quarta-feira, 19 de outubro de 2022

 

Menopausa, Hormônios e TDAH: o que sabemos; que pesquisa é necessária (parte 1)


A menopausa e o TDAH – ambos associados ao funcionamento cognitivo prejudicado e à desregulação emocional – compartilham uma relação única e complicada. Evidências anedóticas nos dizem isso aos poucos, mas a pesquisa científica é insignificante na melhor das hipóteses. Aqui, veja o que sabemos sobre estrogênio, flutuações hormonais e menopausa em mulheres neurotípicas — e como isso pode ajudar a propor abordagens clínicas para mulheres com TDAH. Por Jeanette Wasserstein, PH.D.

Durante a perimenopausa e a menopausa, muitas mulheres sentem alterações cognitivas que imitam e podem ser confundidas com transtorno de deficit de atenção hiperatividade (TDAH ou TDA). Mas como as mudanças hormonais da menopausa afetam exclusivamente as mulheres que têm TDAH? A ciência, infelizmente, simplesmente não sabe. Apesar do aumento e do enorme interesse, não há estudos que examinem especificamente a menopausa em mulheres com TDAH. E isso é um problema médico sério.

Mas o que sabemos – sobre a menopausa em geral, o papel do estrogênio e os efeitos das flutuações hormonais nos sintomas “semelhantes ao TDAH” – pode nos ajudar a entender a transição da menopausa para mulheres com TDAH, e como os médicos podem abordar o tratamento e o cuidado desse grupo.

Menopausa e TDAH: Uma revisão das flutuações hormonais ao longo da vida

Estrogênio

Para entender a menopausa e seus sintomas, você deve primeiro entender o estrogênio e como suas flutuações afetam as mulheres em geral.

Estrogênio é o hormônio responsável pelo desenvolvimento sexual e reprodutivo de meninas e mulheres. O estrogênio também modula o funcionamento de muitos neurotransmissores psicologicamente importantes, incluindo

  • dopamina, que desempenha um papel central no TDAH e funcionamento executivo

  • acetilcolina, que está implicada à memória

  • serotonina, que regula o humor

Níveis mais elevados de estrogênio estão ligados à função executiva aprimorada e atenção. Níveis baixos ou flutuantes de estrogênio estão associados a vários défices cognitivos e com distúrbios neuropsiquiátricos como a doença de Alzheimer e a depressão.

Níveis de estrogênio e outros hormônios flutuam consideravelmente ao longo da vida útil e impactam a mente e o corpo de inúmeras maneiras. A complexidade das flutuações hormonais complica a pesquisa sobre como os hormônios afetam a cognição particularmente em mulheres com TDAH.


Pré-menopausa: Menstruação e os Anos Reprodutivos

A concentração de estrogênio é alta e estável nos anos reprodutivos. No ciclo menstrual mensal, os níveis de estrogênio aumentam constantemente durante a fase folicular (geralmente do sexto ao 14º dia) e caem vertiginosamente na ovulação (por volta do dia 14). Na segunda metade da fase luteal (as duas últimas semanas do ciclo) os níveis de estrogênio continuam a cair à medida que a progesterona aumenta. Se a gravidez não ocorrer, tanto os níveis de estrogênio quanto de progesterona caem, e os galpões de parede uterina espessa durante a menstruação. As mulheres relatam alterações emocionais e problemas cognitivos em vários pontos do ciclo, especialmente quando os níveis de estrogênio estão no seu nível mais baixo.

Essas flutuações hormonais no ciclo menstrual afetam os sintomas do TDAH. Na fase folicular, à medida que os níveis de estrogênio estão aumentando, os sintomas de TDAH estão no seu nível mais baixo. Podemos logicamente inferir, embora não tenha sido estudado, que os medicamentos para TDAH também podem ser mais eficazes neste momento do ciclo. De fato, em alguns estudos, as fêmeas neurotípicas relatam maiores efeitos estimulantes durante a fase folicular do que durante a fase lútea.

A fase lútea é quando vemos a síndrome pré-menstrual (TPM) – uma coleção de sintomas físicos, emocionais e comportamentais provocados pela diminuição dos níveis de estrogênio e aumento da progesterona. Curiosamente, a desordem disfórica pré-menstrual (PMDD), uma versão grave da TPM, é mais prevalente em mulheres com TDAH do que em mulheres sem TDAH.


O Período do Climatério

Os anos climatéricos, a transição dos anos reprodutivos para a menopausa, são caracterizados por enormes flutuações hormonais à medida que os níveis globais de estrogênio diminuem gradualmente. Essas flutuações contribuem para mudanças físicas e cognitivas.


O que é perimenopausa?

Antes da menopausa é o estágio de perimenopausa, quando os períodos se tornam irregulares – em duração (intervalos curtos vs. longos) e fluxo (pesado versus leve) – mas ainda não pararam. A idade mediana para o início da perimenopausa é de 47 anos, podendo durar de quatro a dez anos.

Durante esta etapa, os níveis totais de estrogênio e progesterona começam a cair irregularmente. Os níveis de hormônio estimulante do folículo (FSH), que estimulam os ovários a produzir estrogênio, e o hormônio luteinizante (LH), que desencadeia a ovulação, também variam consideravelmente. Os níveis de FSH e LH inicialmente aumentam à medida que os níveis de estrogênio caem (menos folículos permanecem estimulados), eventualmente diminuindo substancialmente e permanecendo em níveis baixos na pós-menopausa. Os ginecologistas geralmente medem os níveis de FSH e LH para determinar se uma paciente está na menopausa.

