Blog destinado à divulgação dos diversos aspectos do TDAH e do que mais eu quiser. As opiniões são de responsabilidade dos autores e podem não ser compartilhadas por mim (Dr. Menegucci).. Todo mundo é gênio. Mas, se você julgar um peixe pela sua habilidade de subir numa árvore, ele vai passar a vida toda pensando que é burro..
terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
Irmã. Mulher. Mãe. TDA adulto (395)
As mulheres adultas não têm TDA, têm?!? Oh, sim. De fato, as mães são o grupo populacional recentemente diagnosticado com TDAH que cresce mais depressa. Em outras palavras, você não está sozinha - em suas emoções conflitantes, nas suas dores, ou em sua chance de um novo começo. Nós estamos aqui para ajudar. Por Zoe Kessler.
O TDAH Feminino
Muitas mulheres diagnosticadas com TDAH (ADHD) na idade adulta experimentam um momento "Aha!" quando seu filho é diagnosticado. De repente, você também começa a se reconhecer, e às suas dificuldades, no diagnóstico. Você sempre soube que havia alguma coisa estranha, e agora, depois de aprender sobre o transtorno, você acha que tem TDAH. O que você deve fazer? Leia para descobrir o que pode realmente saber, e achar as fontes de informação para seguir em frente.
1. Torne-se uma especialista
Sua vida parece uma grande batalha? Você está sempre desapontada ou frustrada? O primeiro passo em sua jornada com o TDAH é procurar um diagnóstico correto. Comece aprendendo tudo o que puder sobre o TDAH do adulto - até o ponto em que ficar mais informada sobre o transtorno do que seu médico! Fale com ele sobre suas comorbidades - como ansiedade, depressão, ou problemas da tireoide - para ajudar a explicar sintomas ignorados ou mal diagnosticados no passado.
2. Permita sentir-se de luto
Ter o diagnóstico é o primeiro asso. O segundo passo é começar a ver a sua vida em duas fases distintas: pré e pós-diagnóstico. Depois que seu médico lhe diz que você tem TDAH, é um começo totalmente novo! Mas, antes, você precisa encerrar a fase de pré-diagnóstico, para ter segurança ao lidar com suas emoções. Você precisa de um tempo para sofrer e se inteirar da informação. Somente após ter elaborado seus sofrimentos, você poderá iniciar sua caminhada para diante, com uma visão clara de sua vida pós-diagnóstico.
3. Procure ajuda profissional
Depois de ter aceitado seu diagnóstico, comece a estudar suas opções de tratamento, incluindo medicação, dieta, exercícios e Terapia Cognitiva Comportamental (TCC). A TCC é uma forma de terapia que se baseia na teoria de que a maneira como pensamos e sentimos tem um impacto direto em nosso comportamento. A pesquisa nos mostra que ela realmente reduz os sintomas do TDAH. Eu sugiro que você comece por ela.
4. Avalie as condições comórbidas
O TDAH raramente vem sozinho. Muitas pessoas com TDAH têm ao menos uma condição comórbida coexistente - depressão, transtorno bipolar e transtorno obsessivo-compulsivo são exemplos comuns. Se você estiver preocupada com um transtorno relacionado, o primeiro passo é encontrar um médico que possa separar os sintomas e descobrir onde acaba o TDAH e onde começa o outro transtorno. Se houver uma clínica de TDAH por perto, comece por ela - eles poderão lhe indicar médicos especialistas em ambas as condições.
5. Regule seus hormônios
Os hormônios durante a menopausa, puberdade, e um ciclo menstrual modificam a maneira como os sintomas do TDAH se manifestam e como a medicação afeta as mulheres. Durante a menopausa, por exemplo, os níveis de estrogênio caem 60 porcento, o que significa menos dopamina e serotonina. O resultado é menos clareza mental, dificuldade de concentração, e mais distração - o que, quando combinado aos sintomas do TDAH, pode tornar a vida um formidável desafio. Mais pesquisa é necessária, mas, em minha experiência, as terapias alternativas podem ajudar a manter sob controle os níveis hormonais flutuantes.
6. Medite
Aprenda a estabilizar seu humor por meio da meditação. Por meio da alteração da sua percepção do tempo, a meditação pode lhe ajudar a sentir como se houvesse mais horas no dia. Se você é hiperativa e ficar sentada ainda faz com que você entre em pânico, nunca tema! Você pode tentar outros tratamentos alternativos, como exercícios físicos e ervas. Não sou especialista em ervas, então consulte um especialista antes de começar a usar qualquer erva.
7. Ensine sua família sobre o TDAH
Às vezes, os outros membros da família não têm o TDAH. Se você for diagnosticada tardiamente em sua vida, isso pode ser desolador. - todo nós queremos ser aceitos pelo que somos. Sua família pode aderir e crescer junto com você, ou eles podem brigar com você. Ajude-os a encontrar o caminho certo dividindo com eles o que você sabe sobre o TDAH e ensinado os modos respeitosos de falar sobre TDAH. Lembre-se, entretanto, que seu diagnóstico é para você, não para sua família. Se eles não conseguirem agir de acordo, você vai precisar se manter por si mesma.
8. Revisite suas paixões
Muitos adultos com TDAH têm dificuldade de manter um emprego, ou de lidar com a estrutura da vida de um escritório. Mas, em minha opinião, a estrutura é superestimada! É claro que todo trabalho tem alguma estrutura, mas o segredo é achar um trabalho que lhe permita ter o tempo mais desestruturado dentro de uma maior organização. Dê uma boa olhada nas paixões de sua vida e pergunte a si mesma qual o trabalho que obteria de você o máximo de suas raras capacidades e potencial.
9. Faça o marketing de si mesma
Para encontrar a carreira perfeita, você precisa fazer o seu próprio marketing, principalmente nas entrevistas. Seja franca sobre suas dificuldades, mas fale sobre elas de um modo positivo sempre que for possível. Não há nenhuma necessidade de usar a palavra "TDAH". Se você for uma aprendiz lenta, conte a eles, "às vezes levo mais tempo para aprender coisas novas, mas, depois que aprendo, nunca mais esqueço!" Fale abertamente sobre os problemas, sem se rotular a si mesma.
10. Nunca se sinta inferior
Se você foi diagnosticada com atraso, pode ter gastado um bom tempo com sentimentos de ser "inferior" a outras mulheres. Isso é difícil de superar, e pode deixar uma marca mesmo depois do diagnóstico. Depois que tiver um tratamento que funcione para o seu TDAH, é importante voltar e desaprender as conversas internas negativas. Aprenda a se amar. Não há melhor conselho do que este.
