domingo, 3 de março de 2013

270- O TDAH se associa ao abuso de drogas?


 
Postado por mommabear5  em ADHD Adults em Feb 07,2013 às 4:45 pm / 11 comentários

Eu me pergunto se viver com o TDAH me levou à vulnerabilidade da dependência de drogas ou se foi a dependência de drogas que me levou ao TDAH. A gente nasce com isso ou é com o tempo que ele aparece? O que acontece agora? Quais são as alternativas de tratamento do TDAH?
RESPOSTAS:
1
Você nasceu com o TDAH. Se você não o tinha quando nasceu, não o terá agora e não poderá desenvolvê-lo. [Nota do tradutor: Discordo. Até 20% dos casos de TDAH são provocados por fatores não genéticos]. Por outro lado, ter TDAH o expõe à vulnerabilidade da dependência de drogas. Somos mais impulsivos. Estamos sempre procurando mais estimulação. Sofremos mais frequentemente de dor emocional, e procuramos alívio. Vim a me dar conta que tinha TDAH, e isso foi oficialmente diagnosticado com a idade de 63 anos. Tenho uma longa lista de alcoólicos na minha família. De alguma maneira escapei disso, mas sempre tive meu conjunto de problemas que não conseguia identificar. Na infância, fui levado a correr e me tornei um “astro da estrada” e corredor de maratona. Também fui levado à Meditação Transcendental aos 20 anos de idade, principalmente porque me sentia bem e porque, acho, fazia a dor sumir. Essas duas coisas atualmente são recomendadas como modalidades de tratamento: exercício vigoroso e alguma forma de meditação. Elas, sem dúvidas, me salvaram. Boa sorte. [Postado por Ton K em Feb 07,2013 às 5:10 pm]
2
Falando de modo amplo: O TDAH é algo com que você nasceu. Geralmente é genético. Viver com o TDAH, assumindo que você nunca foi diagnosticado ou tratado profissionalmente, realmente o torna mais vulnerável à dependência de álcool e de drogas.
Danos causados ao Sistema Nervoso Central pela dependência de substâncias ilegais ou abuso de medicamentos receitados ou que não precisem de receita o deixarão com sintomas semelhantes. Eu nunca fui dependente de drogas, mas tive minha cota de bebidas por cinco anos, e parei. A depressão e os pensamentos de suicídio me levaram a pedir ajuda psicológica. Isso e o que eu aprendi com muita leitura me ajudaram tremendamente.
Como tratamento alternativo para o TDAH, acho que você quis dizer tratamento sem medicamentos. Há tratamento alternativo, mas eu lhe sugiro ajuda profissional.
Não sou médico. Minhas respostas e sugestões são baseadas em experiência pessoal como pai de uma criança com TDAH tipo desatento, com várias comorbidades, e eu, pessoalmente, diagnosticado com TDA. Além disso, trabalhei no campo da justiça criminal por 38 anos. Fiz uma boa quantidade de leituras ao longo dos anos e fiz muitas perguntas. [Postado por queen4jgro em Feb 07, 2013 às 5:59 pm]
3
A postagem de Tom K é ótima. Eu também sugiro que você leia sobre Transtornos da Integração Sensorial, porque os sintomas são semelhantes. [Postado por queen4jgro em Feb 07, 2013 às 6:00 pm]
4
Obrigado. [Postado por mommabear5 em Feb 07, 2013 às 6:11 pm]
5
Dependência também pode se desenvolver por automedicação, conforme você tenta controlar seu TDAH. [Postado por LCC em Feb 07, 2013 às 6:36 pm]
6
Concordo que essa condição médica é genética. Estatisticamente eles dizem que é 70%, embora eu ache que seja mais. Os sintomas do TDAH podem também se desenvolver depois de uma lesão cerebral. Muitas pessoas, eu acho, concordam que nasceram com ele. No que me diz respeito, tive uma longa vida de dependência de açúcar refinado, até meu diagnóstico com a idade de 49 anos. Com o uso de Ritalina, minha dependência do açúcar diminuiu. Depois de 3 meses de uso de Ritalina, comecei um regime de alto conteúdo de proteínas, carboidratos complexos, exercício, doses terapêuticas de vitaminas, minerais, óleo de peixe, aminoácidos, oligominerais e grandes quantidades de frutas, vegetais e água. Minha dependência do açúcar cessou. Foi como se o meu paladar mudasse. Eu não queria nada muito doce. Ainda gosto de alguns pedaços de chocolate escuro de alta qualidade diariamente, mas exceto isso, praticamente não uso mais açúcar refinado. Não tenho mais vontade. Isso já faz dois meses. Há pouco perdi meu gosto por vinho. Bebi Pinot Grigio por 14 anos. Absolutamente amava meu vinho, mas agora já faz duas semanas que não bebo, e não quero mais beber. De verdade, sumiu da minha mente. Nunca pensei que parasse. Mas descobri agora que meu cérebro e corpo estão quimicamente equilibrados e não quero acrescentar nada que me derrube. Vivi desequilibrado por 49 anos e não vou voltar a isso. Viver todos os dias sem nenhuma dependência é a verdadeira liberdade. Creio que seja por causa da minha dieta. Outra modalidade a ser considerada, além da medicação, é a neuroterapia. Tive 7 sessões e fiquei satisfeito com a melhora da minha capacidade de focar e manter a atenção. Mitzi. [Postado por Mitzi Maine em Feb 07, 2013 às 8:27 pm]
7
Sugiro a leitura desse livro: Scattered Minds, do Dr. Gabor Mate. (http://drgabormate.com/writings/books/scatered-minds/)
Ele tem uma perspectiva nova do TDAH. Ele próprio tem TDAH e fez muita pesquisa sobre o assunto. Eu li o livro e ele me deu muito conhecimento sobre mim mesmo, mas também para o resto de minha família, todos com TDAH, também. (Você pode imaginar o circo que é nossa casa!). Ele fala sobre o TDAH ser parcialmente hereditário e parcialmente ambiental. Ele discute como os estressores da vida e uma família instável podem ativar o TDAH. Fala sobre como pessoas com TDAH são (e elas definitivamente são) mais propensas a desenvolver algum tipo de dependência. Seja abuso de substância, compulsão pelo trabalho (ele é um autoproclamado “workaholic”), ou qualquer outro tipo de dependência. Fala sobre como nossa sociedade hiperveloz também faz pessoas não TDAH se comportarem como se tivessem TDAH, o que pode levar a erro de diagnóstico, mas, também, em minha opinião, a visão de que o TDAH não é tão grave como de fato é (porque todo mundo é assim, certo?). Também há grandes secções do livro que discutem como ajudar seus filhos a superar o TDAH e como os adultos podem se ajudar a si mesmos a superá-lo, também. Ele é muito inteligente e o livro não é difícil de ler. Não importa quanto você demore, eu recomendo a todos com TDAH que o incluam na sua pesquisa e no seu tratamento.
Falando de dependência, eu acho que fiquei dependente de coisas que eu gosto. Como o álcool. Não sou um alcoólico, mas quando bebo, sinto que não consigo controlar quanto vou beber naquela noite. O que eu quero dizer e que eu quero o efeito, mas o quero imediatamente. Então, bebo rapidamente. Isso me faz ficar logo alterado (porque não bebo muito frequentemente) e acabo ficando bêbado quando o que eu realmente queria era só ter um sentimento um pouquinho mais elevado (você sabe o quanto, um pouco antes de “alto”). Também sou assim, algumas vezes, com comida. Se descubro uma nova comida de que eu gosto, ou se tenho uma compulsão por alguma coisa doce, minha tendência é de ficar comendo isso por um tempo, e não posso parar. Embora queira. Depois, fico cansado disso ou tomo a decisão de não comprar mais nada daquilo. Mas sempre fica um sentimento de ainda querer aquela coisa por um tempo depois que decidi parar de tê-la. Parece uma série de compulsões de curta duração... seria isso uma farra duradoura? Não sei, mas definitivamente me sinto indefeso enquanto estou assim. [Postado por m ah lee em Feb 08, 2013 às 6:10 pm]
8
O Dr. Mate superou seu TDAH? O que ele recomendou? Estou curiosa. Obrigado! [Postado por Mitzi Maine em Feb 08, 2013 ás 6:10 pm]
9
Eu sugeriria a leitura de algum trabalho do Dr. Daniel Amen sobre TDAH/TDA e dependência. Ele fez SPEC scans de cérebros de pacientes que foram inicialmente encaminhados a ele por dependência a vários estimulantes e descobriu que eles estavam se automedicando para TDA/TDAH. Quando foram postos sob estimulantes terapêuticos (como Concerta ou Ritalina) e fazendo trabalho de recuperação, os dois problemas de saúde foram resolvidos. É importante lembrar que muitas vezes há um problema de saúde mental subjacente que resulta no comportamento compulsivo. Quando o problema mental é resolvido a dependência também é resolvida. [Postado por TM em Feb 09, 2013 às 5:41 pm]
10
Da observação pessoal, notei que as pessoas com TDA e  TDAH tendem a ser especialmente dirigidas para as anfetaminas, porque elas podem (temporariamente e com alto custo) propiciar um nível de foco geralmente inatingível por nós. Isso também explica porque tantos com TDA tendem a ser fumantes, grandes bebedores de café e a ter compulsão por açúcar. Isso não necessariamente significa que você será incapaz de se safar sem a reabilitação, mas significa que os que têm TDA devem ser especialmente cuidadosos sobre o uso dessas substâncias em primeiro lugar. [Postado por statichaos em Feb 09, 2013 às 8:29 pm]
11
O TDA é uma condição comórbida, significando que normalmente tem um ou mais componentes. Um componente comum é o abuso de substâncias. Temos a tendência da automedicação para ajudar-nos com os sintomas, mesmo que conscientemente não saibamos o que estamos fazendo. Das dezenas de amigos que tive com TDA, a maioria de adultos que descobriram mais tarde na vida que tinham TDA, tinha sofrido com abuso de álcool ou drogas. É como atividades de alto risco, não temos consciência de que estamos a procura do estado alterado, não necessariamente da atividade.
Somente após ter começado a ler estudos comecei a ver o padrão destrutivo. Somente então senti que a informação de que eu precisava para fazer as mudanças na minha vida que poderiam me trazer até onde estou hoje. Embora eu seja ainda um grande bebedor de café, sei por que e como parar pelo tempo que preciso. Para mim, não é a cafeína, mas uma muleta mental.
Cada um de nós tem nossos demônios. Embora eu tenha bebido muito por 15 anos, não foi difícil parar de beber. Fumar? Isso é outra história, também. Demorei 5 anos para me livrar dos cigarros, e precisou de um choque médico para conseguir o feito.
O segredo de parar qualquer coisa para as pessoas com TDA é fazer pior voltar atrás do que seguir em frente. Tive de contar a todo mundo que conhecia que eu estava parando de fumar e que se alguém me visse fumando, ganharia 100 dólares por me avisar. Paguei uma vez, para um antigo rival, e nunca mais, depois dessa. A dor do triunfo desse sujeito foi simplesmente muito grande para que eu continuasse com os cigarros.
Este é um bom lugar para obter conselhos em assuntos como tal. Você provavelmente está protegido de ser levado ao limite, como muitos de nós já fomos antes. Cada um de nós é único em nossa jornada e o que funciona para um de nós provavelmente não funcionará para outros, mas já será um começo.
Aprenda isso: as coisas importantes em sua vida que o fazem sentir a vida miserável são as mesmas coisas que, usadas corretamente, o farão invejado por seus amigos e familiares. Você encontrará seu lugar, e quando o fizer, será invencível. Como diz minha mulher, “quando ele põe na cabeça que vai fazer alguma coisa que você acha ser impossível, saia da frente ou será atropelado”. Nosso otimismo é infeccioso e pode fazer o impossível uma realidade quando todos do seu time acreditam de verdade. [Postado por Wingkeel em Feb 12, 2013 às 6:05 pm]

