mente antes de conversas importantes.
Para casais:
Para alguns assuntos, o e-mail funciona melhor. Um adulto com TDAH precisa de tempo para formular uma resposta, sem sentir a pressão de ter de responder imediatamente.
Não insista no contato pelo olhar quando estiver falando sobre algo importante.
O contato pelo olhar distrai alguns portadores de TDAH.
Fale e ande. O exercício reduz o estresse e aumenta o fluxo de sangue para o cérebro.
Quando essas estratégias fracassam, pense em tomar um estimulante, se você ainda não o estiver usando.  “Os estimulantes geralmente ajudam a transmitir as mensagens de maneira mais confiável”, diz Kutscher, “assim como permitem que a pessoa preste atenção na informação que estiver sendo passada”. Ambas são essenciais para manter um relacionamento.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

116- Segredos do Ensino: Ensinando os alunos (com e sem TDAH-ADHD) a aprender

Por Cossondra George
Bons professores não têm somente um firme domínio do conteúdo, mas também são excelentes em ajudar diversos estudantes a dominar os conceitos e habilidades. Pode ser muita coisa para dar conta, e os professores iniciantes, às vezes, perdem de vista outro aspecto importante do nosso papel: guiar os alunos para que se tornem responsáveis pelo próprio aprendizado.
Mesmo professores veteranos alguma vezes dizem aos alunos para “tomar notas” ou para “estudar”, sem ao menos discutir com eles as estratégias para fazer o recomendado. O ensino de técnicas de leitura, de tomar notas, e de estudar pode consumir tempo, mas é um investimento que vale a pena. Encorajando os estudantes a terem a intenção de aprender, você pode equipá-los com as ferramentas necessárias para terem sucesso em sua classe e no futuro.
O conhecimento das armadilhas comuns e das estratégias eficazes pode suportar seus esforços para ajudar o aluno “a aprender a aprender” ao longo dos anos escolares:
Armadilha No.1: Achar que os alunos serão capazes de identificar a informação importante e tomar notas com propriedade. A atividade de tomar notas pode ser atrapalhada por problemas, particularmente se o texto estiver acima do nível de leitura do aluno. Geralmente os estudantes começam a escrever imediatamente, fazendo julgamentos atabalhoados sobre o que pode ser importante. Cegamente juntam dados e pedaços sem um senso de como os fatos se relacionam uns com os outros.
Evitando a armadilha: Trabalhe com os alunos para demonstrar a leitura eficaz e as estratégias de anotar. Leia as seções em voz alta. Ensine (e discuta com os alunos) como selecionar a informação relevante para a inclusão nas anotações. Demonstre técnicas como a leitura prévia, o exame de palavras em negrito e dos cabeçalhos, a colocação das ideias principais em palavras próprias, e a prestar atenção aos títulos.
Explore os diferentes estilos de fazer anotações, e discuta como adaptar os estilos de anotação ao conteúdo em causa. Por exemplo, ajude os alunos a aprender a reconhecer quando será apropriado o uso de um diagrama Venn para comparar e contrastar dois tópicos, ou quando um esquema com estrutura hierárquica ajudará a organizar o estudo de eventos cronológicos. Introduza um conjunto de ferramentas de anotação (incluindo marca-texto, etiquetas autocolantes e cartões de indexação) que preencham as várias necessidades de todos os aprendizes. Pratique a tomada de notas em grupo, engajando os alunos em discussões sobre o que é importante e como anotá-lo.
