quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Em crianças com TDAH, o tratamento melhora o resultado acadêmico? (390)



Os problemas acadêmicos são extremamente comuns em crianças com TDAH e geralmente são o motivo que as leva a uma avaliação para TDAH. Infelizmente, as significativas dificuldades acadêmicas que muitas crianças com TDAH experimentam podem comprometer seu sucesso a longo prazo nas áreas que vão muito além da educação formal.

Dados esses fatos, uma importante questão é se o desempenho acadêmico de longo prazo em jovens com TDAH melhora com o tratamento. Por ser esta uma questão de importância fundamental, e o TDAH é a condição mental mais bem estudada nas crianças, alguém pode pensar que a resposta está claramente definida. Por uma variedade de razões, talvez a mais importantes das quais seja a dificuldade inerente de conduzir estudos de tratamento de longo prazo, isso não é o caso.

Os estudos iniciais analisaram o desempenho acadêmico por duas formas diferentes - a conquista acadêmica e o desempenho acadêmico. A conquista acadêmica se refere à informação e habilidades que as crianças adquirem e, tipicamente, é medida por testes acadêmicos padronizados de conquistas. O desempenho acadêmico focaliza nas medidas diretas de sucesso na escola, tais como as notas, repetição de ano, formatura no ensino médio e matrícula na universidade. Assim, as medidas de conquista acadêmica focalizam o que as crianças demonstram terem aprendido com uma simples prova. As medidas de desempenho focalizam, em contraste, como as crianças realmente se saíram na escola durante um período extenso. Ambos os tipos de resultados estão comprometidos em crianças com TDAH.

O impacto do tratamento do TDAH nas conquistas e no desempenho permanece controverso. Alguns estudos verificaram que enquanto o tratamento do TDAH claramente melhorava o comportamento em classe, o impacto sobre o funcionamento acadêmico era menos evidente. Em outros estudos, há evidência de que o tratamento melhora alguns aspectos do desempenho acadêmico mas não melhora as conquistas. Outras pesquisas questionaram se o tratamento medicamentoso ou comportamental tem efeitos positivos de longa duração em qualquer dos dois tipos de resultado acadêmico.

Um estudo publicado recentemente online no Journal of Attention Disorders [Arnold et al. (2015). Long-term outcomes of ADHD: Academic achievement and performance. Journal of Attention Disorders, representa um esforço valioso de organizar estudos relevantes sobre esse problema, para que possam ser tiradas conclusões mais abrangentes sobre como o tratamento do TDAH influencia os resultados acadêmicos de longo prazo.
Os autores começaram por conduzir uma sistemática pesquisa na literatura, para identificar todos os estudos potencialmente relevantes. Especificamente, eles viram todos os estudos publicados em jornais com revisão por pares entre 1980 e 2012, os quais examinavam os resultados acadêmicos associados ao tratamento em período de ao menos dois anos. Alguns desses estudos comparavam os resultados acadêmicos em crianças tratadas e não tratadas, outros, não tinham nenhum grupo de comparação mas avaliaram as medidas de conquistas e/ou de desempenho antes e depois do tratamento, enquanto outros, ainda, compararam os resultados entre jovens tratados e jovens sem TDAH.

Ao final, os autores identificaram 14 estudos que verificaram os resultados das conquistas acadêmicas e 12 em que as medidas dos resultados de desempenho foram comparadas - houve alguma sobreposição nesses estudos. Para criar uma medida de resultados comum em meio aos múltiplos estudos, que utilizaram vários métodos, os estudos foram agrupados nos que tinham mostrado algum benefício e nos que não tinham mostrado. Então, eles simplesmente contaram o número de estudos nos quais havia evidência do encontro de benefícios do tratamento.

Para  os estudos que compararam jovens tratados com jovens não tratados, ou o funcionamento acadêmico antes e depois do tratamento, o benefício foi definido como um ganho estatisticamente significativo associado ao tratamento. Nos que os jovens tratados foram comparados com jovens sem TDAH, o benefício foi assumido quando os resultados acadêmicos para jovens com TDAH não eram significativamente piores do que os dos controles não-TDAH.

Resultados

O tratamento promoveu melhora nas notas das provas de conquista em 7 de 9 estudos (78%), quando a comparação era com a linha de base pré-tratamento, e em 4 de 5 estudos (80%) quando jovens tratados e não tratados eram comparados.

Para os resultados de desempenho acadêmico, a melhora foi encontrada em 1 de 2 estudos que usaram comparações de pré versus pós-tratamento, e em 4 de 10 estudos que compararam jovens tratados e não tratados.

Portanto, no geral, houve maior evidência de benefícios do tratamento nos resultados de conquistas do que nos resultados de desempenho.

Os autores também examinaram como os resultados do tratamento variaram para tratamento médico, não-médico, e tratamentos que combinaram ambas as  abordagens combinadas, isto é, tratamento multimodal. Embora o número de estudos  em que essas comparações foram baseadas fosse pequeno, a evidência disponível confirmou o valor do tratamento multimodal. Tal tratamento trouxe benefícios em 100% dos estudos que examinaram os resultados de conquista e em 67% dos que examinaram os resultados de desempenho acadêmico. Para o tratamento somente com medicação as porcentagens foram de 75% e de 33% respectivamente; para os tratamentos não médicos os números foram 75% e 50%.

Por fim, houve 5 estudos nos quais os resultados de conquistas e de desempenho acadêmico foram comparados entre crianças tratadas para TDAH e jovens sem TDAH. Mesmo com tratamento, os resultados foram significativamente piores para os jovens com TDAH em 4 de 5 estudos que examinaram os resultados de conquistas e em 3 de 5 que examinaram os resultados de desempenho acadêmico.

Resumo e implicações

O resultado geral desse resumo de pesquisa, que examinou como o tratamento influencia os resultados acadêmicos de longo prazo, em jovens com TDAH, é positivo. muitos estudos verificaram melhoras com o tratamento para o TDAH tanto para os resultados de conquista como para desempenho acadêmico, com evidências sugerindo que o tratamento tinha impactos mais consistentemente positivos nas conquistas do que no desempenho acadêmico.

Uma descoberta interessante - embora baseada em número limitado de estudos - foi a indicação de que resultados acadêmicos melhores eram mais prováveis quando abordagens médicas e não médicas eram combinadas. Isso é consistente com a visão geralmente tida de que a maioria dos jovens com TDAH deveria receber tratamento multimodal em oposição às abordagens isoladas médicas e não médicas. Entretanto, como foi dito em um artigo recente - veja em www.helpforadd.com/2014/december.htm - um estudo que examinou as práticas de tratamento com um grande número de pediatras verificou que, enquanto o tratamento médico foi recomendado em 90% dos jovens diagnosticados com TDAH, o tratamento comportamental foi recomendado em menos de 15% das vezes. Assim, muitas crianças podem não estar recebendo o tratamento multimodal no sistema de saúde da comunidade.

