Blog destinado à divulgação dos diversos aspectos do TDAH e do que mais eu quiser. As opiniões são de responsabilidade dos autores e podem não ser compartilhadas por mim (Dr. Menegucci).. Todo mundo é gênio. Mas, se você julgar um peixe pela sua habilidade de subir numa árvore, ele vai passar a vida toda pensando que é burro..
quarta-feira, 21 de junho de 2017
terça-feira, 20 de junho de 2017
Dentro da mente do seu adolescente com TDAH - 437
Dentro da mente do seu adolescente com TDAH
“Meninos adolescentes com TDAH são seus próprios piores inimigos porque eles se recusam a pedir ajuda” Como ajudar seu filho a reconhecer suas habilidades, ter responsabilidade e ter sucesso no ensino médio.
Por Blythe Grossberg, PSY.D.
Meninos adolescentes enfrentam sua carga de obstáculos na escola: Geralmente eles estão inquietos na sala de aula, e suas habilidades verbais estão atrasadas em relação às das meninas. Como resultado, eles ficam atrasados em relação às meninas com TDAH (e em relação às meninas sem o transtorno) nas notas dos testes padronizados e taxas de admissão à universidade. Isso é especialmente verdadeiro para os adolescentes meninos com TDAH.
Enquanto os meninos com TDAH tipicamente têm maior necessidade do que as meninas de ajuda acadêmica de seus pais e professores, eles são menos dispostos a aceitar isso por causa de seu ímpeto independente.
“Meninos adolescentes com TDAH são seus próprios piores inimigos,” diz Judith Levy Cohen, M.Ed., uma especialista certificada, com prática privada em Nova Iorque.
“Eles se recusam a pedir ajuda quando precisam; em vez disso, seu mantra é ´Quero fazer tudo por mim mesmo!´ [ I want to do it all MY BYSELF!} Isso não é um erro de impressão [O correto seria dizer ALL BY MYSELF = Tudo por mim mesmo]. Dois meninos em minha classe, ambos com TDAH, são tão distraídos que eles invertem as palavras e nunca percebem!”
Aqui estão algumas estratégias que lhe permitirão ajudar seu filho, sem pisar nos pés dele.
1- Reforce suas habilidades
“Procure atividades em que um menino seja bom e que ame”, sugere Fiona St. Clair, uma especialista em aprendizagem de Manhattan, que trabalha com crianças com TDAH. “É impressionante como os esportes, a música, ou outras artes podem melhorar os problemas de atenção.”
Encontrar uma atividade favorita do menino e elogiá-lo por suas conquistas, pode remover os obstáculos para ele pedir ajuda.
“Se o seu filho estiver praticando guitarra, você pode dizer. `Você está fazendo um bom trabalho, aplicando-se nele. Como nós poderíamos utilizar essa capacidade sua em outras áreas, como, digamos, matemática ou ciências?” [Prepare-se para a cara feia].
2- Conecte-o a bons modelos
“Eles podem não dizer, mas muitos meninos com TDAH têm a crença de que eles nunca terão sucesso neste mundo”, diz Michael Riera, Ph.D., chefe da Redwood Day School, em Oakland, Califórnia, e autor do livro Staying Connected To Your Teenager: How To Keep Them Talking To You And How To Hear What They´re Really Saying.[Fique ligado ao seu adolescente. Como mantê-lo conversando com você e como ouvir o que ele realmente está dizendo].
Saber sobre pessoas bem sucedidas com TDAH e encontrar-se com elas, pode mudar aquele medo na cabeça dele. Riera aconselha meninos com TDAH a seguir um adulto com TDAH em seu local de trabalho, por um dia, para ver se alguns trabalhos são amigáveis para quem tem TDAH. (Os pais podem procurar alguma organização local para encontrar esses mentores [Nos Estados Unidos é fácil. Aqui, duvido que achem]. “Adultos podem contar o que o TDAH fez com eles e como eles lutaram para serem bem sucedidos”, diz Riera.
3- Seja paciente em relação ao progresso
Nos primeiros anos da adolescência, os estudantes recebem uma grande carga de trabalho, mas alguns deles não têm as habilidades necessárias para lidar com isso. Meninos com TDAH tendem a ficar para trás de colegas nas habilidades de funções executivas – a habilidade de planejar, priorizar e organizar seu trabalho.
“A cultura exige que os meninos sejam mais independentes que as meninas, mas se eles têm problemas com as funções executivas, eles não estão prontos para serem mais independentes”, diz St. Clair. “Então eles se tornam difíceis de se alcançar”
Os especialistas recomendam que os pais sejam pacienciosos.”Os meninos geralmente fazem grande progresso aos 15 ou 16 anos” diz St. Clair. “Nessa época, eles estão se acostumando a trabalhar de maneira independente.”
Na adolescência, muitos meninos com TDAH começam a dominar técnicas que ajudam os estudantes de ensino médio a terminar os trabalhos, tais como partir sua tarefa em partes menores, mais fáceis de realizar.
“Os pais devem se lembrar que um menino não precisa dominar tudo ao final do ensino médio”, diz Riera.
4- Deixe que ele tome as próprias decisões
Riera aconselha os pais a deixarem que seus filhos adolescentes tomem suas próprias decisões, dentro e fora da escola.
“Da escola elementar em diante, as atividades acadêmicas são selecionadas e reunidas para crianças, e as escolas exigem dos estudantes, em detrimento de sua vida social”, ele diz. “Quando os filhos vão para a faculdade, eles devem estar academicamente à frente, mas provavelmente não têm se desenvolvido social e moralmente.”
Riera sugere que “os pais deem aos filhos a oportunidade de testar sua capacidade de tomar decisões, permitindo que eles tomem decisões erradas.” Ele acredita que cometer erros dá aos meninos com TDAH algumas vantagens sobre seus colegas não TDAH quando entram na faculdade.
Riera conta às crianças com diferenças de aprendizagem e TDAH, “que a boa notícia é que, quando você se graduar do ensino médio, você estara sabendo como trabalhar sob pressão. Para mim, isso é a chave do sucesso.”
