sexta-feira, 11 de abril de 2014

329 - Esperto Mas Enrolado: As Emoções do TDAH


Raiva, explosões, ansiedade, irritabilidade, impaciência: Mais do que a maioria das pessoas, os portadores de TDAH podem ser guiados pelas emoções. 

Por Thomas E. Brown, Ph.D., autor de "Smart but Stuck: Emotions in Teens and Adults with ADHD"

As Emoções Governam

Poucos médicos levam em conta os desafios emocionais quando fazem o diagnóstico de TDAH. De fato, os critérios atuais de diagnóstico do TDAH não mencionam "problemas com as emoções", embora as pesquisas recentes revelem que os que têm TDAH sofrem significativamente mais de dificuldades como baixa tolerância à frustração, impaciência, temperamento difícil e excitabilidade em comparação a um grupo controle.

Processar a Emoção: Uma Coisa do Cérebro

Os desafios com as emoções começam no próprio cérebro. Algumas vezes as dificuldades de memória de trabalho do TDAH permitem que uma emoção momentânea se torne muito forte, invadindo o cérebro com uma emoção intensa. Outras vezes, a pessoa com TDAH parece insensível ou alheia às emoções dos outros. As redes cerebrais de conexão que carregam informação relativa à emoção parecem de algum modo mais limitadas nos indivíduos com TDAH.

Preso em um Sentimento

Quando um adolescente com TDAH se torna enfurecido porque um pai não o deixa usar o carro, por exemplo, sua resposta extrema pode ser por "inundação" - uma emoção momentânea pode tomar todo o espaço na mente de um portador de TDAH, como um vírus de computador que pode ocupar todo o espaço de um disco rígido. Esse foco em uma emoção bloqueia informação importante que poderia ajudar a modular sua raiva e seu regular seu comportamento.

Extrema Sensibilidade à Desaprovação

Os TDAHs geralmente se tornam rapidamente imersos em uma emoção saliente e têm problemas com a mudança de foco para outros aspectos da situação. Ouvir uma pequena incerteza na reação de um colega a uma sugestão pode levar à interpretação disso como uma crítica e a uma explosão de autodefesa imprópria, sem ter ouvido cuidadosamente à resposta do colega.

Paralisado pelo Medo

Ansiedade social significativa é uma dificuldade crônica sentida por mais de um terço de adolescentes e adultos com TDAH. Eles vivem quase constantemente com medos exagerados de serem vistos pelos outros como incompetentes, pouco atraentes ou não serem bacanas.

Ceder à Esquiva e Negação

Algumas pessoas com TDAH não sofrem de uma falta de consciência de emoções importantes, mas de uma incapacidade de tolerar essas emoções o suficiente para lidar eficientemente com elas. Elas se tornam presas em padrões de comportamento para evitar emoções dolorosas que parecem muito opressoras - aproximação de prazos finais ou encontro com um grupo de pessoas desconhecidas.

Levados pela Emoção

Para muitos TDAHs, o mecanismo cerebral de comporta para regular a emoção não distingue entre ameaças perigosas e problemas menores. Esses indivíduos são frequentemente atirados ao modo de pânico por pensamentos e percepções que geralmente não levariam a essa reação. Como resultado, o cérebro TDAH não pode lidar mais racionalmente realisticamente com eventos que são estressantes.

Tristeza e Baixa Autoestima

Pessoas com TDAH não tratado podem sofrer de distimia - uma forma leve mas prolongada de depressão ou tristeza. Geralmente são desencadeadas por viver com frustrações, fracassos, feedback negativo e estresses da vida causados por falta de tratamento ou por mau tratamento do TDAH. Pessoas distimicas sofrem quase todo dia de pouca energia e baixa autoestima.

Emoções e Mãos à Obra

As emoções motivam a ação - ação para se engajar ou para evitar. Muitas pessoas com TDAH não tratado podem rapidamente mobilizar interesse somente em atividades que ofereçam gratificação muito imediata. Elas tendem a ter graves dificuldades em ativar e sustentar esforço para tarefas que ofereçam recompensa a longo prazo.

Emoções e Mãos à Obra 2

Estudos de imagens cerebrais demonstram que as substâncias químicas que ativam os circuitos de reconhecimento de recompensa do cérebro tendem a se ligar a menos receptores nas pessoas com TDAH do que no grupo controle. As pessoas com TDAH são menos capazes de antecipar o prazer ou a registrar a satisfação com tarefas para as quais o pagamento é demorado.

Emoções e Memória de Trabalho

A memória de trabalho faz entrar em jogo, consciente ou inconscientemente, a energia emocional necessária para nos ajudar a organizar e a sustentar a atenção, a monitorar e auto-regular. Muitos TDAHs, entretanto, têm memória de trabalho inadequada, o que pode explicar por que eles geralmente são desorganizados, perdem a calma ou procrastinam.

Emoções e Memória de Trabalho 2

Algumas vezes as dificuldades de memória de trabalho do TDAH permitem que uma emoção momentânea se torne muito forte. Outras vezes, as dificuldades de memória de trabalho deixam as pessoas com sensibilidade insuficiente para a importância de uma emoção particular porque elas não mantiveram outra informação relevante na mente.