ADDitude
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015
Quando o déficit de atenção (TDA) é real (394)
Por Suzana Herculano-Houzel
As tirinhas do menino Calvin e seu tigre de
pelúcia, Haroldo, desenhadas pelo americano Bill Waterson, me acompanharam pela
adolescência. Calvin sempre é retratado como um menino inteligente, criativo,
espirituoso, de espírito saudavelmente rebelde, e com uma certa preferência por
viajar por outros planetas a ouvir a professora falar.
Mas algum fã resolveu
"tratar" Calvin de uma suposta doença, e na tirinha adulterada, fácil
de achar na internet, os diálogos mostram Calvin, medicado, tratando Hobbes
laconicamente, sem querer brincar, até que Hobbes volta a ser apenas o tigre
que é.
A impressão que fica é de uma tentativa de protesto contra a suposta
"medicalização" das crianças e jovens hoje em dia. O pior é que há
até quem acredite no diagnóstico: Calvin sofreria de distúrbio de déficit de
atenção.
Eu protesto duplamente, como neurocientista e como leitora. A tirinha
modificada pressupõe que Calvin só poderia ser criativo e brincalhão se
sofresse de DDA, e pior, ainda perderia sua criatividade se fosse tratado com
medicamentos. Trata-se de um desserviço àquelas pessoas que sofrem realmente do
transtorno e precisam de tratamento, pois fica a impressão negativa de que
corrigir o déficit de atenção equivale a fazer uma lobotomia.
Quem sofre do
transtorno, ou acompanha de perto alguém afligido, sabe que a verdade é bem
diferente. Ou, pior, sofre sem saber que poderia se tratar e não sofrer mais.
Entre 0,5 e 5% da população, dependendo dos critérios diagnósticos usados,
sofre de um legítimo déficit de atenção, associado a um funcionamento subnormal
dos sistemas dopaminérgicos e noradrenérgicos que servem à alocação do foco de
atenção e sua manutenção sobre o alvo da vez, resistindo a distrações ao redor.
Não é surpresa, portanto, que essas pessoas sejam facilmente distraídas,
sucumbindo a qualquer novidade que passar pela frente ao invés de se concentrar
no trabalho ou dever de casa. Por causa dessa dificuldade de sustentar a
atenção, ler um texto até o fim é uma tarefa que pode durar horas e se tornar
desmotivante, levando a desinteresse e a uma aparência de preguiça, dificuldade
de memória e de aprendizado.
Pior ainda, para a criança que sofre desse
déficit, é a falta de informação dos pais e professores, que reclamam de um
comportamento que não depende de escolha da criança. Retorno negativo, na forma
de comentários do tipo "você é preguiçoso" ou "você não está se
esforçando", só faz criar uma autoimagem ainda mais negativa, daquelas que
se tornam profecias autorrealizáveis.
Para quem consegue ser atendido por um
bom profissional que reconhece o problema e oferece tratamento, contudo, a vida
muda da água para o vinho. A criança, o jovem ou adulto finalmente descobre o
que é a vida "normal", em que é possível manter o foco da atenção em
um mesmo assunto por mais do que poucos segundos; onde é possível fazer uma
prova em poucas dezenas de minutos, e não horas; onde é possível ler um livro
enquanto outras pessoas conversam na sala. Poder tomar remédio, quando o
remédio é necessário, é uma maravilha para quem sofre de déficit de atenção.
Quem tiver dúvida é só perguntar a eles.
Não vejo o tal "problema da
medicalização da infância" de que falam alguns psicanalistas. Vejo, sim, o
problema dos maus profissionais, seja psicólogos, médicos, professores ou pedagogos,
que tacham um diagnóstico errado em pessoas que sofrem de outros problemas, não
tratáveis com os medicamentos que trazem tanto alívio para quem realmente tem um
déficit de atenção verdadeiro.
SUZANA HERCULANO-HOUZEL, neurocientista,
professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), autora do livro Pílulas
de neurociência para uma vida melhor (Sextante, 2009). Publicado na revista Scientific American MENTE E CÉREBRO jan/2015 pg. 16
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015
Então, você acha que tem TDAH? Como escolher um profissional. (393)
Escolher o médico certo para
fazer o diagnóstico e tratar seu TDAH adulto não é nada fácil. Aqui estão dicas
para encontrar o profissional certo para você. Por Michele Novotni, Ph.D.
Pode ser que algum dos seus
amigos tenha sido avaliado para TDAH recentemente, ou que tenha tido um momento
"a-há!", depois de dar uma olhada na sua mesa de trabalho. Você
voltou à sua juventude e percebeu que sempre foi desorganizado e impulsivo. Ou,
talvez, você levou seu filho a um profissional, para um diagnóstico, e conforme
o médico enumerava os sintomas, você queria dizer "Eu também!". Aí,
você pensou em ligar para um profissional para falar com ele sobre isso.
Antes que você procure alguém para
ajudá-lo, tenha em mente esses fatos:
> Um psicólogo, um psiquiatra,
ou um neurologista são os profissionais mais bem preparados para fazer o
diagnóstico de TDAH do adulto. Um terapeuta de nível superior é recomendado
somente para a triagem inicial.
> Somente um psiquiatra,
neurologista ou médico de família pode receitar medicação para o TDAH do adulto.
> Se você precisa de aconselhamento,
escolha um psicólogo ou um terapeuta de nível superior. um psiquiatra será uma
boa escolha, dependendo da habilidade dele em prover aconselhamento para ajudar
na resolução de problemas.
> Lembre-se de que seus problemas
não desaparecem logo após o seu TDAH ser descoberto e tratado medicamentosamente.
Há geralmente um grande número de problemas restando, para os quais o
aconselhamento é necessário.
Como o TDAH do adulto é uma
especialidade relativamente nova, muitos profissionais não têm ainda recebido o
treinamento formal como parte de seus estudos acadêmicos. É dever de cada um
dos profissionais manter-se a par do TDAH por meio de comparecimento a
seminários e "workshops", e pela leitura de revistas profissionais e
livros sobre o assunto. Alguns profissionais são mais interessados nessa área e
mais experientes do que outros. Alguns acham que o TDAH seja um transtorno
verdadeiro.
Se você vai contratar alguém para
limpar sua casa, babás dos seus filhos, ou para consertar o seu carro, seria
razoável que pedisse referências, de modo que possa verificar as qualificações
da pessoa que vai contratar. Quando você vai contratar alguém para ajudá-lo com
seus desafios saúde mental, você deve fazer a mesma coisa.
Muitos de nós temos tanto temor
de médicos que achamos difícil fazer
perguntas, especialmente se
estivermos questionando as habilidades do médico. Isso não é descortês? O médico
não irá se ofender? É seu direito saber as qualificações do profissional com
quem você poderá se relacionar, e muitos médicos compreendem isso. Veja as
cinco perguntas que todo adulto deveria fazer ao seu médico:
1- Quantos pacientes com TDAH do
adulto você tratou?