Esses níveis flutuantes de estrogênio ajudam a explicar o humor às vezes extremo e os problemas cognitivos que muitas mulheres, TDAH ou não, experimentam no início da menopausa.


O que é menopausa?

Durante a menopausa, os ciclos menstruais param devido ao declínio dos níveis de estrogênio e progesterona. O início da menopausa é de 12 meses após o último período, e sinaliza o fim dos anos reprodutivos da mulher. O estágio seguinte à menopausa é referido como pós-menopausa. A idade mediana para a menopausa é de 51 anos.

A pesquisa não estabeleceu diferenças científicas entre perimenopausa, menopausa e pós-menopausa, por isso somos forçados a considerar todas as três fases sob o guarda-chuva da menopausa.

Sintomas da Menopausa

Os níveis de estrogênio em declínio estão associados a várias mudanças em todos os estágios da menopausa. Esses sintomas podem piorar e melhorar com o tempo, embora a maioria dos sintomas físicos parem após alguns anos.

Sintomas Físicos

Sintomas Cognitivos

  • Atenção e concentração prejudicadas

  • Memória de trabalho prejudicada

  • Fluência verbal prejudicada

  • Funcionamento executivo prejudicado em geral

Nem todas as mulheres experimentarão todos esses sintomas, e o impacto da perda de estrogênio durante a menopausa varia amplamente. Os fatores que alimentam essas diferenças individuais não são bem compreendidos.

Menopausa e TDAH

Não há pesquisas disponíveis sobre menopausa e TDAH especificamente, mas muitas evidências anedóticas apoiam uma ligação entre os dois. Muitos dos meus pacientes com TDAH relatam que os sintomas preexistentes pioram na menopausa. Alguns pacientes também relatam o que parece ser um novo aparecimento de sintomas, embora eu ache que muitos desses pacientes foram "borderline" ou "levemente" TDA durante a maior parte de sua vida.

Além disso, pesquisas ainda não estabeleceram com que frequência o TDAH é diagnosticado pela primeira vez durante a menopausa – uma faceta importante a considerar, uma vez que a menopausa e o TDAH na idade adulta posterior compartilham muitos sintomas e prejuízos, incluindo, mas não se limitando a:

  • Labilidade de humor

  • Baixa atenção/concentração

  • Distúrbios do sono

  • Depressão

Essas semelhanças implicam uma sobreposição na apresentação clínica, e possivelmente em mecanismos cerebrais subjacentes.

No entanto, o mais próximo que chegamos de examinar essa relação foi uma série de estudos sobre mulheres sem TDAH que foram tratadas com medicação para TDAH para problemas cognitivos de início e sintomas semelhantes ao TDAH relacionados à menopausa. Os estudos descobriram que a atomoxetina e o Venvanse melhoram o funcionamento executivo em mulheres saudáveis na menopausa e que este último, como mostrado pela neuroimagem, ativa redes cerebrais executivas. Esses achados sugerem que algumas mulheres podem se beneficiar de medicamentos com TDAH para tratar prejuízos cognitivos durante a menopausa.  (Continua na próxima postagem)

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

 Emoções exageradas: Como e por que o TDAH desencadeia sentimentos intensos


“Os desafios com o processamento das emoções começa no cérebro. Algumas vezes, a dificuldade de memória de trabalho do TDAH permite que uma emoção momentânea se torne muito forte, inundando o cérebro com uma intensa emoção.” 

Thomas Brown, Ph.D., explica por que e como o TDAH desencadeia raiva, frustração e sofrimento tão intensos.

Por Thomas E. Brown, PH.D.

1- As Emoções Comandam
Poucos médicos levam em conta os desafios emocionais, quando fazem o diagnóstico de TDAH. De fato, os critérios de diagnóstico atuais para o TDAH não incluem nenhuma menção a “problemas com as emoções”. Entretanto, pesquisas recentes revelam que os que têm TDAH apresentam significativamente muito maior dificuldade que o grupo controle, para lidar com a tolerância às frustrações (muito baixa no TDAH), maior impaciência, temperamento “esquentado” e maior excitabilidade.

2- Processamento de Emoções: Uma coisa do cérebro
Os desafios com as emoções começam dentro do cérebro. Às vezes a dificuldade com a memória de trabalho do TDAH permite que emoções momentâneas se tornem muito fortes, inundando o cérebro com uma intensa emoção. Outras vezes, a pessoa com TDAH parece insensível ou não cientes das emoções dos outros. As redes de conexões cerebrais que carregam as informações ligadas às emoções parecem, de algum modo, mais limitadas nos indivíduos com TDAH.

3- Fixação Em Um Sentimento
Quando um adolescente com TDAH fica enraivecido quando o pai se recusa a lhe dar a chave do carro, por exemplo, sua resposta extrema pode ser causada pela inundação, uma emoção momentânea que pode tomar todo o espaço do seu cérebro, do mesmo modo que um vírus de computador pode tomar todo o espaço do disco rígido. Esse foco em uma emoção emperra outras informações importantes que poderiam ajudá-lo a controlar sua raiva e a regular seu comportamento.