Tratamento dos Desafios Emocionais


O tratamento dos desafios emocionais do TDAH requer uma abordagem multimodal: ela começa com uma avaliação cuidadosa e acurada do TDAH, que explique o TDAH e seus efeitos sobre as emoções. A medicação para o TDAH pode melhorar o funcionamento das redes neurais do cérebro. A psicoterapia pode ajudar a pessoa a controlar a raiva ou a baixa autoestima. O coaching pode ajudar uma pessoa a superar os problemas para terminar as tarefas aborrecidas.

ADDitude

domingo, 30 de março de 2014

328- Os Sete Tipos de TDA e Como Tratar Cada Um Deles


Por Daniel G. Amen, double-board certified psychiatrist

"Um tratamento não serve para todo mundo"

Como fundador de seis clínicas (Amen Clinics), trago uma abordagem multidisciplinar para o diagnóstico e o tratamento de transtornos com base cerebral, incluindo o TDA e as condições coexistentes. Durante cerca de vinte anos tenho usado as imagens cerebrais obtidas pelo SPECT, junto com outras técnicas de diagnóstico, para desenvolver planos de tratamento individualizados para cada paciente. Logo no início, descobri por meio de padrões do SPECT que o déficit de atenção não é um transtorno único ou simples.

Meu TDA não é o seu TDA

TDA, ansiedade, depressão, transtorno bipolar, autismo e outras condições não são transtornos simples ou únicos. Eles são de vários tipos. O TDA afeta muitas áreas do cérebro - o córtex pré-frontal e o cerebelo, principalmente, mas também o cíngulo anterior, os lobos temporais, os gânglios da base e o sistema límbico. Os sete tipos de TDA que eu estudei são baseados em três neurotransmissores: dopamina, serotonina e GABA.

1- O TDA clássico

Esse é o tipo mais fácil de identificar: os sintomas principais são desatenção, distratibilidade, hiperatividade, desorganização e impulsividade. As imagens do cérebro mostram atividade cerebral normal em repouso e atividade diminuída especialmente no córtex pré-frontal durante uma tarefa que exija concentração. As pessoas com esse tipo de TDA têm diminuição do fluxo sanguíneo cerebral no córtex pré-frontal, cerebelo e gânglios da base (estes últimos ajudam a produzir o neurotransmissor dopamina).

Tratamento do TDAH clássico

Aqui, o objetivo é aumentar os níveis de dopamina, que aumenta o foco. Eu faço isso com medicação estimulante (Ritalina, Adderal, Venvanse, Concerta) ou com suplementos estimulantes como rhodiola, chá verde, ginseng e o amino-ácido L-tirosina. Muita atividade física também ajuda a aumentar a dopamina, assim como o óleo de peixe, que é mais rico em EPA (ácido eicosapentaenóico) que em DHA (ácido docosaexaenóico), ambos componentes do ômega 3.

2- O TDA Desatento

Esse tipo, assim como o tipo clássico de TDA, foi descrito no DSM (The Diagnostic and Statistical Manual of Mental Deseases) desde 1980. Esse tipo é associado a baixa atividade no córtex pré-frontal e baixos níveis de dopamina. Os sintomas são baixa capacidade de atenção, distratibilidade, desorganização, procrastinação. As pessoas com esse tipo não são hiperativas ou impulsivas. Elas podem ser introvertidas e sonharem acordadas bastante. As meninas têm esse tipo tanto quanto, ou mais ainda que, os meninos

Tratamento do TDA desatento

O TDA desatento geralmente responde ao tratamento. Geralmente é possível mudar o curso da vida de uma pessoa se ela for tratada de modo conveniente. A meta, assim como com o tipo clássico, é aumentar os níveis de dopamina. Eu utilizo os suplementos como o aminoácido L-tirosina, que é um dos formadores da dopamina. Tomado em jejum dá um efeito melhor. Geralmente receito um estimulante como Adderal, Venvanse ou Concerta. Indico dieta rica em proteínas e com pouco hidrato de carbono, e exercitar-se regularmente.

3- O TDA superfocalizado

Os pacientes com esse tipo têm todos os sintomas principais do TDA, além de grande dificuldade de mudar o foco da atenção. Eles ficam presos em padrões de pensamentos ou comportamentos negativos. Há uma deficiência em serotonina e em dopamina no cérebro. Quando o cérebro é escaneado, você vê que há muita atividade na área denominada giro cingulado anterior, que é a caixa de câmbio do cérebro. Essa superatividade torna difícil ir de pensamento em pensamento, de tarefa em tarefa, e ser flexível.

Tratamento do TDA superfocalizado

A meta é aumentar os níveis de serotonina e de dopamina no cérebro. O tratamento é complicado. Pessoas com o TDA superfocalizado se tornam mais ansiosas e preocupadas quando tomam medicação estimulante. Eu uso em primeiro lugar os suplementos - L-triptofano, 5-HTP, açafrão  e inositol. Se os suplementos não ajudam os sintomas, receito Effexor, Pristiq ou Cymbalta. Evito a dieta rica em proteína nesse tipo de TDA, que pode piorar esses pacientes. O treinamento com neurofeedback é outra arma útil.

4- O TDA do lobo temporal

Esse tipo de TDA tem os sintomas principais do TDA mais os sintomas do lobo temporal (TL). O lobo temporal está localizado sob a nossa têmpora, e está envolvido com a memória, aprendizagem, estabilidade do humor e o processamento visual dos objetos. Pessoas com esse tipo têm dificuldades de aprendizagem, de memorizar e problemas de comportamento, tais como raiva súbita, agressividade e leve paranóia. Quando o cérebro é escaneado, há anormalidades nos lobos temporais e atividade diminuída no córtex pré-frontal.