Embora a mensagem geral desse estudo seja basicamente positiva, os resultados dos estudos que comparam jovens tratados para o TDAH e controles não TDAH indicam que o tratamento geralmente não "normaliza" os resultados acadêmicos nos jovens com TDAH. Assim, enquanto os jovens tratados possam geralmente se dar bem melhor do que se dariam sem o tratamento, o tratamento geralmente não os traz para o nível dos seus colegas.

É importante avaliar esses achados no contexto da base limitada de dados sobre os quais eles foram obtidos. Em primeiro lugar, apesar da procura sistemática de pesquisas relevantes ao longo de um período de 32 anos, os autores identificaram somente 5 estudos que comparavam especificamente os resultados acadêmicos de longo prazo em jovens tratados versus não tratados. E, esses estudos não eram necessariamente experimentos randomicamente controlados, o que torna impossível concluir que os resultados positivos associados ao tratamento possam ser atribuídos especificamente ao tratamento em si mesmo. Essa será uma limitação continuada na base de pesquisa porque, conduzir experimentos randomizados de longo prazo nos quais o tratamento é negado a um grupo de jovens com TDAH, por um período longo, não é algo que possa ser feito eticamente.

É também o caso em que a análise dos autores somente indica que jovens tratados geralmente têm melhores resultados acadêmicos de longo prazo. Entretanto, a magnitude dos benefícios do tratamento não foi discutida. Há uma importante diferença entre significância estatística e significância clínica, e não se sabe se o tratamento teve a tendência de produzir ganhos que os pais e educadores teriam considerado serem significativos do ponto de vista educacional. Para mim não está claro por que os autores não incorporaram tais análises em seus artigos e por que esse problema não foi resolvido em suas discussões.

Então, enquanto esse estudo traz uma bela contribuição para resumir a relevante literatura, de um modo que permite ao menos conclusões genéricas sobre o impacto do tratamento do TDAH nos resultados acadêmicos de longo prazo, ele também evidencia que um número significante de questões sobre esse assunto permanece. Os autores concluem que, apesar do número de estudos que foram realizados, ainda restam dados para guiar "... (a) os educadores a como orientar melhor cada criança, (b) o gerenciamento de acordo com o nível do sistema escolar, e (c) a formação de uma conduta em nível nacional. A tudo isso, eu acrescentaria que as decisões baseadas nos dados sobre o curso da ação que mais propicia uma melhora nos resultados acadêmicos de longo prazo para cada criança são difíceis de derem tomadas, com base nos dados de pesquisa disponíveis.

Nos próximos anos, espera-se que a pesquisa necessária para melhor resolver esses importantes assuntos se torne mais disponível.

Dr. David Rabiner, Ph.D. Duke University, Durham, NC 27708 - USA





sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Sete déficits de Função Executiva ligados ao TDAH (389)


Dr. Russel Barkley fala sobre o que os pais precisam saber sobre os desafios das funções executivas, que podem começar tão cedo quanto os dois anos de idade, e que servem de sinais de alarme precoces de TDAH nas crianças.

Há muita confusão sobre "funções executivas" - e como elas se relacionam com o TDAH. O TDAH é um transtorno de função executiva? Todo transtorno de função executiva também é TDAH? As respostas dependem do que nós queremos dizer com "funções executivas", e de como elas se relacionam com a autorregulação.

Tradicionalmente o termo "funcionamento executivo" tem sido extensamente utilizado em neuropsicologia, em psicologia clínica e em psiquiatria. Entretanto, nos últimos anos, ele se espalhou para o campo mais amplo da psicologia geral e para a educação, onde é geralmente incorporado às estratégias de ensino e às acomodações em sala de aula.

Falando de modo amplo, função executiva se refere às habilidades cognitivas ou mentais de que as pessoas precisam para perseguir ativamente suas metas. Em outros termos, é sobre como nós nos comportamos na direção de nossas metas futuras e sobre quais habilidades mentais são necessárias para atingir essas metas.

O termo é muito estreitamente relacionado com a autorregulação - funções executivas são coisas que você faz para si mesmo, a fim de mudar seu comportamento. Por meio do emprego eficiente de suas funções executivas, você espera mudar seu futuro para melhor.

A função executiva é julgada pela força dessas sete habilidades:

1- Autoconsciência: Simplesmente dito, é a atenção autodirigida.

2- Inibição: Também conhecida como autolimitação.

3- Memória de Trabalho Não-Verbal: A capacidade de guardar coisas em sua mente. Essencialmente, imagens visuais - quão bem você pode visualizar as coisas mentalmente.

4- Memória de Trabalho Verbal: A fala interior, ou autodirigida. Muitas pessoas pensam nisso como seu "monólogo interno".

5- Autorregulação emocional: A capacidade de usar as quatro primeiras funções executivas para manipular seu próprio estado emocional. Isso significa aprender a usar as palavras, imagens e sua própria autoconsciência para processar e alterar o modo como se sente em relação às coisas.

6- Automotivação: Quão bem você pode se motivar para completar uma tarefa, quando não há nenhuma consequência externa imediata.

7- Planejamento e resolução de problemas: Os especialistas às vezes gostam de pensar nisso como "jogar consigo mesmo" ("self-play") - como lidamos com a informação em nossa mente para inventar novas maneiras de fazer algo. Tomando as coisas em partes e recombinando-as de modos diferentes, estaremos planejando soluções para nossos problemas.

Essa lista lhe parece familiar? Deveria. Qualquer um que tenha os sintomas clássicos do TDAH terá dificuldades com todas, ou quase todas, dessas sete funções executivas. Problemas com a inibição em um TDAH leva a ações por impulso, por exemplo. Problemas com a regulação emocional levam a surtos explosivos indevidos.

Essencialmente, o TDAH é um transtorno de déficit de função executiva (EFDD)(TDFE). O termo guarda-chuva "TDAH" é simplesmente outra maneira de se referir a esses assuntos.

Essas sete funções executivas se desenvolvem ao longo do tempo, em ordem cronológica, geralmente. A autoconsciência inicia seu desenvolvimento por volta dos 2 anos de idade, e ao redor da idade de 30 anos, o planejamento e a solução de problemas devem estar completamente desenvolvidos em uma pessoa normal (neurotípica). Os TDAHs são geralmente 30 a 40 por cento menos aptos que os seus pares na transição de uma função executiva para a próxima. Assim, faz sentido para os TDAHs ter problemas em lidar com situações próprias para a idade - eles estão pensando e atuando de maneiras que são mais próprias de pessoas mais jovens.