Quer o segredo para motivar adolescentes? Comece com essas três questões – 436
Tirar um adolescente com TDAH da cama é muito difícil. Fazer com que ele planeje o futuro? Quase impossível. Ponha seu adolescente nos trilhos encorajando-o a fazer a si mesmo essas perguntas, quo o tornarão mais produtivo – e motivado – em somente cinco minutos. Por Wes Crenshaw, PH.D.
Para quem tem TDAH, lidar com cada objeto, ideias, obrigações, acontecimentos, relacionamentos, prazos, o fazer, e expectativas é devastador. Mesmo que você utilize listas e apps (aplicativos) para mantê-lo em dia com suas atividades, ter as coisas feitas acaba sendo o resultado de como você faz seu cérebro se debruçar sobre o problema que você precisa resolver, quando você precisar resolvê-lo.
Seja o caso de terminar uma obrigação diária, ou tomar uma decisão importante em sua vida, ou apenas levantar-se pela manhã, a resolução de problemas requer atenção plena – estar ciente de si mesmo, de seus pensamentos e de suas intenções. Isso é onde muitas pessoas com TDAH falham. Estar completamente atento traz imagens de olhar para um abismo imaginário, de meditação ou de seguir os conselhos de um guru. Não é disso que estou falando agora.
A meditação é benéfica, e atingir a atenção completa é mais da prática e menos complicado do que você pode pensar. Você pode viver uma existência mais consciente se fizer três perguntas:
1 – O que eu estou fazendo? Você precisa fazer essa pergunta umas 20 vezes ao dia. Muitas vezes nós tropeçamos vida afora sem nos perguntarmos com o que estamos envolvidos e para onde estamos indo com isso. Sim, algumas pessoas seguem somente sua intuição, sentindo sua trajetória de uma situação a outra. Mas para o pessoal com TDAH, isso é um arranjo para um mau dia. Melhor voltar atrás e avaliar o que está acontecendo nesse momento com você, com seu ambiente e com os que estão à sua volta.
Sente-se em seu carro pela manhã, ou antes de deixar sua casa para pegar o ônibus, e pergunte-se se você tem tudo o que precisa para fazer suas obrigações do dia. Veja o que há em sua agenda e verifique sua mochila ou maleta. Eu toco em meu telefone, na minha carteira, nos meus óculos de leitura, e na caixinha de remédios para me assegurar que tudo está bem. Quando você sabe o que está fazendo, você pode fazer a próxima pergunta.
2- O que eu penso que estou fazendo? Essa questão é a raiz do que chamamos intenção, que é necessária para a tomada de decisões, planejamento, estabelecimento de metas e realizações, grandes ou pequenas. Para fazer com que as coisas boas aconteçam em sua vida (levantar-se, ir à faculdade, encontrar-se com a namorada, manter um emprego, decidir se vai ter sexo), você tem de saber o que você quer e ir em frente. Isso parece correto, mas os humanos não são animais que agem somente por instinto. Temos pensamentos conflitantes e emoções que influenciam nosso comportamento. Separar essas coisas é um pesadelo de organização para os que foram diagnosticados com TDAH. Um bom começo para fazer algum progresso é responder à terceira questão.
3- Por que isso é importante? Fazer o que você deseja fazer somente dá certo se você somar alguma coisa à sua vida. Você sabe o que os pais sempre dizem, “Nós só queremos que você seja feliz!” Isso parece doce, mas, creia-me, eles não querem isso. O que eles realmente querem de você é uma vida que tenha significado – para você e para os que estão à sua volta. Para ter uma vida com significado, pergunte a si mesmo por que é importante que você acorde cedo, que estude biologia, que vá trabalhar, ou comprar alguma coisa. Muitas coisas são importantes em sua vida, e você precisa descobri-las.
Para quem tem TDAH, pode ser difícil conseguir um significado. Para alguns, muitas coisas são importantes, e é difícil escolher entre elas qual é prioritária. Para outros, nada importa o suficiente para fazer uma diferença. Em cada caso, a resposta é perguntar a si mesmo se o que você está fazendo importará em uma grande diferença hoje, e realizar essa diferença.
Outro truque para construir uma prática de meditação diária é limitar o tempo que você gasta nisso. Se você tirar, digamos, uma hora para pensar nas três questões, você desistirá, porque essa não é uma maneira eficiente de gastar o tempo. Em vez disso, tire entre um e cinco minutos várias vezes ao dia. Eu não envio um e-mail importante sem fazer as três questões.
Todos têm problemas com a intensidade da vida. Por ser a organização difícil para algumas pessoas com TDAH, esse esforço pode ser insuperável. Não é. Faça a si mesmo as três perguntas e tome alguns minutos para escutar suas próprias respostas.
sexta-feira, 16 de junho de 2017
TDAH - ADHD - Você esqueceria sua cabeça se ela não estivesse grudada no seu pescoço” - 435
Você
esqueceria sua cabeça se ela não estivesse grudada no seu pescoço”
Se
o seu filho se esquece de entregar o trabalho de casa já feito à
professora, se ele se esquece das tarefas a serem feitas, ou de
trazer para casa os boletins, tente essas estratégias testadas pelas
mães para melhorar a memória de trabalho das crianças com TDAH.
Por
Melinda Boring
Você
sempre ajudou seu filho com as tarefas de casa apenas para ele
esquecer de entregá-las à professora? Você fica desconcertada
quando seu filho consegue soletrar as palavras corretamente em casa,
mas, na escola ele erra as mesmas palavras no teste de soletração?
Essas
experiências são comuns nas crianças com TDAH. Ter uma memória de
trabalho fraca, além de ser facilmente distraído, leva muitas
dificuldades para reter a informação. Aqui estão várias
estratégias de lembrar-se, que funcionaram para melhorar a memória
dos meus filhos.
1-
Seja emocional. Emoções positivas estabelecem um novo palco para
novos aprendizados. Quando você se envolve nas emoções do seu
filho, ele estará mais apto a se lembrar da informação. Tente
introduzir um tópico contando uma história com um personagem ou
circunstância com que seu estudante possa se identificar. Quando seu
filho estiver se esforçando para memorizar os fatos da matemática,
lembre a ele de uma história ou de um filme ou vídeo que ele leu,
ou assistiu, no qual um cachorro ou um menino descobre o caminho de
volta para casa em mio a vários desafios. Se você não consegue
pensar em uma história pertinente, ajude o estudante a se lembrar de
uma ocasião em que ele enfrentou uma tarefa muito difícil e
conseguiu completá-la. Esses sentimentos agradáveis podem motivar e
envolver o estudante conforme ele aprende novas matérias.