Armadilha No.2: Achar que os estudantes sabem como “estudar”. A verdade é que muitos alunos não sabem como enfrentar o material de aprendizagem por sua própria conta.
Evitando a armadilha: Depois que os alunos tenham aprendido a ler cuidadosamente e a tomar notas com significado, você pode guiá-los no uso dessas ferramentas para estudar eficazmente.
Separe uma pequena parte da aula, a cada dia, para ensinar os alunos sobre as estratégias para estudar. Demonstre que a repetição é muito importante para reter material novo. Introduza modos diversos de usar suas anotações: perguntando entre si com os cartões de anotação, praticando jogos de revisão, e criando testes de questões de um para o outro. Pratique o vocabulário com eles a cada dia. Trabalhe com métodos mnemônicos para as sequências difíceis. Ajude os alunos a entenderem que aprender é um processo, não uma atividade de memorização na noite anterior à prova.
Armadilha No.3: Achar que os alunos entendem a ligação entre o estudo e o desempenho acadêmico. Alunos que nunca aprenderam a identificar as ideias importantes, a tomar notas com significado, e a estudar eficazmente podem não “acreditar” que estudar aumenta seu desempenho acadêmico. Eles podem até mesmo achar que os alunos com alto desempenho são apenas “muito sabidos”.
Evitando a armadilha: Arrume as condições para expor aos alunos os dividendos que eles receberão por seus esforços. Conforme você os guie no aprendizado de tomar notar e de estudar eficientemente, dê a eles as oportunidades de avaliar e de refletir sobre essas técnicas.
Peça aos alunos para que eles estabeleçam metas de aprendizado para a sua classe (talvez baseados em provas anteriores, se você as fez). Reveja regularmente as metas de aprendizado e faça os alunos refletirem sobre o seu próprio progresso. Faça com que eles descubram o que ainda precisam alcançar para serem bem sucedidos. Conforme você monitora o progresso individual de cada aluno, faça os ajustes em suas aulas e ajude-os a planejar como alcançar suas próprias necessidades de aprendizado.
Depois de uma prova ou outra avaliação da classe, faça os estudantes refletirem sobre o seu próprio progresso desde antes da prova até o resultado final. Como esse processo de estudar os levou ao sucesso? Quais ferramentas de estudo eles acharam ser mais úteis? Em que áreas eles precisam encontrar mais ferramentas para ajudá-los a aprender? Pedir aos alunos que pensem como eles aprendem (e fazer os ajustes necessários) os ajudará a se sentirem mais com o controle do seu próprio progresso acadêmico.
Conforme você trabalha nesse processo ao longo do ano escolar, “aprender a aprender” vai se tornar cada vez mais rápido e mais automático para os alunos. E você terá compartilhado um dom valioso com eles: a habilidade de descobrir, organizar e internalizar novos conceitos em sua vida acadêmica e profissional.
Cossondra George é uma veterana professora de matemática e professora de educação especial em Newberry, Michigan, e membro da Teacher Leaders Network. Ela tem um blog sobre a vida de professor na Middle School, Day by Day.