sábado, 2 de março de 2013

269- As 5 regras para os TDAH viverem bem



O especialista em TDAH do adulto, Russel A. Barkley, Ph.D., compartilha cinco segredos para se dar bem em casa, no emprego e na vida, quando sofrer de TDAH.

Você sente que vive como se estivesse numa esteira rolante?

Gerenciar os detalhes diários da vida com TDAH adulto é difícil. Datas limite no trabalho vão e vem, sem serem cumpridas. Comentários impulsivos afastam os amigos e possivelmente causam a perda do emprego. Você está exausto ao final do dia e sente que todos os seus esforços o levaram a lugar algum.

A medicação para o TDAH pode ajustar o campo de trabalho, mas você pode fazer mais. Assim como a dieta e o exercício ajudam a insulina a controlar melhor o diabetes, essas cinco regras irão ajudar os medicamentos para o TDAH a controlar melhor os sintomas.

Regra 1: Pare a ação!

Seu chefe propõe dobrar suas metas de venda para o ano seguinte e antes que você possa morder a língua, você ri e diz, “Você está louco?”.
Seu vizinho compra um novo enfeite para o jardim e pergunta se você gostou. Você diz que o enfeite fez a casa dele ficar parecendo um motel barato. Agora ele não fala mais com você – novamente.
Você vê um par de sapatos maravilhosos na vitrine da loja e corre para compra-los, mesmo que cada centavo do seu dinheiro já esteja comprometido com outras coisas.
Você não dá a si mesmo um tempo para pensar e medir suas palavras e ações. Pensar significa usar a experiência passada e a capacidade de prever o que virá para enfrentar uma situação e determinar o que você deveria dizer ou fazer.

Estratégia: Faça uma lista das situações nas quais você se comporta mais impulsivamente. Há momentos e lugares em que será tudo bem em ser espontâneo e falante, e outros momentos em que agir assim lhe custarão muito caro.
Quando você estiver a ponto de ficar em algumas dessas situações que você já identificou, reserve para si mesmo alguns segundos para fazer alguma dessas ações a seguir:

Antes de responder a alguém, respire fundo e lentamente, faça uma cara de que está pensando e diga a si mesmo, “Bem, deixe-me pensar sobre isso”.
Ponha um dedo sobre sua boca por alguns segundos, como se estivesse pensando o que vai dizer.
Parafraseie o que seu chefe ou membro da família lhe disse: “Oh, então você quer saber sobre...”  ou “Você está me pedindo para...”.
Imagine trancar sua boca com um cadeado para impedir a si mesmo de falar.

Outra estratégia: Escolha um modelo de falar lento e represente este modelo quando conversar. Pare de ser Robin Williams e comece a ser Ben Stein. Fale lentamente. Pratique o falar lento em frente a um espelho. Isso dará uma chance aos seus lobos frontais de funcionar melhor, de se engajar, em vez de ficar ao sabor dos seus impulsos.

Regra 2: Olhe o passado... e, então, siga em frente

Quando os problemas surgem, você fica confuso sobre o que vai acontecer ou sobre o que fazer? Você se recrimina por cometer os mesmos erros várias vezes seguidas?
Adultos com TDAH têm a memória não verbal de trabalho fraca, o que significa que eles não utilizam a experiência passada para guiar suas ações. Eles não são bons em reconhecer os aspectos sutis de um problema, e as várias ferramentas que podem resolvê-los. Muitos TDAHs abordam cada problema com um martelo, porque, para eles, todos os problemas parecem pregos.
TDAHs podem achar difícil merecer gratificação – o que você precisa fazer para economizar dinheiro ou para manter uma dieta, porque eles não conseguem formar a imagem mental do premio que está à frente. Você precisa de uma ferramenta para ter certeza de que o que você aprendeu no passado estará acessível quando você precisar dele no futuro.