2- Há quanto tempo você trabalha
com adultos com TDAH?
3- O que faz parte da sua
avaliação e do processo de tratamento? Testes escritos, entrevistas? História
familiar? Modificação do comportamento? Medicação?
4- Quanto custa o tratamento?
5-Você recebeu qualquer treinamento
especial no diagnóstico e tratamento do TDAH do adulto?
Você não precisa insistir em fazer pessoalmente essas
perguntas ao seu médico ou conselheiro. Geralmente a secretária pode lhe dar a
informação que você precisa para tomar uma decisão informada. Sinta-se à
vontade para imprimir essas perguntas para seu uso pessoal.
Um método eficiente de encontrar
um médico que tenha experiência em diagnosticar e tratar do TDAH do adulto é
fazer um contato com sua organização local de adultos com TDAH [Isso é na
América!]. Se você não conhece um grupo local [Isso é no Brasil!], entre em
contato com a ABDA, Associação Brasileira do Déficit de Atenção, em http://www.tdah.org.br e pergunte sobre
profissionais que poderiam atendê-lo em sua cidade.
ADDitude
terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
Como a música faz desabrochar o cérebro TDAH (392)
Aprender um instrumento ajudou
meu filho a aumentar sua atenção e a impulsionar seu desempenho. Veja aqui como
você pode usar a música para dar também ao seu filho, com TDAH ou Dificuldade
de Aprendizagem, uma vantagem. Por Sharlene Habermeyer.
As crianças não vêm em pacotes
organizados - elas vêm com espontaneidade, energia e deliciosa individualidade.
Algumas têm desafios de aprendizagem que as afeta fisicamente, cognitivamente,
emocionalmente e no comportamento. A notícia boa é que a música pode ajudar a
maioria delas.
Em 1982, meu terceiro filho,
Brandon, sofreu um traumatismo de parto que o deixou com danos no córtex
pré-frontal. Ele era um bebê inquieto, chorava o tempo todo, e tinha infecções
de ouvido constantemente, atraso da fala e da linguagem, e grave ansiedade de
separação. Aos seis anos, foi diagnosticado com TDAH, e problemas no
processamento auditivo, na discriminação auditiva, problemas visuais e na
percepção visual, além de problemas motores e sensoriais. A diferença entre seu
QI escrito e oral era de 38 pontos, indicando graves dificuldades de
aprendizagem. Uma equipe de profissionais da escola e de especialistas concluiu
que ele teria muita dificuldade de aprender, prestar atenção e de se concentrar.
Disseram que ele poderia não se graduar no ensino médio e que a faculdade
estava fora de questão.
Eu decidi aceitar as conclusões
dos especialistas como uma possibilidade, e não ficar desencorajada. Pesquisei
sobre o TDAH e sobre as Dificuldades de Aprendizagem, fazendo perguntas e me
comunicando agressivamente na internet. Aprendi que demora algum tempo para
resolver esses desafios. Aprendi que todas as dificuldades de aprendizagem
começam com o processamento auditivo - a criança pode ouvir, mas tem dificuldade
de processar o que escuta. Isso pode afetar sua habilidade de se concentrar e
de prestar atenção. Matriculei Brandon em programas de aprendizagem, muitos dos
quais ajudaram. Entretanto, a música foi a chave que abriu a porta da sua
capacidade de aprender.
Ritmo de Mudança
A música reforça as áreas
cerebrais que, na criança com TDAH, são fracas. A música constrói e reforça o
córtex auditivo, visuo-espacial e motor do cérebro. Essas áreas são ligadas à
fala e linguagem, leitura, compreensão da leitura, matemática, resolução de
problemas, organização cerebral, focalização, concentração e problemas de
atenção. Os estudos indicam que quando crianças com dificuldade de aprendizagem
e crianças com TDAH aprendem um instrumento musical, a atenção, concentração,
controle do impulso, funcionamento social, autoestima, autoexpressão, motivação
e a memória melhoram. Alguns estudos mostram que crianças com dificuldade de
focalizar quando há barulho no ambiente são particularmente beneficiadas por
lições de música.
Começando desde o nascimento,
Brandon ouviu música clássica, e aos três anos de idade estava recebendo lições
de música em grupo. Aos cinco anos, eu estava lhe ensinando piano, por meio de
teclas coloridas no teclado. Aos oito anos, ele estava frequentando aulas
particulares.
Para dar apoio a Brandon na
escola, criei jogos musicais. Por exemplo, fiz um jingle musical para ensiná-lo
a soletrar. Batiamos palmas ritmadas enquanto aprendia as regras de somar,
subtrair e multiplicar. Criei canções, jingles e versos rimados para as
matérias que ele estava aprendendo em estudos sociais, ciência e artes de
linguagem. Associados às lições musicais, os conceitos se tornaram mais fáceis
para ele entender e guardar. Sua habilidade de se concentrar e focalizar por longos
períodos aumentou a cada ano. Depois de uma longa e difícil subida, Brandon foi
aceito para quatro anos de universidade, e graduou-se ao final com notas A em
filme e filosofia.
Aqui estão as sólidas estratégias
que usei com Brandon. Não tenho nenhuma dúvida que elas também funcionarão com
seu filho.
> Comece as lições de música em grupo. Quando ele tiver 18 meses de idade, descubra um
programa de música em grupo para seu filho.
> Entre no
ritmo. Nossos sistemas biológicos
funcionam com ritmos precisos (pense nos batimentos cardíacos). Se esses ritmos
estiverem fora de sincronia, será difícil para qualquer um focalizar e
permanecer na tarefa. Usar instrumentos musicais é um modo poderoso de
sincronizar os biorritmos naturais do corpo, permitindo que a criança se sinta
em sintonia com o meio ambiente. Assim, ponha música com uma forte batida - o
CD "Baby Dance" é bom - e batuque, bata palmas ou ressoe o ritmo da
música junto com seu filho.
> Dance com a música. Para uma criança com TDAH, o movimento é uma obrigação.
De fato, o movimento é uma parte indispensável do aprendizado, do pensamento e
da focalização. Conforme uma criança se move em diferentes cadências e ritmos,
sua coordenação física e sua habilidade de se concentrar melhoram.
> Desenhe o que você escuta. muitas crianças com TDAH são criativas e estão à
procura de saídas criativas. Desenhar ou rabiscar emprega as habilidades
motoras, organiza o cérebro e estimula os humores artísticos. Depois de um dia
ocupado na escola, e antes que ele se debruce sobre os deveres de casa, dê-lhe
papel e crayons, ponha alguma música clássica para tocar e deixe que ele
desenhe.
