Aprender um instrumento ajudou
meu filho a aumentar sua atenção e a impulsionar seu desempenho. Veja aqui como
você pode usar a música para dar também ao seu filho, com TDAH ou Dificuldade
de Aprendizagem, uma vantagem. Por Sharlene Habermeyer.
As crianças não vêm em pacotes
organizados - elas vêm com espontaneidade, energia e deliciosa individualidade.
Algumas têm desafios de aprendizagem que as afeta fisicamente, cognitivamente,
emocionalmente e no comportamento. A notícia boa é que a música pode ajudar a
maioria delas.
Em 1982, meu terceiro filho,
Brandon, sofreu um traumatismo de parto que o deixou com danos no córtex
pré-frontal. Ele era um bebê inquieto, chorava o tempo todo, e tinha infecções
de ouvido constantemente, atraso da fala e da linguagem, e grave ansiedade de
separação. Aos seis anos, foi diagnosticado com TDAH, e problemas no
processamento auditivo, na discriminação auditiva, problemas visuais e na
percepção visual, além de problemas motores e sensoriais. A diferença entre seu
QI escrito e oral era de 38 pontos, indicando graves dificuldades de
aprendizagem. Uma equipe de profissionais da escola e de especialistas concluiu
que ele teria muita dificuldade de aprender, prestar atenção e de se concentrar.
Disseram que ele poderia não se graduar no ensino médio e que a faculdade
estava fora de questão.
Eu decidi aceitar as conclusões
dos especialistas como uma possibilidade, e não ficar desencorajada. Pesquisei
sobre o TDAH e sobre as Dificuldades de Aprendizagem, fazendo perguntas e me
comunicando agressivamente na internet. Aprendi que demora algum tempo para
resolver esses desafios. Aprendi que todas as dificuldades de aprendizagem
começam com o processamento auditivo - a criança pode ouvir, mas tem dificuldade
de processar o que escuta. Isso pode afetar sua habilidade de se concentrar e
de prestar atenção. Matriculei Brandon em programas de aprendizagem, muitos dos
quais ajudaram. Entretanto, a música foi a chave que abriu a porta da sua
capacidade de aprender.
Ritmo de Mudança
A música reforça as áreas
cerebrais que, na criança com TDAH, são fracas. A música constrói e reforça o
córtex auditivo, visuo-espacial e motor do cérebro. Essas áreas são ligadas à
fala e linguagem, leitura, compreensão da leitura, matemática, resolução de
problemas, organização cerebral, focalização, concentração e problemas de
atenção. Os estudos indicam que quando crianças com dificuldade de aprendizagem
e crianças com TDAH aprendem um instrumento musical, a atenção, concentração,
controle do impulso, funcionamento social, autoestima, autoexpressão, motivação
e a memória melhoram. Alguns estudos mostram que crianças com dificuldade de
focalizar quando há barulho no ambiente são particularmente beneficiadas por
lições de música.
Começando desde o nascimento,
Brandon ouviu música clássica, e aos três anos de idade estava recebendo lições
de música em grupo. Aos cinco anos, eu estava lhe ensinando piano, por meio de
teclas coloridas no teclado. Aos oito anos, ele estava frequentando aulas
particulares.
Para dar apoio a Brandon na
escola, criei jogos musicais. Por exemplo, fiz um jingle musical para ensiná-lo
a soletrar. Batiamos palmas ritmadas enquanto aprendia as regras de somar,
subtrair e multiplicar. Criei canções, jingles e versos rimados para as
matérias que ele estava aprendendo em estudos sociais, ciência e artes de
linguagem. Associados às lições musicais, os conceitos se tornaram mais fáceis
para ele entender e guardar. Sua habilidade de se concentrar e focalizar por longos
períodos aumentou a cada ano. Depois de uma longa e difícil subida, Brandon foi
aceito para quatro anos de universidade, e graduou-se ao final com notas A em
filme e filosofia.
Aqui estão as sólidas estratégias
que usei com Brandon. Não tenho nenhuma dúvida que elas também funcionarão com
seu filho.
> Comece as lições de música em grupo. Quando ele tiver 18 meses de idade, descubra um
programa de música em grupo para seu filho.