Estratégia: Parar a ação – como descrito na regra 1 – lhe dará o tempo para ligar o olho da mente. Depois que você fez isso, imagine um aparelho visual – uma tela de TV, um monitor de computador ou uma minicâmara – e veja, na tela imaginária, o que aconteceu na última vez em que você esteve em situação como essa. Deixe o passado voltar em detalhes coloridos, como se você o estivesse filmando ou reprisando.
Quanto mais você fizer isso, mais automático se tornará. Além disso, você verá que mais “vídeos” surgirão em seu cérebro, saídos do seu banco de memória. Você pode pensar, “Uau, a última vez que eu interrompi uma reunião com uma piada, todo mundo riu de mim, de modo sarcástico”. Ou, “Me senti culpado quando comprei aqueles sapatos caros há alguns meses e descobri que meu filho precisava de livros para a escola. E eu não tinha mais o dinheiro para isso”.

Regra 3: Sinta o futuro

Muitos portadores de TDAH são cegos em relação ao tempo; eles se esquecem do propósito de suas tarefas, de modo que não se sentem inspirados para terminá-las. Se ninguém estiver com uma cenoura pendurada na sua frente, eles precisam de alguém que os convença a seguir em frente, rumo à sua meta. Por isso que a regra 2 é importante: ela ajuda você a aprender com suas memórias, a se tornar apto a manejar situações semelhantes no futuro.
Mas a regra 2 não é sempre suficiente. Algumas coisas precisam ser feitas porque são a coisa certa a se fazer. O TDAH às vezes torna difícil assumir o imperativo moral para terminar uma tarefa. Imaginar as consequências negativas de não fazer algo não é um motivador poderoso para muitos TDAHs. Imaginar como é bom atingir sua meta funciona melhor.

Estratégia: Pergunte-se, “Como me sentirei quando tiver esse projeto terminado?” Pode ser o orgulho, a satisfação pessoal, a felicidade que você antecipa por completar um projeto. Qualquer que seja a emoção, trabalhe duro para senti-la, aqui e ali, à medida que observa sua meta. Toda vez que se sentar para continuar trabalhando em um projeto, tente sentir o resultado futuro. Dê a essa técnica um empurrão cortando imagens de recompensas que você espera obter pelo que está fazendo. Ponha-as por perto enquanto esteja trabalhando. Elas aumentarão a potencia de sua própria imaginação e farão as emoções que você está antecipando até mesmo mais vívidas.

Regra 4: Divida a tarefa... e faça valer a pena

O TDAH faz o futuro parecer muito distante. Um objetivo que requeira um significante investimento de tempo incorpora períodos de espera, ou tem de ser feito em uma sequência de passos, pode ser tão vago que você se sente oprimido. Quando isso acontece, muitas pessoas com TDAH procuram um rota de fuga. Elas podem alegar doença no trabalho ou jogar a responsabilidade para um colega.
Imagine quais as situações que mais provavelmente o atinjam: Você entra em pânico quando alguém lhe dá um prazo que esteja meses à frente? Projetos complexos o desencorajam? Você tem dificuldade de trabalhar sem supervisão? Se for assim, você precisa de motivadores externos.

Estratégia: Divida tarefas longas em unidades menores. Se um prazo de final do dia parece longo, tente essa estratégia.

Divida sua tarefa em pedações de uma hora ou de meia hora de trabalho. Escreva o que você precisa fazer em cada período, e passe um marcador de texto sobre cada passo que tiver terminado, para manter sua atenção focalizada.
Dobre suas chances de sucesso fazendo-se confiável para as outras pessoas. Muitos de nós nos preocupamos com que os outros pensam de nós, e julgamentos sociais acrescentam combustível ao fogo para que as coisas sejam feitas. No trabalho, torne-se confiável para um colega apoiador, supervisor ou mentor. Em casa, trabalhe com um parceiro, cônjuge ou vizinho.
Faça quatro coisas após terminar cada pedaço do trabalho: Congratule-se; faça um breve intervalo; telefone ou passe um e-mail para um amigo ou parente para contar o que você conseguiu fazer; dê a si mesmo um prêmio ou algum privilégio que goste muito – mas que seja pequeno e breve.

Regra 5: Mantenha o senso de humor

O TDAH pode ser sério, mas você não precisa ser.

Estratégia: Aprenda a dizer, com um sorriso, “Bem, aí vai o meu TDAH falando ou agindo novamente. Desculpe. Falha minha. Tenho de tentar fazer algo a respeito disso da próxima vez”.
Quando você diz isso, você faz quatro coisas importantes:

Você assume o erro.
Você explica por que o erro aconteceu.
Você se desculpa e não comete o erro de acusar os outros.
Você promete tentar fazer melhor da próxima vez.

Faça essas coisas e manterá sua autoestima, assim como os seus amigos. Não assumir sua conduta TDAH, culpar os outros ou não tentar fazer melhor da próxima vez poderá lhe custar caro.
Se você faz do TDAH uma incapacidade que abarque tudo, seus amigos e a família também o tratarão assim. Aborde isso com um senso de humor, e eles também o farão.

Este artigo foi publicado no número de inverno de 2011 de ADDitude.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

268- Sobre o Transtorno de Processamento Sensorial (TPS)




Processamento sensorial (às vezes chamado de “integração sensorial”) é um termo que se refere ao modo como o sistema nervoso recebe mensagens dos sentidos e as transforma em respostas motoras e comportamentais adequadas. Se você estiver comendo um sanduíche  ou andando de bicicleta, ou lendo um livro, a realização bem sucedida dessas atividades necessita do processamento das sensações ou da “integração sensorial”.

O Transtorno do Processamento Sensorial (antigamente denominado de “disfunção da integração sensorial”) é uma condição que existe quando os sinais sensoriais não são organizados em respostas adequadas. Pioneiro da terapia ocupacional e neurocientista, A. Jean Ayres, Ph.D., ligou o TPS a um congestionamento do tráfego neurológico que impede que certas partes do cérebro recebam a informação de que precisam para interpretar a informação corretamente. Uma pessoa com TPS tem dificuldade de processar e de agir com a informação recebida por meio dos sentidos, o que cria desafios na realização das inúmeras tarefas do dia-a-dia. Incoordenação motora, problemas de comportamento, ansiedade, depressão, fracasso escolar e outros impactos podem resultar desse transtorno, se não for tratado corretamente.

Um estudo (Ahn, Miller, Milberger, McIntosh, 2004) mostrou que ao menos uma em 20 crianças tem sua vida afetada pelo TPS. Outra pesquisa, feita pelo Sensory Processing Disorder Scientific work Group (Bem-Sasson, Carter, Briggs-Gowen, 2009) sugere que uma em cada seis crianças apresentam sintomas sensoriais que podem ser suficientes para afetar aspectos das funções de sua vida diária. Os sintomas do TPS, como os da maioria dos transtornos, ocorrem em um amplo espectro de gravidade. Enquanto muitos de nós temos dificuldades ocasionais em processar a informação sensorial, para as crianças e adultos com TPS, essas dificuldades são crônicas e perturbam sua vida diariamente.