Eu costumava jogar com Brandon um
jogo chamado "Draw What You Hear" ("Desenhe o que você
escuta"). punha uma música clássica e Brandon desenhava ou rabiscava a
música. Depois, quando ele já estava no colegial, esses exercícios o ajudaram a
bloquear os ruídos externos e a relaxar sua mente.
> Leia livros de música. Sou forte advogada de ler diariamente para seus
filhos. A leitura constrói o foco, a concentração, o vocabulário, a fala, a
linguagem e as habilidades de escrita. leio muitos livros para meus filhos,
alguns dos quais ligados à musica: "Swine
Lake" (Lago dos Porcos), de James Marshall (um grande livro para seus
filhos aprenderem sobre o balé Swan Lake (Lago dos Cisnes), e "Lentil" (Lentilha), de Robert
McCloskey.
> Inicie as lições de música entre os cinco e seis
anos de idade. Se você é um pai com
TDAH, tome as lições de música junto com seu filho.
> Descubra um instrumento bom para o TDAH. O baixo de cordas, as madeiras de sopro, e os
instrumentos de percussão são boas escolhas porque a criança pode ficar de pé e
se mexer enquanto toca. Deixe seu filho escolher seu próprio instrumento. Se
ele decidir pela bateria, compre protetores de ouvido!
> Marche pela manhã. Crianças com TDAH geralmente têm muita dificuldade
para iniciar tarefas nas horas ocupadas da manhã. Toda manhã, toque marchas
(John Philip Sousa tem marchas excelentes) e marche de atividade para atividade
- vestir-se, arrumar a cama, tomar o café da manhã, escovar os dentes - com os
pés se mexendo e os braços balançando.
> Cante no caminho da escola. Os professores querem alunos prontos para aprender
quando estiverem na sala de aula. Então, no seu caminho para a escola, cante no
carro ou toque música clássica. Cantar exige atenção total. "The Alphabet
Operetta" (A Opereta do Alfabeto), de Mindy Manley Little, é perfeita.
> Orquestre o trabalho de casa. Algumas músicas clássicas mudam o jeito com que o
cérebro processa a informação por meio da mudança das suas frequências
eletromagnéticas. Como resultado da audição, crianças e adultos se tornam aptos
a melhor absorver, reter e recuperar a informação. Quando estiver fazendo as
tarefas de casa, tente ouvir Water Music (Música
Aquática), de George Frederic Handel, ou os Concertos de Brandenburgo, de
Johann Sebastian Bach.
> Combine música com a natureza. Os estudos mostram que ouvir música enquanto caminha
na natureza tem um efeito benéfico sobre o seu cérebro. A combinação reprograma
o cérebro, aumentando o foco e o preparando para o aprendizado.
Como vai indo Brandon atualmente?
Ele tem 31 anos de idade, está casado, trabalha na industria de filmes e
escreve blogs sobre filosofia. A música ainda é uma parte importante de sua
vida. Ele ouve música clássica enquanto dirige para o trabalho, diariamente, e,
semanalmente, toca piano. Brandon tem as ferramentas e a compreensão para fazer
o TDAH eu "amigo". Ele sempre será como um bloco redondo querendo se
encaixar em um buraco quadrado, mas ele é um adulto feliz, bem sucedido, que
aceita as diferenças nas pessoas.
Sharlene Habermeyer - ADDitude
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
10 grandes ideias erradas sobre o transtorno bipolar (bipolar disorder) (391)
Separe os fatos da ficção
conferindo estes dez mitos comuns sobre o transtorno bipolar. Pelos editores de
ADDitude.
A verdade sobre o Transtorno
Bipolar
Existe uma grande quantidade de
desinformação a respeito do transtorno bipolar; muitas delas são perigosas para
os que vivem com a doença. Leia a seguir, para saber a verdade e educar-se
sobre a doença.
1- "Se você é bipolar, toda
alteração de humor é causada pela doença"
É fácil descrever um mau humor
como só uma química cerebral bipolar. É uma armadilha em que se cai facilmente
- e que pode até mesmo ajudar os pacientes e a família deles a lidar com a
doença de tempos em tempos. Mas, na maior parte do tempo, as pessoas com o
transtorno bipolar reagem aos eventos diários de modo igual ao de qualquer
pessoa - nem tudo é mania ou depressão. Você tem direito aos seus sentimentos.
Não acredite que cada repente ou momento de tristeza seja de apenas outro
"episódio".
2- "Mania é um sentimento
feliz"
Embora a mania possa incluir
alguns sentimentos de euforia, isso nem chega perto de toda a história. A mania
geralmente é caracterizada por aumento da irritabilidade, raiva irracional e
incapacidade de dormir - o que pode exacerbar os sintomas e levar a riscos
desnecessários. Durante essa fase, os pacientes relatam sentir que os
pensamentos e as ações estão fora de controle, de modo que, mesmo que a mania
comece feliz, ela pode se transforma no pior.
3- "A medicação é o único
tratamento para o transtorno bipolar"
Embora a medicação seja um
tratamento eficaz para o transtorno bipolar, está longe de ser o único. A
psicoterapia e a terapia cognitiva comportamental são ótimas para ensinar sobre
os gatilhos e ajudar a obter mais controle emocional. Dieta alimentar,
exercícios e sono adequado podem também ajudar a manter contidos os sintomas
negativos.
4- "Pessoas bipolares mudam
da depressão profunda para a mania apavorante diariamente"
Somente uma pequena porcentagem
de pessoas com transtorno bipolar sofrem de "ciclagem rápida" - uma
mudança diária, ou de hora em hora, entre depressão e mania. Na vasta maioria
dos casos, essa mudança demora muito mais tempo - às vezes com semanas
"normais" no intervalo. Além disso, nem todo episódio de mania ou de
depressão é grave; muitas pessoas, que são diagnosticadas com Bipolar II, sentem
uma forma mais suave de mania, chamada hipomania, que pode passar virtualmente
despercebida.
5- "Quando um episódio
maníaco ou depressivo acabar, o tratamento pode ser interrompido"
Essa não é uma boa ideia. O
transtorno bipolar é uma doença para a vida toda - você não vai se livrar dele
depois de um episódio particularmente ruim. A meta do tratamento bipolar é
estabilizar o paciente ao longo do tempo. Assim, os médicos recomendam
continuar o tratamento (medicação e/ou terapia) mesmo que você esteja se
sentindo bem.
6- "Há um teste fácil para o
transtorno bipolar"
Infelizmente, ainda não. Um teste
laboratorial para transtorno bipolar fez algum barulho alguns anos atrás. Mas
foi comprovado que não é conclusivo. Ele testa apenas alguns genes que se
pensam estarem ligados ao transtorno. Na melhor das hipóteses, ele pode lhe
mostrar se você tem uma predisposição genética para a doença - não se você tem
a doença propriamente. A imagens cerebrais também mostraram alguma promessa na
identificação de padrões cerebrais irregulares em pacientes bipolares, mas os
seus resultados estão ainda longe de serem definitivos.