A consciência dessas funções executivas pode ajudar os pais a estabelecer um sistema precoce de detecção do TDAH, ajudando-os a procurar avaliação profissional e acomodações antes que a criança comece a ter problemas na escola. Então, com as acomodações adequadas e com o tratamento, os TDAHs podem aprender a usar o que sabem e a reforçar essas funções executivas ao longo do tempo.

Russel Barkley e os editores de ADDitude.


quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Ansiedade e TDAH - Doze soluções para a ansiedade de todos os dias (388)


Para alguns de nós, a ansiedade é uma companheira constante do TDAH. Nós a sentimos no mercado, em reuniões e, às vezes, por toda a noite. Mas, isso não significa que devemos deixar que ela nos domine. Adquira o controle mental e sua saúde emocional com essas práticas diárias simples, para aliviar a ansiedade. Por June Silny.

REAÇÕES EXTREMAS

Você conhece o enredo: seu coração começa a bater mais depressa, o sangue lateja nos seus ouvidos e sua pulsação quase estoura suas veias de tão forte que fica. Seu corpo está em um estado de desconforto físico geral porque seus nervos estão enviando mensagens de alerta para o seu cérebro. Falando de um modo geral, isso é uma coisa boa. É uma habilidade inata de sobrevivência, necessária para sua vida: a resposta lute ou fuja. O problema é que você não está correndo de um urso ou saltando em um "bungee jumping". Você está falando em uma reunião com colegas de trabalho ou assistindo às notícias na televisão e é interrompido por um zumbido constante ou por um peso no peito e um ataque de pânico que faz tremer seus joelhos.

PRATIQUE A RESPIRAÇÃO 4/7/8

Um ataque de pânico acontece de repente, geralmente sem aviso. Em um minuto você está dirigindo de volta para casa, escutando música, e no minuto seguinte está pensando se deve parar o carro e chamar a emergência. Se você não tiver nenhum outro sinal de ataque cardíaco, aguente firme, bata nas suas bochechas e pratique essa técnica de respiração fácil, chamada 4/7/8. Inspire por 4 segundos. Segure sua respiração por 7 segundos. Exale o ar em 8 segundos. Faça assim algumas vezes. Isso muda a resposta do seu sistema nervoso autônomo de uma ação simpática para uma ação parassimpática.

TENTE PENSAR SÓ NO MOMENTO PRESENTE

A ansiedade age como sucessão de golpes do tipo 1-2, primeiro como pânico no corpo, depois como pânico na mente. O medo vai onde você for. Mas, espere. Há uma rota de fuga: pensar no momento presente. Para se convencer de que o momento presente é tudo o que importa, repita este mantra: "[Inspirando] Estou no momento presente [Expirando] Me sinto calmo". Você pode realmente controlar a ansiedade dirigindo seus pensamentos na direção que desejar. A consciência do momento presente torna você o capitão do barco, e o navegador dos seus pensamentos.

PARE (H.A.L.T.) SUA ANSIEDADE

O acrônimo H.A.L.T. vem do inglês HALT (PARE) e cada letra quer dizer: H = Hungry (faminto, ávido), A = Angry (bravo, irado), L = Lonely (sozinho, desamparado), T = Tired (cansado, fatigado). Cada um desses significados desencadeia uma reação física ou mental que se parece com a ansiedade - e cada um deles está sob seu controle. H.A.L.T. é uma ferramenta disponível para manter a calma e evitar a ansiedade. Depois de crises de pânico me torturarem por três longos anos, eu me tornei ciente do que estava acontecendo ao meu corpo e passei a evitar os fatores desencadeantes. Quando me sentia à beira de um ataque de pânico, eu recorria à lista e tomava providências imediatas para corrigir uma das quatro possíveis causas. Entrar em ação dava a sensação de poder e de estabilidade. Também acalmava a ansiedade. Tente. Funciona.

PRATIQUE O COMER SEM ANSIEDADE

O hiperfoco do TDAH às vezes se intromete no caminho das refeições regulares, especialmente o almoço. Se você não fizer uma pausa, antes que perceba, seu estômago estará roncando e sua cabeça girando. Você estará entrando em uma zona de perigo emocional. Você se torna "raivosamente faminto" ("Hangry"). A fome se transforma em raiva. Quando seu padrão de alimentação se torna errático, assim também fica o seu nível de glicose no sangue. A queda do nível de glicose imita a ansiedade. Mantenha-se estável fazendo várias pequenas refeições durante o dia. Tenha sempre algo comestível e saudável por perto. Alimentar-se sem ansiedade necessita de planejamento, o que não é uma atividade preferida pelos TDAHs.

ELIMINE SUA RAIVA

A raiva é uma emoção intensa. Sentir que não está sendo tratado com respeito, ou magoado quando alguém lhe diz palavras ásperas, ou frustrado quando as coisas não estão saindo de acordo com seus planos, tudo isso é um gatilho para a raiva. A raiva não está só na mente, mas, também, no corpo. É difícil de controlar, resolver, expressar e evitar. Essa emoção fora de controle provoca altos níveis de ansiedade. Então, na próxima vez que você começar a sentir seu sangue ferver, lembre-se de que sua raiva o prejudica quando você permite que ela dispare. Escreva seus sentimentos numa folha de papel, rasgue-a e jogue no lixo a sua raiva junto com as suas palavras.

SAIA DO ISOLAMENTO

Pessoas com TDAH geralmente se sentem não compreendidas, o que faz com que elas se isolem e se sintam abandonadas (mesmo quando rodeada por outras pessoas). A solidão pode levar à tristeza, depressão e ansiedade. Preste atenção. Tente evitar o isolamento. Saia de casa e distraia-se. Faça projetos com amigos, mesmo que não se sinta amigo. Ligar para um amigo que você conheça manterá as coisas mais suaves. Se ninguém responder, faça alguma coisa que o torne feliz. Ajude alguém que esteja pior que você. Seja voluntário. Faça algo com significado. Vá ao cinema, ou à academia,ou a uma aula de ioga. Aja de modo amável consigo mesmo.

ORGANIZE UM PADRÃO DE SONO

Às vezes você não sabe que está muito cansado até que suas pálpebras caiam durante uma reunião de negócios. Quando você está cansado, você está menos tolerante, mais irritável e com o humor raso. Seu corpo responde de modo diferente às emoções. A tristeza fica mais triste e a raiva fica mais intensa, se você ficar  deitado, parado, olhando para o teto. A ansiedade provoca problemas de sono e a privação de sono causa mais ansiedade. Então, enquanto você estiver tentando acalmar sua ansiedade, faça um esforço consciente para melhorar seu padrão de sono. Cafeína, luzes brilhantes e horários irregulares de ir se deitar podem promover noites sem sono. Vá para a cama todas as noites no mesmo horário.