2-
Seja criativo. A novidade ajuda as crianças com TDAH a se lembrarem
da informação. Introduza um assunto com uma breve demonstração,
usando objetos reais ou atividades com as mãos, para atrair a
atenção dos estudantes.. Escreva palavras num papel em branco, de
modo a que eles consigam enxergar através de uma folha de plástico
com bolhas. Dê 30 segundos para o estudante ler tantas palavras
quanto ele conseguir, estourando cada bolha à medida que ele
prossegue. Outras estratégias criativas incluem inserir um lápis em
uma laranja para mostrar como a terra gira e orbita ao mesmo tempo,
ou deixe as crianças assistirem a um vídeo no YouTube sobre um
acidente de skate, antes de ensinar sobre anatomia ou primeiros
socorros.
3-
Utilise dicas sensoriais. As pesquisas mostram que o cheiro do
hortelã-pimenta aumenta a atenção e facilita a aprendizagem. Deixe
seu filho chupar pastilhas de hortelão enquanto ele estuda. Se a
escola não permite doces em classe, pingue algumas gotas de óleo
essencial de hortelã em uma bolinha de algodão. Seu filho pode
puxá-la da bolsa e dar uma cheiradinha quando sua concentração
precisar de um empurrão.
4-
Crie métodos mnemônicos. Esses auxiliares e estratégias da memória
melhoram a memorização. Eis aqui os meu favoritos:
-
Acrônimos usam a primeira letra de cada palavra em uma sequência
para melhorar a evocação do seu filho. Por exemplo, use COW (vaca)
para que ele se lembre dos estados da costa oeste dos Estados Unidos
(Califórnia, Oregon e Washington)
-
Acrôsticos ajuda a criança a se lembrar pelo uso de frases que
começam com a primeira letra de cada item a ser lembrado. Em
ciências, você pode usar a frase Kings Play Chess On Finely Ground
Sand para que ele se lembre de Kindon (Reino), Phylum (Filo), Class
(Classe), Order (Ordem), Family (Família), Genus (Gênero), Species
(Espécie).
Para
a ordem algébrica das operações use Please Excuse My Dear Aunt
Sally (Parênteses, Expoentes, Multiplicação, Divisão, Adição,
Subtração). Em música, para lembrar-se das notas das linhas de
baixo até em cima, use Every Good Boy Does Fine
(EGBDF).
Para geografia, Never Eat Sggy Waffles (Norte, Este, Sul, Oeste),
aguçarão as habilidades da criança com os mapas. Acrósticos farão
com que você saiba que se lembrou de todos os itens de uma lista.
-
Mnemônica de rima de números. Selecione objetos que rimam com os
números de 1 a 10. Exemplo: 1 = sun (one = sun)(uã = sã)(um =
sol); 2 = shoe, 3 = tree etc. Para aprender a informação nova, o
estudante visualiza a rima dos números interagindo com os itens a
memorizar. Exemplo: A criança precisa precisa ir ao quarto de dormir
e trazer de volta três coisas: um lápis, um moleton e um livro. Um
estudante pode imaginar um lápis pegando fogo no sol, tirando o
moleton de um sapato e subir numa árvore para pegar o livro. [NT -
Sejam criativos professores brasileiros e portugueses, para as
adaptações do ingês para o português]
5-
Movimente-se. Permitir que o estudante se movimente enquanto aprende
é, às vezes, tudo o que é preciso para aumentar a motivação e a
retenção da matéria. A atividade física reduz o estresse e
aumenta a energia, e pode ajudar a informação cruzar a linha média
do cérebro, de modo a que ela seja compartilhada pelos dois
hemisférios. Isso aumenta a possibilidade de que a informação mude
da memória de curto prazo para a memória de longo prazo. Uma
criança pode permanecer ativa e melhorar a evocação ao brincar com
um objeto nas mãos. Manipular objetos com as próprias mão estende
a faixa de atenção e o foco.
O
cérebro TDAH ama variedade, brevidade e novidade. Depois que você
ensinar as estratégias acima ao seu filho, deixe que ele crie as
suas próprias. Embora essas dicas e truques de memória suportem a
memória de trabalho fraca e melhorem a evocação, sempre haverá
alguns novos para experimentar. Trabalhe com seu filho para descobrir
novas estratégias.
segunda-feira, 3 de abril de 2017
Um melhor jeito de achar a dose ideal de metilfenidato de liberação controlada (Ritalina LA e Concerta) - 434
Um melhor jeito de achar a dose ideal de metilfenidato de liberação controlada (Ritalina LA e Concerta) - 434
Acrescentar mais medicação aos poucos por um longo período de tempo pode ajudar adultos com TDAH mais eficientemente a reduzir seus sintomas.
Por Devon Frye - 24/março/2017
Uma nova pesquisa sugere que a remissão dos sintomas do TDAH – assim como melhor tolerância à medicação – é mais provável de acontecer com longos períodos de ajuste crescente da medicação, até encontrar a dose ideal.
A pesquisa, publicada no número de janeiro do Journal of Clinical Psychiatry, examinou 279 pacientes adultos, tratando 141 deles com metilfenidato de longa liberação e os restantes 138 com um placebo. Cada paciente iniciou com dose de 18 mg. Por um período de seis semanas, a dosagem podia ser aumentada pela adição de mais 18 mg por semana – processo conhecido como titulação – até que os sintomas fossem reduzidos abaixo de um nível ou que os efeitos colaterais se tronassem intoleráveis.
Os sintomas foram medidos com o uso de uma escala (AISRS) – Escala de Avaliação por Notas de Sintomas do TDAH.
As notas da AISRS variavam de zero a 54, com 18 sendo geralmente considerado a nota da linha de base de adultos com sintomas não controlados do TDAH.
No grupo que tomou metilfenidato, 13,6% permanecerm na dose inicial de 18 mg até o final da sexta semana, enquanto 23,1% teve de aumentar até 36 mg, 24,3% até 54 mg e 39,1% terminou com 72 mg.