7- "O transtorno bipolar é
só uma incapacidade de controlar suas emoções"
O transtorno bipolar não tem nada
a ver com controle. Dizer a alguém com o problema para que "se acalme"
ou que "se esforce" é contraproducente porque o transtorno bipolar é
uma doença mental verdadeira, que não pode ser dominada ou superada sem força
de vontade ou ajuda. As mudanças de humor não são uma escolha, e adotar essa
visão "livre-se disso" somente causará danos a longo prazo.
8- "O transtorno bipolar não
pode ser diagnosticado até a idade adulta"
Até recentemente, o transtorno
bipolar era considerado uma doença do adulto, que se iniciava por volta da
idade de 18 anos. Entretanto, agora, a comunidade médica reconhece uma condição
denominada "Transtorno Bipolar de Início Precoce", que pode atingir
crianças a partir de 6 anos de idade. Os sintomas são um pouco diferentes, mas
o padrão geral da mania e da depressão é o mesmo.
9- "O abuso de drogas causa
transtorno bipolar"
o abuso de drogas não pode causar
transtorno bipolar, do mesmo modo que o açúcar não pode causar TDAH. O uso de
drogas pode exacerbar os sintomas e tornar mais difícil para o médico o
diagnóstico correto, porém as drogas não podem fazer alguém repentinamente se
tornar bipolar. Se em sua família há casos de transtorno bipolar, é melhor se
manter livre de drogas e de álcool - eles podem lhe afetar mais fortemente do
que às outras pessoas.
10- "Depois de diagnosticado
como bipolar, diga adeus à sua felicidade"
Não deixe que ninguém o leve a
adotar essa visão devastadora. O transtorno bipolar é altamente tratável, e os
pacientes que o tenham sob controle podem levar uma vida feliz e produtiva.
ADDitude
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
Em crianças com TDAH, o tratamento melhora o resultado acadêmico? (390)
Os problemas acadêmicos são
extremamente comuns em crianças com TDAH e geralmente são o motivo que as leva
a uma avaliação para TDAH. Infelizmente, as significativas dificuldades
acadêmicas que muitas crianças com TDAH experimentam podem comprometer seu
sucesso a longo prazo nas áreas que vão muito além da educação formal.
Dados esses fatos, uma importante
questão é se o desempenho acadêmico de longo prazo em jovens com TDAH melhora
com o tratamento. Por ser esta uma questão de importância fundamental, e o TDAH é
a condição mental mais bem estudada nas crianças, alguém pode pensar que a
resposta está claramente definida. Por uma variedade de razões, talvez a mais
importantes das quais seja a dificuldade inerente de conduzir estudos de
tratamento de longo prazo, isso não é o caso.
Os estudos iniciais analisaram o
desempenho acadêmico por duas formas diferentes - a conquista acadêmica e o
desempenho acadêmico. A conquista acadêmica se refere à informação e
habilidades que as crianças adquirem e, tipicamente, é medida por testes
acadêmicos padronizados de conquistas. O desempenho acadêmico focaliza nas
medidas diretas de sucesso na escola, tais como as notas, repetição de ano,
formatura no ensino médio e matrícula na universidade. Assim, as medidas de
conquista acadêmica focalizam o que as crianças demonstram terem aprendido com
uma simples prova. As medidas de desempenho focalizam, em contraste, como as
crianças realmente se saíram na escola durante um período extenso. Ambos os
tipos de resultados estão comprometidos em crianças com TDAH.
O impacto do tratamento do TDAH
nas conquistas e no desempenho permanece controverso. Alguns estudos
verificaram que enquanto o tratamento do TDAH claramente melhorava o
comportamento em classe, o impacto sobre o funcionamento acadêmico era menos
evidente. Em outros estudos, há evidência de que o tratamento melhora alguns
aspectos do desempenho acadêmico mas não melhora as conquistas. Outras
pesquisas questionaram se o tratamento medicamentoso ou comportamental tem
efeitos positivos de longa duração em qualquer dos dois tipos de resultado
acadêmico.
Um estudo publicado recentemente online no Journal of Attention Disorders [Arnold
et al. (2015). Long-term outcomes of ADHD: Academic
achievement and performance. Journal of
Attention Disorders, representa um esforço valioso de organizar estudos
relevantes sobre esse problema, para que possam ser tiradas conclusões mais
abrangentes sobre como o tratamento do TDAH influencia os resultados acadêmicos
de longo prazo.
Os autores começaram por conduzir
uma sistemática pesquisa na literatura, para identificar todos os estudos
potencialmente relevantes. Especificamente, eles viram todos os estudos publicados
em jornais com revisão por pares entre 1980 e 2012, os quais examinavam os
resultados acadêmicos associados ao tratamento em período de ao menos dois
anos. Alguns desses estudos comparavam os resultados acadêmicos em crianças
tratadas e não tratadas, outros, não tinham nenhum grupo de comparação mas
avaliaram as medidas de conquistas e/ou de desempenho antes e depois do
tratamento, enquanto outros, ainda, compararam os resultados entre jovens
tratados e jovens sem TDAH.
Ao final, os autores identificaram
14 estudos que verificaram os resultados das conquistas acadêmicas e 12 em que
as medidas dos resultados de desempenho foram comparadas - houve alguma
sobreposição nesses estudos. Para criar uma medida de resultados comum em meio
aos múltiplos estudos, que utilizaram vários métodos, os estudos foram
agrupados nos que tinham mostrado algum benefício e nos que não tinham
mostrado. Então, eles simplesmente contaram o número de estudos nos quais havia
evidência do encontro de benefícios do tratamento.
Para os estudos que compararam jovens tratados com
jovens não tratados, ou o funcionamento acadêmico antes e depois do tratamento,
o benefício foi definido como um ganho estatisticamente significativo associado
ao tratamento. Nos que os jovens tratados foram comparados com jovens sem TDAH,
o benefício foi assumido quando os resultados acadêmicos para jovens com TDAH
não eram significativamente piores do que os dos controles não-TDAH.
Resultados
O tratamento promoveu melhora nas
notas das provas de conquista em 7 de 9 estudos (78%), quando a comparação era
com a linha de base pré-tratamento, e em 4 de 5 estudos (80%) quando jovens
tratados e não tratados eram comparados.
Para os resultados de desempenho
acadêmico, a melhora foi encontrada em 1 de 2 estudos que usaram comparações de
pré versus pós-tratamento, e em 4 de 10 estudos que compararam jovens tratados
e não tratados.
Portanto, no geral, houve maior
evidência de benefícios do tratamento nos resultados de conquistas do que nos
resultados de desempenho.