DÊ UM TEMPO A SI MESMO

Saiba quando parar o relógio e fazer uma pausa. Quando a vida corre rápida, é fácil ser pego pelo movimento, especialmente se você tiver TDAH. Nossos cérebros acelerados podem lidar bem com isso, mas, algumas vezes, ficamos sobrecarregados. A ansiedade aparece rapidamente. Fique atento e pronto para desligar a campainha e fazer uma pausa. Saia para uma caminhada, para tomar um ar fresco, ou pegue uma taça de chá quente, ou frio, e sinta o cheiro das ervas; faça alguma coisa para interromper temporariamente a correria. Refresque-se e renove-se ao longo do dia.

PREPARE-SE PARA SAIR DE CASA

Você está a caminho da porta de saída de sua casa, procurando as chaves, ajeitando sua roupa, ou segurando sua xícara de café. Aí, acontece; seu coração dispara, a confusão o domina enquanto você tenta se lembrar de tudo que possa ter esquecido de pegar. Sua ansiedade sobe nas alturas. É difícil planejar com antecipação; mas se o fizer, ajudará a diminuir sua ansiedade e o manterá mais calmo. Prepare uma lista de checagem na noite anterior e arrume uma zona de saída perto da porta da casa, para suas chaves, bolsa, celular e outros itens essenciais do dia-a-dia. Não use lembretes de colar pequenos; escreva suas anotações em grandes folhas de papel e as prenda na sua porta de saída. Leva só um minuto para anotar tudo o que tornará seu dia mais calmo.

VIVA EM CÂMERA LENTA

Alentecer seu corpo afetará, também, a velocidade de sua mente. Pratique o alentecimento intencional. Pratique o caminhar meditando. Caminhe com passos deliberadamente lentos em um jardim. Dê a volta lentamente no quarteirão. Ioga e Tai Chi são redutores de ansiedade com movimentação lenta. Antes de começar a ioga, eu ficava nervosa vendo as outras pessoas torcer seus corpos e posturas. Mas, quando descobri a força interior e a calma mental que eu não sabia que possuía, fui estimulada a continuar na prática das posturas imóveis.

FAÇA UMA FAXINA CEREBRAL

Não estou falando de livrar o seu cérebro de testes, fatos e fofocas; estou falando de limpar sua mente do todo o lixo desnecessário que ele guarda. Os TDAHs têm memória duradoura. Em algumas situações isso é extremamente benéfico; em outras, pode ser perigoso. É o terreno propício para o pensamento negativo destrutivo, que leva aos níveis tóxicos de ansiedade. Mantenha sua mente limpa. Tente isso antes de ir dormir, para livrar-se de todas as suas preocupações. Diga em voz alta todos os seus medos. Pensamentos negativos e fantasiosos tomam muito espaço. Limpe-os e obtenha espaço para a felicidade, a alegria e a beleza.

EXPERIMENTE POSTURAS RESTAURADORAS DE IOGA

A ideia de estirar seu corpo no chão, e se tornar imóvel em uma postura imóvel de ioga, não parece muito atraente.Porém, quando você descobre as posturas corretas que funcionam para o seu corpo, você verá que a ioga restauradora acalmará seu sistema nervoso, abaixará sua pressão arterial e regulará seu ritmo cardíaco. Aprenda as posturas quando estiver se sentindo calmo. Descubras as posturas que lhe permitam alongar seus músculos gentilmente e que lhe deem conforto. A ioga restauradora permitirá que você se livre dos pensamentos ansiosos e experimente o estado de pacífico de relaxamento profundo.

ADDitude

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Dez coisas que você nunca deveria dizer para o seu filho (387)


"No que você estava pensando?", "Você nem está tentando!" Os pais não são perfeitos - todos gostaríamos de não ter falado as coisas ásperas que dissemos. Mas, aqui estão dez frases que os pais de crianças com TDAH, positivamente, nunca deveriam falar em voz alta. Pelos editores e leitores de ADDitude.

Os comentários mais nocivos

As pessoas falam coisas muito insensatas. Os mitos e a desinformação sobre o TDAH não ajudam. As pessoas nos acusam, e aos nossos filhos, pelos comportamentos ditados pela condição, e nós sabemos que isso é errado. Mas, algumas vezes, comportamentos frustrantes podem levar até os pais mais carinhosos a dizer coisas de que eles rapidamente se arrependem. Aqui, nossos leitores compartilham algumas das palavras que nunca deveriam ser usadas para educar uma criança com TDAH - não importa o motivo.

1- "Você é burro"

"Você é de verdade tão burro, preguiçoso e maluco? Pare de ser tão preguiçoso! Você sabe muito bem o quê está fazendo! Quantas vezes vou ter de mostrar para você? Etc, etc, etc." - Renae.

"Burro, bobo, retardado, qualquer coisa que os ataque pessoalmente. "Sempre" é uma palavra que tento evitar. Faço o melhor que posso, mas entendo que, do mesmo modo que meus filhos ficam incomodados, algumas vezes a mamãe também fica. Nós usamos os meus erros como ferramentas de aprendizado". - Kathy.

A baixa autoestima e a vergonha impactam muitas crianças com TDAH, as quais passam os dias na escola lutando para encaixar um bloco redondo em um buraco quadrado. Aumente a confiança das suas crianças com essas dicas.

2- "Eu te amo, mas..."

"Nunca, jamais diga "...mas..." Deveria ser "Eu te amo E não posso te deixar..." ou "Você fez uma escolha errada E eu te amo muito para..." - Elizabeth.

"Sempre faço uma pausa no "mas" porque sei que, no segundo seguinte após sua pronúncia, meu filho recebe toda a carga negativa em seu coração. "E" é uma grande e prática alternativa!" - Jennifer.

"Quando uma criança com TDAH recebe uma gota ou duas de elogio, é como se fosse a chuva no deserto. A criança se nutre dela e se alegra com ela", diz o Dr. Ned Hallowell. Siga algumas dicas para usar o reforço positivo mais eficientemente.

3- "Por que você não pode ser normal?"

"Por que você não pode ser como as outras crianças?" - Trischia.

"Nunca diga: O que há de errado com você?" - Eleanor.
"Nunca diga a elas "Você não é normal". Isso é horrível. Tenho escutado alguém dizendo isso a crianças e fico totalmente revoltada" - Christina.

As dificuldades sociais enfrentadas por muitas crianças com TDAH se originam de um sentimento de ser diferente e de se destacar - de modo não propriamente adequado - das outras crianças na escola. Ensine a seu filho que essas diferenças o tornam interessante e lhe dão habilidades sociais para fazer amizade com outras crianças que apreciarão suas potencialidades.

4- "Se você se esforçasse um pouquinho mais..."