4- Extrema Sensibilidade à Desaprovação
Pessoas com TDAH geralmente se tronam rapidamente imersas em uma emoção saliente e têm dificuldade para mudar a sua atenção para outros aspectos da situação. Ouvir uma pequena incerteza na reação de um colega de trabalho a uma sugestão, pode levar à interpretação de que isso é uma crítica e causar um surto de autodefesa imprópria, sem ter ouvido cuidadosamente a resposta do colega de trabalho.

5- Dominados Pelo Medo
Ansiedade social significativa é uma dificuldade crônica sentida por mais de um terço dos adolescentes e adultos com TDAH. Eles vivem em quase constante medo exagerado de estarem sendo vistos pelos outros como incompetentes, não atraentes ou “caretas”.

6- Dominados Pela Evasão e Negação
Algumas pessoas com TDAH não sofrem de falta de consciência de emoções importantes, mas de uma falta de habilidade em tolerar essas emoções o suficiente para lidar eficientemente com elas. Elas se tornam presas em padrões de comportamento para evitar as emoções dolorosas, que parecem devastadoras, por exemplo: véspera de prazos de entrega de trabalhos; encontrar-se com um grupo de pessoas estranhas.

7- Levados Pela Emoção
Para muitas pessoas com TDAH, o mecanismo de comporta do cérebro para controlar as emoções não distingue entre ameaças perigosas e problemas menores. Essas pessoas são frequentemente levadas ao pânico por pensamentos e percepções que não merecem tal reação. Como resultado disso, o cérebro TDAH não pode lidar mais racionalmente e realisticamente com eventos que sejam estressantes.

8- Tristeza e Baixa Autoestima
Pessoas com o TDAH não tratadas podem sofrer de distimia – um transtorno leve porém prolongado do humor – ou de tristeza. Geralmente são desencadeados por conviver com frustrações, fracassos, opiniões negativas e estresses da vida devido ao não tratamento, ou tratamento inadequado do TDAH. As pessoas distímicas sofrem quase todos os dias de falta de energia e de autoestima.

9- Emoções e Entrar em Ação
As emoções motivam a ação – ação para se engajar ou ação para evitar. Muitas pessoas com TDAH não tratado podem rapidamente mobilizar o interesse somente para atividades que oferecem gratificação imediatas. Elas tendem a ter severa dificuldade em ativar e sustentar o esforço para tarefas que oferecem recompensas a longo prazo.

10- Emoções e Entrar em Ação 2
As pesquisas de imagem cerebral demonstram que substâncias químicas que ativam circuitos que reconhecem a recompensa tendem a se ligar a menos locais receptores, nas pessoas com TDAH, comparadas às pessoas do grupo controle. Pessoas com TDAH são menos capazes de antecipar o prazer ou de registrar satisfação com tarefas cuja recompensa seja distante.

11- Emoções e Memória de Trabalho
A memória de trabalho faz entrar em jogo, consciente ou inconscientemente, a energia emocional necessária para nos ajudar na organização, manutenção do foco, para monitorar e se controlar. Muitas pessoas com TDAH, entretanto, têm memória de trabalho inadequada, o que pode explicar por que são geralmente desorganizadas, perdem o controle ou procrastinam.

12- Emoções e Memória de Trabalho 2
Algumas vezes, as deficiências de memória de trabalho do TDAH permitem que uma emoção momentânea se torne muito forte. Outras vezes, as deficiências de memória de trabalho deixam a pessoa com sensibilidade insuficiente para reconhecer a importância de uma emoção em particular, porque ela, pessoa, não manteve informação relevante na mente.

13- Tratamento dos Desafios Emocionais

Tratar os desafios emocionais do TDAH requer uma abordagem multimodal. Começa com uma avaliação cuidadosa e precisa do TDAH, que explique o TDAH e seus efeitos nas emoções. As medicações para o TDAH podem melhorar as redes emocionais do cérebro. A terapia pode ajudar a pessoa a controlar o medo e a baixa autoestima. Um treinador (coach) pode ajudar uma pessoa com TDAH a superar os problemas de completar tarefas aborrecidas.

ADDitude

 

TDAH e SEXO – Melissa Orlov (tradução do vídeo do Youtube)

Olá! Sou Melissa Orlov, colunista de relacionamento da revista ADDitude e autora do livro “Efeito do TDAH no Casamento”. Hoje, vou falar sobre: Socorro! Meu parceiro com TDAH não tem interesse em sexo!
Há várias razões para que isso esteja acontecendo, e eu vou esclarecer algumas delas.

Pouco Desejo Sexual
As pesquisas sugerem que as pessoas com TDAH podem ter com mais frequência pouco desejo sexual do que as pessoas sem TDAH.

Antidepressivos
A depressão geralmente caminha junto com o TDAH. Se o seu parceiro estiver tomando antidepressivos, isto pode ser responsável pelo baixo impulso sexual.

Distração #1
A distração é um dos sintomas principais do TDAH do adulto e pode seguir você até o quarto. Algumas pessoas com TDAH relatam que são tão distraídas que literalmente não conseguem terminar a relação sexual com seu parceiro. O cachorro late e isto é o fim para elas. Se o seu parceiro é muito distraído durante a relação sexual, uma das coisas que pode ajudar é tocar alguma música, isso acalma, às vezes, a mente TDAH. Outra pode ser encontrar locais para fazer sexo com poucos elementos de distração.