Os autores também examinaram como
os resultados do tratamento variaram para tratamento médico, não-médico, e
tratamentos que combinaram ambas as abordagens
combinadas, isto é, tratamento multimodal. Embora o número de estudos em que essas comparações foram baseadas fosse
pequeno, a evidência disponível confirmou o valor do tratamento multimodal. Tal
tratamento trouxe benefícios em 100% dos estudos que examinaram os resultados
de conquista e em 67% dos que examinaram os resultados de desempenho acadêmico.
Para o tratamento somente com medicação as porcentagens foram de 75% e de 33%
respectivamente; para os tratamentos não médicos os números foram 75% e 50%.
Por fim, houve 5 estudos nos
quais os resultados de conquistas e de desempenho acadêmico foram comparados
entre crianças tratadas para TDAH e jovens sem TDAH. Mesmo com tratamento, os
resultados foram significativamente piores para os jovens com TDAH em 4 de 5 estudos
que examinaram os resultados de conquistas e em 3 de 5 que examinaram os
resultados de desempenho acadêmico.
Resumo e implicações
O resultado geral desse resumo de
pesquisa, que examinou como o tratamento influencia os resultados acadêmicos de
longo prazo, em jovens com TDAH, é positivo. muitos estudos verificaram
melhoras com o tratamento para o TDAH tanto para os resultados de conquista
como para desempenho acadêmico, com evidências sugerindo que o tratamento tinha
impactos mais consistentemente positivos nas conquistas do que no desempenho
acadêmico.
Uma descoberta interessante -
embora baseada em número limitado de estudos - foi a indicação de que resultados
acadêmicos melhores eram mais prováveis quando abordagens médicas e não médicas
eram combinadas. Isso é consistente com a visão geralmente tida de que a
maioria dos jovens com TDAH deveria receber tratamento multimodal em oposição
às abordagens isoladas médicas e não médicas. Entretanto, como foi dito em um
artigo recente - veja em www.helpforadd.com/2014/december.htm - um estudo que examinou as práticas de tratamento com um grande
número de pediatras verificou que, enquanto o tratamento médico foi recomendado
em 90% dos jovens diagnosticados com TDAH, o tratamento comportamental foi
recomendado em menos de 15% das vezes. Assim, muitas crianças podem não estar
recebendo o tratamento multimodal no sistema de saúde da comunidade.
Embora a mensagem geral desse estudo
seja basicamente positiva, os resultados dos estudos que comparam jovens
tratados para o TDAH e controles não TDAH indicam que o tratamento geralmente
não "normaliza" os resultados acadêmicos nos jovens com TDAH. Assim,
enquanto os jovens tratados possam geralmente se dar bem melhor do que se
dariam sem o tratamento, o tratamento geralmente não os traz para o nível dos
seus colegas.
É importante avaliar esses
achados no contexto da base limitada de dados sobre os quais eles foram
obtidos. Em primeiro lugar, apesar da procura sistemática de pesquisas
relevantes ao longo de um período de 32 anos, os autores identificaram somente
5 estudos que comparavam especificamente os resultados acadêmicos de longo
prazo em jovens tratados versus não tratados. E, esses estudos não eram
necessariamente experimentos randomicamente controlados, o que torna impossível
concluir que os resultados positivos associados ao tratamento possam ser
atribuídos especificamente ao tratamento em si mesmo. Essa será uma limitação
continuada na base de pesquisa porque, conduzir experimentos randomizados de
longo prazo nos quais o tratamento é negado a um grupo de jovens com TDAH, por
um período longo, não é algo que possa ser feito eticamente.
É também o caso em que a análise
dos autores somente indica que jovens tratados geralmente têm melhores
resultados acadêmicos de longo prazo. Entretanto, a magnitude dos benefícios do
tratamento não foi discutida. Há uma importante diferença entre significância
estatística e significância clínica, e não se sabe se o tratamento teve a
tendência de produzir ganhos que os pais e educadores teriam considerado serem
significativos do ponto de vista educacional. Para mim não está claro por que
os autores não incorporaram tais análises em seus artigos e por que esse
problema não foi resolvido em suas discussões.
Então, enquanto esse estudo traz
uma bela contribuição para resumir a relevante literatura, de um modo que
permite ao menos conclusões genéricas sobre o impacto do tratamento do TDAH nos
resultados acadêmicos de longo prazo, ele também evidencia que um número
significante de questões sobre esse assunto permanece. Os autores concluem que,
apesar do número de estudos que foram realizados, ainda restam dados para guiar
"... (a) os educadores a como orientar melhor cada criança, (b) o
gerenciamento de acordo com o nível do sistema escolar, e (c) a formação de uma
conduta em nível nacional. A tudo isso, eu acrescentaria que as decisões
baseadas nos dados sobre o curso da ação que mais propicia uma melhora nos
resultados acadêmicos de longo prazo para cada criança são difíceis de derem
tomadas, com base nos dados de pesquisa disponíveis.
Nos próximos anos, espera-se que
a pesquisa necessária para melhor resolver esses importantes assuntos se torne
mais disponível.
Dr. David Rabiner, Ph.D. Duke University,
Durham, NC 27708 - USA
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
Sete déficits de Função Executiva ligados ao TDAH (389)
Dr. Russel Barkley fala sobre o que os pais precisam
saber sobre os desafios das funções executivas, que podem começar tão cedo
quanto os dois anos de idade, e que servem de sinais de alarme precoces de TDAH
nas crianças.
Há muita confusão sobre "funções executivas" -
e como elas se relacionam com o TDAH. O TDAH é um transtorno de função
executiva? Todo transtorno de função executiva também é TDAH? As respostas
dependem do que nós queremos dizer com "funções executivas", e de
como elas se relacionam com a autorregulação.
Tradicionalmente o termo "funcionamento executivo"
tem sido extensamente utilizado em neuropsicologia, em psicologia clínica e em
psiquiatria. Entretanto, nos últimos anos, ele se espalhou para o campo mais
amplo da psicologia geral e para a educação, onde é geralmente incorporado às
estratégias de ensino e às acomodações em sala de aula.
Falando de modo amplo, função executiva se refere às
habilidades cognitivas ou mentais de que as pessoas precisam para perseguir
ativamente suas metas. Em outros termos, é sobre como nós nos comportamos na
direção de nossas metas futuras e sobre quais habilidades mentais são
necessárias para atingir essas metas.
O termo é muito estreitamente relacionado com a
autorregulação - funções executivas são coisas que você faz para si mesmo, a
fim de mudar seu comportamento. Por meio do emprego eficiente de suas funções
executivas, você espera mudar seu futuro para melhor.
A função executiva é julgada pela força dessas sete
habilidades:
1- Autoconsciência: Simplesmente dito, é a atenção
autodirigida.