Com o que se parece o TPS

O Transtorno de Processamento Sensorial pode atingir as pessoas em um único sentido – por exemplo, somente o tato ou o movimento – ou em múltiplos sentidos. Uma pessoa com TPS pode responder exageradamente às sensações e achar que as roupas, o contato físico, a luz, o som, os alimentos ou outros estímulos sensoriais sejam insuportáveis. Outra pode responder pouco e mostrar pequena ou nenhuma reação à estimulação, mesmo a dor ou calor e frio extremos. Em crianças cujos processamentos sensoriais das mensagens dos músculos e das articulações estejam prejudicados, a postura e as habilidades motoras podem ser afetadas. Essas são as “floppy babies” (bebês hipotônicos, “moles”), que assustam os pais e as crianças que no pátio da escola são chamadas de desajeitadas ou imbecis. Outras crianças, em contraste, exibem um grande e inesgotável apetite por sensações. Essas crianças geralmente são diagnosticadas erradamente – e medicadas indevidamente – como TDAH.

O TPS geralmente é mais diagnosticado em crianças, mas pessoas que chegam à idade adulta sem tratamento também apresentam sintomas e continuam a ter suas vidas atingidas por sua incapacidade de interpretar corretamente as mensagens sensoriais.
Esses adultos podem ter dificuldade em realizar as rotinas e as atividades necessárias para o trabalho, para os relacionamentos pessoais e para a recreação. Como os adultos com TPS já lutaram muito tempo em suas vidas com essas dificuldades, eles podem apresentar depressão, insucesso profissional, isolamento social e outros efeitos secundários.
Infelizmente, o diagnóstico errado é muito comum porque os profissionais da saúde não são treinados para reconhecer os problemas sensoriais.

As causas do TPS

As causas exatas do TPS – como as causas do TDAH e de tantos outros transtornos do neurodesenvolvimento – ainda não foram identificadas. Entretanto, os estudos e as pesquisas preliminares sugerem alguns principais elementos.
O que provoca o TPS é uma pergunta que pressiona cada pai de uma criança com o transtorno. Muitos se preocupam  se são de alguma forma culpados pelos problemas de seus filhos.

“Foi algo que eu fiz?”, eles querem saber.

As causas do TPS estão entre os assuntos que os pesquisadores da “Sensory Processing Disorder Foundation” e seus colaboradores em vários lugares estão estudando. A pesquisa preliminar sugere que o TPS geralmente é herdado. Se for assim, as causas do TPS são codificadas no material genético da criança. Complicações pré-natais e do parto também foram implicadas, e fatores ambientais podem estar envolvidos.

Naturalmente, como acontece com qualquer transtorno do desenvolvimento e do comportamento, as causas do TPS são provavelmente o resultado de fatores que tanto são genéticos quanto ambientais. Somente com mais pesquisa será possível identificar o papel de cada um deles.
Um resumo das pesquisas sobre a causa e a prevalência se encontra em “Sensational Kids: Hope and Help for Children With Sensory Processing Disorder” (New York: Perigee, 2006).

Impacto emocional e outros impactos do TPS

Crianças com TPS geralmente têm problemas com as habilidades motoras e com outras habilidades necessárias para o sucesso escolar e para os eventos da infância. Como resultado, elas geralmente se tornam socialmente isoladas e sofrem de baixa autoestima e de outros problemas sociais e emocionais.
Essas dificuldades colocam as crianças com TPS em alto risco de muitos problemas emocionais, sociais e educacionais, incluindo a capacidade de fazer amigos e de ser parte de um grupo, ter fraco autorrespeito,  de fracasso acadêmico, de ser rotuladas de desajeitadas, não cooperativas, beligerantes, briguentas e fora de controle. Ansiedade, depressão, agressão ou outros problemas de comportamento podem surgir. Os pais podem ser acusados pelo comportamento dos seus filhos pelas pessoas que não estão cientes das dificuldades “escondidas” das crianças.

O tratamento eficaz para o TPS está disponível, mas muitas crianças com sintomas sensoriais são mal diagnosticadas e não corretamente tratadas. O TPS não tratado que persiste até a vida adulta pode afetar a capacidade de o indivíduo ser bem sucedido no casamento, no trabalho e no ambiente social.

Como o TPS é tratado

Muitas crianças com TPS são tão inteligentes quanto os colegas. Muitas são intelectualmente bem dotadas. Seus cérebros são simplesmente organizados de modo diferente. Elas precisam  ser ensinadas de modo adaptado ao jeito com que elas processam a informação, e precisam de atividades de lazer que sejam adequadas às suas necessidades próprias de processamento sensorial.
Depois de devidamente diagnosticadas com TPS, elas se beneficiam de um programa de tratamento de terapia ocupacional (TO) com abordagem de integração sensorial (IS). 
Quando correta e aplicada por um clínico bem treinado, a terapia auditiva (como o Sistema Auditivo Integrado) ou outras terapias complementares podem ser combinadas eficazmente com a TO-IS.
A terapia ocupacional com a abordagem da integração sensorial tipicamente se torna um ambiente sensorialmente rico, algumas vezes chamado de “OT gym”. Durante as sessões de TO, o terapeuta guia a criança em meio a atividades divertidas que são sutilmente estruturadas de modo que a criança seja constantemente desafiada, mas sempre de modo bem sucedido.
O objetivo da TO é de criar respostas apropriadas à sensação de modo ativo, com significado e divertido, para que a criança seja capaz de se comportar de uma maneira mais funcional. Com o tempo, as respostas corretas se generalizam para o ambiente além da clínica, incluindo o lar, escola e toda a comunidade. A terapia ocupacional eficaz permite, assim, que crianças com TPS tomem parte nas atividades normais da infância, tais como brincar com os amigos, gostar da escola, comer, vestir-se e dormir.
Idealmente, a terapia ocupacional para o TPS é centrada na família. Os pais são envolvidos e trabalham com o terapeuta para aprender mais sobre os desafios sensoriais dos seus filhos e os métodos de engajamento nas atividades terapêuticas (algumas vezes chamadas de “dieta sensorial”) em casa e nos outros locais. O terapeuta da criança pode propor ideias aos professores e outras pessoas fora da família e que interajam regularmente com a criança. As famílias têm a oportunidade de comunicar suas próprias prioridades para o tratamento.
O tratamento do TPS ajuda os pais e outras pessoas que vivem e trabalham com as crianças atingidas a entenderem que o TPS é real, mesmo que fique “escondido”. Com essa confirmação, eles se tornam melhores advogados dos seus filhos na escola e na comunidade.
Fonte:
Veja também o link a seguir:

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

267- Uma carreira em alta tecnologia para uma mente turbinada


Você está precisando de uma nova carreira que seja adequada para um cérebro em constante mudança? Adote o mundo digital. Eis aqui o porquê.  Por Pete Quily.

Muitas pessoas que trabalham na indústria de alta tecnologia têm TDAH. A condição e a tecnologia são um complemento natural. A evolução e a mudança constante no mundo da alta tecnologia podem ser estressantes para as pessoas neurotípicas, mas é estimulante para nós. A tecnologia é uma fonte confiável e poderosa de pulsos de dopamina.

Se você estiver tendo dificuldades em sua carreira, tente o mundo da informática. Precisa de uma prova? Pense no fato de que muitos portadores de TDAH têm...

A capacidade de hiperfocalizar.
Quando fiquei online pela primeira vez, em 1993, num cybercafé, comecei minha jornada às 8 da manhã e fui para casa às 4 da madrugada.

A capacidade de fazer múltiplas tarefas ao mesmo tempo.
Posso usar 14 aplicativos de uma vez e surfar no meio deles sem nenhum esforço extra.

Lances criativos.
Com recolhemos mais informação que uma pessoa mediana, e somos facilmente distraídos, vemos os problemas por vários ângulos. Precisa de um gerador de ideias? Encontre um TDAH.

Um cérebro que procura estímulos.
Um cérebro TDAH é o par perfeito para o mundo da informática.
Um lobo frontal subestimulado é repentinamente despertado por um meio virtual superestimulado.  