Quase a metade dos do grupo de metilfenidato – 45% - tiveram uma completa remissão dos sintomas (indicados por uma nota da AISRS de 18 ou menos). Os indivíduos que tomaram metilfenidato também relataram melhor qualidade de vida, maior produtividade no trabalho e melhora da função cognitiva quando comparados ao grupo placebo.
A pesquisa difere de outras, segundo os autores, por permitir um maior período para descobrir a dose ideal de medicação de cada indivíduo. Pesquisas anteriores com o metilfenidato “não exploraram a possibilidade de que ao permitir ajustes adicionais do metilfenidato de liberação controlada – sistema OROS - (Ritalina LA e Concerta) poderia ser obtida melhora mais significativa, com remissão dos sintomas ou melhor tolerabilidade”, escreveram os autores.
"Essa melhora ao longo do tempo, assim como as pioras e melhoras dos sintomas e as respostas, sugerem que os clínicos devem pensar em um maior período de tempo, semanas ou até mais, para o ajuste das doses do metilfenidato OROS (Ritalina LA e Concerta), com o contínuo monitoramento, de tal modo que os benefícios de uma dose particular tenham tempo suficiente para aparecer”, concluem.
Acrescentar mais medicação aos poucos por um longo período de tempo pode ajudar adultos com TDAH mais eficientemente a reduzir seus sintomas.
Por Devon Frye - 24/março/2017
Uma nova pesquisa sugere que a remissão dos sintomas do TDAH – assim como melhor tolerância à medicação – é mais provável de acontecer com longos períodos de ajuste crescente da medicação, até encontrar a dose ideal.
A pesquisa, publicada no número de janeiro do Journal of Clinical Psychiatry, examinou 279 pacientes adultos, tratando 141 deles com metilfenidato de longa liberação e os restantes 138 com um placebo. Cada paciente iniciou com dose de 18 mg. Por um período de seis semanas, a dosagem podia ser aumentada pela adição de mais 18 mg por semana – processo conhecido como titulação – até que os sintomas fossem reduzidos abaixo de um nível ou que os efeitos colaterais se tronassem intoleráveis.
Os sintomas foram medidos com o uso de uma escala (AISRS) – Escala de Avaliação por Notas de Sintomas do TDAH.
As notas da AISRS variavam de zero a 54, com 18 sendo geralmente considerado a nota da linha de base de adultos com sintomas não controlados do TDAH.
No grupo que tomou metilfenidato, 13,6% permanecerm na dose inicial de 18 mg até o final da sexta semana, enquanto 23,1% teve de aumentar até 36 mg, 24,3% até 54 mg e 39,1% terminou com 72 mg.
Quase a metade dos do grupo de metilfenidato – 45% - tiveram uma completa remissão dos sintomas (indicados por uma nota da AISRS de 18 ou menos). Os indivíduos que tomaram metilfenidato também relataram melhor qualidade de vida, maior produtividade no trabalho e melhora da função cognitiva quando comparados ao grupo placebo.
A pesquisa difere de outras, segundo os autores, por permitir um maior período para descobrir a dose ideal de medicação de cada indivíduo. Pesquisas anteriores com o metilfenidato “não exploraram a possibilidade de que ao permitir ajustes adicionais do metilfenidato de liberação controlada – sistema OROS - (Ritalina LA e Concerta) poderia ser obtida melhora mais significativa, com remissão dos sintomas ou melhor tolerabilidade”, escreveram os autores.
"Essa melhora ao longo do tempo, assim como as pioras e melhoras dos sintomas e as respostas, sugerem que os clínicos devem pensar em um maior período de tempo, semanas ou até mais, para o ajuste das doses do metilfenidato OROS (Ritalina LA e Concerta), com o contínuo monitoramento, de tal modo que os benefícios de uma dose particular tenham tempo suficiente para aparecer”, concluem.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2017
Grande Pesquisa de Imagem Mostra Diferenças Estruturais do Cérebro em Pessoas com TDAH. - 433
Grande Pesquisa de Imagem
Mostra Diferenças Estruturais do Cérebro em Pessoas com TDAH.
Áreas críticas do cérebro
são menores em pessoas com TDAH, dizem os pesquisadores, provando que a
condição, tão frequentemente marginalizada, deveria ser vista como um
transtorno originado no cérebro. Por Devon Frye – Fevereiro
de 2017
Ressonâncias
magnéticas cerebrais de mais de 3 mil pessoas forneceram mais evidências de que
as pessoas com TDAH têm cérebros estruturalmente diferentes das pessoas sem o
transtorno, de acordo com um novo estudo promovido pelo National Institute of
Health. As diferenças – que foram mais pronunciadas nas crianças do que nos
adultos – tornam mais claro do que nunca que o TDAH é um transtorno do desenvolvimento
cerebral e não simplesmente um rótulo, diz o artigo dos autores.
A
pesquisa, publicada dia 15 de fevereiro no The
Lancet, foi financiada pelo NIH, mas conduzida pelo ENIGMA Consortium, uma
cooperativa internacional que se focaliza nas bases genéticas dos transtornos
psiquiátricos. ENIGMA recrutou 3.242 voluntários com idades de 4 a 63 anos,
1.713 com TDAH e 1.529 sem, para fazer as ressonâncias magnéticas.
Os
participantes com TDAH mostraram volumes menores em sete regiões-chave do
cérebro: núcleo caudado, putamen, núcleo acumbens, pálido, tálamo, amígdala e
hipocampo. Dessas regiões, muitas foram associadas ao TDAH no passado, mas a
amígdala pode ser particularmente importante, apontaram os pesquisadores,
porque ela tem um papel importante na memória, na tomada de decisões e no
controle emocional. O hipocampo é igualmente envolvido tanto na memória de
curto prazo quanto na memória de longo prazo, áreas que geralmente são
deficientes nas pessoas com TDAH. Diferenças similares foram encontradas nos
cérebros de pessoas com Transtorno Depressivo Maior, uma condição geralmente
comórbida com o TDAH.
As
variações foram maiores nas crianças, disseram os pesquisadores, e, embora
muitos do grupo TDAH estivessem tomando remédios para tratar seu TDAH, isso
pareceu não ter nenhum efeito nos resultados das ressonâncias magnéticas. A
disparidade entre as crianças e adultos levaram os pesquisadores a fazer a
hipótese de que o TDAH esteja ligado a um atraso na maturação cerebral – embora
mais pesquisa longitudinal seja necessária para maior entendimento de como o
cérebro muda durante o ciclo da vida.