Tratamento do TDA do lobo temporal

Eu utilizo o ácido gama-aminobutírico (GABA) para diminuir a atividade neuronal e inibir as células nervosas de dispararem demais ou erraticamente. Tomar magnésio - cerca de 80% da população tem níveis baixos desse mineral - ajuda na ansiedade e na irritabilidade. Medicamentos anticonvulsivantes geralmente são receitados para auxiliar na instabilidade do humor. Para os problemas de memória e de aprendizagem, eu uso gingo ou vinpocetina.

5- O TDA límbico

Esse tipo parece uma combinação de distimia ou tristeza crônica de baixo nível com o TDA. Os sintomas são mau humor, baixa energia, frequentes sentimentos de desamparo ou de culpa excessiva, e crônica baixa autoestima. Não é depressão. Esse tipo é causado por muita atividade no sistema límbico do cérebro (o centro de controle do humor), e baixa atividade no córtex pré-frontal, seja concentrado em uma tarefa ou em repouso.

Tratamento do TDA límbico

Os suplementos que funcionam melhor para esse tipo de TDA são DL-fenil-alanina (DLPA), L-tirosina, e SAMe (s-adenosil-metionina). Wellbutrin é o medicamento de minha preferência nesse tipo de TDA. Os pesquisadores acham que ele funciona por aumento da dopamina. Imipramina é outra opção para esse tipo. Exercício, óleo de peixe e a dieta correta auxiliarão uma pessoa com TDA límbico a melhor controlar os sintomas.

6- O TDA anel de fogo

Pacientes com esse tipo não têm um córtex pré-frontal hipoativo, como no TDA clássico e no desatento. Todo o cérebro é hiperativo. Há muita atividade em todo o córtex cerebral e em muitas outras partes do cérebro. Eu o denomino de "TDA plus". Os sintomas incluem sensibilidade ao barulho, à luz, ao tato (como no autismo); períodos de comportamento maldoso, incomodativo; comportamento imprevisível; fala rápida; ansiedade e medo. Nos escaneamentos cerebrais, parece um anel de hiperatividade ao redor do cérebro.

Tratamento do TDA anel de fogo

Os estimulantes, por si mesmos, podem piorar os sintomas. Eu começo com uma dieta de eliminação, se suspeito de que uma alergia esteja em jogo, e aumento os neurotransmissores GABA e serotonina por meio de suplementos e medicamentos, se for necessário. Receito suplementos de GABA, 5-HTP e L-tirosina. Quando receito medicação, começo com um dos anticonvulsivantes. Os medicamentos para pressão alta, guanfacina e clonidina, podem ser úteis, acalmando toda a hiperatividade geral.

7- TDA ansioso

As pessoas com esse tipo têm os sintomas principais do TDA e são ansiosas, tensas, têm sintomas de estresse físico como dor de cabeça e dor de estômago, prevêem o pior e ficam paralisadas em situações que provocam ansiedade, especialmente quando podem ser objeto de crítica. Quando o cérebro é escaneado, há alta atividade nos gânglios da base, grandes estruturas na profundidade do cérebro, que ajudam a produzir dopamina. Esse é o oposto da maioria de tipos de TDA, nos quais há baixa atividade nessa região.

Tratamento do TDA ansioso

A meta do tratamento é promover o relaxamento e aumentar os níveis de GABA e de dopamina. Os estimulantes para o TDA, tomados isoladamente, tornam os pacientes mais ansiosos. Eu uso, primeiro, um conjunto de suplementos "calmantes" - L-theanina, relora, magnésio e "holy basil" (Ocimum tenuiflorum). Dependendo do paciente, receito os antidepressivos tricíclicos imipramina ou desipramina, para diminuir a ansiedade. Neurofeedback também funciona para diminuir os sintomas de ansiedade, especialmente para acalmar o córtex pré-frontal.



Dr. Daniel G. Amen  -  ADDitude

quarta-feira, 12 de março de 2014

327- TDAH - Reduzindo a necessidade de doses altas de medicação com a terapia comportamental.


O tratamento medicamentoso e a terapia comportamental são considerados como tratamentos eficazes para o TDAH; a combinação desses tratamentos é geralmente vista como abordagem ideal para muitas crianças. Entretanto, no Estudo de Tratamento Multimodal do TDAH (MTA Study), o maior estudo de tratamento do TDAH já feito, o benefício do tratamento combinado comparado com o tratamento medicamentoso isolado, embora significativo para algumas medidas, não foi especialmente robusto. Isso levou alguns profissionais a questionar se a terapia comportamental era necessária quando uma criança fosse tratada eficazmente com a medicação, isto é, a terapia comportamental faria um diferença o bastante para valer à pena? (Para uma revisão do conjunto inicial de achados do MTA Study, veja www.helpforadd.com/mta-study/.

Uma das limitações de muitos estudos iniciais que examinavam o tratamento combinado - incluindo o MTA - foi a de que os benefícios adicionais da terapia comportamental foram examinados no contexto de uma dose otimizada de medicação. Por exemplo, cada criança do estudo MTA começou o tratamento medicamentoso com uma triagem intensiva, controlada por placebo, para determinar sua dose mais eficaz. Assim, os benefícios da adição do tratamento comportamental à medicação foram avaliados no contexto de um regime de dosagem otimizada. Falando de modo geral, os benefícios adicionais do tratamento comportamental, quando avaliados nesse contexto, são, no melhor dos casos, modestos.