A disposição de assumir riscos.
Impulsividade significa assumir riscos e ação. Agimos enquanto a oportunidade está quente, em vez de ficar paralisados pela análise.

Ausência de medo nas crises.
Melhoramos nas crises e no caos. Os TDAHs podem criar ordem a partir do caos (”ordo ab chao”). Também podemos criar uma boa quantidade de caos...

Este artigo foi publicado no número  Spring 2013 de ADDitude

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

266- Não Esqueça: Dicas de Memória para Estudantes com TDAH



Dicas práticas para melhorar a memória de estudantes com TDAH ou Dificuldades de Aprendizagem, e para acentuar o desempenho acadêmico. Por Matthew Cruger, Ph.D.

Você diz ao seu filho com TDAH ou Dificuldade de Aprendizagem para terminar seu lanche e começar a fazer a tarefa de casa. Apenas alguns minutos mais tarde você descobre que ele está jogando basquete na rua. Você pensa que ele se distraiu ou, pior, que ele escolheu lhe desobedecer. Na verdade, pode ser a memória dele a culpada – e o esquecimento pode causar problemas escolares para crianças com TDAH e Dificuldades de Aprendizagem.

Muitas crianças com TDAH têm dificuldades com sua memória de trabalho – a capacidade de manter a informação na mente para que ela possa estar disponível para uso imediato. Algumas têm também dificuldade com a recuperação, o processo de se lembrar da informação que tinha sido armazenada anteriormente.

É claro, nossas crianças também têm dificuldade com a atenção, que é um pré-requisito para a memória. Ambas são essenciais para a aprendizagem e para o sucesso acadêmico.

Mantendo a informação “online”

A memória de trabalho permite que um estudante siga as instruções, que se lembre de uma questão enquanto levanta a mão e responde a ela, e a reter as novas informações que precisa para aplicar ao seu trabalho.

Na leitura, a memória de trabalho ajuda nossa compreensão, tornando possível organizar e resumir o texto e conectá-lo ao que já conhecemos. Na escrita, ela nos permite ajustar os pensamentos que queremos passar para o papel, enquanto conservamos uma visão geral em mente. Na matemática, a memória de trabalho nos permite dar conta dos números e das operações em meio às etapas de um problema.

Quanto mais forte a memória de trabalho de uma criança, mais tempo ela consegue reter e lidar com novo assunto, maior a chance de se lembrar dele, na próxima hora, no dia seguinte, ou depois.

Acessando os arquivos

Às vezes parece que seu filho não sabe mais o que ele já dominava? O problema dele pode ser de recuperação da informação – ir busca-la na memória de longo prazo. Sem a capacidade de trabalhar com o material aprendido no passado – vocabulário, fatos da matem ética, a sequência de eventos de algum fato histórico – o aprendizado de novo material é lento e frustrante.

Crianças com transtornos de aprendizagem podem ter dificuldade em acessar tipos particulares de informação. Uma criança com dislexia pode ser lenta para lembrar-se de palavras que leu antes, fazendo necessário que procure por elas a todo o tempo. Uma criança com transtorno da escrita pode esquecer as regras gramaticais e a sintaxe; um estudante com déficit em aritmética pode sofrer um branco nas tabuadas. Se o seu filho tem TDAH e dificuldades de aprendizagem, ambos podem afetar a memória em diversas maneiras que interferem com o aprendizado.

Dominando a memória

Ajudar seu filho a melhorar sua memória pode ser um longo caminho em direção à melhoria de seu desempenho escolar.
Arranje um local para estudar que seja livre de ruídos, interrupções e de distrações tentadoras, como televisão ou a caixa de brinquedos. O material que seu filho precisa para aprender deve ser a coisa mais interessante por perto.

Faça seu filho saber quando vai ouvir informação que precisa reter. Você pode dizer, “Quero que você se lembre disso”, ou “Ponha isso na sua memória”.

Propicie uma contagem dos detalhes a serem lembrados. Você pode dizer, “Há dez novas palavras de vocabulário. Cinco são verbos relacionados ao transporte e cinco são adjetivos que descrevem a velocidade”.

Arrume uma estrutura para a informação. Auxilie seu filho a ver como a nova matéria é relevante para sua vida ou relacionada a coisas que ele já sabe. Em matemática, por exemplo, crie problemas com palavras para mostrar como a subtração pode ajudar a determinar quantos doces sua mesada pode comprar. Se uma lição de ciência focaliza a questão de como os animais se adaptam ao seu ambiente, lembre seu filho de que as baleias têm gordura para protegê-las do frio, e que os camaleões mudam de cor para se camuflar no meio ambiente.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

265- Entrevista: Alexandre Lopes


 
'Professores precisam parar com desculpas', diz brasileiro que concorre a prêmio de melhor docente dos EUA.

À frente de turmas que misturam crianças com autismo, adotivas e imigrantes, ele afirma que, a despeito das condições adversas, missão do educador segue sendo a de desenvolver o potencial máximo dos alunos.

Em abril, o brasileiro Alexandre Lopes, de 44 anos, pode receber um aperto de mão do presidente Barack Obama. Ele é um dos quatro finalistas de um tradicional prêmio americano que desde 1952 aponta o melhor professor do ano no país. A premiação acontece na Casa Branca. Formado em produção editorial, Lopes deixou o Brasil em 1995. Nos Estados Unidos, trabalhou como comissário de bordo antes de se tornar professor do ensino infantil. Desde 2005, leciona em uma escola pública de Miami, na Flórida. Na unidade, é o primeiro especialista em educação inclusiva, método que prevê a integração de todos os estudantes a estabelecimentos regulares de ensino, a despeito de limitações físicas, intelectuais ou sociais. Lopes cuida de 25 alunos com idades entre 3 e 5 anos de idade, sendo que um terço deles tem autismo, distúrbio que afeta a capacidade de comunicação. Seu desafio é oferecer conhecimento a todas as crianças, considerando dificuldades e possibilidades de cada uma. "Meu dever como professor é fazer com que meu aluno chegue mais próximo de seu potencial máximo, seja ele qual for." Para cumprir a tarefa, o professor não descansa. Se quer apresentar dinossauros aos pequenos, leva bonecos dos bichos pré-históricos à sala de aula; se o desafio é explicar o significado da palavra "áspero", apresenta uma lixa. A fama de bom mestre se espalhou. No início do ano passado, o brasileiro foi escolhido pelos colegas o melhor professor da escola e, meses depois, o melhor docente da Flórida. Agora, ele tenta conquistar a América com o prêmio concedido pelo CCSSO, organização que reúne secretários estaduais de educação dos Estados Unidos. Na entrevista a seguir, Lopes conta como fez da profissão um exercício de dedicação, que inclui a investigação do potencial de cada criança e o desenvolvimento de estratégias quase personalizadas para driblar obstáculos. "Meu lema é: aquele que traz menos é sempre o que recebe mais", diz. "Situações adversas não podem servir de desculpa."

Como um brasileiro se tornou candidato a melhor professor dos Estados Unidos?