No
conjunto, embora essas diferenças sejam pequenas, disseram os pesquisadores, em
alguns casos somente poucos pontos percentuais, o grande tamanho da amostra
permitiu-lhes identificar padrões mais claros, confirmando estudos anteriores
que chegaram às mesmas conclusões, mas cujos tamanhos pequenos das amostras os
tornaram inconclusivos. Com mais de 3 mil participantes, esse foi o maior
estudo dessa espécie, mostrando clara evidência de que o TDAH seja um transtorno
originado no cérebro e não o resultado de falta de educação dada pelos pais ou
falta de força de vontade.
" Os
resultados de nossa pesquisa confirmam que as pessoas com TDAH têm diferenças
em sua estrutura cerebral e, por isso, sugerem que o TDAH seja um Transtorno do
cérebro", disse Martine Hoogman, Ph.D., o principal investigador da
pesquisa. " Esperamos que isso ajude a reduzir o estigma de que o TDAH
seja somente um rótulo para as
crianças difíceis, ou que seja causado por má educação dada pelos pais. Isso,
definitivamente, não é o caso, e esperamos que este trabalho contribuirá para
um melhor entendimento do transtorno"
ADDitude
quinta-feira, 26 de janeiro de 2017
Os medicamentos para o TDAH raramente funcionam bem na primeira tentativa. 432
Os
medicamentos para o TDAH raramente funcionam bem na primeira
tentativa.
Encontrar
a medicação mais eficiente para a química própria do seu cérebro
ainda é, infelizmente, um processo de tentativa e erro. É difícil,
mas não desista, ao menos antes de ler essas soluções para os
problemas comuns das medicações para o TDAH. Por Larry Silver, M.D.
Tomar
remédio geralmente é o primeiro passo no tratamento do TDAH. Mas o
que fazer se os medicamentos para o TDAH não funcionarem? Ou se os
sintomas ficarem piores? Ou quando você ou o seu filho apresentarem
efeitos colaterais dos medicamentos?
Leia
adiante as soluções para os problemas comuns dos medicamentos que
os adultos e as crianças, assim como seus pais, enfrentam.
-
Problema: A medicação para o TDAH não funciona.
Quando
começam a usar medicação, alguns adultos e pais reclamam que não
há nenhuma melhora. A razão mais comum para essa falta de resposta
é um diagnóstico errado de TDAH. Pode ser que os comportamentos do
seu filho sejam causados por um problema acadêmico, tal como uma
Dificuldade de Aprendizagem. Pode ser que seja depressão ou um
transtorno emocional e não TDAH adulto. Muitos pacientes contam para
seus médicos que eles, ou seus filhos, não conseguem ficar quietos
ou prestar atenção às tarefas diárias. Sem fazer perguntas ou
realizar testes, o médico faz uma receita.
O
diagnóstico de TDAH não é assim tão simples. Critérios
específicos devem ser observados antes que um diagnóstico de
transtorno de deficit de atenção seja feito: estabelecer que os
comportamentos são crônicos (existem desde a infância) e
pervasivos (em casa, no trabalho, na escola).
Em
alguns casos, o diagnóstico de TDAH pode estar correto, mas a
dosagem recomendada pode estar incorreta. Determinar a dosagem
correta não se baseia na idade ou no peso corporal, mas em quão
rapidamente a medicação é absorvida para a corrente sanguínea e
levada ao cérebro. Um adulto de 113 quilos pode precisar de 5 mg,
enquanto uma criança de 27 quilos pode precisar de 20 mg. Como a
dose necessária é específica para cada paciente, a medicação
deve ser iniciada em doses baixas, em 5 mg. Se não aparecerem
benefícios, a dose deve ser aumentada em mais 5 mg a cada 5 ou 7
dias até que seja determinada a dose correta.
Finalmente,
muitos portadores de TDAH apresentam problemas adicionais, além do
seu diagnóstico de TDAH. Os mais frequentes são Dificuldades de
Aprendizagem, Transtorno de Ansiedade, Depressão, Problemas com o
Controle da Raiva, ou Transtorno Obsessivo-compulsivo. Os
estimulantes controlam os sintomas do TDAH, mas não resolvem os
sintomas causados pelas outras doenças.
-
Problema: A medicação para o TDAH não funciona o tempo todo.
Se
as manhãs são difíceis: Pense em como você ou seu filho agem
quando estão sob efeito da medicação do TDAH e em como quando não
estão. Muitos problemas acontecem antes da medicação começar a
funcionar ou quando d dosagem não dura todas as 4 ou 8 horas citadas
na bula.
Para
se manter, ou ao seu filho, calmo e focalizado pela manhã, tente
acordar uma hora mais cedo do que o usual e tomar logo a medicação
para o TDAH. Então, volte a se deitar. Para as crianças, se voltar
a dormir for difícil, converse com seu médico sobre o uso de
Daytrana, um adesivo de metilfenidato (não existe no Brasil).
Aplique o adesivo na coxa do seu filho quando ele ainda estiver
dormindo e a medicação começará a funcionar em uma hora. Se fizer
isso, mais uma dose no começo da tarde poderá ser necessária.
Se
você ou seu filho pioram à tarde: Pode ser que haja uma queda da
proteção ao meio-dia e as dificuldades apareçam entre as 12 e as
13 horas. Pode ser que você comece a perder o foco em torno das 4
horas da tarde, ou ligado e hiperativo às 8 da noite. Preste atenção
para descobrir quando os sintomas do TDAH pioram. Pode ser que o
comprimido de 4 horas dure somente 3 horas. Talvez a cápsula de 8
horas que você está dando ao seu filho não esteja liberando o
medicamento de modo uniforme. Conte ao seu médico quando a medicação
não funciona. Ele poderá reconfigurar a dosagem ou mudar a
medicação.
-
Problema: A medicação para o TDAH provoca efeitos colaterais.