sábado, 9 de julho de 2011

115- TDAH - ADHD - Hiperfoco: o que diz Russell Barkley

“Há também outra frase popular em alguns dos livros à venda sobre o TDAH do adulto: Adultos com TDAH são bons na hiperfocalização. Isto, também, é um mito. Hiperfoco é na realidade perseveração. Você é incapaz de interromper o que está fazendo, quando você deveria ter parado, para fazer alguma outra coisa. É igual à criança que continua a jogar videogame por muito tempo depois da hora em que já deveria estar vestida para ir para a escola, e estar lá fora, esperando o ônibus. Se você quer dizer que isso é hiperfocalizar, tudo bem, mas é um sinal clássico de lesão do lobo frontal, e de resposta perseverativa. Você deveria ter parado de fazer o que estava fazendo, mas não parou. Havia outras coisas mais importantes a serem feitas e você as ignorou. Isto não é nenhum dom. É, de fato, um sintoma deste transtorno. Hiperfoco é coisa do autismo. Perseveração é do TDAH.”

sexta-feira, 8 de julho de 2011

114- Tato: A base da comunicação verdadeira - TDAH ADHD

Seis indicadores para acrescentar mais tato em suas interações sociais. Por Michele Novotni, PH. D., em ADDitude

TATO: A arte de escolher as palavras cuidadosamente, delicadamente e de um jeito que não ofenda ou afaste os outros. Tato é uma percepção do que fazer ou dizer, para manter bom relacionamento com as outras pessoas.
Devo dizer que uma das rejeições mais cheias de tato, de artigo escrito por mim, foi dos editores de ADDitude. Em vez de me dizerem que não gostaram do que eu escrevi, eles sugeriram que aquela não era a ênfase que eles estavam procurando. Poderia eu fazer de um modo diferente? Com mais tato ainda, eles começaram sua rejeição me dizendo como eles gostavam de todas as minhas contribuições para ADDitude nos anos anteriores, e como eles geralmente amavam o que eu escrevia.
Muito tato!
Tato é algumas vezes o que falta para quem tem desatenção ou é impulsivo – qualidades não limitadas aos que têm TDAH. Erros de tato podem ser evitados por:
Escolha cuidadosa das palavras

Se alguém lhe pede uma opinião sobre a aparência, pelo amor de Deus, não responda dizendo “Você não parece tão gorda desse jeito”, como um dos meus clientes me disse uma vez. O mesmo pode ser dito por meio de uma variedade de palavras, tais como “Amei, mas ainda acho que preta é uma cor mais emagrecedora para você.”
O impacto das palavras varia dependendo do significado das que você escolher.

Falta de tato: “Eu discordo completamente.”

Tato: “Tenho dificuldade de entender o que você diz. Me ajude a entender melhor o seu pensamento sobre este assunto.”

Focalize o positivo

Focalize nos aspectos positivos da conversa. Procure respostas que indiquem uma visão de mundo do tipo copo cheio pela metade, em vez da de copo metade vazio. Uma perspectiva positiva sobre as coisas faz a diferença nos relacionamentos. As pesquisas têm mostrado que as pessoas gostam de estar com pessoas que sejam positivas em vez de críticas.

Evite o pensamento "tudo ou nada"

Muitas pessoas cometem o erro de ver o mundo em somente dois campos – o certo ou errado, o bom ou mau. Esta visão de mundo cria sérios problemas sociais porque não permite diferenças de opinião, um espectro de ideias e pensamentos diferentes. Algumas pessoas jogam fora uma maçã se ela tiver um machucadinho, outras cortam fora o machucado e usam o resto da maçã.

Estou sugerindo que você considere o que é bom no que alguém acabou de lhe dizer e estar aberto a pensamentos que sejam diferentes dos seus. Assuma uma visão de mundo do tipo arco-íris, entendendo que há várias cores e misturas de cores.

Fale menos

Tato requer de você diga o que tem de ser dito e nada mais que isso. Por exemplo, “Oi! Como vai?” Realmente significa “Oi”. Uma resposta extensa sobre como você está realmente indo é considerada socialmente imprópria. Se alguém realmente quer saber, ele perguntará novamente. Tenha também o cuidado de não falar muito com pessoas que você apenas encontrou em restaurantes ou aviões. E tenha o cuidado de não falar muito sobre problemas pessoais no seu emprego. As pessoas gostam de limiteis saudáveis.

Batatas quentes

Tato requer evitar tópicos como dinheiro, religião e política, exceto com pessoas que você conhece muito bem. Tais assuntos precisam ser abordados com o máximo cuidado e com a sensibilidade para as diferenças que geralmente são sentidas muito fortemente em relação a estes tópicos. Declarações como “É definitivamente...” ou, “Qualquer idiota sabe que... “ são garantias de ofensa. Para ser socialmente seguro e ter tato, evite os assuntos “batata quente” sempre que for possível.

