A gravidade dos sintomas do TDAH varia durante o ciclo
da mulher. Saiba o que fazer para lidar com esses sintomas. Por Laura Flynn
McCarthy.
Os sintomas do seu TDAH pioram em alguns dias do mês?
Seu raciocínio fica um pouco confuso na semana
anterior à sua regra?
No meio do ciclo você é eficiente e organizada?
Os médicos que tratam mulheres com TDAH notaram uma
correlação entre os sintomas do TDAH e as flutuações hormonais, não só
mensalmente, mas por toda a vida da mulher.
"A idade média do diagnóstico para as mulheres
com TDAH, que não foram diagnosticadas quando crianças, é de 36 a 38 anos",
diz Patricia Quinn, M.D., diretora do National Center for Girls and Women with
AD/HD (Centro Nacional para Meninas e Mulheres com TDAH) e autora de Understanding Women with ADHD (Compreendendo
as Mulheres com TDAH). "Antes desse tempo, meninas e mulheres
geralmente são mal diagnosticadas como tendo depressão ou transtorno de
ansiedade. Mesmo que isso seja uma condição secundária, o tratamento dela não
chega à raiz do problema, que é o TDAH.
Quando os médicos diagnosticam meninas e mulheres com
TDAH, eles raramente levam em conta as flutuações hormonais ao fazer o plano de
tratamento. Mas, os profissionais estão aprendendo cada vez mais sobre as
conexões entre os hormônios e o TDAH. A seguir, analisaremos quatro estágios da
vida da mulher - da puberdade até a menopausa - e descreveremos o que está
acontecendo com os hormônios, dando meios de controlar os sintomas.
TDAH e
Adolescência
Megan, residente em Iowa, USA, foi diagnosticada com a
forma desatenta do TDAH quando tinha 10 anos de idade. Foi tratada com uma dose
baixa de Adderal e foi bem nos estudos. As coisas mudaram quando Megan fez 12
anos e passou para o sétimo ano. Os hormônios produzidos pelo início da
puberdade, junto às demandas da escola de nível médio, foram excessivos para
que ela desse conta de suportar.
"Ela se atrasava para as aulas, esquecia de levar
os livros para casa e demorava três horas para fazer as tarefas de casa, geralmente
esquecendo de entregá-las na escola", lembra-se sua mãe, Susan. "Não
sabíamos se o problema dela era devido a piora do TDAH, às mudanças hormonais,
ao fato de ter trocado de classe e ter de lidar com seis professores
diferentes, ou a uma combinação de todas essas coisas".
O médico de Megan falou para a mãe dela que, quando as
meninas atingem a puberdade, elas metabolizam a medicação para o TDAH mais
rapidamente. Assim, ele aumentou as dosagem de Megan. "Nos três anos
seguintes, tentamos 10 drogas diferentes, em várias dosagens." Disse
Susan. "As concentrações mais altas da medicação fizeram Megan emagrecer e
não promoveram nenhuma melhora, então, paramos com as medicações."
Embora aumentar as doses de medicação algumas vezes
ajuda os meninos quando os sintomas do seu TDAH pioram, "a experiência
clínica sugere que esta abordagem geralmente falha para as garotas
adolescentes", diz Quinn.
Por meio de tentativa e erro, Megan, agora com 15
anos, encontrou um modo de controlar os sintomas: uma pequena dose diária de
Metadate e suplementos com óleo de peixe. "Ela não deixou de fazer nenhum
trabalho escolar em um ano", diz Susan. "Ela se matriculou em cursos
mais desafiadores no colegial, e está muito mais feliz. E, agora que está um
pouco mais velha, não se sente incomodada de conversar sobre o que está
acontecendo com seu corpo. Quando fica irritada, geniosa ou esquecida naqueles
dois ou três dias do mês, posso perguntar a ela: Você está menstruada? Se ela diz que sim, sei que preciso pegar
menos pesado com ela."
Efeitos
Hormonais sobre o TDAH
A tempestade de hormônios, que leva à rebeldia e aos comportamentos de
risco dos adolescentes, tem efeitos profundos nas garotas com TDAH, as quais tipicamente
iniciam a puberdade entre as idades de nove e onze anos e têm sua primeira
menstruação (menarca) entre os onze e catorze anos.
"Descobrimos que as meninas TDAH nos primeiros anos de sua
adolescência têm mais problemas acadêmicos, mais comportamento agressivo,
sinais mais precoces de problemas relacionados ao abuso de drogas, e taxas mais
altas de depressão que as garotas que não têm o transtorno", diz Stephen
Hinshaw, Ph.D., professor e chefe do departamento de psicologia da Universidade
da Califórnia, em Berkeley, o qual tem estudado garotas com TDA por mais de dez
anos. "Diferente dos meninos adolescentes com TDAH, que tendem a se
expressar, as meninas com TDAH geralmente tendem a internalizar seus problemas.
Isso faz com que suas dificuldades sejam mais facilmente ignoradas."
A mudança hormonal da puberdade - especialmente os altos níveis de
estrogênio e de progesterona - pode fazer com que os medicamentos para o TDAH
sejam menos eficientes. "Estudos mostraram que o estrogênio pode aumentar
a resposta de uma mulher aos medicamentos com anfetamina, mas o efeito pode ser
diminuído pela presença da progesterona", diz Patricia Quinn.
Soluções: Discuta com o médico de sua filha as diversas medicações e
dosagens mais usuais. Pode levar um tempo para se descobrir qual funciona
melhor, então, tenha paciência. Estratégias comportamentais para gerenciar o
tempo e melhorar as habilidades de organização podem ajudar.
"Identifique as potencialidades de sua filha e as enfatize durante
as piores épocas do ciclo dela", diz Kathleen Nadeau, Ph.D., diretora do
Chesapeake ADHD Center, em Maryland. "Geralmente os professores e os
outros adultos na vida de uma garota focalizam somente suas fraquezas."
Se sua filha nota que os sintomas do TDAH dela pioram em certas épocas
do mês, encoraje-a a fazer o trabalho escolar antes deles começarem. Faça com
que ela se prepare para uma prova importante ou para o término de um trabalho
uma semana antes dessa época.
"Seja paciente com sua filha se ela se tornar briguenta ou
crítica", diz Nadeau. "Em vez de gritar, sugira que ela descanse um
pouco. Você estará ensinando a ela habilidades de autocontrole.
Na próxima postagem: TDAH e os anos reprodutivos