"Eu tento não dizer "Se você somente se esforçasse mais um pouco", e "Apenas preste atenção". Isso não funciona assim com quem tem TDAH - Janet.

"Você nem está tentando!" - Mikala.

"Sempre me perguntaram "Você é tão esperta e talentosa! Por que você não consegue fazer sua tarefa?" Minha resposta sempre era "Não sei" [Acrescente uma longa e confusa conversa, e uma crise emocional, aqui]" - Bridget.

Prestar atenção não é uma coisa que dependa de força de vontade para as crianças e os adultos com TDAH. O controle é feito pela química cerebral. O cérebro TDAH fabrica menos neurotransmissores, como a dopamina, que controlam a atenção e o humor. "Tente mais" não vai mudar isso, mas a dieta e os exercícios podem ajudar.

5- "Tá na cara que você não tomou o remédio hoje"

"Todos, na minha casa, eu incluída, costumávamos dizer "Você não tomou o remédio hoje, tomou?" ou "Nós deveríamos ter te dado o remédio, hoje". Isso realmente machuca os sentimentos da criança, de modo que estamos tentando nos corrigir e parar de fazer assim." - Mandy.

Embora os sintomas do TDAH sejam provocados pela química cerebral, sua criança precisa não se sentir sem poder contra eles. Ensine-a sobre os benefícios físicos e neurológicos de uma dieta rica em proteína e pobre em açúcar, assim como de exercitar-se regularmente e do uso de suplementos vitamínicos.

6- "Eu não desejo um filho com TDAH para ninguém".

"Pior que "Espero que você tenha filhos parecidos com você" é "Não desejaria filhos como você para ninguém". Isso é traumatizante para a criança ouvir. - Rayne.

"Nunca questione a capacidade da sua filha com TDAH em se tornar mãe. Ela gastará uma boa parte de sua vida acreditando que não deverá ser mãe porque não dará conta - Julie.

Justin Timberlake tem isso. Assim como Tatum Channing, Lisa Ling e Karina Smirnoff. De fato, a lista de pessoas  bem sucedidas - e pais - com TDAH é longa. Compartilhe isso com seu filho e desafie-o a atingir as estrelas.

7- "Você deveria se envergonhar".

Eu cresci escutando, "Você deveria se envergonhar de si mesmo". Então eu me envergonhava, e muito, de mim mesmo. Agora, como um Adulto com TDAH eu percebo que ainda estou lutando com a baixa autoestima e a falta de confiança. É difícil superar essas velhas mensagens. - Joy

Calcula-se que, comparados aos que não têm o transtorno, quem tem TDAH recebe mais de 20 mil mensagens negativas até a idade de 12 anos. Eles se vêem a si mesmos como fundamentalmente diferentes e defeituosos, diz o especialista em TDAH, Dr. Ned Hallowell. Ele oferece conselhos para superar a vergonha que frequentemente acompanha o TDAH.

8- "Você é bem como o seu pai".

Nunca, jamais diga "Se eu soubesse que ele obteria a sua custódia, eu nunca teria me casado com seu pai". Eu ouvi isso em um final de semana. Quando os pais se divorciam, é melhor ficarem neutros em relação aos filhos, e evitar falar mal um do outro. - Kimberly

Crianças com TDAH se dão melhor quando suas vidas têm uma rotina previsível e familiar. O divórcio pode ser totalmente destruidor e fazer os sintomas aumentarem como em um redemoinho. Siga algumas dicas para estabelecer um esquema para cada dia, até mesmo para os feriados com o papai.

9- Use o bom humor.

Nunca, jamais ria de coisas irracionais que saiam de suas bocas e que eles achem sérias. Tivemos um filho que sofreu muito com isso e meu marido ainda se sente muito mal por causa disso - Patrice.

Eu acho que uma coisa que os pais nunca deveriam fazer seria brincar com ou fazer do problema uma piada. Isso machuca. E muito - Bob.

O humor não é de todo mal. Utilize algumas dicas para usar o bom humor, para ajudar tanto você quanto seu filho a reduzir o estresse e domar os sintomas do TDAH.

10- "Eu te odeio".

Minha amiga tem um filho com TDAH e, em um momento de frustração, ela disse "te odeio". É realmente difícil para os de fora entender a frustração que o TDAH pode ser. É importante tentar entender que as crianças não podem controlar seu comportamento - Jennifer

Quando meu filho diz "eu te odeio", eu digo, "Você também não é nenhum doce. Vá para o seu quarto e pense sobre por que você está com tanta raiva e, depois, fale comigo quando estiver pronto. Às vezes funciona e eu recebo um pedido de desculpas. - Lor

Fale isso para eles. "Pode ser muito exaustivo, mas eu te amo, não importa o que aconteça" - Kari

Celebramos a singularidade do nosso filho em casa. No quinto ano, ele realmente a aceitou e está feliz com o que ele é. - Melanie.

Naturalmente que eu tenho falado coisas erradas,. Sempre me desculpo e digo aos meus filhos que fiz um grande erro e que vou tentar melhorar. Muito amor e um abraço fazem grande efeito. Todos nós pisamos no tomate, esqueça seu erros e tente novamente, amanhã. - Tracy.


ADDitude

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

eReaders podem alterar o ritmo de sono-vigília (386)


UNIVADIS - MSD - Copyright © 2015 Merck Sharp & Dohme Corp., filial da Merck & co., Inc. Whitehouse Station, Nova Jersey, EUA.

O uso de eReaders que emitem luz, pouco antes de ir dormir, pode alterar o ritmo de sono-vigília da pessoa. Cientistas dos EUA chegaram a essa conclusão em um estudo publicado na revista “PNAS”. A secreção de melatonina foi significativamente reduzida durante a leitura.

Para o estudo, que foi conduzido pela Universidade de Harvard, em Boston (Massachusetts), foi pedido a doze adultos jovens que lessem livros impressos e livros digitais antes de dormir sob condições controladas. Durante cinco noites consecutivas, os participantes leram eBooks e, durante mais cinco noites consecutivas, eles leram livros impressos. O período de leitura durou quatro horas todas as vezes, das 18h até as 22h. Em seguida a luz foi desligada até as 6h, quando os participantes foram acordados. Houve um dia de intervalo entre as duas fases.
O estudo demonstrou que os sujeitos do estudo que usaram eReaders levaram, em média, dez minutos a mais para conseguir dormir. Adicionalmente, suas fases REM foram aproximadamente doze minutos mais curtas e eles se sentiram significativamente mais sonolentos na manhã seguinte. A diferença na secreção de melatonina foi particularmente evidente. Dentre os participantes usando eReaders, a secreção foi 55 por cento menor. Após cinco noites com quatro horas de leitura usando dispositivos digitais, o relógio circadiano dos participantes foi retardado em uma média de 1,5 horas.
Estudos anteriores também indicaram que a luz de ondas curtas (azul) atua como um sinal de alerta em humanos, resultando na supressão do sono e na redução da secreção do hormônio do sono pelo corpo, disseram os pesquisadores.
“Nossos resultados confirmam que a luz elétrica ao qual somos expostos entre o pôr do sol e a hora em que vamos dormir apresenta amplos efeitos biológicos”, disseram os autores sob a liderança de Anne-Marie Chang. Contudo, eles chamaram atenção para o fato de que a luz dos eReaders estava acesa na potência máxima, enquanto os participantes usavam uma luz suave na leitura dos livros impressos.