Entretanto, o tratamento medicamentoso feito nas comunidades raramente é realizado em condições de otimizar os benefícios. E uma questão inteiramente diferente, mas importante, é saber se combinar a terapia comportamental com a medicação pode diminuir, de maneira significativa, a dose da medicação necessária para atingir o controle eficaz dos sintomas. 

Esse seria um resultado importante porque o tratamento prolongado com medicação estimulante pode estar associado a diminuição do crescimento. Doses mais baixas podem diminuir os efeitos de supressão do crescimento, estar associadas a diminuição dos efeitos colaterais, e serem mais bem aceitas por famílias preocupadas com o uso de medicamentos em seus filhos.

Um estudo publicado recentemente online no Journal of Abnormal Child Psychology [Pelham et al (2014) - A dose-ranging study of behavioral and pharmacological treatment in social settings for children with ADHD, DOI 10,1007/s10802-013-9843-8 ] avalia cuidadosamente esse importante aspecto. Os participantes foram 48 crianças com TDAH, de 5 a 12 anos de idade, que estavam participando de intensivo programa de tratamento de verão (STP). O SPT era de 9 horas ao dia e durou 9 semanas. As crianças passavam 2 horas todos os dias em atividades acadêmicas, e o restante de cada dia em grupos de atividades recreativas semelhantes às de um acampamento normal de verão (como é de costume nos Estados Unidos).

Tratamentos

Medicação -  Durante o STP, as crianças receberam três doses diferentes de medicação estimulante, isto é, baixa, média e alta, além de placebo. A medicação era metilfenidato de efeito curto (a forma genérica da Ritalina) e foi administrada 3 vezes ao dia. A dose da medicação era mudada diariamente e o pessoal do STP não sabia o que a criança havia tomado a cada dia.

Terapia comportamental - A terapia comportamental foi realizada com duas variantes: baixa intensidade e alta intensidade. Em ambos os casos, o tratamento incluía um sistema de pontuação para promover o comportamento desejado, regras e expectativas claramente estabelecidas, treinamento para desenvolver habilidades sociais e resolver problemas sociais, elogio social e reforço, treinamento de habilidades atléticas, e o uso de recompensas diárias e semanais.

A principal diferença foi que, na condição de baixa intensidade, cada elemento foi modificado para que necessitasse de menor esforço para ser fornecido. Por exemplo, na condição de alta intensidade, as crianças ganhavam e perdiam pontos durante o dia com base em seu comportamento. na condição de baixa intensidade, as crianças recebiam feedback sobre seu comportamento mas não ganhavam ou perdiam pontos. 

De modo semelhante, embora o conteúdo das lições de habilidades sociais fosse similar, na condição de menor intensidade, o feedback das habilidades sociais não era incorporado nas atividades diárias e o treinamento para resolver problemas sociais não era fornecido. Recompensas por bom comportamento eram fornecidas em base semanal e não diária.

O Desenho do Estudo

O desenho básico do estudo variava a dose da medicação - placebo, baixa, média, alta - com tratamento comportamental - nenhum, baixa intensidade, alta intensidade - de modo que o comportamento das crianças em cada combinação de tratamento pudesse ser avaliado. Assim, cada criança foi avaliada durante todas as combinações possíveis de dose de medicamento e terapia comportamental. Isso permitiu aos pesquisadores determinar, por exemplo, como uma dose baixa da medicação combinada com terapia comportamental de baixa intensidade se comparava a uma dose alta de medicação sozinha.

Medida dos efeitos

A avaliação do comportamento das crianças durante cada combinação de medicação e terapia comportamental foi feita por conselheiros. Os conselheiros eram "cegos" quanto à medicação, mas, como ele faziam o tratamento comportamental, estavam cientes de em qual condição comportamental a criança estava inserida, isto é, nenhuma, baixa intensidade, alta intensidade.

A pontuação do principal efeito foi derivada do sistema diário de pontuação empregado no STP. Por esse sistema, medidas diárias foram obtidas para cada nível de violação de regras por parte de cada criança, não cooperação, interrupção, problemas graves de conduta e verbalizações negativas. Além disso, os conselheiros completaram um diário de pontuação de sintomas de TDAH, do grau total de prejuízo e dos efeitos colaterais da medicação.

Resultados

Com era esperado, o tratamento medicamentoso na ausência de modificação do comportamento estava associado a melhora significativa do comportamento das crianças. E, conforme a dose aumentava, assim também aumentavam os benefícios - em média - em relação ao comportamento das crianças.

A terapia comportamental na ausência do tratamento medicamentoso também foi associada a significativa melhora do comportamento ao longo de várias faixas de medidas. Em geral, o gerenciamento de alta intensidade do comportamento foi associado a maiores melhoras do comportamento e redução dos sintomas do TDAH do que o gerenciamento de baixa intensidade do comportamento.

Os achados realmente interessantes desse estudo são concernentes à combinação de medicação e tratamento comportamental. Em virtualmente todas as medidas, a adição de gerenciamento de alta intensidade do comportamento à mais baixa dosagem de medicação trouxe melhoras comparáveis às produzidas por altas doses de medicação sozinhas.
Para ser direto, os resultados sugeriram que uma criança típica com TDAH pode ser tratada com o equivalente a 5 mg de metilfenidato duas vezes ao dia se ela receber concomitantemente terapia comportamental de intensidade moderada a alta. Sem a terapia comportamental, a mesma criança poderia precisar de 20 mg duas vezes ao dia para atingir os mesmos benefícios. Então, a redução diária de metilfenidato seria de 30 mg/dia. Uma razão para que isso seja importante é que os efeitos de diminuição do apetite observados nesse estudo aumentaram substancialmente com o aumento das doses - a porcentagem de lanche que as crianças ingeriam foi de 81%, 73%, 59% e 45%, com o placebo, baixa, média e alta dosagem de medicação, respectivamente.