Distração #2
A distração pode atingi-lo de outro modo. Você pode se achar entre agendas sobrecarregadas e sintomas de distração e vocês nunca estarão no mesmo quarto ao mesmo tempo, ou um vai para a cama cedo e o outro tarde. Se esse é o seu problema, então agende o sexo juntos. Não parece ser sexy agendar o sexo, mas é melhor fazê-lo do que não o fazer.

A dinâmica pai-filho
Um dos problemas mais comuns do impacto do TDAH no relacionamento é a dinâmica pai-filho, onde o parceiro não TDAH faz o papel do “pai sempre responsável” e o parceiro TDAH faz o papel de “criança menos responsável”. Se você estiver com problemas com a dinâmica pai-filho, a primeira coisa a fazer é parar toda a cobrança e o comportamento agressivo. Você não pode controlar o seu parceiro com TDAH. Ao mesmo tempo seu parceiro TDAH precisa realmente comunicar os sintomas que estão promovendo algumas das dinâmicas pai-filho.

Menopausa
A menopausa também pode ser um problema real para o desejo sexual. Cerca de 80% das mulheres, com TDAH ou não, sentirão algum tipo de disfunção sexual após a menopausa. Além disso, mulheres com TDAH provavelmente sentirão aumento dos sintomas por causa do nível mais baixo de estrogênio, que impacta a produção de dopamina, de modo que as mulheres no pós-menopausa deveriam provavelmente ir ao seu médico para verificar tanto o tratamento para o TDAH quanto os problemas da sua vida sexual.

Tédio
Finalmente, mas não em último lugar, a hiperatividade pode ter algum papel quando um parceiro com TDAH simplesmente fica entediado. Se este é o seu problema, apimente as coisas! Arrume alguns brinquedos, entre em alguns sites da web, procure alguns livros, descubra novas posições, encontre novos locais e o que mais seja que você precise para tornar as coisas novas e interessantes.

Veja o vídeo em   http://www.youtube.com/watch?v=Jdk9pONHEEM

 

TDAH e Enxaquecas: A conexão esquecida com as dores de cabeça


Por Sarah Cheyette, M.D. - Atualizado em 23 de setembro de 2022.


Enxaquecas e TDAH são comorbidades – mas poucos médicos levam em conta a dor de cabeça (cefaleia) como uma conexão quando tratam os paciente com TDAH. Os estudos continuam a sondar a ligação subjacente entre as condições, mas os resultados mostram que os sintomas incapacitantes das enxaquecas podem agravar os sintomas do TDAH e que a evolução dos pacientes melhora quando os médicos evitam separar as duas entidades.


Embora poucos conectem as duas coisas, o transtorno de deficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e as enxaquecas podem estar ligados de modo importante. A pesquisa mostra que as pessoas com TDAH têm maior risco de sofrer de dores de cabeça (incluindo a migrânea, um tipo de dor de cabeça primária) quando comparadas às pessoas sem TDAH. Além disso, as dores de cabeça são mais comuns em outras manifestações psiquiátricas, muitas das quais ocorrem junto com o TDAH.


Embora as conexões subjacentes entre o TDAH e as dores de cabeça não estejam completamente entendidas, as dores de cabeça causam dor e estresse indevidos nos pacientes, conforme eles tentam lidar com os sintomas e desafios existentes no TDAH. Mais, a comunidade médica geralmente esquece ou ignora a associação, para a desgraça dos pacientes.

Quando os provedores de cuidados de saúde reconhecem que essas condições estão conectadas – e abordam o tratamento de modo holístico – a qualidade dos cuidados melhora e os pacientes se sentem melhor.


A conexão TDAH - Dor de Cabeça - Enxaqueca


Como o TDAH pode causar dores de cabeça


Crianças com TDAH pode sentir duas vezes mais dores de cabeça do que as crianças sem TDAH. Crianças com TDAH têm também maior risco de enxaqueca do que as crianças sem TDAH e a frequência das dores de cabeça da enxaqueca pode estar diretamente ligada ao risco de TDAH. O problema alcança a idade adulta, também.


Um estudo avalia que a enxaqueca ocorre junto com o TDAH em cerca de 35% em pacientes adultos. As dores de cabeça, incluindo as da enxaqueca, parecem ser desencadeadas pelo TDAH. Os pesquisadores pensam que as dores de cabeça podem estar biologicamente ligadas ao TDAH, e sua coocorrência se origina em parte dos mecanismos patofisiologicamente compartilhados, potencialmente relacionados à disfunção dopaminérgica.


O TDAH em si mesmo, especialmente se não tratado, afeta a qualidade de vida, o que pode criar ambientes e cenários estressantes que desencadeiam dores de cabeça. A seguir, alguns exemplos de como sintomas, desafios e outras características do TDAH podem levar a dores de cabeça:


. Dificuldades no gerenciamento do tempo e da autorregulação podem levar

a problemas para aderir ao ritmo vigília sono. Um padrão irregular de sono

é o maior fator por trás das dores de cabeça.


. A desorganização pode causar hábitos irregulares (má alimentação, pouca

hidratação etc.), que podem desencadear dores de cabeça e enxaquecas.