Evening use of light-emitting eReaders negatively affects sleep, circadian timing, and next-morning alertness
Edited by Joseph S. Takahashi, Howard Hughes Medical Institute, University of Texas Southwestern Medical Center, Dallas, TX, and approved November 26, 2014 (received for review September 24, 2014)
Significance
The use of light-emitting electronic devices for reading, communication, and entertainment has greatly increased recently. We found that the use of these devices before bedtime prolongs the time it takes to fall asleep, delays the circadian clock, suppresses levels of the sleep-promoting hormone melatonin, reduces the amount and delays the timing of REM sleep, and reduces alertness the following morning. Use of light-emitting devices immediately before bedtime also increases alertness at that time, which may lead users to delay bedtime at home. Overall, we found that the use of portable light-emitting devices immediately before bedtime has biological effects that may perpetuate sleep deficiency and disrupt circadian rhythms, both of which can have adverse impacts on performance, health, and safety.
Abstract
In the past 50 y, there has been a decline in average sleep duration and quality, with adverse consequences on general health. A representative survey of 1,508 American adults recently revealed that 90% of Americans used some type of electronics at least a few nights per week within 1 h before bedtime. Mounting evidence from countries around the world shows the negative impact of such technology use on sleep. This negative impact on sleep may be due to the short-wavelength–enriched light emitted by these electronic devices, given that artificial-light exposure has been shown experimentally to produce alerting effects, suppress melatonin, and phase-shift the biological clock. A few reports have shown that these devices suppress melatonin levels, but little is known about the effects on circadian phase or the following sleep episode, exposing a substantial gap in our knowledge of how this increasingly popular technology affects sleep. Here we compare the biological effects of reading an electronic book on a light-emitting device (LE-eBook) with reading a printed book in the hours before bedtime. Participants reading an LE-eBook took longer to fall asleep and had reduced evening sleepiness, reduced melatonin secretion, later timing of their circadian clock, and reduced next-morning alertness than when reading a printed book. These results demonstrate that evening exposure to an LE-eBook phase-delays the circadian clock, acutely suppresses melatonin, and has important implications for understanding the impact of such technologies on sleep, performance, health, and safety.
Present address: Department of Biobehavioral Health, Pennsylvania State University, University Park, PA 16802.
To whom correspondence should be addressed. Email: amchang@psu.edu.
Author contributions: A.-M.C., J.F.D., and C.A.C. designed research; A.-M.C. performed research; A.-M.C. and D.A. analyzed data; and A.-M.C. and C.A.C. wrote the paper.
Conflict of interest statement: Dr. Czeisler has received consulting fees from or served as a paid member of scientific advisory boards for: Boston Celtics; Boston Red Sox; Citgo Inc.; Cleveland Browns; Merck; Novartis; Purdue Pharma LP; Quest Diagnostics, Inc.; Teva Pharmaceuticals Industries Ltd.; Valero Inc.; Vanda Pharmaceuticals, Inc. Dr. Czeisler currently owns an equity interest in Lifetrac, Inc.; Somnus Therapeutics, Inc.; Vanda Pharmaceuticals, Inc., and between October 2012 and October 2013, Apple, Inc. and Microsoft, Inc. Dr. Czeisler received royalties from McGraw Hill, Penguin Press/Houghton Mifflin Harcourt, and Philips Respironics, Inc. and has received grants and research support from Cephalon Inc., National Football League Charities, Philips Respironics, ResMed Foundation, San Francisco Bar Pilots and Sysco. Dr. Czeisler is the incumbent of an endowed professorship provided to Harvard University by Cephalon, Inc. and holds a number of process patents in the field of sleep/circadian rhythms (e.g., photic resetting of the human circadian pacemaker). Since 1985, Dr. Czeisler has also served as an expert witness on various legal cases related to sleep and/or circadian rhythms, including matters involving Bombardier, Inc.; Delta Airlines; FedEx; Greyhound; Michael Jackson's mother and children; Purdue Pharma, L.P.; United Parcel Service and the United States of America.
This article is a PNAS Direct Submission.
This article contains supporting information online at www.pnas.org/lookup/suppl/doi:10.1073/pnas.1418490112/-/DCSupplemental.

Freely available online through the PNAS open access option.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Como o exercício melhora a função cerebral (385)


O exercício é um dos melhores presentes que você pode dar ao seu cérebro como um adulto com transtorno de déficit de atenção (TDA e TDAH). Por Edward Hallowell, M.D.

Eu odeio passar fio dental nos meus dentes. É chato, demora muito tempo. Mas, sempre que eu penso em não passar o fio dental, penso no que meu dentista me disse uma vez: "Você não precisa passar o fio dental em todos os seus dentes - somente nos que você quiser manter".

O exercício é como passar o fio dental. Pode ser chato, e toma muito tempo. Além disso, pode ser difícil de fazer, especialmente conforme eu fico mais velho. Mas eu sei que o exercício é um dos melhores presentes que eu posso dar para o meu cérebro TDAH.

Todos sabemos que a atividade física é boa para o corpo. Mas o exercício também aumenta o fluxo de sangue para o cérebro, estimulando a liberação de compostos que o cérebro adora, incluindo os fatores de crescimento e uma substância conhecida como fator neurotrópico derivado do cérebro (BDNF), que promove o crescimento de novas células nervosas (neurônios). Essas substâncias mantêm o cérebro operando com sua maior eficiência.

Dr. John Ratey, meu amigo de longa data e co-autor, tem passado décadas estudando os benefícios psicológicos do exercício. Ele lhe dirá que o exercício feito regularmente é um antidepressivo natural e um agente contra a ansiedade. Ele lhe dirá que sessões prolongadas e puxadas aumentam os níveis sanguíneos de endorfina, opiáceos naturais que diminuem a dor enquanto aumentam as sensações de bem estar. Ele também lhe dirá que mesmo uma caminhada pode ser suficiente para aumentar os níveis de dopamina, que regula nossas sensações de recompensa, motivação e atenção.