Também é importante notar que para vários dos efeitos, adicionar terapia comportamental de baixa ou alta intensidade produziu melhoras com todas as doses de medicação; o tamanho real dessas melhoras frequentemente foi alto. De modo semelhante, adicionar medicação a qualquer variante de terapia comportamental foi associado com significativos aumentos de ganhos em cada dose.

Resumo e Implicações

Os resultados desse estudo fornecem uma demonstração convincente de que adicionar terapia comportamental ao tratamento medicamentoso poderia tornar várias crianças capazes de serem mantidas com doses significativamente mais baixas de medicação do que em caso contrário. Isso poderia potencialmente reduzir a diminuição de apetite e talvez a supressão do crescimento somático que podem estar associados com o tratamento prolongado com estimulantes; também poderia ser mais confortável para muitos pais que têm restrições sobre o tratamento medicamentoso dos seus filhos.

Embora esse estudo evidencie a viabilidade dessa abordagem, é bom notar que a prática usual geralmente não tem essa orientação. Tipicamente, quando as crianças começam o tratamento medicamentoso do TDAH, o objetivo do clínico é encontrar a dose que promova os maiores benefícios. A questão de se os mesmos benefícios poderiam ser obtidos pela combinação de menos medicação e terapia comportamental geralmente não é resolvida.

Há limitações nesse estudo que devem ser notadas. Em primeiro lugar, mesmo o tratamento comportamental em "baixa intensidade" tinha múltiplos componentes e poderia ser difícil para as famílias sustentá-lo por um longo tempo. Em segundo lugar, o estudo ocorreu em um contexto de um programa de tratamento intensivo de verão, que é um contexto muito diferente do que as crianças experimentam em suas vidas diárias. E, os resultados dos tratamentos foram avaliados por um período de somente 9 semanas, com as diversas combinações de doses de medicação e intensidade de terapia comportamental durando períodos ainda mais curtos. Assim, a sustentabilidade dos efeitos, e a generalização para ambientes mais típicos, ainda esperam por serem demonstradas.

Apesar dessas limitações, um ponto básico demonstrado por esse estudo é claro e direto - as doses da medicação podem ser diminuídas quando tal tratamento é combinado com terapia comportamental bem executada. Isso pode ser particularmente valioso quando as crianças não forem capazes de tolerar doses mais altas de medicação e quando houver preocupações em relação à diminuição do apetite e da supressão do crescimento. Do mesmo modo, doses mais baixas de medicação podem reduzir a intensidade da terapia comportamental necessária para a obtenção de bons efeitos. Tais achados complementares falam a favor do tratamento combinado para muitas crianças com TDAH.



Mais uma vez, obrigado por seu permanente interesse em nosso boletim. Espero que tenha apreciado o artigo acima e que lhe seja de utilidade. Sinceramente, David Rabiner, Ph.D. Research Professor, Dept. of Psychology & Neuroscience, Duke University, Durham, NC 27708 - USA

sábado, 1 de março de 2014

326- É BOM PRESTAR ATENÇÃO (TDAH, TDA, ADHD, ADD)

Blog do NOBLAT 01/03/14
É BOM PRESTAR ATENÇÃO 
por Zuenir Ventura, O Globo

Dizem os entendidos que só se dará bem neste século quem conseguir resolver dentro de si a luta entre o foco e a desatenção, isto é, entre a capacidade de se concentrar e a dispersão a que estamos sujeitos por causa das “distrações” que nos assediam diariamente através dos vários meios de comunicação.
A velocidade e a insistência dessas mensagens estariam diminuindo nossa capacidade de fixá-las e de refletir sobre o que elas realmente significam. O bombardeio de informações produz entropia, confusão, já que o excesso delas é igual a ruído.

Preocupado com o fenômeno, o psicólogo americano Daniel Goleman escreveu o livro “Foco — A atenção e seu papel fundamental para o sucesso”, que acaba de ser lançado no Brasil, onde a palavra do título virou moda. Já comentamos aqui mesmo que o termo passou a frequentar os mais variados ambientes.
O governo Dilma não perdeu o rumo, “perdeu o foco”. Os partidos de oposição estão “desviando o foco”. A atriz prefere “focar no lado bom das coisas”. Um time venceu não porque jogou melhor, mas porque finalmente “encontrou o foco”.

Por meio de análises, depoimentos e pesquisas, Goleman mostra que essa recorrência é causada pela dificuldade de concentração, que se deve sobretudo à onipresença do celular e da internet em nossas vidas. “A tecnologia captura a nossa atenção e interrompe as nossas conexões”.
Algumas empresas do Vale do Silício chegaram a banir das reuniões laptops, iPads, iPhones e outras ferramentas digitais. Um casal confessou ao autor que teve de fazer um pacto de boa convivência: “Em casa, guardamos os telefones numa gaveta.”