Observe as dicas da linguagem corporal

Veja a linguagem corporal das outras pessoas (ou as mudanças de sua voz) que indicam prazer ou desprazer com seus comentários. As duas podem ser indicadores muito acurados de tato. Quando as pessoas começam a olhar  para os lados, ou a bater os pés, ou dar respostas monossilábicas, tome essas dicas como sinal de que está na hora de calar, mudar de assunto, ou desculpar-se.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

113- Quebrando a maldição do hiperfoco (continuação da 112)

“Muitos cientistas, escritores e artistas com TDAH têm carreiras muito bem sucedidas, em grande parte devido à sua habilidade em focalizar naquilo que estão fazendo, por horas a fio,” diz Nadeau.
Mas o foco intenso e sem controle é mais frequentemente um problema. Deixado sem controle, ele pode levar ao fracasso na escola, perda de produtividade no trabalho e comprometimento dos relacionamentos com amigos e em casa.
“Crianças com TDAH geralmente gravitam ao redor do que é interessante e excitante, e são avessas a fazer coisas que elas não querem fazer,” diz Joseph Biederman, M.D., chefe do programa de psicofarmacologia pediátrica do Massachusetts General Hospital, em Boston. “ Combine isto com o fraco gerenciamento do tempo e problemas da socialização, ambos os quais são típicos das crianças com TDAH, e a criança pode acabar jogando Nintendo durante todo o final de semana.”
Adultos com TDAH contam histórias de falta a encontros ou reuniões e a perda de prazos porque ficaram tão absorvidos em algo a ponto de perder a noção de tempo. Em um caso com história extraordinária, contada por Nadeau, uma mulher com TDAH ficou tão focalizada num projeto que não notou que sua casa estava pegando fogo. “Somente quando os bombeiros chegaram, procurando por alguém dentro da casa, foi que ela olhou para cima e percebeu o que estava acontecendo,” diz Nadeau.

As melhores maneiras de intervenção
Se uma criança com TDAH tende a se perder em sua atividade favorita, os pais ou professores devem primeiramente adotar meios de limitar a quantidade de tempo que a criança tem para gastar na atividade.
“Mesmo que uma criança esteja usando medicação para o TDAH, jogar Nintendo sempre será mais atraente do que estudar para uma prova de matemática,” diz Biederman. “Então a criança deve ter permissão para jogar somente em pequenas doses – não durante o dia todo.”
“Se você tem um filho que hiperfocaliza em uma atividade favorita, você precisará se opor à essa tendência sendo extra vigilante sobre os limites de tempo gasto na atividade e sobre a adesão a este esquema,” diz Carol Brady, PH.D., uma psicóloga de Houston. “Pode também ser útil fazer um acordo antecipado com seu filho sobre a hora em que a atividade pode ser feita, e sobre quando não pode.”
Então, é essencial desenvolver um sistema para ajudar seus filhos a redirecionarem seu foco. Quando chega a hora de parar com a atividade, Brady recomenda ser um pouco flexível, esperando por uma pausa natural – o final de um show de TV, por exemplo.
Mas não é suficiente dar à criança um tempo limite e esperar que ela pare. “Digo aos pais que eles precisam fazer algo para quebrar o transe em que seus filhos estão,” diz Silver, “tal como dar um tapinha no seu ombro, passar a mão na frente do seu rosto, ou ficar entre ele e a TV ou a tela do computador.” A não ser que você faça isso, ele diz, a criança pode nem perceber que você está tentando chamar a atenção dela.
“Estas crianças não são desobedientes,” diz Nadeau. “Seus cérebros só não estão registrando o que você está falando para elas. É por isso que a interrupção nunca deve ser raivosa, e por isso que você deve permitir alguns minutos para que a mudança de atenção dela aconteça. É quase como tirar alguém de um sonho.”
Para ajudar a amenizar o processo, Nadeau recomenda arrumar um tempo para educar seu filho sobre as maneiras como o seu cérebro funciona. “Seu filho precisa entender por que é difícil para ele parar de fazer alguma coisa em que ele realmente esteja interessado”, ela diz. “A criança também precisa saber que, por causa disso, os professores e os pais podem ter de intervir de tempos em tempos para interromper uma atividade.”