Em 2001, a companhia aérea em que eu trabalhava apresentou um programa de demissão voluntária, oferecendo benefícios para quem optasse pela saída. Achei que era hora de buscar nova formação. Eu queria me especializar em línguas estrangeiras, mas uma conselheira vocacional analisou meu currículo e sugeriu que eu fizesse um curso de educação especial para a primeira infância. Eu nem sabia do que se tratava, mas resolvi arriscar. Então, me apaixonei pela área. Mais tarde, recebi uma recomendação para uma bolsa de mestrado na Universidade de Miami. Em 2005, recebi o convite para iniciar a primeira turma de educação inclusiva na escola em que trabalho até hoje. Ali, ganhei fama de bom professor: algumas famílias de outras localidades viajavam mais de uma hora para matricular seus filhos em minhas aulas. Em 2012, fui escolhido o melhor professor da escola pelos meus colegas, o que deu início a essa história de premiações. Acho que uma série de fatores contribuiu para meu desempenho: o principal é levar meu trabalho muito a sério e nunca deixar de estudar. Além do mestrado, possuo certificação nacional em educação especial e estou terminando o doutorado na Universidade Internacional da Flórida. Exerço minhas funções com dedicação e carinho, além de conhecer a fundo toda a teoria envolvida em cada ato educacional dentro de uma sala de aula.

Como são suas turmas na escola?

Trabalho com crianças de 3 a 5 anos. No período da manhã, tenho uma turma de 12 alunos e, à tarde, outra de 13. Cerca de um terço dos meus alunos tem autismo. Há também alunos filhos de imigrantes, que ainda estão aprendendo inglês, além de crianças em condições socioeconômicas adversas, vivendo em abrigos ou com famílias provisórias. Por serem crianças muito novas, as turmas não podem ser grandes.

Como lidar com turmas com condições tão particulares?

Toda a minha instrução é acompanhada por representações concretas, pictórica e simbólica, do que está sendo dito. Se trato de dinossauros, mostra à turma, respectivamente, bonecos dos bichos, imagens projetadas na lousa digital e nomes dos animais. Quando conto uma história, apresento imagens do local onde ela se passa e dos personagens envolvidos. Se digo que algo é áspero, dou uma lixa para as crianças passarem a mão e saberem o que aquela palavra significa.

Onde entram os fundamentos da educação inclusiva?

Defino educação inclusiva como o método em que o objetivo é atingir o potencial máximo de cada um dos seus alunos. Meu objetivo é fazer com que todas as crianças progridam. Nem todas, é claro, alcançarão o mesmo desenvolvimento. Meu dever é apenas fazer com que o aluno chegue mais próximo do seu potencial, seja ele qual for.

Qual a maior gratificação do trabalho?

Dou muito valor às pequenas conquistas. Certa vez, recebi um aluno no dia em que ele completava três anos de idade. Era tranquilo, mas não falava nada. Contudo, toda vez que eu demorava um pouco mais em uma atividade, ele me beliscava para chamar minha atenção. Ensinei a ele que, se quisesse algo, ele deveria pedir, apontar, tocar, mas nunca beliscar alguém. Ele aprendeu, mas seguia sem falar. Finalmente, após quase dois anos de trabalho, um dia isso aconteceu. Eu trabalhava com outra criança quando alguém tocou as minhas costas. Então, ouvi uma voz rouca dizer: "Alex." Comecei a chorar: a primeira palavra que ele disse foi o meu nome. Eu me envolvo muito com os meus alunos. Acho que não há outra forma de ensinar.

O senhor citou o uso de lousa digital. Suas técnicas poderiam ser usadas no Brasil, levando em conta que nem todos os professorem têm acesso à tecnologia em sala de aula?

Em qualquer escola do mundo essas técnicas podem ser utilizadas. A alta tecnologia nos auxilia em sala de aula, mas temos também o que chamo de "baixa tecnologia", que depende exclusivamente dos conhecimentos e criatividade do professor. Não ter as mesmas condições de ensino de outros colegas é um desafio para muitos professores, mas isso não pode servir de desculpa.

Os educadores apresentam muitas desculpas?

Acho que a educação passa por uma crise e temos que sair dela. Se aceitarmos qualquer desculpa, só vamos perpetuar essa crise. Na escola em que trabalho, há um incentivo grande para que os pais participem mais da educação dos filhos. Eu me esforço particularmente nessa tarefa: se for preciso, dou cambalhotas para trazê-los à escola, pois as crianças só têm a ganhar quando os pais se envolvem na educação delas. No entanto, não posso deixar que a ausência da família se torne uma desculpa para o fracasso educacional do aluno. O meu lema é: aquele que traz menos é sempre o que recebe mais. Se o desafio do aluno é aprender um novo idioma, devo lidar com isso. Se ele tem deficiência no desenvolvimento, devo lidar com isso. Se ele vive em uma situação de vulnerabilidade, tenho de lidar com isso. Caso o aluno não esteja evoluindo como esperado, o professor deve se questionar a respeito dos rumos do trabalho.

De maneira geral, os professores americanos têm condições de trabalho melhores do que as oferecidas a seus pares brasileiros. Isso não é um desafio a mais?

Nunca trabalhei como professor no Brasil e não conheço a fundo os dilemas enfrentados pelos profissionais no país. As pessoas acham que um professor Flórida é muito mais valorizado, mas não é bem assim se compararmos essa atividade a outras. Somente agora, após muito trabalho e dedicação, atingi remuneração semelhante à que recebia como comissário de bordo. Se pensarmos que possuo mestrado e estou prestes a concluir o doutorado e que um comissário de bordo precisa apenas do ensino médio completo, há uma discrepância salarial muito grande também aqui.

O que mudou na sua vida desde que o senhor começou a acumular prêmios na profissão?

 Desde agosto, após ter sido escolhido o melhor docente da Flórida, não estou mais na sala de aula. Tornei-me embaixador da educação, com as funções de inspirar colegas e representar o estado em conferências e atividades educacionais. Minha vida fugiu ao meu controle (risos).

O senhor pretende lecionar no Brasil?

Eu nunca parei para pensar nisso. Na verdade, nunca pensei que um dia seria requisitado para tal tarefa. Tudo aconteceu muito rápido. De qualquer forma, acredito que terei oportunidade para dividir o que sei com os professores no Brasil. Isso me deixaria lisonjeado.

264- Professores são educadores, não babás.


 
Autor do 2º artigo mais compartilhado no Facebook em 2011, americano diz que pais desrespeitam regras de escolas, pondo em risco o futuro dos filhos.

Nathalia Goulart

O segundo artigo mais compartilhado em 2011 por usuários americanos do Facebook foi escrito por um professor, Ron Clark (o primeiro trazia fotos da usina de Fukushima). Mais de 600.000 pessoas curtiram o texto na rede, escrito a pedido da rede de TV CNN e intitulado "O que os professores realmente querem dizer aos pais". O artigo descreve um cenário de guerra, travada entre pais e professores. Na visão de Clark, os pais vêm transferindo suas responsabilidades para a escola, sem, contudo, aceitar que seus filhos se submetam de fato às regras da instituição. Por isso, assim que surge a primeira nota vermelha ou uma advertência, invadem a sala de aula culpando os professores – a pretexto de preservar a reputação e o orgulho de seus filhos. "Precisamos estar mais atentos à excelência acadêmica e menos preocupados com a autoestima das crianças", diz o professor, na entrevista concedida a VEJA.com e reproduzida a seguir. "Essas crianças deixam de aprender que é preciso se esforçar muito para conseguir bons resultados. No futuro, elas não terão sucesso porque, em nenhum momento, exigiu-se excelência delas." Clark conhece sua profissão. Aos 39 anos, vinte deles dedicados à carreira, o americano já lecionou na zona rural da Carolina do Norte, nos subúrbios de Nova York e atualmente comanda uma escola modelo no estado da Geórgia que oferece treinamento a educadores. Graças à função, manteve, desde 2007, contato com cerca de 10.000 educadores de diversas partes do mundo, incluindo brasileiros.

Em seu artigo, o senhor fala de um ambiente escolar em que pais e professores não se entendem mais. O que tornou a situação insustentável, como o senhor descreve?