Atividades físicas que envolvam coordenação e movimentos complexos, tais como as artes marciais e o basquetebol, promovem conexões entre os neurônios do cerebelo. Essa é uma região que controla, entre outras coisas, nossas interações sociais. Não é demais dizer que o exercício pode, por fim, nos ajudar a fazer amigos.

O que isso significa para as pessoas com TDAH? Significa que podemos pensar no exercício como um componente essencial do tratamento - algo que torna mais fácil sustentar o foco mental por longos períodos de tempo. Você deixa de ir ao médico por causa de uma agenda apertada? É claro que não. Você não deveria fugir dos exercícios, também.

Se o seu filho tiver TDA, tenha certeza de que sua escola não tente discipliná-lo mantendo-o dentro da sala durante o intervalo, ou forçando-o a se sentar sob castigo. Quando seu filho se comporta mal, sua penalidade deveria envolver alguma coisa que fosse produtiva e fisicamente ativa, como amontoar as folhas ou correr ao léu.

Finalmente, tenha certeza de que seu filho não seja banido dos esportes atléticos por causa do mau desempenho acadêmico. Tanto os esportes como os estudos acadêmicos são essenciais para o desenvolvimento da criança. A escola nega às crianças sem regras a instrução acadêmica por causa do mau desempenho esportivo?

É melhor se exercitar por 30 minutos a cada dia. Você não tem de correr maratonas ou se tornar um fisiculturista. E você não tem de ir até uma academia; as evidências sugerem que caminhadas rápidas fazem o milagre, tanto para crianças quanto para adultos. Mas qualquer que seja o exercício que você fizer, estabeleça suas sessões como uma rotina diária. De outro modo, você poderá ver seu tempo perdido em situações sem objetivo, quando poderia estar lá fora fazendo algo muito mais benéfico.


ADDitude

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Breve história do TDAH (384)


Referências literárias a indivíduos com graves problemas de desatenção, hiperatividade e fraco controle do impulso remontam a Shakespeare, que fez referência a uma doença da atenção em King Henry VIII. Uma criança hiperativa foi o foco de um poema alemão, "Fidgety Phil", escrito por um médico, Heinrich Hoffman, por volta de 1880. 
Em 1890, William James, em seu livro Principles of Psychology, descreveu uma variante normal do caráter, que ele denominou de "disposição explosiva", que se assemelha às dificuldades apresentadas pelos que atualmente são chamados de TDAH. 
Porém, o primeiro artigo na literatura médica sobre os transtornos da atenção, tais como o TDAH, foi um curto capítulo sobre esse problema, em um livro de texto médico (no início publicado anonimamente) escrito por Melchior Adam Weikard, em 1775. Weikard era um brilhante médico alemão que descreveu os sintomas de distração, fraca persistência, ações impulsivas e desatenção em geral, muito semelhantes aos sintomas utilizados atualmente para descrever a desatenção associada ao TDAH. 
Esse texto foi seguido por outro, do médico escocês Alexander Crichton, em 1798, que forneceu descrições ainda mais detalhadas desse tipo de desatenção, assim como identificando um segundo transtorno da atenção tido como relacionado ao poder de focalizar a atenção. O interesse mais sério em relação ao TDAH não aconteceu novamente até o aparecimento de três apresentações diante da Royal Academy of Physicians feitas pelo médico George Still, em 1902.

Still relatou sobre um grupo de 20 crianças de sua clínica, que eram definidas como portadoras de um déficit da "inibição volitiva", que levava a um "defeito do controle motor" sobre seu próprio comportamento. Descritas como agressivas, exacerbadas, sem regras, desatentas, impulsivas e hiperativas, muitas dessas crianças seriam, atualmente, diagnosticadas não somente com TDAH mas, também, com transtorno de oposição e desafio (TOD). As observações de Still foram muito astutas, descrevendo muitas das características associadas do TDAH, as quais viriam a ser corroboradas pelas pesquisas do século seguinte: 
(1) um predomínio do sexo masculino (taxa de 3:1 na amostra de Still); 
(2) alta comorbidade com conduta anti-social e depressão; 
(3) uma associação com alcoolismo, conduta criminosa e depressão entre os parentes biológicos; 
(4) uma predisposição familiar para o transtorno, provavelmente uma origem hereditária;
(5) ainda com a possibilidade do transtorno também aparecer por lesão adquirida do sistema nervoso central.

O interesse nessas crianças cresceu na América do Norte por volta da época da grande epidemia de encefalite de 1917-1918. As crianças sobreviventes dessas infecções cerebrais tinham muitos problemas de comportamento, semelhantes àqueles do TDAH contemporâneo. Esses casos, e outros sabidos como tendo aparecido por trauma de parto, trauma de crânio, exposição a toxinas, e infecções, deram nascimento ao conceito de síndrome da criança com lesão cerebral (Strauss & Lehtinen, 1947), geralmente associada a retardo mental, que eventualmente se tornaria aplicado a crianças que manifestassem esse mesmo comportamento, mas sem evidência de dano cerebral ou de retardo mental. Esse conceito evoluiu para o de lesão cerebral mínima, e eventualmente para disfunção cerebral mínima, conforme as críticas eram dirigidas ao rótulo original em vista da carência de evidências de lesão cerebral óbvia na maioria desses casos.

Entre 1950 e 1970, o foco mudou para longe da etiologia e em direção ao comportamento mais específico da hiperatividade e fraco controle do impulso, que caracterizam essas crianças, refletido em rótulos como "transtorno hipercinético impulsivo" ou "síndrome da criança hiperativa". O transtorno foi tido como surgindo de uma super-estimulação cortical devido a fraca filtração talâmica dos estímulos que chegavam ao cérebro. A despeito da crença contínua entre os clínicos e pesquisadores dessa época de que a condição tinha algum tipo de origem neurológica, a grande influência do pensamento psicanalítico mantinha o domínio. Assim, quando do aparecimento da segunda edição do DSM, todos os transtorno das crianças foram descritos como "reações", e a síndrome da criança hiperativa tornou-se a "reação hipercinética da infância".

O reconhecimento de que o transtorno não era causado por lesão cerebral pareceu seguir um argumento semelhante feito algo mais anteriormente pela eminente psiquiatra da infância, Stella Chess, em 1960. Ele estabeleceu uma grande separação entre os profissionais da América do Norte e os da Europa, que continua, em menor extensão, até o presente. A Europa continua a ver a hipercinesia, por quase toda a segunda metade do século 20, como uma condição relativamente rara de extrema hiperatividade, geralmente associada a retardo mental ou a evidência de dano cerebral orgânico. Essa discrepância de perspectivas tem convergido nas últimas décadas, como evidente na semelhança de critérios do DSM-IV e os do CID-10, da Organização Mundial da Saúde, em 1994. Todavia, o modo como os clínicos e os educadores vêem o transtorno permanece muito diferente; na América do Norte, Canadá e Austrália, tais crianças têm TDAH, um transtorno do desenvolvimento, enquanto na Europa elas são vistas como tendo um problema ou transtorno de conduta, um distúrbio de comportamento tido como surgindo principalmente de disfunção familiar e de desvantagens sociais.