Estabelecendo dicas externas
Para adultos com TDAH, controlar os ataques de hiperfoco requer o estabelecimento de dicas externas para redirecionar sua atenção. “Este tipo de foco intenso não é algo que você toma e joga fora,“ diz Barkley.
Nadeau, que tem ela mesma o TDAH, geralmente apresenta hiperfoco quando assume um trabalho escrito. Então ela ajusta um timer para lembra-la de compromissos que ela tem de atender, ou chamadas telefônicas que precisa fazer. Mensagens no computador, ajustadas para surgir na tela de tempos em tempos, podem também ser utilizadas. Assim também, pode ajudar recrutar o auxílio do esposo, ou de um ajudante de trabalho. “Trabalho com um homen que fica tão sobrecarregado no seu trabalho que ele treinou um colega a vir e puxá-lo para fora do seu escritório para reuniões,” diz Nadeau.
Outro paciente de Nadeau tinha o costume de trabalhar em seu computador após o jantar. “Ele ficava completamente no ar,” diz Nadeau, “até o ponto em que sua mulher  ia se deitar e ele nem notava. Ficava trabalhando até duas ou três horas da amanhã.” Desesperada, a mulher começou a literalmente desligar a tomada do computador dele quando chegava a hora de ir dormir. “Era a única maneira de obter sua atenção.” Diz Nadeau.

Tornando as coisas chatas mais atraentes
Finalmente, a melhor maneira de lidar com o hiperfoco é não brigar com ele mas acolhê-lo. “Se a escola ou o trabalho pode ser tornado mais estimulante, ele atrairá o foco do mesmo modo,” diz Nadeau.
“Crianças com TDAH necessitam de um padrão maior de ensino,” diz William Sears, M.D., professor associado de clínica pediátrica na Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia, em Irvine. “Uma criança com TDAH se torna enfadada rapidamente quando se lhe pede para memorizar um monte de dados de história. Mas se ela se dispõe a escrever uma peça sobre o assunto e a representa-la, ela vai brilhar.”
A mesma coisa é verdedeira para os adultos. “Um trabalho que propicie o reconhecimento público, junto a consequências prazerosas mais imediatas, pode ser ideal para os que têm TDAH,” diz Barkley. “Talvez seja por isto que 35% das pessoas com TDAH sejam autônomas por volta dos seus trinta anos – uma porcentagem muito mais alta do que a normal.”

O outro lado do hiperfoco
Quando você aprende a mudar o hiperfoco a seu favor, isto pode ser uma conquista vantajosa. São inúmeras as histórias sobre portadores de TDAH que podem se concentrar intencionalmente por longos períodos de tempo em projetos complexos.
“Quando eu costumava dirigir comerciais de TV, nunca podia me sentar e fazer um relatório dos gastos financeiros,” diz Frank Coppola, de Nova Iorque. Um coach (treinador) de TDAH, que também tem TDAH. “Mas estando no estúdio, eu fazia nove coisas simultaneamente, e podia prestar atenção em cada uma delas, sem nenhum problema.”
“Eu treino baseball,” comenta Sears, “e sempre escalo os meninos com TDAH como arremessadores e pegadores. Como arremessadores, sua habilidade de hiperfoco os ajuda no alvo, e como pegadores, o hiperfoco aumenta sua consciência do batedor. Crianças com TDAH se tornam grandes jogadores de hockey pelas mesmas razões. Quando a jogada está do outro lado da quadra eles ficam meio distraídos, mas quando a coisa vem para o seu lado, eles se transformam em muito alertas e hiperfocados.” 