A sociedade se transformou. Hoje, vemos pais muito jovens, temos adolescentes que se veem obrigados a criar uma criança sem ao menos estarem preparados para isso. São pessoas imaturas. Por outro lado, temos famílias abastadas, em que pais trabalham fora e são bem-sucedidos profissionalmente. Pela falta de tempo para lidar com os filhos, empurram toda a responsabilidade da educação para a escola, mas querem ditar as regras da instituição. Ou seja, eles querem que a escola eduque, mas não dão autonomia a ela.

Que tipo de comportamento dos pais irrita os professores?

Acho que o ponto principal são as desculpas que os pais criam para livrar os filhos das punições que a escola prevê. Se um aluno tira nota baixa, por exemplo, ou deixa de entregar um trabalho, os pais vão à escola e descarregam todo tipo de desculpa: dizem que o filho precisava se divertir, que a escola é muito rigorosa ou que a criança está passando por um momento difícil. Ou, ainda, culpam os professores, dizendo que eles não são capazes de ensinar a matéria. Mas nunca culpam seus próprios filhos. É muito frustrante para os professores ver que os pais não querem assumir suas responsabilidades.

Problemas com notas são bastante frequentes?

Sim. Certa vez tive uma aluna que estava indo mal em matemática. A mãe dela justificou-se dizendo que, na escola em que a filha estudara antes, ela só tirava boas notas, sugerindo, assim, que o problema éramos nós, os novos professores. Infelizmente, essa ideia se instalou na nossa sociedade. Se a nota é boa, o mérito é do aluno; se é baixa, o problema está com o professor. E quando as notas ruins surgem, os pais ficam furiosos com os professores. O resultado disso é que muitos profissionais estão evitando dar nota baixa para não entrar em rota de colisão com os pais, que nos Estados Unidos chegam a levar advogados para intimidar a escola.

Os pais poupam os filhos de lidar com fracassos?

Hoje, existe uma preocupação grande com a autoestima da criança. Por isso, muitas pessoas se veem obrigadas a dizer aos pequenos que eles fizeram um ótimo trabalho e que são brilhantes, mesmo quando isso não é verdade. Essas crianças deixam de aprender que é preciso se esforçar muito para conseguir bons resultados. No futuro, elas não terão sucesso porque, em nenhum momento, exigiu-se excelência delas. Precisamos estar mais atentos à excelência acadêmica e menos preocupados com a autoestima das crianças.

Que conselho o senhor dá aos professores?

É possível evitar que os pais surtem diante de notas ruins e do mau comportamento dos filhos se for construída uma relação de confiança. Em vez  de só procurar os pais quando as crianças vão mal na escola, oriento que os professores conversem com os responsáveis também quando a criança vai bem. Na minha escola, procuro conhecer os pais de todos os meus alunos. Procuro encontrá-los com frequência e envio cartas a eles com boas notícias. Assim, quando tenho que dizer que a criança não está rendendo o esperado, eles me darão credibilidade e confiarão na minha avaliação.

É possível determinar quando termina a responsabilidade dos pais e começa a da escola?

As duas partes precisam trabalhar em conjunto. Os pais precisam da escola e a escola precisa do apoio da família para realizar um bom trabalho. Um conselho que sempre dou aos pais é que nunca falem mal da instituição de ensino ou do professor na frente dos filhos. Se a criança ouve os próprios pais desmerecerem seus mestres, perde o respeito por eles. O contrário também é verdadeiro. Os professores precisam respeitar os pais, porque eles são parte fundamental na educação de uma criança.

Em algumas situações a discussão sobre responsabilidades da família e da escola surge com muita força. Em casos de bullying, por exemplo, pais e professores trocam acusações. Sobre quem recai a maior parte da responsabilidade nesses casos?

A minha resposta novamente é que precisamos trabalhar em conjunto. Quando o bullying acontece na escola, é obrigação dos professores intervir imediatamente. Mas muitos não agem assim porque querem evitar conflitos com os pais. E isso é muito grave. O bullying está devastando nossas crianças. Precisamos combatê-lo. Para que os professores tenham liberdade para agir, precisam do apoio dos pais. Mas você sabe o que acontece? Muitas vezes, quando os pais são chamados na escola para serem alertados de que seu filho está praticando bullying contra um colega de classe, o que ouvimos é: "Mas qual o problema disso? Tenho certeza de que outros colegas também zombam do meu filho e ele não se sente mal por isso." Mais uma vez, vemos os pais se esquivando da responsabilidade.

A que o senhor atribui o sucesso do artigo que estourou no Facebook?

Eu escrevi o que todos os professores tinham vontade de dizer aos pais, mas não podiam dizer, porque isso os enfureceria. O que eu fiz foi dar voz a milhões de profissionais. Fiquei sabendo que muitas escolas imprimiram o texto e enviaram uma cópia a cada família. Na internet, pessoas de outros países também compartilharam a minha mensagem.

O senhor criou uma escola modelo, a Ron Clark Academy. Como é a relação de seus professores com os pais?

Procuramos estabelecer uma relação próxima. Como eu disse, estamos constantemente em contato com os pais, nos bons e nos maus momentos. Também promovemos encontros semanalmente, nos quais ofereço aos pais a oportunidade de assistir a uma aula na escola, destinada exclusivamente a eles, para que acompanhem o que está sendo ensinado a seus filhos. Ou seja, trabalhamos muito para conquistar uma relação harmônica. Não estou dizendo que é fácil lidar com os pais. Alguns deles podem ser bem malucos.

O senhor, na sua escola, recebe professores de diversas partes dos Estados Unidos e também de outros países, como o Brasil. Além dos problemas de relacionamento com os pais, do que mais professores de todo o mundo reclamam?

As avaliações tiram o sono dos professores. Não sei exatamente como funciona no Brasil, mas nos Estados Unidos os professores são constantemente cobrados a melhorar o desempenho de suas escolas em testes padronizados. E todo o processo educacional passa a girar em torno de algumas provas. Isso é massacrante, para os alunos e para os professores. Os professores precisam de mais diversão na sala de aula.

263- Os Jogos da Raiva (TDAH e TOD) (ADHD & ODD)


Os Jogos da Raiva

Abatida pelo transtorno de oposição e desafio do seu filho? Pare com essa loucura – e com os surtos violentos – com essas estratégias para mudança. Por Karen Barrow.

Anne detesta acordar pela manhã. Seu filho, Sam, de nove anos de idade, é imprevisível. Às vezes ele segue as rotinas matinais. Outras vezes, ele briga por coisas pequenas – um pedido para se vestir, uma parada não programada a caminho da escola, ou um simples “não” a um pedido de pizza ou de dinheiro.

“Todo dia, nunca sei o que esperar dele”, diz Anne, que é gerente de relações públicas de um colégio particular em New Hampshire. “Ele começa a gritar e a chutar quando as coisas não são como ele quer”.

Sam foi diagnosticado com TDAH aos cinco anos e, enquanto explicasse algumas de suas dificuldades, tal diagnóstico nunca explicou seu temperamento agressivo e desafiador. Somente no início deste ano escolar Anne procurou ajuda para o comportamento do seu filho, que estava se tornando muito estressante para sua família. O pediatra diagnosticou que Sam sofria de TOD - Transtorno de Oposição e Desafio.

Reconheça o TOD em seu filho

Crianças com TOD têm um padrão de raiva, violência e comportamentos agressivos em relação a seus pais, cuidadores e outras figuras de autoridade. Antes da puberdade, o TOD é mais comum em meninos, mas, depois da puberdade, é igualmente comum em ambos os sexos. Sam não está sozinho em seu duplo diagnóstico de TDAH e TOD; calcula-se que até 40% das crianças com TDAH tenham TOD.

Toda criança age e testa seus limites de tempo em tempo, e o TOD parece o comportamento adolescente típico: responder, crises de raiva e agressividade. O primeiro passo para corrigir o comportamento problemático da criança é reconhecer o TOD. Como você sabe que seu filho está sendo apenas uma criança ou se ele precisa de ajuda profissional?