> Entre no
ritmo. Nossos sistemas biológicos
funcionam com ritmos precisos (pense nos batimentos cardíacos). Se esses ritmos
estiverem fora de sincronia, será difícil para qualquer um focalizar e
permanecer na tarefa. Usar instrumentos musicais é um modo poderoso de
sincronizar os biorritmos naturais do corpo, permitindo que a criança se sinta
em sintonia com o meio ambiente. Assim, ponha música com uma forte batida - o
CD "Baby Dance" é bom - e batuque, bata palmas ou ressoe o ritmo da
música junto com seu filho.
> Dance com a música. Para uma criança com TDAH, o movimento é uma obrigação.
De fato, o movimento é uma parte indispensável do aprendizado, do pensamento e
da focalização. Conforme uma criança se move em diferentes cadências e ritmos,
sua coordenação física e sua habilidade de se concentrar melhoram.
> Desenhe o que você escuta. muitas crianças com TDAH são criativas e estão à
procura de saídas criativas. Desenhar ou rabiscar emprega as habilidades
motoras, organiza o cérebro e estimula os humores artísticos. Depois de um dia
ocupado na escola, e antes que ele se debruce sobre os deveres de casa, dê-lhe
papel e crayons, ponha alguma música clássica para tocar e deixe que ele
desenhe.
Eu costumava jogar com Brandon um
jogo chamado "Draw What You Hear" ("Desenhe o que você
escuta"). punha uma música clássica e Brandon desenhava ou rabiscava a
música. Depois, quando ele já estava no colegial, esses exercícios o ajudaram a
bloquear os ruídos externos e a relaxar sua mente.
> Leia livros de música. Sou forte advogada de ler diariamente para seus
filhos. A leitura constrói o foco, a concentração, o vocabulário, a fala, a
linguagem e as habilidades de escrita. leio muitos livros para meus filhos,
alguns dos quais ligados à musica: "Swine
Lake" (Lago dos Porcos), de James Marshall (um grande livro para seus
filhos aprenderem sobre o balé Swan Lake (Lago dos Cisnes), e "Lentil" (Lentilha), de Robert
McCloskey.
> Inicie as lições de música entre os cinco e seis
anos de idade. Se você é um pai com
TDAH, tome as lições de música junto com seu filho.
> Descubra um instrumento bom para o TDAH. O baixo de cordas, as madeiras de sopro, e os
instrumentos de percussão são boas escolhas porque a criança pode ficar de pé e
se mexer enquanto toca. Deixe seu filho escolher seu próprio instrumento. Se
ele decidir pela bateria, compre protetores de ouvido!
> Marche pela manhã. Crianças com TDAH geralmente têm muita dificuldade
para iniciar tarefas nas horas ocupadas da manhã. Toda manhã, toque marchas
(John Philip Sousa tem marchas excelentes) e marche de atividade para atividade
- vestir-se, arrumar a cama, tomar o café da manhã, escovar os dentes - com os
pés se mexendo e os braços balançando.
> Cante no caminho da escola. Os professores querem alunos prontos para aprender
quando estiverem na sala de aula. Então, no seu caminho para a escola, cante no
carro ou toque música clássica. Cantar exige atenção total. "The Alphabet
Operetta" (A Opereta do Alfabeto), de Mindy Manley Little, é perfeita.
> Orquestre o trabalho de casa. Algumas músicas clássicas mudam o jeito com que o
cérebro processa a informação por meio da mudança das suas frequências
eletromagnéticas. Como resultado da audição, crianças e adultos se tornam aptos
a melhor absorver, reter e recuperar a informação. Quando estiver fazendo as
tarefas de casa, tente ouvir Water Music (Música
Aquática), de George Frederic Handel, ou os Concertos de Brandenburgo, de
Johann Sebastian Bach.
> Combine música com a natureza. Os estudos mostram que ouvir música enquanto caminha
na natureza tem um efeito benéfico sobre o seu cérebro. A combinação reprograma
o cérebro, aumentando o foco e o preparando para o aprendizado.
Como vai indo Brandon atualmente?
Ele tem 31 anos de idade, está casado, trabalha na industria de filmes e
escreve blogs sobre filosofia. A música ainda é uma parte importante de sua
vida. Ele ouve música clássica enquanto dirige para o trabalho, diariamente, e,
semanalmente, toca piano. Brandon tem as ferramentas e a compreensão para fazer
o TDAH eu "amigo". Ele sempre será como um bloco redondo querendo se
encaixar em um buraco quadrado, mas ele é um adulto feliz, bem sucedido, que
aceita as diferenças nas pessoas.
Sharlene Habermeyer - ADDitude