Nos anos 70s, a pesquisa enfatizou os problemas com a sustentação da atenção e o controle do impulso, além da hiperatividade. Douglas teorizou que o transtorno tinha 4 déficits principais: (1) o investimento, organização e manutenção da atenção e do esforço; (2) a habilidade de inibir o comportamento impulsivo; (3) a habilidade de modular os níveis de atenção para atingir as demandas situacionais; e (4) uma inclinação forte e incomum para obter o reforço imediato. A ênfase de Douglas na atenção e os numerosos estudos de atenção, impulsividade e outras sequelas cognitivas que seguiam, eventualmente levaram a renomear o transtorno como transtorno de déficit de atenção (TDA). Significativa, do ponto de vista histórico, foi a distinção da DSM-III entre dois tipos de TDA: os com hiperatividade e os sem ela. Existia pouca pesquisa, naquela época, em relação ao segundo subtipo, que suportasse a feitura de tal distinção em taxonomia diagnóstica oficial e com prestígio crescente. Porém, em retrospectiva, essa vaga afirmação levou a pesquisa de valor sobre as diferenças entre essas duas supostas formas de TDA, que, de outro modo, nunca teria sido evidenciada. Essa pesquisa pode ter sido acidental, como pode ter levado à conclusão que uma parte dos que têm TDA sem hiperatividade podem na verdade exibir um outro transtorno separado, distinto e qualitativamente único, em vez de um subtipo do TDAH; um transtorno nomeado como "sluggish cognitive tempo" (SCT).

Mesmo assim, depois de poucos anos da criação do nome TDA, apareceu a preocupação de que importantes características da hiperatividade e do controle do impulso estavam sendo menos valorizadas, quando, de fato, elas eram de importância crucial para diferenciar o transtorno de outras condições e para prever os riscos de desenvolvimento mais tardio. Em 1987, o transtorno foi renomeado como Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, no DSM-III-R, e uma lista única de itens incorporando todos os três sintomas foi especificada. Também foi importante a colocação da condição TDA sem hiperatividade, renomeada transtorno de déficit de atenção indiferenciado, em uma secção separada do TDAH no manual, com a especificação de que existia pesquisa insuficiente para guiar a construção de critérios de diagnóstico para ela, naquela época.

Durante os anos 80s, os relatos focalizavam os problemas com a motivação em geral e a falta de sensibilidade para responder às consequências, especificamente. A pesquisa demonstrava que sob certas condições de recompensa contínua, o desempenho de crianças com TDAH era geralmente indistinguível do das crianças normais, em várias tarefas de laboratório, mas quando os pacientes que recebiam reforço eram colocados em reforço parcial ou em condições de nenhum reforço, as crianças com TDAH mostravam significativo declínio em seu desempenho. Também foi observado que déficits no controle do comportamento por regras caracterizavam essas crianças.
Na década seguinte, os pesquisadores empregaram paradigmas de processamento da informação para estudar o TDAH e descobriram que os problemas na percepção e no processamento da informação não eram tão evidentes quanto os problemas com a motivação e a inibição da resposta. Os problemas com a hiperatividade e a impulsividade também foram vistos como uma única dimensão do comportamento, o que foi descrito por alguns como "desinibição".

Tudo isso levou à criação de duas listas separadas, mas altamente correlacionadas, de sintomas e limiares para o TDAH, quando a DSM-IV foi publicada mais tarde, naquela década; uma para desatenção e outra para o comportamento hiperativo e impulsivo. Diferente de sua antecessora, DSM-III-R, o estabelecimento da lista da desatenção mais uma vez permitiu o diagnóstico de um subtipo de TDAH que consistia principalmente em problemas com a atenção (TDAH do tipo predominantemente desatento). Também permitiu, pela primeira vez, a distinção de um subtipo de TDAH que consistia principalmente de comportamento hiperativo e impulsivo, sem desatenção significativa (TDAH do tipo predominantemente hiperativo-impulsivo). Crianças com problemas significativos em ambas as listas de itens, que constituem a maioria dos pacientes, foram intituladas de TDAH do tipo combinado.

Atualmente isso foi superado pelo desenvolvimento e publicação do DSM-V, em 2013. Ele contém várias alterações discutidas em mais detalhes em outro capítulo desse curso. Basta dizer aqui que embora os mesmos sintomas permaneçam como no DSM-IV, o esclarecimento deles para crianças mais velhas (adolescentes) e adultos foram adicionadas em parênteses junto a cada sintoma, a idade de início foi aumentada para 12 anos, um nível mais baixo de limiar de 5 sintomas foi requerido dos adultos (em vez dos tradicionais 6 sintomas usados para crianças), e os subtipos foram eliminados, uma vez que a pesquisa nos 18 anos anteriores não achou que eles eram confiáveis e estáveis no decorrer do desenvolvimento, válidos e, por isso, úteis. Quer dizer, são inúteis. O TDAH, agora, é reconhecido como um transtorno único, que varia de gravidade em meio às duas altamente relacionadas dimensões de sintomas, em vez de compreender três tipos distintos do transtorno. Atualmente os clínicos simplesmente especificarão qual grupo de sintomas é mais predominante pela qualificação do diagnóstico com uma "apresentação", tal como "apresentação predominantemente desatenta".

A discussão sadia continua até o presente a respeito do núcleo deficitário no TDAH, com peso aumentado sendo dado aos problemas com a inibição do comportamento, auto-regulação, e o domínio relacionado das funções executivas, assim como a dificuldade de esperar pelos acontecimentos e os mecanismos energético-cognitivos.  Os sintomas da desatenção podem na verdade ser a evidência de uma memória de trabalho deficiente e não de problemas com a percepção, filtragem ou seleção das aferências. Da mesma forma, continua a controvérsia sobre o lugar de um subtipo composto primariamente por uma forma distinta de desatenção, chamada "sluggish cognitive tempo" (SCT), que é composta de sonhar acordado, olhar perdido no espaço, processamento lento, letargia e hipoatividade, dentro da condição maior do TDAH, com alguns argumentando que para ele ser um novo e único transtorno diverso do TDAH. O SCT não aparece no DSM-V porque mais pesquisa é necessária para que essa condição seja identificada com justiça como um novo transtorno psiquiátrico.
Entretanto, a pesquisa feita até o momento parece estar bem no caminho de fazer isso.

Russel A. Barkley

http://www.continuingedcourses.net/active/courses/course003.php 

[Se você, que tem TDAH, conseguiu ler até o fim, parabéns.]

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