. O TDAH está ligado a maior risco de concussão e traumatismo de crânio,

que podem causar, também, dores de cabeça. Cefaleias pós-concussão

estão ligadas a problemas cognitivos e de concentração persistentes.


. Cefaleias (dores de cabeça) são efeito comum de medicamentos para o

TDAH. Perda de apetite e dificuldades de sono também são causas por trás

de cefaleias e são, também, comumente relatadas como efeitos colaterais

dos medicamentos.


. O TDAH frequentemente ocorre junto com ansiedade e transtornos do

humor, que são, também, ligados a cefaleias e enxaquecas. Além disso, as

cefaleias tendem a ser mais severas e mais demoradas quando coexistem

com a ansiedade.


. Problemas e transtornos do sono são altamente prevalentes no TDAH, e

também são ligados a cefaleias e migrâneas.


Migrâneas (enxaquecas) e Cefaleias podem agravar os sintomas de TDAH


Dores de cabeça criam obstáculos estressantes e adicionais aos pacientes com TDAH e, geralmente, pioram os sintomas e desafios existentes.


. As dores de cabeça da enxaqueca podem promover faltas à escola ou ao

trabalho, causando problemas com as dificuldades de gerenciamento do

tempo.


. Sonolência é um efeito colateral comum das medicações para cefaleia e

enxaqueca, o que pode prejudicar as funções executivas.


. Enxaquecas aumentam o risco de ansiedade e de transtornos do humor.


. Enxaquecas estão ligadas a baixa qualidade de sono.


TDAH e Cefaleias: Desafios e Diretrizes do Tratamento


Embora mais pesquisas sejam necessárias, as evidências ligam claramente o TDAH e suas comorbidades às cefaleias, incluindo a enxaqueca. Ainda, os médicos frequentemente não foram treinados para considerar a conexão, quando vão tratar os pacientes. O resultado é um cuidado incompleto e inadequado do paciente.


Um paciente com TDAH não diagnosticado e dores de cabeça debilitantes, por exemplo, provavelmente será encaminhado a um neurologista, muitos dos quais não são especializados em TDAH e podem não levar em conta sua conexão com as cefaleias. De modo semelhante, um clínico que trate de TDAH pode não se sentir confortável para tratar de cefaleias, ou mesmo para identificar condições concomitantes, ou outros fatores de complicação.


Conclusão: O melhor cuidado para um paciente virá quando um clínico for capaz de considerar cuidadosamente e manejar todas as comorbidades entre o TDAH e as cefaleias e enxaquecas.


Alívio da Cefaleia e Migrânea com TDAH: Abordagens e Tratamentos Recomendados


. Comece com a condição que veio primeiro.

Se um paciente, com uma longa (mas possivelmente não reconhecida)

história de TDAH, se apresenta com cefaleias, considere tratar primeiro o

TDAH. Se o TDAH não foi tratado adequadamente, é possível que novas

circunstâncias de vida estejam agravando o estresse dele e, assim,

desencadeando as cefaleias. Se há uma longa história de cefaleias e/ou

enxaquecas, e uma repentina agravação ou início de sintomas de TDAH,

considere que o primeiro possa estar piorando o segundo. Em pacientes

com TDAH, pergunte sobre a história familiar de dores de cabeça e

enxaquecas. Em pacientes com dores de cabeça ou enxaquecas, pergunte

sobre TDAH. Isso pode lhe dar uma pista sobre qual o risco biológico do

paciente.


. Determine o que precede as dores de cabeça.

Pergunte aos pacientes sobre o que desencadeia e os padrões das dores

de cabeça, incluindo a frequência, duração e em qual grau interfere com o

desempenho normal. Rotinas e hábitos de vida inconsistentes, por exemplo,

podem desencadear dores de cabeça e enxaquecas. Pergunte aos que

vivem com o paciente, como eles sentem o problema. (O paciente nem

sempre pinta um quadro objetivo.) Alguns gatilhos para as cefaleias, tais

como falta de dormir, ansiedade ou depressão, podem, também,

potencialmente afetar o TDAH.


. Leve em conta os efeitos da medicação.

Tratar o TDAH e, assim, diminuir as complicações que levam a dores de

cabeça, pode ser uma maneira eficaz de reduzir as cefaleias em algumas

pessoas. Entretanto, as medicações podem causar efeitos colaterais (tais

como a sonolência de algumas medicações para cefaleia, ou a falta de

apetite de algumas medicações para TDAH) que podem piorar a outra

condição. Veja quais foram as outras medicações que o paciente já utilizou

e procure por efeitos colaterais. Trocar as formulações e as dosagens, por

exemplo, pode reduzir as cefaleias.


. Procure por outras condições que podem causar cefaleias ou desencadear

migrâneas, tais como transtornos do humor ou transtornos do sono.


. Aconselhe hábitos e estilos de vida saudáveis.

Informe ao paciente sobre a importância de um sono correto, da nutrição e

hidratação, e dos exercícios na redução das cefaleias e enxaquecas e na

melhora de todo o funcionamento do organismo. Faça uma abordagem

individualizada; certos alimentos podem desencadear enxaquecas e alguns

pacientes podem ser beneficiados por exercícios de baixo impacto. Peça

para o paciente fazer um diário de suas dores de cabeça, para ajudar a

entender o que as desencadeia.