Perda
do apetite. Alguns medicamentos para o TDAH provocam perda de
apetite, mas ele costuma voltar ao normal em algumas semanas. Quando
não, tente atrasar a primeira dose para depois do café da manhã. O
almoço costuma ser o grande desafio. Um almoço diferente do
tradicional, tal como um milkshake com suplementos (Ensure), ou uma
barra de cereal com proteínas e bem calórica, podem proporcionar os
nutrientes enquanto o apetite não estiver muito bom. Para aumentar o
apetite na hora do jantar, atrase o comprimido da tarde até a hora
do jantar. Se nada disso funcionar, peça ao seu médico um
encaminhamento para um nutricionista que tenha experiência no
trabalho com TDAH. Se o apetite não voltar, fale com seu médico
sobre mudar para outro medicamento estimulante ou para um não
estimulante.
Problemas
de sono. Os
estimulantes afetam a área do cérebro que induz o sono. Pular a
dose das 4 horas da tarde pode ajudar, mas não ao custo dos sintomas
se tornarem incontroláveis. Se você achar que esse é o caso, tente
essa experiência. Com a permissão do seu médico, acrescente um
comprimido de 4 horas de ação às 8 horas da noite. Uma pequena
dose de estimulante ajuda alguns TDAHs a pegar no sono. Se a
experiência falhar e você ou o seu filho não conseguirem dormir,
seu médico poderá sugerir Benadryl. Muitas pessoas acham que uma
pequena dose de melatonina ajuda no sono.
Outros
efeitos colaterais. De trinta a cinquenta por cento dos pacientes com
TDAH têm uma comorbidade. Em alguns casos, a medicação estimulante
piora essas comorbidades ou faz com que elas se tornem clinicamente
aparentes. Se você notar que você ou seu filho se tornem mais
ansiosos ou com medo, infelizes ou enraivecidos com os estimulantes,
mas que os sintomas somem
quando você está sem a medicação, fale com seu médico.
É
essencial que os problemas de regulação emocional sejam tratados
prontamente. Um médico geralmente receitará um inibidor seletivo da
recaptação de serotonina (SSRI) para tratar esses transtornos.
Então a medicação estimulante poderá ser reintroduzida sem causar
dificuldades. A medicação poderá ser necessária para tratar o
transtorno de tiques, também.
Problemas
com a educação dos filhos. Seu filho resiste ou se recusa a tomar a
medicação. Eduque seu filho sobre a medicação que ele está
tomando. Não conte a ele que é um comprimido de vitamina. Você
terá muita dificuldade de reconquistar a confiança dele mais tarde,
quando ele descobrir a verdade. Explique o que é o TDAH e como ele
afeta sua vida. Conte a ele como a medicação diminui os sintomas do
TDAH. Explique que ele pode sentir efeitos colaterais, mas que eles
serão controlados pelo médico e por você. Seu filho será mais
cooperativo se ele participar do processo de tratamento.
Desacordo
entre marido e mulher quanto à medicação do TDAH. No caso de uma
criança com TDAH, se um dos progenitores achar de maneira muito
segura que ela não deveria tomar a medicação, e dizer isso para a
criança, poderão ocorrer sérios problemas. Se a criança tiver
visões conflitantes sobre os benefícios da medicação, ela poderá
parar de tomar ou questionar o por quê dela ter de tomá-la. Se você
é um adulto com TDAH e seu companheiro/a não acreditar que você
precise de medicação, isso poderá criar uma tensão em seu
relacionamento ou causar dificuldades em outras áreas da sua vida.
Marque um encontro com seu médico para discutir o diagnóstico do
TDAH e o valor da medicação, junto com seu cônjuge.
domingo, 8 de janeiro de 2017
TDAH - O tratamento do seu filho é do tipo “pacote completo”? - 431
O
tratamento do seu filho é do tipo “pacote completo”?
A
medicação trata somente as deficiências neuroquímicas do deficit
de atenção. Precisamos tratar, também, os problemas psicológicos
e sociais. Por Larry Silver, M.D.
Fiz
meu treinamento em Psiquiatria Geral, seguido por treinamento em
Psiquiatria da Criança e do Adolescente, na metade dos anos
sessentas. Minha especialidade médica era uma subespecialidade
relativamente nova da Psiquiatria. Naquela época, a teoria para a
compreensão e o tratamento de crianças era centrado na teoria
psicanalítica e na psicoterapia psicoanaliticamente orientada. Todo
meu treinamento e supervisão clínica foi baseado nesse modelo. Eu
era fascinado pela psicologia da mente. Mas eu era igualmente
interessado na compreensão do funcionamento cerebral e nas relações
entre o cérebro e a mente.
Com
a permissão do diretor do meu programa de treinamento, atendia
discussões de casos para residentes em outra nova subespecialidade
médica, Neurologia da Infância. Um dos casos era de um menino com
algo chamado de “Reação Hipercinética da Infância”. Isso,
agora, é chamado de Transtorno de Deficit de Atenção e
Hiperatividade, ou TDAH. A criança era hiperativa e ia muito mal nos
estudos. Foi medicado com dextro-anfetamina e seus sintomas
melhoraram.
Eu
lidava com uma criança que tinha sintomas semelhantes na terapia.
Ela tinha todas as características da Reação Hipercinética da
Infância. Discuti minha ideia de tentar a medicação. Meu
supervisor não ficou contente com a minha ideia de tentar usar
medicação em vez de psicoterapia, e encorajou-me a me concentrar na
“psicodinâmica do caso”. Eu estava frustrado com a falta de
progresso do caso e, então, assumi o risco de me meter em problemas.
Em colaboração com o pediatra do meu paciente, providenciei para
que ele começasse a tomar a medicação (dextroanfetamina). Os pais,
os professores e o próprio paciente notaram uma dramática melhora.
Ele se tornou capaz de ficar sentado durante as aulas e de se
concentrar em seu trabalho. Seus comportamentos disruptivos cessaram.
Eu não podia dizer ao meu supervisor que tinha ignorado suas ordens
e providenciado o uso de medicação. Então, tive de exaltar como a
psicoterapia e a orientação dos pais tinha resultado na melhora dos
sintomas. Meu supervisor elogiou meu trabalho.