Alguns anos atrás as pessoas ficavam indignadas quando alguém pegava o Blackberry para conversar com outra na nossa presença. “Hoje é a norma.” Estudos cerebrais revelam que a “recompensa neural” desses viciados é parecida com a dos dependentes de álcool e drogas. Um professor universitário admitiu que não consegue ler mais de duas páginas por vez. “Estou perdendo a capacidade de me concentrar em qualquer coisa séria.”

Ainda bem que o mal tem cura. Uma das lições do livro é que a atenção funciona como um músculo mental, que permite acompanhar uma história, concluir uma tarefa, aprender ou criar. “Pouco utilizada, ela definha; bem utilizada, ela melhora e se expande”, o que significa que é possível fortalecê-la e até mesmo reabilitar “cérebros carentes de foco”. Basta treiná-la. Um bom método é o exercício de memorização.

Mas, cuidado, foco não é ideia fixa, obsessão. Use com moderação. É preciso dar uma folga ao cérebro, deixar um tempo livre para a divagação. Muitas descobertas e invenções aconteceram durante momentos de “distração”. O espírito aberto e a imaginação solta permitem a entrada de boas ideias.

Zuenir Ventura é jornalista.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

325- TDAH e seu terapeuta. Os bons e os maus sinais

Os bons e os maus sinais

Sinais de aviso de que um terapeuta pode não ser bom para você

• Parece impaciente e/ou distante

• Escuta apenas superficialmente

• Oferece soluções rápidas

• Fala de sua situação/transtorno em generalidades

• Tem noção pré-concebida do tratamento

• Certifica-se de que você sabe da importância dele e de sua experiência no assunto

• Arruína sua autoconfiança

Sinais de que um terapeuta pode ser perfeito para você

• Não tem pressa

• Deixa você confortável

• Ouve você – ouve realmente, e faz bom contato com o olhar

• Dá valor às suas dúvidas

• Interage com você como um ser humano

• Tem ideias às quais você responde

• Dá a você autoconfiança e confiança em suas habilidades

ADDitude

sábado, 8 de fevereiro de 2014

324- Os Efeitos Colaterais Podem Incluir: Humilhação, Julgamento e Estigma - TDAH e "drogas"


Dois recentes encontros na farmácia me convenceram: Se você não pode gritar "Fogo!" em um teatro lotado, você não deveria gritar "Droga" quando eu peço remédio para o TDAH.

Por Samantha Hines

O Merriam-Webster Dictionary define a palavra droga como "uma substância (como cocaína, heroína ou maconha) que afeta o cérebro e geralmente é perigosa e ilegal". Se você é pai de uma criança com TDAH, que, depois de consultas minuciosas e geralmente opressivas com profissionais médicos, foi informado de que seu filho poderia ser ajudado pelo uso de doses pequenas de medicação estimulante, DROGA (ou ENTORPECENTE) será uma palavra que você terá de assimilar quando ela for lançada contra você no local onde você menos esperaria: a farmácia.

O primeiro dessa série de eventos infelizes ocorreu há 1 mês. A farmácia teve dificuldade de obter toda medicação do meu filho. Nós estávamos esperando por muito tempo, então eu perguntei ao farmacêutico se ele poderia dar para o meu filho algumas doses da medicação para que ele melhorasse, enquanto aguardávamos que o restante da medicação chegasse. Isso não me pareceu ser esquisito. A farmácia já tinha feito isso uma vez, quando houve problemas com meu remédio para pressão alta. A pessoa a quem eu propus minha idéia deu um passo para trás, olhou para mim com espanto e falou bem alto, "Minha senhora, esta medicação é um entorpecente. Não podemos fazer isso com drogas".

O segundo episódio ocorreu mais recentemente. A medicação do meu filho precisou de uma pequena alteração, e houve complicações no preenchimento da receita. Decidi falar com a farmácia antes da hora - e antes de alguma tempestade de neve intensa - para garantir a quantidade que precisaríamos ter em estoque. Uma vez mais, fui atingida com a mesma palavra pela mesma pessoa: "Minha senhora, não podemos dar essa informação sobre entorpecentes pelo telefone."

Gostaria de acreditar que o uso dessa palavra por essa pessoa fosse puramente inocente - que talvez a palavra fosse a que ela tenha sempre usado, que ela não entendesse suas nuances, que ela a usasse no seu estrito sentido farmacêutico.

Para o leigo, entretanto, a palavra entorpecente, ou droga, tem conotações - e preconceitos a respeito dela. Até a definição do dicionário aponta para suas implicações menos simpáticas. Uma pequena leitura mais aprofundada já revela os fatos mais repelentes: "Entorpecentes são drogas ilegais. Drogas ilegais são usadas por viciados e criminosos. Assim, entorpecentes devem ser abomináveis, e os que os utilizam devem ser igualmente abomináveis."
Isso não é o professor de inglês que está falando ou uma artífice da palavra dentro de mim que está falando. Não é também a mãe protetora e defensora. Pergunte a qualquer um o que ele pensa quando ouve a palavra entorpecente, e eu acho que imagens do meu querido filho e de sua mãe obediente à lei virão à mente.

Há outros modos de descrever a medicação de que ele precisa: "estimulantes", sim, mas também "substância controlada", ou, possivelmente, a mais preferível "a receita do seu filho". Essas alternativas mais gentis existem não para camuflar a verdade - tenho total conhecimento dos produtos químicos que meu filho toma e porquê - mas para mostrar respeito, especialmente para uma pessoa que precisa suportar o que outros podem não entender completamente.