112- Aprenda sobre o TDAH: Foco no hiperfoco


Informação sobre o sintoma do TDAH chamado hiperfoco . Um sintoma comum, que explica por que muitas crianças e adultos com TDAH podem se concentrar tão intensamente, às vezes. Por Royce Flippin – ADDitude

Não é nenhum segredo que as crianças e adultos com TDAH geralmente têm dificuldade para prestar atenção em tarefas que eles acham sem interesse. Alta distração – em crianças com TDAH que são incapazes de permanecer focalizadas na aula, ou em adultos com TDAH que nunca dão conta de fazer seus trabalhos escritos – é um sintoma-chave no TDAH e um critério para o diagnóstico.
O que você pode não saber sobre o TDAH é que há um outro lado: a tendência das crianças e adultos com transtorno de déficit de atenção de focalizar muito intensamente em coisas do seu interesse. Às vezes, a focalização é tão intensa que eles podem se tornar desligados do mundo que os cerca.
Para crianças, o objeto do hiperfoco pode ser jogar um vídeo game ou ver TV. Para adultos, pode ser fazer compras ou surfar na internet. Mas seja o que for que prenda a atenção, o resultado é o mesmo: a não ser que alguma coisa ou alguém interrompa, horas de devaneio são perdidas enquanto atividades importantes e relacionamentos ficam de lado. “As pessoas que pensam que TDAH significa ter atenção curta não entendem o que seja o TDAH”, diz Kathleen Nadeau, Ph. D., psicóloga de Silver Spring, Maryland, e autora de ADD-Friendly Ways to Organize Your Life. ”Um jeito melhor de olhar para isso é entender que as pessoas com TDAH têm um sistema de atenção desregulado.”

Recompensas imediatas

Como a distração, o hiperfoco é tido como o resultado de níveis anormalmente baixos de dopamina, um neurotransmissor que é particularmente ativo nos lobos frontais do cérebro. Essa deficiência de dopamina torna difícil a “troca de marchas” para enfrentar as tarefas chatas, mas necessárias.
“Crianças e adultos com TDAH têm dificuldade de mudar a atenção de uma coisa para outra”, diz Russel Barkley, PH. D., um pesquisador e professor de psiquiatria na SUNY Upstate Medical University, em Siracusa, New York. “Se eles estão fazendo algo de que gostem ou achem psicologicamente recompensador, eles tendem a persistir neste comportamento por mais tempo do que outros, que  normalmente já teriam passado para outro assunto. O cérebro de pessoas com TDAH é ligado a atividades que dão recompensa imediata.”
Na visão de Larry Silver, M. D., um psiquiatra da Georgetown University Medical School em Washington D.C., tão intensa concentração é na verdade um mecanismo de compensação.
“É um modo de lidar com a distração,” diz Silver. “Alunos de faculdade com TDAH me contam que eles intencionalmente vão para um estado de intensa focalização para terminar suas tarefas. Crianças mais jovens fazem a mesma coisa de modo inconsciente quando estão fazendo algo prazeroso, como assistir um filme ou jogar no computador. Geralmente elas não estão conscientes de que estão focalizando tão intensamente.”

Oportunidades perdidas

Não há nada inerentemente perigoso com o hiperfoco. De fato, ele pode ser uma vantagem. Alguns portadores de TDAH, por exemplo, são capazes de canalizar seu foco em algo produtivo, tal como uma atividade ou trabalho escolar. Outros se permitem  hiperfocar em algo como uma recompensa para terminar uma tarefa importante, mas chata.
(continua)

domingo, 3 de julho de 2011

111- Auxílio para crianças TDAH desorganizadas: Acabe com a guerra das tarefas

Pais de crianças com TDAH oferecem suas melhores estratégias para fazer com que até mesmo as crianças mais desorganizadas ajudem nas tarefas de casa, sem brigar ou fazer birra! Dos editores de ADDitude