. Estimule os pacientes a adotarem técnicas de gerenciamento do estresse e

outras abordagens cognitivo comportamentais. O estresse é um dos mais

comuns desencadeadores de muitos tipos de dor de cabeça. Aprender a

lidar com o estresse, por meio de meditação, relaxamento muscular

progressivo e outras estratégias, pode aliviar a dor e ajudar os pacientes a

lidar antecipadamente e durante as dores de

cabeça.



quinta-feira, 29 de setembro de 2022

 

TDPM, Autismo e TDAH: A comorbidade silenciosa


A disforia pré-menstrual (DPM) é uma condição de saúde hormonal que causa problemas graves de humor e de funcionamento, e afeta desproporcionalmente pessoas com TDAH ou Autismo. Conheça, aqui, os sintomas, causas e tratamentos da DPM.

Por Tori Morales. Atualizado em 30 de agosto de 2022.


O Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM) é uma condição de saúde hormonal que causa depressão clinica significante e incapacitante, ansiedade, mudanças de humor e sintomas físicos desconfortáveis na semana que antecede a menstruação, o início de um período. Os sintomas de TDPM melhoram após a menstruação e são mínimos, se não ausentes, nas semanas seguintes. O TDPM afeta desproporcionalmente pessoas com autismo e TDAH. Vários medicamentos podem ajudar a controlar os sintomas da PMDD.

Sintomas do TDPM

Uma paciente preenche os critérios diagnósticos para TDPM se ao menos cinco dos seguintes sintomas forem atendidos, incluindo pelo menos um de cada categoria. Os sintomas devem causar angústia ou interferir nas atividades de vida diária durante a maioria dos ciclos menstruais ao longo do ano anterior:


    Categoria A:

    • Humor instável e facilmente influenciado

    • Irritabilidade

    • Humor depressivo ou sem esperança

    • Ansiedade ou tensão

    Categoria B:

    • Diminuição do interesse em atividades habituais

    • Dificuldade de concentração

    • Fadiga

    • Mudanças de apetite

    • Dificuldades de sono, insônia ou hipersônia

    • Sentimento de sobrecarga

    • Sintomas físicos: sensibilidade mamária, dor articular ou muscular, sensação de inchaço

      ou ganho de peso

TDPM vs TPM

Embora o TDPM compartilhe sintomas com síndrome pré-menstrual (TPM), o TDPM é menos comum e mais grave. A TPM pode ocorrer em até 48% das pessoas que menstruam, enquanto o TDPM só ocorre em 3 a 9%. Além disso, os sintomas de TDPM interferem no funcionamento diário, e muitas vezes requerem medicação para resolver. Pessoas com TDPM estão em risco de suicídio e tentativas de suicídio, por isso o diagnóstico e o tratamento são vitais. Algumas pessoas que não atendem aos critérios para TDPM podem ter TPM grave e se beneficiar de tratamento semelhante.

Autismo, TDAH e TDPM

O TDPM afeta desproporcionalmente pessoas com TDAH e autismo. Até 92% das mulheres autistas e 46% das mulheres com TDAH sofrem de TDPM, embora as estimativas variem. Não se sabe por que afeta certas populações mais do que outras, embora existam várias teorias. As possíveis explicações incluem:

  • Genética. O TDPM é altamente herdável, indicando que há uma ligação genética.

  • Sensibilidade hormonal. Como pessoas com TDAH têm reduzidos níveis de dopamina em todo o cérebro, flutuações hormonais podem ser mais propensas a reduzir a dopamina a níveis criticamente baixos, levando a sentimentos mais severos de exaustão, mau humor e falta de motivação. Além disso, o estrogênio pode afetar as vias celulares que foram implicadas no TDAH.

  • Sensibilidade sensorial. As pessoas autistas geralmente têm maior sensibilidade sensorial e, portanto, podem ser mais propensas a serem afetadas negativamente pelos sintomas relacionados à menstruação.

Tratamento do TDPM

O TDPM possui vários tratamentos que vão desde mudanças no estilo de vida até medicamentos.

  • Antidepressivos. Alguns inibidores seletivos de recaptação de serotonina (SSRIs) têm se mostrado eficazes na redução dos sintomas psiquiátricos do TDPM.

  • Contraceptivos. Os contraceptivos hormonais regulam os hormônios e podem aliviar os sintomas físicos e psiquiátricos de TDPM.

  • Mudanças no estilo de vida. Embora a maioria das pessoas com TDPM grave se beneficie da medicação, mudanças no estilo de vida, como melhor alimentação e exercícios, podem melhorar alguns sintomas.


domingo, 4 de setembro de 2022

TDAH - ADHD - Dez coisas que eu queria ter sabido quando era criança com TDAH

 

Crescendo com TDAH, eu ficava envergonhada e triste. Levou anos para que eu descobrisse a alegria em minha vida. Aqui estão as coisas que, então, eu queria saber sobre o TDAH. Por Elizabeth Broadbent. ADDITUDE. Atualizado em 23 de junho de 2022.


Fiquei sem um diagnóstico oficial de TDAH até os meus 30 anos. Em toda minha vida, entretanto, todos sabiam que eu não era igual aos meus colegas neurotípicos. Eu estava sempre meio avoada, socialmente mais desajeitada. Meus comportamentos não mudaram muito desde que eu era criança, mas minha atitude em relação a eles com certeza mudou. Aprendi a trabalhar com meu transtorno; aprendi que algumas coisas não eram por minha culpa. Quando penso na criança confusa e desajeitada que eu era, quero me abaixar e me abraçar. É difícil ser uma criança com transtorno de deficit de atenção (TDA ou TDAH). Gostaria de ter sabido de algumas coisas.