Como
as coisas mudaram
A
Psiquiatria da Infância e da Adolescência evoluiu muito desde
então. Usamos um modelo biopsicossocial que leva em conta o
funcionamento cerebral, assim como o funcionamento psicológico e
social – tudo no contexto da vida da criança na família, na
escola e com os colegas. As pesquisas com crianças TDAH nos
ensinaram sobre as relações entre o funcionamento cerebral ou sua
disfunção e os comportamentos clínicos observados.
Muitos
acreditam que o TDAH foi o primeiro transtorno em que se demonstrou
ser o resultado de uma produção deficiente de um neurotransmissor
específico em áreas cerebrais específicas. A descoberta de que um
grupo de medicações - chamadas de “estimulantes” porque
estimulam células nervosas específicas a produzir mais desse
neurotransmissor deficiente – causava uma diminuição ou
interrompia a hiperatividade, a desatenção e a impulsividade, abriu
o campo da psicofarmacologia da infância.
Atualmente,
sabemos que outros transtornos são o resultado de uma deficiência
de neurotransmissores específicos em áreas cerebrais específicas.
(Até agora, não encontramos um transtorno que pareça ser o
resultado de uma produção excessiva de um neurotransmissor
específico em áreas específicas do cérebro.) Para cada um desses
transtornos, temos medicações que aumenta a produção do
neurotransmissor, levando à melhora. Foram as pesquisas com o TDAH
que expandiram nosso conhecimento da neurociência e do tratamento de
transtornos com base neurológica.
Lições
Aprendidas
Deixem-me
voltar à minha história. Depois dos meus anos de treinamento,
liguei-me à faculdade de um centro médico universitário. Doze anos
mais tarde, mudei-me para o National Institute of Mental Health
(Instituo Nacional de Saúde Mental). Depois, voltei ao centro médico
universitário. Nesses mais de 40 anos, minhas principais áreas de
pesquisa, trabalhos clínicos escritos e atividade clínica
focalizaram o TDAH e as Dificuldades de Aprendizagem. Durante esses
anos, o pêndulo gradualmente balançou dos modelos psicológicos
para os modelos biológicos, para o entendimento do comportamento
normal e da psicopatologia. Atualmente o pêndulo mudou para o
centro, com igual atenção nas disfunções cerebrais e nos desafios
psicológicos e sociais.
Hoje,
sabemos que uma deficiência de um neurotransmissor específico em
áreas específicas do cérebro explica as dificuldades encontradas
em uma criança ou em um adulto com TDAH. Sabemos que certos
medicamentos corrigem a deficiência do neurotransmissor, resultando
na redução ou eliminação dessas dificuldades. Aprendemos, também,
que a medicação isoladamente não é o suficiente. Uma pessoa
diagnosticada com TDAH vive em uma família e deve funcionar no mundo
real, com todas suas expectativas e cobranças. Não podemos tratar
somente a deficiência neuroquímica.
Ainda
há médicos, incluindo alguns psiquiatras da infância e da
adolescência, que parecem ter pendido para um lado do arco. Seu foco
é muito centrado na medicação e pouco na exploração dos
possíveis problemas psicossociais e familiares.
Deixem-me
dar um exemplo. Um pai leva seu filho a um médico de família. O pai
diz: “O professor dele diz que ele não consegue ficar sentado
quieto e que não presta atenção na aula. Em casa, vejo a mesma
coisa.” O médico ouve hiperatividade e desatenção, conclui que é
TDAH e escreve uma receita de um estimulante. No que o médico
possivelmente falhou? A inquietação e a desatenção podem ser o
resultado de dificuldades acadêmicas, possivelmente devidas a uma
Dificuldade de Aprendizagem. Ou as dificuldades podem refletir
estresses na família por causa de problemas entre os pais. A
hiperatividade poderia ser o resultado da ansiedade, não de TDAH.
Médicos
e pais devem lembrar-se de que nem todos os indivíduos que são
hiperativos, desatentos e/ou impulsivos têm TDAH. Os comportamentos
vistos em crianças, adolescentes ou adultos que têm TDAH também
podem ser vistos em indivíduos com outros transtornos – depressão,
ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, para citar alguns. Também
é possível que tais comportamentos sejam o resultado da frustração
de um aluno na escola por causa de Dificuldades de Aprendizagem,
outro transtorno de origem no cérebro.
Dicas
para todos nós
É
importante determinar se os comportamentos são neurologicamente
baseados ou psicologicamente baseados. Temos guias clínicos em nosso
DSM-V (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) para
ajudar a distinguir entre os dois. Se a inquietação, desatenção,
dificuldades de organização ou impulsividade começam em uma ceerta
época ou ocorrem somente em certas situações, provavelmente será
um problema psicológico. Se os comportamentos são crônicos ( ou se
foram notados desde a infância) e pervasivos (ocorrem em casa, na
escola, no trabalho, e com os colegas), provavelmente será um
problema cerebral, tal como o TDAH.
Para
seu médico fazer um diagnóstico de TDAH, ele deve demonstrar que os
comportamentos observados são o resultado de problemas com base
cerebral, não psicológicos, familiares ou estresses sociais. Como
isso é feito?
1-
Documente quais comportamentos o adulto ou a criança tem.
2-
Mostre que esses comportamentos são crônicos.
3-
Mostre que esses comportamentos são pervasivos.
Se
os comportamentos identificados começaram em certa época da vida ou
se ocorrem em somente algumas circunstâncias, o TDAH não deve ser
considerado.
Foram
40 anos maravilhosos para mim, ser parte da transição de um modelo
psicológico para a compreensão do comportamento para um modelo que
envolve fatores biológicos, psicológicos e sociais. Em grande
parte, o estudo do TDAH abriu o caminho.
ADDitude.
sábado, 19 de novembro de 2016
Oito motivos pelos quais os professores devem repensar as tarefas de casa - 430
Oito
motivos pelos quais os professores devem repensar as tarefas de casa
Peça
ao professor do seu filho para avaliar e implementar essas boas
práticas de tarefa de casa, para tornar a noite de estudos mais
simple e mais eficaz, para todos. Por Sandra Rief, M.A.
Os
professores de crianças com TDAH e Dificuldades de Aprendizagem
deveriam ter em mente que essas crianças precisam de mais tempo para
fazer as tarefas de casa do que seus colegas neurotípicos. O que uma
criança sem TDAH ou Dificuldade de Aprendizagem faz em 15 ou 20
minutos, frequentemente leva de 3 a 4 vezes mais tempo para uma
criança com TDAH.