Conseguir que as crianças façam suas tarefas pode ser um desafio em qualquer lar. Nas famílias onde uma ou mais crianças tenham TDAH, o esquecimento, a dificuldade de seguir as instruções tradicionais, as distrações e mais coisas, podem afetar a rapidez com que as tarefas de casa são feitas, quando são. Por isso abrimos nosso website para os comentários de pais que o visitaram e, isto feito, deixaram depoimentos sobre como conseguiram que seus filhos pequenos e adolescentes começassem a ajudar em casa e a manter seus quartos organizados. Eis aqui seus melhores conselhos:
Torne as tarefas alegres e flexíveis para as crianças TDAH
 "Meu filho de 15 anos gosta de usar seu iPod enquanto faz suas tarefas. Isso o ajuda a se concentrar, especialmente se eu o lembro de manter o iPod selecionado no shuffle (selecionar novas músicas provoca distração). Eu também digo a ele o que tem de ser feito (e tenho de repetir isso toda a semana). Explico logo de início que se ele não fizer a coisa direito, ele terá de fazê-las de novo. Uma coisa a ser evitada: Meu marido dará uma lista e, então, começará a acrescentar novas tarefas depois que nosso filho já começou a fazer as coisas, o que realmente elimina a recompensa de ter chegado ao fim das tarefas. Também sugiro que deixe o seu filho TDAH a se movimentar o quanto ele quiser enquanto faz o trabalho, se for possível" -TiggersMom
"Limite a briga pelo poder para fazer o trabalho de casa, permitindo que as crianças TDAH possam escolher as tarefas e permitindo alguma flexibilidade  quanto à hora em que elas farão as tarefas. É aqui que um contrato deve ser feito. Por exemplo, se o seu filho corta a grama, deixe que ele mesmo faça o seu esquema – evitando a chuva ou outras dificuldades. Se ele não cortar a grama, reduza os privilégios – ele não poderá sair no fim de semana até que faça o serviço." -coachjulie
Explique para as crianças TDAH as consequências do não fazer as tarefas.
"Frustrada com as brigas com meus filhos por causa do trabalho de casa, eu, finalmente, fiz uma lista de todas as tarefas que eu fazia em minha casa e que meus filhos eram capazes de fazer. Expliquei que se eles ajudassem, eu teria mais tempo para gastar com eles e ficaria menos cansada e menos explosiva. Disse a eles que dividissem as tarefas e que teriam de fazê-las duas vezes por semana. Teriam de fazê-las corretamente – sem desordem e sem desafio. Se eles tentassem me enganar, expliquei que acrescentaria outra tarefa às suas responsabilidades e isto tiraria parte do tempo que teriam para fazer o que gostassem" -ronsmom
"Minha filha tem os seus dias em que não quer fazer nada. Quando eu pergunto por que ela não faz isso ou aquilo ela diz, 'Você não me avisou'. Agora eu geralmente aviso antecipadamente que ela tem de fazer algo antes de ir a uma festa ou de tirar um cochilo. Se não fizer, não vai." -jinx561
"Quando a minha filha TDAH de 13 anos de idade não faz suas obrigações de sábado, ela não pode ir para a casa das suas amigas, ou não ganha sua mesada. Não ter dinheiro significa nada de cinema, natação, restaurantes e patinação. Eu sempre dou a ela três avisos em meia hora, se ela não fez a tarefa de casa que eu pedi. Se ela começa a discutir, eu ameaço remover a porta do seu quarto, o que tem ajudado a limitar as brigas que temos a respeito das tarefas de casa. Durante a semana escolar, discuto as consequências de ter um quarto bagunçado ou uma cozinha suja. Pratos sujos significam pratos de papelão e comida de micro-ondas. Não lavar suas roupas significa usar roupas sujas. Banheiro sujo significa constrangimento quando as amigas estiverem chegando." –Anika
Ofereça prêmios quando as crianças TDAH fizerem as tarefas