1- Não é culpa sua. Você tem um transtorno que pode ser diagnosticado, quantificado, não importa o que Tom Cruise e alguns sabichões digam. Você não é neurotípico: seu cérebro não funciona do mesmo modo que o de outras pessoas. Isso não é algo que você possa controlar. Não é algo que você possa mudar. Você pode trabalhar com isso. Pode obter ajuda para isso. Mas seu TDAH não é culpa sua. Os efeitos dele não deveriam produzir culpa moral ou espiritual. As falhas do TDAH não são uma deficiência de caráter.


2- Só porque tirou um 10, não significa que é o seu melhor. Você pode seguir em frente porque é esperto, e porque um 10 ainda conta como um 10 no seu boletim escolar. Mas você pode fazer melhor. Não dê de ombros só porque conquistou a nota sem se esforçar. Você precisa dar duro como qualquer outra pessoa. Você pode acertar todas as questões, se estudar.


3- Aprenda a estudar e a ler. Você não tem a menor ideia de como estudar. Tudo bem, mas você precisa aprender. Isso lhe dará um 10 em vez de 9 e o ajudará a chegar à faculdade. Você também precisa aprender a ler: ninguém desliza por vastas partes do texto. Você tem de ler palavra por palavra, sem pular para a frente ou para trás. É uma habilidade que leva tempo para desenvolver. Quando for para a universidade, descobrirá que não poderá ler Martin Heidegger deslizando e aos pulos.


4- Não é normal passar a aula de matemática brincando com suas borrachas. Sim, Mr. Unicorn Eraser e Mr. Fairy Eraser podem montar uma casa junto com sua caixa de lápis. Mas isso não o ajudará a aprender a tabuada de multiplicação. Não se desligue somente porque não conseguiu entender. Não se prenda ao que vem fácil e que parece interessante. Você pode precisar de medicação para ajudar a terapia cognitiva comportamental. Está O.K.


5- Não há nada de errado com medicamentos. Você pensava que seu amigo que tomava Prozac era um doido. Se você tomasse Ritalina, não teria de gastar metade do período andando pelos corredores, fingindo ir ao banheiro. A medicação bem conduzida pode ajudá-lo, se os seus pais apoiarem (pode ser que eles não queiram, mas deveriam).


6- Você não é uma cadete espacial. Você já foi chamada de um monte de coisas: cabeça de vento, loira burra, avoada. Você não é nada disso. Você tem um problema em se concentrar nas coisas. Essas coisas incluem pessoas e conversas. Você tem dificuldade de se lembrar de nomes, fisionomias e datas (especialmente para os trabalhos escolares e os compromissos). Isso é um sintoma do seu TDAH. Não é uma falha moral ou um sinal de que você seja burro.


7- Você perderá coisas. No jardim de infância, quando você perdia sua mochila, ela estava nas suas costas. Você esquece das coisas, como o dinheiro para o lanche. Você perde as chaves do armário. Isso é normal, e não vai melhorar. Tudo bem. Você é um “TDAH normal”.


8- Atividade social é difícil. Você tende a dizer alguma coisa sem nada a ver, no meio de uma conversa. Você interrompe as pessoas. Suas contribuições para uma conversa normal podem ser completamente irrelevantes para todos, menos para você. Tudo isso afasta as outras crianças e torna difícil fazer amigos. Você pode descobrir que está fazendo essas coisas e se esforçar para não fazer. Sua vida ficará mais fácil. Mas isso tudo é comportamento normal do TDAH. Não é porque você seja um perdedor inveterado.


9- Estrutura facilita as coisas. Quando você está em uma escola católica, os cadernos de tarefas de casa, o sublinhar trechos, e as regras rígidas de que caneta usar podem ser chatas. Mas manterão a pior parte dos seus sintomas ao largo. Só de escrever sua tarefa de casa em um caderno especificado, já significa que você provavelmente a fará. Colocar os cadernos em determinados locais da sua mesa significa que não irá perdê-los. Pode ser a maneira mais fácil de guardá-los juntos, sem a ajuda dos outros.


10- Tudo ficará mais fácil. Um dia, você crescerá e as pessoas a chamarão carinhosamente de “Mulher Maravilha”, em vez de xingá-la de “Dumbo”. Você terá um diagnóstico psiquiátrico correto e descobrirá adaptações para o seu transtorno. Ainda perderá suas chaves, seu celular, seu cartão de crédito e esquecerá o dia em que o lixeiro passa, e não ouvirá o que seus filhos estão dizendo. Mas, você não verá essas coisas como falha moral. Não desperdiçará energia emocional em vergonha. Saberá que é o seu TDAH. Vai mover seus olhos para cima, incomodada e seguirá em frente.

O que você gostaria que seu filho com TDAH soubesse?

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

TDAH (ADHD) OU TRANSTORNO BIPOLAR ?

 Dr. Willian Dodson, M.D.

Tome cuidado! Os médicos confundem TDAH com Transtorno Bipolar do Humor


Para os médicos que são treinados em transtornos do humor, os sintomas do TDAH podem se parecer com Transtorno bipolar. Não deixe que seu médico erre o seu diagnóstico.