Menos
estresse, por favor.
Além
disso, os professores deveriam estar atentos para o fato de que as
famílias têm conflitos em sua casa em relação às tarefas de
casa. Em famílias com crianças com TDAH, o estresse em relação às
tarefas de casa é intenso, tornando o relacionamento pais/criança
estressante. Aqui estão oito dicas de sala de aula para tornar mais
produtivas as tarefas de casa:
1-
Seja receptivo aos pais que relatam grande frustração em relação
às tarefas de casa. Esteja disposto a fazer ajustes, de modo que os
alunos gastem um tempo razoável para fazer suas tarefas.
2-
Entenda que os alunos com TDAH que recebem medicação durante o dia
escolar (para ajudá-los a se manterem focalizados e ligados no
trabalho) geralmente não recebem medicação à noite. Os alunos com
TDAH estão na sala de aulas durante seu tempo ótimo de
produtividade, e ainda assim não conseguem completar suas
atividades. Não é razoável pensar que os pais sejam capazes de
fazer com que seus filhos produzam em casa, à noite, o que não foram
capazes de produzir na escola.
3-
Muitos professores têm o costume de mandar para terminar em casa o
trabalho não completado em classe. Evite ou reduza isso ao mínimo,
se possível. Em vez disso, proporcione as modificações necessárias
para os alunos com TDAH, de modo que trabalho de classe seja trabalho
de classe e tarefa de casa seja tarefa de casa.
4-
A tarefa de casa é um tempo para revisar e praticar o que os
estudantes aprenderam em classe. Não dê tarefas que envolvam
informação nova, que se espera seja ensinada pelos pais.
5-
Tarefa de casa não deve ser muita tarefa. Faça a tarefa de casa ser relevante e com propósito, de modo que o tempo gasto nela reforce as
habilidades e conceitos que você já ensinou.
6-
Nunca dê mais tarefa de casa como punição para mau comportamento
na escola.
7-
Designe colegas de estudos que sejam responsáveis e dispostos a
serem contatados depois das aulas, para os alunos com TDAH.
8-
Faça as adaptações das tarefas de casa para cada estudante.
Pergunte a si mesmo "O que eu quero que os alunos aprendam com
essa tarefa?", "Esse aluno pode entender todos os
conceitos sem ter de fazer tudo por escrito?", "Ele pode
demonstrar que entendeu por meio de um formato mais motivador?".
Oito motivos pelos quais os professores devem repensar as tarefas de casa - 430
Oito
motivos pelos quais os professores devem repensar as tarefas de casa
Peça
ao professor do seu filho para avaliar e implementar essas boas
práticas de tarefa de casa, para tornar a noite de estudos mais
simple e mais eficaz, para todos. Por Sandra Rief, M.A.
Os
professores de crianças com TDAH e Dificuldades de Aprendizagem
deveriam ter em mente que essas crianças precisam de mais tempo para
fazer as tarefas de casa do que seus colegas neurotípicos(= normais). O que uma
criança sem TDAH ou Dificuldade de Aprendizagem faz em 15 ou 20
minutos, frequentemente leva de 3 a 4 vezes mais tempo para uma
criança com TDAH.
Menos
estresse, por favor.
Além
disso, os professores deveriam estar atentos para o fato de que as
famílias têm conflitos em sua casa em relação às tarefas de
casa. Em famílias com crianças com TDAH, o estresse em relação às
tarefas de casa é intenso, tornando o relacionamento pais/criança
estressante. Aqui estão oito dicas de sala de aula para tornar mais
produtivas as tarefas de casa:
1-
Seja receptivo aos pais que relatam grande frustração em relação
às tarefas de casa. Esteja disposto a fazer ajustes, de modo que os
alunos gastem um tempo razoável para fazer suas tarefas.
2-
Entenda que os alunos com TDAH que recebem medicação durante o dia
escolar (para ajudá-los a se manterem focalizados e ligados no
trabalho) geralmente não recebem medicação à noite. Os alunos com
TDAH estão na sala de aulas durante seu tempo ótimo de
produtividade, e ainda assim não conseguem completar suas
atividades. Não é razoável pensar que os pais sejam capazes de
fazer com que seu filho produzam em casa, à noite, o que não foram
capazes de produzir na escola.
3-
Muitos professores têm o costume de mandar para terminar em casa o
trabalho não completado em classe. Evite ou reduza isso ao mínimo,
se possível. Em vez disso, proporcione as modificações necessárias
para os alunos com TDAH, de modo que trabalho de classe seja trabalho
de classe e tarefa de casa seja tarefa de casa.
4-
A tarefa de casa é um tempo para revisar e praticar o que os
estudantes aprenderam em classe. Não dê tarefas que envolvam
informação nova, que se espera seja ensinada pelos pais.
5-
Tarefa de casa não deve ser muita tarefa. Faça a tarefa de casa ser
elevante e com propósito, de modo que o tempo gasto nela reforce as
habilidades e conceitos que você já ensinou.
6-
Nunca dê mais tarefa de casa como punição para mau comportamento
na escola.
7-
Designe colegas de estudos que sejam responsáveis e dispostos a
serem contatados depois das aulas, para os alunos com TDAH.
8-
Faça as adaptações das tarefas de casa para cada estudante.
Pergunte a si mesmo "O que eu quero que os alunos aprendam com
essa tarefa?", "Esse aluno pode entender todos os
conceitos sem ter de fazer tudo por escrito?", "Ele pode
demonstrar que entendeu por meio de um formato mais motivador?".
Assinar:
Postagens (Atom)
Nosso cérebro adora bolhas: o CO2 estimula todos os cinco sentidos Anne-Gaëlle Moulun 05 de março de 2025 Em um vídeo publicad...
-
Atenção a detalhes. Multitarefas. Monotonia. Se você vir essas palavras na descrição de alguma profissão, corra na direção oposta. As car...
-
Por Daniel G. Amen, double-board certified psychiatrist "Um tratamento não serve para todo mundo" Como fundador de seis...
-
TDPM, Autismo e TDAH: A comorbidade silenciosa A disforia pré-menstrual (DPM) é uma condição de saúde hormonal que causa problemas g...