Não há uma linha clara entre o “desafio normal” e o TOD, diz Ross Greene, Ph.D., professor associado de clínica psiquiátrica na Harvard Medical School e autor do livro “The Explosive Child”. A falta de critério claro explica por que os profissionais geralmente discordam se uma criança deve ser diagnosticada com TOD.

Greene enfatiza que compete aos pais decidir quando procurar ajuda para uma criança desafiadora. “Se você estiver sofrendo com o comportamento do seu filho, e isso estiver causando interações desagradáveis em casa e na escola, você terá preenchidos os critérios para ter um problema”, diz Greene. “E eu sugiro que você procure auxílio profissional”.

Anne nunca tinha ouvido falar de TOD quando consultou uma terapeuta cognitiva comportamental para discutir estratégias de controle do comportamento errático do seu filho. Depois de ficar certo tempo na casa da família, observando Sam e suas interações com sua mãe, a terapeuta viu sinais de TOD. “Eu não sabia do que ela estava falando”, diz Anne. Na visita seguinte ao médico, Anne perguntou se o TOD podia explicar o comportamento de Sam, e o médico disse que sim.

“Quando penso sobre isso, o diagnóstico faz sentido”, diz Anne. “Nada que usei com minha filha mais velha – como somar algumas consequências antes de puni-la – para controlar seu comportamento, funcionou com Sam”.

Outra mãe, Jane Gazdag, contadora em Nava Iorque, começou a notar comportamento problemático em seu filho, Seamus Brady, agora com oito anos, quando ele tinha quatro anos de idade. “Ele gritava por duas ou três horas por causa de coisas pequenas”, diz Jane. “Ele brigava por tudo”.

Quando Jane descobriu que tinha parado de fazer coisas alegres com seu filho, como passar o dia em Manhattan, porque para ela seria muito estressante, ela suspeitou que ele tivesse TOD e falou sobre isso com o pediatra. Seamus foi diagnosticado com TOD.

Os sinais do TOD podem ser vistos no comportamento de uma criança em relação ao seu cuidador. O comportamento desafiador pode se espalhar a um segundo cuidador e aos professores ou demais figuras de autoridade, mas se aparece em uma criança com TDAH, o TOD aparecerá dentro de dois anos depois do diagnóstico do TDAH.

Se uma criança começa a se tornar desafiadora, há um modo fácil de dizer se o comportamento é uma consequência do TDAH ou se é um sinal do TOD. “O TDAH não é um problema de começar uma tarefa, é um problema de terminar uma tarefa”, diz Russel Barkley, Ph.D., professor de psiquiatria e de pediatria na Medical University of South Carolina. “Se uma criança não pode começar uma tarefa, é TOD”.

A ligação Impulsividade/Desafio

Entender por que o TOD é encontrado tão frequentemente em crianças com TDAH é entender as duas dimensões do transtorno – os componentes emocional e social, diz Barkley. Frustração, impaciência e raiva é parte do componente emocional. Discussão e desafio desmedido é parte do aspecto social.

Muitas crianças com TDAH são impulsivas, e isso dirige o componente emocional do TOD. “Para pessoas com TDAH, as emoções são expressas rapidamente, enquanto outras pessoas são capazes de conter seus sentimentos”, diz Barkley. Por isso que a pequena parte de crianças com o tipo desatento do TDAH é menos sujeita a desenvolver o TOD. Crianças que têm TDAH, com intensa impulsividade, são mais sujeitas a serem diagnosticadas com TOD.

Raiva e frustração são de manejo difícil em uma criança com TOD e TDAH, mas é o desafio que aumenta o estresse da família causado pelo TOD. O mais surpreendente é que os pais alimentam o desafio. Se um pai cede rapidamente quando a criança tem uma crise de raiva, a criança aprende que pode manipular as situações tornando-se enraivecida e iniciando uma briga. Esse aspecto do TOD é um comportamento aprendido, mas pode ser desaprendido por meio da terapia comportamental.

Primeiro o TDAH, depois o TOD

Antes de enfrentar o TOD da criança, é importante que o seu TDAH esteja controlado. “Quando reduzimos a hiperatividade, a impulsividade e a desatenção da criança, talvez por causa da medicação, observamos melhora simultânea do comportamento de oposição”, diz Greene.

Os medicamentos estimulantes tradicionais são a droga de escolha inicial porque têm mostrado que reduzem os prejuízos do TDAH, assim como do TOD, em até 50% em mais de 25 pesquisas publicadas, diz William Dodson, M.D., que se especializou no tratamento do TDAH, em Greenwood, Colorado. Medicamentos não estimulantes também podem ajudar. Em um estudo, os pesquisadores descobriram que a droga atomoxetina, a forma genérica do ingrediente ativo do Strattera, reduz significativamente os sintomas do TOD e do TDAH. Os pesquisadores notaram durante a pesquisa, publicada no Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, em março de 2005, que doses mais altas da medicação eram necessárias para controlar os sintomas em crianças que tinham como diagnóstico as duas condições.

O Strattera ajudou Seamus a controlar suas emoções, reduzindo o número e a intensidade de suas crises de raiva. “Fez uma grande diferença”, diz Jane. Para alguns, a medicação não é o bastante, e depois da criança ter os sintomas do seu TDAH sob controle, será a hora de atacar os comportamentos do TOD.

Embora haja pouca evidência a mostrar que algum tratamento seja eficiente no tratamento do TOD, muitos profissionais concordam que a terapia comportamental tem o maior potencial para ajudar. Há muitas formas de terapia comportamental, mas a abordagem mais comum é recompensar o bom comportamento e estabelecer consequências consistentes para ações e comportamentos inadequados.

Programas de terapia comportamental não começam com a criança; eles começam com o adulto. Como geralmente a criança com TOD tem um cuidador que a leva às crises de raiva e de comportamento violento, ou oferece punição inconsistente para o mau comportamento, a criança pensa que surtar lhe dará o que ela quer. Assim, o cuidador principal tem de ser educado para responder efetivamente a uma criança com TOD. Outra parte do treinamento dos pais é verificar se um deles é portador de TDAH sem diagnóstico; adultos com o transtorno são mais propensos a não controlar o comportamento da criança.

Estabelecer punição consistente é somente parte do programa de terapia comportamental; os pais precisam aprender a usar reforço positivo quando uma criança se comporta bem.

Mantenha o programa

Um terapeuta comportamental trabalha com os pais e a criança, juntos, para reduzir os problemas de comportamento. No topo da lista de Anne estava o “cale a boca” que seu filho gritava para todo mundo. Anne mantinha uma folha para anotar o número de vezes que seu filho gritava em um dia. Ao final do dia, Anne e seu filho viam o total juntos. Se o número estivesse abaixo da meta do dia, ela lhe dava uma pequena recompensa, um brinquedo ou um tempo a mais para jogar videogame. Dia a dia, Sam tentava reduzir o número de vezes que ele dizia “cale a boca”, e Anne tentava ser consistente em suas punições.

Todos os cuidadores de uma criança precisam participar do programa. Avós, professores, babás, e outros adultos que ficam por um tempo sozinhos com seu filho, precisam entender que a necessidade de consistência na terapia comportamental se estende a eles também.

“O TOD tem efeito deletério nos relacionamentos e na comunicação entre as crianças e os adultos”, diz Greene. “Você vai querer melhorar as coisas o mais rápido que puder”.

Anne acredita que sua diligência vai ser recompensada. “Esperamos que todo o trabalho que temos feito será, um dia, bom para o Sam”, ela diz.

Este artigo foi publicado no número de primavera de 2013 de ADDitude.

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