2- Inibição: Também conhecida como autolimitação.
3- Memória de Trabalho Não-Verbal: A capacidade de
guardar coisas em sua mente. Essencialmente, imagens visuais - quão bem você
pode visualizar as coisas mentalmente.
4- Memória de Trabalho Verbal: A fala interior, ou
autodirigida. Muitas pessoas pensam nisso como seu "monólogo
interno".
5- Autorregulação emocional: A capacidade de usar as
quatro primeiras funções executivas para manipular seu próprio estado
emocional. Isso significa aprender a usar as palavras, imagens e sua própria
autoconsciência para processar e alterar o modo como se sente em relação às
coisas.
6- Automotivação: Quão bem você pode se motivar para
completar uma tarefa, quando não há nenhuma consequência externa imediata.
7- Planejamento e resolução de problemas: Os especialistas
às vezes gostam de pensar nisso como "jogar consigo mesmo" ("self-play")
- como lidamos com a informação em nossa mente para inventar novas maneiras de
fazer algo. Tomando as coisas em partes e recombinando-as de modos diferentes,
estaremos planejando soluções para nossos problemas.
Essa lista lhe parece familiar? Deveria. Qualquer um que
tenha os sintomas clássicos do TDAH terá dificuldades com todas, ou quase
todas, dessas sete funções executivas. Problemas com a inibição em um TDAH leva
a ações por impulso, por exemplo. Problemas com a regulação emocional levam a
surtos explosivos indevidos.
Essencialmente, o TDAH é um transtorno de déficit de
função executiva (EFDD)(TDFE). O termo guarda-chuva "TDAH" é
simplesmente outra maneira de se referir a esses assuntos.
Essas sete funções executivas se desenvolvem ao longo do
tempo, em ordem cronológica, geralmente. A autoconsciência inicia seu
desenvolvimento por volta dos 2 anos de idade, e ao redor da idade de 30 anos,
o planejamento e a solução de problemas devem estar completamente desenvolvidos
em uma pessoa normal (neurotípica). Os TDAHs são geralmente 30 a 40 por cento
menos aptos que os seus pares na transição de uma função executiva para a próxima.
Assim, faz sentido para os TDAHs ter problemas em lidar com situações próprias
para a idade - eles estão pensando e atuando de maneiras que são mais próprias
de pessoas mais jovens.
A consciência dessas funções executivas pode ajudar os
pais a estabelecer um sistema precoce de detecção do TDAH, ajudando-os a
procurar avaliação profissional e acomodações antes que a criança comece a ter
problemas na escola. Então, com as acomodações adequadas e com o tratamento, os
TDAHs podem aprender a usar o que sabem e a reforçar essas funções executivas
ao longo do tempo.
Russel Barkley e os editores de ADDitude.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
Ansiedade e TDAH - Doze soluções para a ansiedade de todos os dias (388)
Para alguns de nós, a ansiedade é uma companheira
constante do TDAH. Nós a sentimos no mercado, em reuniões e, às vezes, por toda
a noite. Mas, isso não significa que devemos deixar que ela nos domine. Adquira
o controle mental e sua saúde emocional com essas práticas diárias simples,
para aliviar a ansiedade. Por June Silny.
REAÇÕES EXTREMAS
Você conhece o enredo: seu coração começa a bater mais
depressa, o sangue lateja nos seus ouvidos e sua pulsação quase estoura suas
veias de tão forte que fica. Seu corpo está em um estado de desconforto físico
geral porque seus nervos estão enviando mensagens de alerta para o seu cérebro.
Falando de um modo geral, isso é uma coisa boa. É uma habilidade inata de
sobrevivência, necessária para sua vida: a resposta lute ou fuja. O problema é
que você não está correndo de um urso ou saltando em um "bungee
jumping". Você está falando em uma reunião com colegas de trabalho ou
assistindo às notícias na televisão e é interrompido por um zumbido constante
ou por um peso no peito e um ataque de pânico que faz tremer seus joelhos.
PRATIQUE A RESPIRAÇÃO 4/7/8
Um ataque de pânico acontece de repente, geralmente sem aviso.
Em um minuto você está dirigindo de volta para casa, escutando música, e no
minuto seguinte está pensando se deve parar o carro e chamar a emergência. Se
você não tiver nenhum outro sinal de ataque cardíaco, aguente firme, bata nas
suas bochechas e pratique essa técnica de respiração fácil, chamada 4/7/8.
Inspire por 4 segundos. Segure sua respiração por 7 segundos. Exale o ar em 8
segundos. Faça assim algumas vezes. Isso muda a resposta do seu sistema nervoso
autônomo de uma ação simpática para uma ação parassimpática.
TENTE PENSAR SÓ NO MOMENTO PRESENTE
A ansiedade age como sucessão de golpes do tipo 1-2,
primeiro como pânico no corpo, depois como pânico na mente. O medo vai onde
você for. Mas, espere. Há uma rota de fuga: pensar no momento presente. Para se
convencer de que o momento presente é tudo o que importa, repita este mantra:
"[Inspirando] Estou no momento presente [Expirando] Me sinto calmo".
Você pode realmente controlar a ansiedade dirigindo seus pensamentos na direção
que desejar. A consciência do momento presente torna você o capitão do barco, e
o navegador dos seus pensamentos.
PARE (H.A.L.T.) SUA ANSIEDADE
O acrônimo H.A.L.T. vem do inglês HALT (PARE) e cada
letra quer dizer: H = Hungry (faminto, ávido), A = Angry (bravo, irado), L = Lonely
(sozinho, desamparado), T = Tired (cansado, fatigado). Cada um desses
significados desencadeia uma reação física ou mental que se parece com a
ansiedade - e cada um deles está sob seu controle. H.A.L.T. é uma ferramenta
disponível para manter a calma e evitar a ansiedade. Depois de crises de pânico
me torturarem por três longos anos, eu me tornei ciente do que estava
acontecendo ao meu corpo e passei a evitar os fatores desencadeantes. Quando me
sentia à beira de um ataque de pânico, eu recorria à lista e tomava
providências imediatas para corrigir uma das quatro possíveis causas. Entrar em
ação dava a sensação de poder e de estabilidade. Também acalmava a ansiedade.
Tente. Funciona.
PRATIQUE O COMER SEM ANSIEDADE
O hiperfoco do TDAH às vezes se intromete no caminho das
refeições regulares, especialmente o almoço. Se você não fizer uma pausa, antes
que perceba, seu estômago estará roncando e sua cabeça girando. Você estará
entrando em uma zona de perigo emocional. Você se torna "raivosamente
faminto" ("Hangry"). A fome se transforma em raiva. Quando seu
padrão de alimentação se torna errático, assim também fica o seu nível de
glicose no sangue. A queda do nível de glicose imita a ansiedade. Mantenha-se
estável fazendo várias pequenas refeições durante o dia. Tenha sempre algo
comestível e saudável por perto. Alimentar-se sem ansiedade necessita de
planejamento, o que não é uma atividade preferida pelos TDAHs.