"Se minha filha faz um trabalho logo após a primeira vez que eu peço, ela ganha 50 centavos de dólar. Mantenho um controle do total que ela ganha numa lista grudada na geladeira. Se tenho de pedir várias vezes, tiro 50 centavos. Quando peço a ela para fazer qualquer trabalho, lembro a ela que o dinheiro está chegando. Dinheiro não foi a minha primeira escolha sobre como motivá-la, mas, até agora, está funcionando. Às vezes é preciso descobrir o que motivará nossos filhos. Se as punições e as consequências negativas não estiverem funcionando, então tente usar algo que eles gostem, e que não teriam de outro jeito, como um incentivo. Minha filha não tem mesada e realmente não tem outra maneira de ganhar dinheiro, então isto é um grande motivador para ela." -KSmommy
"Minhas crianças têm uma tabela semanal de trabalhos. Cada atividade é listada com valor em dólar ou centavos de dólar. Quando elas completam o trabalho, elas checam o item na lista, e no final da semana elas somam e ficam sabendo quanto ganharam. Elas gostam de assumir responsabilidades para ganhar dinheiro. Há também uma oportunidade para ganho extra e uma seção para multas (por quebra das regras da casa)." -michellesamson
"Minha enteada ganha o direito de ver filmes à noite três vezes por semana, se ela faz seus trabalhos sem precisar ser cobrada e sem promover discussões. Nos finais de semana, ela tem dias livres. Não acreditamos que fosse bom dar a ela mais tempo para ver TV ou para jogar videogames, então, para ela, foi melhor ganhar mais noites de cinema." -Dlw5tab
Lembre-se de que organização e memória são desafios para os TDAH
Como acomodar para os desafios com a memória e a organização do seu filho TDAH
"Quando você é pai de uma criança (especialmente um adolescente) com TDAH, você tem mais dificuldade quando ela não se lembra de arrumar seus pertences sem ser avisada. Então, quando você descobre que ela deixou alguma coisa for a do lugar, chame-a ao quarto e peça a ela que ponha as coisas no lugar. Sim, parece ser mais trabalho do que você mesmo colocar as coisas no lugar, mas isso faz com que a responsabilidade seja dela, de um modo que ela pode dar conta, e com o tempo ela vai melhorar (embora demore mais do que você queira ou pense que deveria). As coisas são assim. Antes de você perceber, sua criança estará indo para a faculdade ou começando seu primeiro emprego de verdade. Você quer gastar o tempo que passa com ela, em casa, como punição por não arrumar suas coisas por si mesma, ou você prefere gastá-lo preparando-a para deslanchar (academicamente, moralmente, e emocionalmente) e amá-la  e gostar de estar com ela enquanto ela estiver em casa?" -Jillbb
"O que eu acho que mais ajuda as crianças com TDAH a fazer as coisas simples, como as tarefas, que nós fazemos automaticamente mas que elas se esquecem de fazer, é escrever suas obrigações e pregar em local onde possam ser vistas fácil e frequentemente. Meu filho de 15 anos tem de ser lembrado sobre suas obrigações a maior parte do tempo, mas nos últimos três meses, eu escrevi as tarefas que ele deveria fazer durante o dia – tais como arrumar a cama, fazer chá, tomar banho, escovar os dentes, retirar o lixo – com adesivos para checagem antes de cada tarefa, que são colados na geladeira, onde ele não tem como não ver. Ele ganha 10 pontos por cada tarefa feita. Há cerca de 12 coisas na lista e ele tem de fazer 100 pontos a cada dia em ao menos 8 de cada 10 dias consecutivos. Se ele faz isso, ganha um livro ao final do décimo dia. Até agora, ele tem feito a maior parte das tarefas sem que eu tenha de lembrá-lo do que tem de ser feito. No início, sua  recusa em fazer as tarefas parecia ser preguiça, mas o cérebro deles não funciona como o nosso. Se você espera que esse comportamento mude, temo que você terá de esperar para sempre." -dolphin70

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