Para crédito da farmácia, quando eu falei sobre isso com a gerente, ela foi profissional e cooperativa. Entretanto, pais de crianças com TDAH, para não mencionar as pessoas com TDAH elas mesmas - embora acostumadas com julgamentos - não são imunes a isso. Há algo particularmente rude em descobrir isso na farmácia onde você obtém os itens que tendem a promover a maioria dos mal entendidos e dos preconceitos.

Meu filho não é um viciado, e eu não sou uma traficante. Ele é um meigo menino de oito anos com deficiência de dopamina, que foi diagnosticado como portador de TDAH. Eu sou uma mãe que tem derramado mais lágrimas do que posso contar em cada etapa do processo de diagnóstico. Trabalho duro e a medicação que compramos todo mês na farmácia transformaram a vida do meu filho. Ambos trouxeram a ele a paz e a estabilidade e permitiram que ele progredisse academicamente e socialmente. 

Essa jornada não tem sido fácil - tremendamente gratificante, sim, mas ainda não é um caminho que eu deseje a alguém.
Assim, se você me vir na farmácia, comprando a medicação do meu filho, saiba que essa nossa história é mais complicada do que uma mãe esgotada comprando alguma "droga" para acalmar seu filho agitado. É mais complicada do que minhas palavras podem expressar e, portanto, mais complicada do que a maioria das pessoas poderá imaginar.


ADDitude

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

323- Segredos do TDAH que minha professora deveria saber


Um estudante com déficit de atenção dá algumas dicas à sua professora para que ambos consigam o melhor em classe. Por Josh e Melinda Boring

Querida professora, 
enquanto nos preparamos para compartilhar mais um dia na escola, podemos fazer uma pequena pausa? Fizemos uma conferência na minha lista, abrangendo tudo o que eu vou precisar para os assuntos do dia. Mas, e a sua lista de conferência? Nós dois precisamos nos sentir bem sucedidos. Como você já me ajudou a entender como você quer que eu me prepare para a aula, eis aqui a minha lista para você.

Você tem a minha atenção?

É difícil dizer, olhando para mim algumas vezes, porque eu nem sempre faço contato visual ou me sento direito, mas geralmente estou escutando o que você está dizendo. Se você não tiver certeza, pergunte-me o que acabou de dizer, em vez de me pedir para prestar atenção. Se eu responder corretamente, eu estava prestando atenção. Se eu não conseguir repetir o que você falou, ganhe primeiro minha atenção antes de repetir o que falou.

Para mim é muito difícil aprender passivamente por longos períodos de tempo. Algumas vezes eu preciso de repetição para aprender, desde que você ganhe minha atenção. Quanto mais sentidos você envolver, mais eu ficarei engajado. Não me diga somente o que fazer, mostre-me como, e então me faça mostrar que eu entendi.

Sou distraído ou não muito distraído?

Às vezes eu não presto atenção porque estou distraído. Outras vezes, preciso de uma distração. Um ambiente completamente parado pode fazer meus ouvidos e os meus olhos procurarem descobrir de onde vêm as distrações. Se eu tiver algo sutil para me ocupar - dois pequenos objetos para esfregar um no outro ou um par de fones de ouvido para abafar os sons ou para ouvir música - eu não ficarei distraído nem procurando distrações. Estarei relaxado e alerta.

Tenho excesso de energia enquanto ainda estou sentado?

Minha capacidade de atenção está ligada aos meus níveis de energia. Sei que se espera que eu faça as tarefas escolares enquanto estou sentado à minha mesa. Mas como prosseguir se o meu cérebro está sempre em ponto morto? Se eu não puder me mover enquanto estou pensando, meu motor fica parado.

Se uma atividade chega ao fim, deixe que eu me levante, que ande, que troque as marchas antes de retomar o novo assunto. Às vezes uma pausa para movimentação, alguns pulos - podem ligar o meu motor. Isso funciona melhor, para mim, do que tentar me obrigar a ficar sentado e não ter permissão para andar um pouco pela sala antes de terminar a tarefa.

Você está me ensinando... ou me interrogando?

O que eu aprendi na escola nem sempre está aparente, mesmo para mim. Preciso de sua ajuda para mostrar o que aprendi. Quando tenho de fazer uma pergunta, faça com que a resposta seja uma meta que eu queira alcançar e que tenha orgulho quando for bem sucedido.

Mas se você me disser que eu não estou me esforçando o bastante ou que não estou cooperando, minha motivação e minha mente ficarão como as de um prisioneiro trancado em uma sala de interrogatório. Ser interrogado não me motiva, mas me desencoraja de querer tentar. Preciso sentir que você está me guiando para encontrar as respostas.

Dê-me a forma correta de atenção

Preciso de muito mais redirecionamento e de incentivos do que meus colegas. Às vezes eu atraio a atenção sem querer, quando estou mexendo com as mãos sem perceber, ou quando estou com o olhar perdido no espaço porque minha mente está vagando novamente. Preciso do seu encorajamento paciente, não de comentários que me envergonhem. 

Quero ter sucesso. Não estou agindo assim para lhe importunar ou para ser desrespeitoso. Meu cérebro funciona de modo diferente, mas ele funciona e posso perceber quando os adultos não gostam de mim. Se você estiver do meu lado, saberei disso e vou me esforçar muito mais do que se você estivesse contra mim.

Seu aluno com TDAH.