ELIMINE SUA RAIVA
A raiva é uma emoção intensa. Sentir que não está sendo
tratado com respeito, ou magoado quando alguém lhe diz palavras ásperas, ou
frustrado quando as coisas não estão saindo de acordo com seus planos, tudo
isso é um gatilho para a raiva. A raiva não está só na mente, mas, também, no
corpo. É difícil de controlar, resolver, expressar e evitar. Essa emoção fora
de controle provoca altos níveis de ansiedade. Então, na próxima vez que você
começar a sentir seu sangue ferver, lembre-se de que sua raiva o prejudica
quando você permite que ela dispare. Escreva seus sentimentos numa folha de
papel, rasgue-a e jogue no lixo a sua raiva junto com as suas palavras.
SAIA DO ISOLAMENTO
Pessoas com TDAH geralmente se sentem não compreendidas,
o que faz com que elas se isolem e se sintam abandonadas (mesmo quando rodeada
por outras pessoas). A solidão pode levar à tristeza, depressão e ansiedade.
Preste atenção. Tente evitar o isolamento. Saia de casa e distraia-se. Faça
projetos com amigos, mesmo que não se sinta amigo. Ligar para um amigo que você
conheça manterá as coisas mais suaves. Se ninguém responder, faça alguma coisa
que o torne feliz. Ajude alguém que esteja pior que você. Seja voluntário. Faça
algo com significado. Vá ao cinema, ou à academia,ou a uma aula de ioga. Aja de
modo amável consigo mesmo.
ORGANIZE UM PADRÃO DE SONO
Às vezes você não sabe que está muito cansado até que
suas pálpebras caiam durante uma reunião de negócios. Quando você está cansado,
você está menos tolerante, mais irritável e com o humor raso. Seu corpo
responde de modo diferente às emoções. A tristeza fica mais triste e a raiva
fica mais intensa, se você ficar
deitado, parado, olhando para o teto. A ansiedade provoca problemas de
sono e a privação de sono causa mais ansiedade. Então, enquanto você estiver
tentando acalmar sua ansiedade, faça um esforço consciente para melhorar seu
padrão de sono. Cafeína, luzes brilhantes e horários irregulares de ir se
deitar podem promover noites sem sono. Vá para a cama todas as noites no mesmo
horário.
DÊ UM TEMPO A SI MESMO
Saiba quando parar o relógio e fazer uma pausa. Quando a
vida corre rápida, é fácil ser pego pelo movimento, especialmente se você tiver
TDAH. Nossos cérebros acelerados podem lidar bem com isso, mas, algumas vezes,
ficamos sobrecarregados. A ansiedade aparece rapidamente. Fique atento e pronto
para desligar a campainha e fazer uma pausa. Saia para uma caminhada, para
tomar um ar fresco, ou pegue uma taça de chá quente, ou frio, e sinta o cheiro
das ervas; faça alguma coisa para interromper temporariamente a correria.
Refresque-se e renove-se ao longo do dia.
PREPARE-SE PARA SAIR DE CASA
Você está a caminho da porta de saída de sua casa,
procurando as chaves, ajeitando sua roupa, ou segurando sua xícara de café. Aí,
acontece; seu coração dispara, a confusão o domina enquanto você tenta se
lembrar de tudo que possa ter esquecido de pegar. Sua ansiedade sobe nas
alturas. É difícil planejar com antecipação; mas se o fizer, ajudará a diminuir
sua ansiedade e o manterá mais calmo. Prepare uma lista de checagem na noite
anterior e arrume uma zona de saída perto da porta da casa, para suas chaves,
bolsa, celular e outros itens essenciais do dia-a-dia. Não use lembretes de
colar pequenos; escreva suas anotações em grandes folhas de papel e as prenda
na sua porta de saída. Leva só um minuto para anotar tudo o que tornará seu dia
mais calmo.
VIVA EM CÂMERA LENTA
Alentecer seu corpo afetará, também, a velocidade de sua
mente. Pratique o alentecimento intencional. Pratique o caminhar meditando.
Caminhe com passos deliberadamente lentos em um jardim. Dê a volta lentamente
no quarteirão. Ioga e Tai Chi são redutores de ansiedade com movimentação
lenta. Antes de começar a ioga, eu ficava nervosa vendo as outras pessoas
torcer seus corpos e posturas. Mas, quando descobri a força interior e a calma
mental que eu não sabia que possuía, fui estimulada a continuar na prática das
posturas imóveis.
FAÇA UMA FAXINA CEREBRAL
Não estou falando de livrar o seu cérebro de testes,
fatos e fofocas; estou falando de limpar sua mente do todo o lixo desnecessário
que ele guarda. Os TDAHs têm memória duradoura. Em algumas situações isso é extremamente
benéfico; em outras, pode ser perigoso. É o terreno propício para o pensamento negativo
destrutivo, que leva aos níveis tóxicos de ansiedade. Mantenha sua mente limpa.
Tente isso antes de ir dormir, para livrar-se de todas as suas preocupações.
Diga em voz alta todos os seus medos. Pensamentos negativos e fantasiosos tomam
muito espaço. Limpe-os e obtenha espaço para a felicidade, a alegria e a
beleza.
EXPERIMENTE POSTURAS RESTAURADORAS DE IOGA
A ideia de estirar seu corpo no chão, e se tornar imóvel
em uma postura imóvel de ioga, não parece muito atraente.Porém, quando você
descobre as posturas corretas que funcionam para o seu corpo, você verá que a
ioga restauradora acalmará seu sistema nervoso, abaixará sua pressão arterial e
regulará seu ritmo cardíaco. Aprenda as posturas quando estiver se sentindo calmo.
Descubras as posturas que lhe permitam alongar seus músculos gentilmente e que
lhe deem conforto. A ioga restauradora permitirá que você se livre dos
pensamentos ansiosos e experimente o estado de pacífico de relaxamento profundo.
Assinar:
Postagens (Atom)
Nosso cérebro adora bolhas: o CO2 estimula todos os cinco sentidos Anne-Gaëlle Moulun 05 de março de 2025 Em um vídeo publicad...
-
Atenção a detalhes. Multitarefas. Monotonia. Se você vir essas palavras na descrição de alguma profissão, corra na direção oposta. As car...
-
Por Daniel G. Amen, double-board certified psychiatrist "Um tratamento não serve para todo mundo" Como fundador de seis...
-
TDPM, Autismo e TDAH: A comorbidade silenciosa A disforia pré-menstrual (DPM) é uma condição de saúde hormonal que causa problemas g...