As pessoas com o sistema nervoso do tipo TDAH são passionais. Elas sentem as coisas mais intensamente que as pessoas com sistema neurológico normal. Elas tendem a reagir exageradamente a pessoas e a acontecimentos em suas vidas, especialmente quando percebem que alguém as está rejeitando e retirando amor, aprovação ou respeito.

Os médicos veem o que estão treinados a ver. Se eles veem “oscilações de humor” somente em termos de transtornos de humor, eles mais provavelmente diagnosticarão um transtorno de humor. Se eles são treinados a interpretar a excessiva energia e o pensamento veloz em termos de mania, isso é o que eles provavelmente diagnosticarão.

De acordo com dados do National Comorbidity Survey Replication (NCS-R), todos os adultos com TDAH foram diagnosticados como tendo transtorno bipolar do humor (TBH). O TDAH não foi uma opção. Quando a maioria deles obteve o diagnóstico correto, eles já tinham se consultado com 2,3 médicos, em média, e fracassado em 6,6 tipos de tratamento com antidepressivos e estabilizadores do humor.

Antes de que um médico faça o diagnóstico, os pacientes precisam saber que as doenças do humor:

- Não são desencadeadas por eventos da vida diária; elas “caem do céu”
- São independentes do que está acontecendo com a vida da pessoa
(quando coisas boas acontecem, eles ainda se sentem “miseráveis”);
- Têm início lento, durante semanas ou meses;
- Duram semanas ou meses, a não ser que tratados.

Os pacientes também precisam saber que as oscilações de humor do TDAH:

- São uma resposta a algo que está acontecendo na vida da pessoa;
- Combinam com o que a pessoa percebe como fator desencadeante;
- Mudam instantaneamente;
- Desaparecem rapidamente, geralmente quando a pessoa diagnosticada com TDAH se engaja em algo novo e interessante.


Se você não consegue que seu médico veja essas distinções importantes, a probabilidade é de que você será mal diagnosticado e não receberá o tratamento adequado. 

 

Somente uma em dez crianças com TDAH se livra dos sintomas ao crescer.


Aproximadamente 90% das crianças com TDAH não superam o transtorno quando se tornam adultas, de acordo com uma nova pesquisa. Ela também revelou que o TDAH aumenta e diminui para muitos indivíduos conforme eles envelhecem.


Por Nathaly Pezantez – Agosto/2021


A maioria das crianças com TDAH não se livra do transtorno, de acordo com uma nova pesquisa publicada neste mês no The American Journal of Psychiatry, o que muda a noção amplamente aceita de que os sintomas do TDAH geralmente não persistem na idade adulta..


Os achados do estudo, que seguiu 558 crianças com TDAH do Multimodal Treatment Study od ADHD (MTA) durante 16 anos, mostram que somente 9,1% dos indivíduos se “recuperaram” do TDAH ao final da pesquisa, quando a maioria dos participantes tinha cerca de 25 anos de idade.


A pesquisa também descobriu que os sintomas do TDAH melhoram e pioram ao longo do tempo para muitos indivíduos que continuam a sofrer do transtorno. “Os resultados sugerem que cerca de 90% dos indivíduos com TDAH na infância continuarão a sofrer com os sintomas e deficiências, embora algumas vezes flutuantes, ao menos até o início da vida adulta.”


Os achados, segundo os autores, se afastam da conclusão histórica de que o TDAH da infância persiste na idade adulta em cerca de 50% dos casos. “Esta conclusão é tipicamente baseada em pontos finais únicos, deixando de considerar os padrões longitudinais de expressão do TDAH”, escreveram os autores.


Para a pesquisa, os autores examinaram dados sobre os sintomas do TDAH, nível de deficiência, comorbidades existentes e o tratamento utilizado em oito avaliações a que os participantes se submeteram, como parte do MTA. (A avaliações de acompanhamento foram feitas de 2 a 16 anos após a linha e base.) Os autores identificaram os participantes com remissão completa, com remissão parcial e os com TDAH persistente em cada ponto do tempo. Recuperação completa foi definida como remissão mantida através de múltiplos pontos, até o final do estudo, na ausência de tratamento para o TDAH.


Cerca de 30% dos participantes tiveram remissão completa em algum ponto de estudo, porém, a maioria (60%) sofreu recorrência do TDAH depois da remissão inicial. Somente cerca de 10% dos participantes demonstraram persistência estável do TDAH ao longo dos pontos de avaliação. No geral, cerca de 63% dos participantes tiveram períodos de flutuação de remissão e recorrência, que devem ter sido impactados pelo estado do tratamento na ocasião.


Os autores dizem que os resultados apoiam uma perspectiva mais completa sobre o TDAH, especialmente sua tendência a flutuar na aparência. Os médicos, sugerem os autores, podem falar para as famílias que a maioria dos adolescentes e adultos jovens com TDAH sentirão ao menos algum alívio dos seus sintomas, que poderão ser modulados pelo tratamento e pelas circunstâncias pessoais ou de vida. Os achados também revelam a importância pacientes, mesmo após tratamento bem sucedido.


 O tratamento do autismo se distancia do “conserto” da condição Existem diferentes maneiras de ser feliz e funcionar bem, mesmo que seu cér...