Josh e Melinda Boring são mãe e filho. Melinda é autora e especialista em patologia da fala e da linguagem. Josh é escritor de ficção científica e estudante com TDAH.


ADDitude

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

322- TDAH e TOD: Como lidar com seu filho rebelde (ADHD & ODD)


Os problemas de comportamento no TDAH (ADHD) geralmente são compartilhados com o Transtorno de Oposição e de Desafio (ODD), fazendo com que disciplinar seja um desafio. Tente essas estratégias para controlar e tratar uma criança brava e rebelde.

Mais do que rebeldia

Todo pai de criança com déficit de atenção sabe o que é lidar com os problemas de comportamento - dizer não aos pedidos ou xingamentos. Crianças com TDAH e TOD levam o comportamento desafiador e rebelde ao extremo. Eles têm um padrão de comportamento raivoso, violento e destrutivo em relação aos pais, cuidadores e outras figuras de autoridade.

TOD e TDAH: estatísticas e fatos

Quarenta por cento das crianças com TDAH também desenvolvem TOD. Antes da puberdade, o TOD é mais comum em meninos; depois da puberdade, é igualmente comum em ambos os sexos. Cerca de metade dos pré-escolares diagnosticados com TOD superam o problema na idade de oito anos. Outras crianças têm mais dificuldade de se livrar dele.

TOD e TDAH: As ligações

Os comportamentos de oposição de uma criança não são intencionais. Os especialistas acham que o TOD está ligado a uma impulsividade intensa. Não ser capaz de controlar os impulsos, combinado com o estresse e a frustração de tentar vencer os sintomas do TDAH a cada dia, leva algumas crianças a atacar física e verbalmente.

O diagnóstico do TOD é problemático

Toda criança se expressa e testa os seus limites. Pode ser difícil saber se uma criança é normalmente desafiadora ou se tem TOD. Consulte um terapeuta especializado em problemas de comportamento na infância. Ele vai pesquisar também sobre ansiedade, depressão e transtorno bipolar - cada um dos quais pode causar comportamento de oposição. Deixar o TOD sem tratamento, pode fazer com que ele evolua para Transtorno de Conduta, um problema de comportamento mais grave.

Etapas do tratamento do TOD

O tratamento se inicia com o controle dos sintomas do TDAH. Quando a hiperatividade, impulsividade e desatenção de uma criança é reduzida, geralmente há uma melhora nos sintomas do TOD. Os medicamentos estimulantes demonstraram que reduzem os sintomas do TDAH, assim como os do TOD, em até 50%.

Vá além dos estimulantes

Se uma criança não responde bem aos estimulantes, alguns médicos receitam um não estimulante, a atomoxetina (nome comercial: Strattera). Em um estudo, os pesquisadores viram que a medicação reduzia significativamente os sintomas do TOD e do TDAH. Entretanto, doses mais altas da medicação foram necessárias para controlar os sintomas.

Mude o comportamento da criança mudando o seu

O tratamento de escolha para o TOD é o treinamento dos pais. Os pais são ensinados a mudar suas reações ao comportamento da criança - bom ou mal. O treinamento envolve o uso de incentivos e punições, dando recompensas bem definidas e elogios quando seu filho coopera, e consequências para seu mal comportamento. Os terapeutas também trabalham com os pais junto às crianças para resolver dificuldades específicas.

Disciplina em três passos

Os especialistas em TOD acham que as seguintes estratégias são eficientes para os pais: Peça calmamente ao seu filho para ele fazer alguma coisa. Se ele não responder a você em dois minutos, diga a ele, gentilmente, "Eu vou pedir uma segunda vez. Você sabe o que eu lhe pedi para fazer - e as consequências se você não fizer? Por favor, tome uma decisão inteligente." Se você tiver que pedir uma terceira vez, ele sofrerá a consequência que já foi combinada de antemão - sem TV ou videogame por uma hora.

Faça todo mundo seguir o mesmo roteiro

Para a terapia de comportamento funcionar, os cuidadores da criança devem usar as mesmas estratégias de disciplina que você usa. Avós, professores, babás e ouros adultos que fiquem algum tempo com seu filho devem entender quais os incentivos e punições que você usa e, acima de tudo, usá-los consistentemente. Se algum deles facilitar o mau comportamento do seu filho, isso poderá arruinar seu programa de disciplina.

Não leve o TOD como algo pessoal

É difícil para um pai permanecer calmo quando uma criança está verbalmente abusando dele, mas não reaja. Fique calmo e emocionalmente neutro em meio aos desafios do seu filho. Crianças oposicionistas têm um radar para a hostilidade do adulto. Se elas percebem sua raiva, elas vão reagir igual.

Dê espaço para o elogio

Ajudar os pais a aprender a elogiar o bom comportamento é um dos maiores desafios que o terapeuta enfrenta. muitos pais estão tão focalizados no mal comportamento que eles param de reforçar os comportamentos positivos. Algumas dicas: Especifique o comportamento merecedor de elogio, seja entusiasmado, mas sem exagero e, termine com um gesto não verbal - um beijo na face ou um abraço.

Seja criativo e consistente

Quanto mais criatividade você aplicar no seu programa de recompensas e punições para as habilidades e necessidades do seu filho, melhor. As necessidades dele mudam conforme ele cresce. A criatividade é importante, mas a consistência é vital para o sucesso. Consistência no modo com que você trata o seu filho - estabelecimento de regras, combinação de expectativas - é a chave para eliminar os atos de oposição e desafio do seu filho.


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