segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

313- As Melhores Estratégias de Disciplina para as Crianças com TDAH (1a. parte)

Você falou para o seu filho pegar a roupa suja no chão do quarto dele. Nem uma meia foi posta no cesto de roupa suja. Ele não te escutou ou ele te ignorou? Contrariado, você gritou com ele e, pior, sentiu que estava ficando bravo e à beira de uma luta pelo poder. Então vieram os castigos, não ver TV por uma semana, nenhuma visita aos amigos por um mês e qualquer outra coisa que possa pensar quando está enfurecido.
O incidente custa muito caro para todos: Seu filho se sente enraivecido e desmoralizado, e você se sente tudo menos um pai amoroso. E para quê? Uma pilha de roupa suja precisando de uma máquina de lavar roupas.
Todos os pais querem que seus filhos sejam felizes e bem ajustados. Mas os pais também querem que eles sejam respeitosos e obedientes. Naturalmente, crianças - particularmente as crianças com TDAH - têm suas próprias idéias. Em vez de fazer o que lhe pediram, as crianças com TDAH ignoram suas tarefas de casa, incomodam seus irmão e se esquecem de dar comida para o cachorro. Deixam as toalhas molhadas no chão do banheiro e espalhas os blocos de Lego pela sala de estar. Elas respondem, choramingam, embirram, ou se comportam mal de outro jeito. Todo dia traz um novo caos - e ocasiões para um pai castigar.
Especialistas em educar filhos elaboraram todas as técnicas de disciplina. Aqui você encontrará 50 das melhores, divididas em cinco postagens. Segue a primeira postagem, com 10 estratégias.

1- Descubra um jeito melhor.

Transforme os momentos de disciplina em oportunidades de aprendizado. Lembre ao seu filho que todos nós cometemos erros, então convide-o a imaginar maneiras melhores de lidar com tentações semelhantes ou com o estresse no futuro. Escute as ideias dele e valorize sua contribuição. Não pode ser só do seu jeito ou rua.

2- Discuta por que é errado.

Esteja certo de que seu filho entenda como sua ação - ou omissão - magoou alguém ou vai contra as suas expectativas. Então, pergunte a ele se ele pensa que seria uma boa ideia pedir desculpas, sugerindo que ele provavelmente gostaria da mesma cortesia se seus sentimentos tivesses sido atingidos.

3- Seja razoável quando castigar seu filho.

Se a sua criança ou seu filho adolescente abusa de um privilégio, remova o privilégio - por pouco tempo. Proibir um adolescente de ter um celular por um mês porque ele excedeu seu plano de minutos de uso é exagerado. Ele é seu filho antes de tudo, não um criminoso [No Brasil, até quem está preso tem celular...]. Retirar o privilégio por um curto tempo - e permitir que permitir que seu adolescente o tenha de volta após desenvolver um plano para não exceder a conta da próxima vez - ensina a lição necessária.

4- Experimente contar de um a três.

Cada vez que seu filho fizer algo que não deveria fazer, erga um dedo e diga calmamente "É um". Se o comportamento continuar, erga dois dedos e diga "É dois". Se a criança ainda ignorar seu aviso, erga o terceiro dedo e diga "É três. Cinco minutos de castigo".
A criança, então, vai (ou é levada) para um castigo de cinco minutos em seu quarto. Se a criança não quiser se mexer, saia você da sala: faça uma caminhada rápida ao redor da casa, leia umas poucas páginas de um livro, feche-se no banheiro - mas não converse com sua criança, mesmo se ela tentar segui-lo. Você não grita, adula ou explica. Está claro para sua criança que ela tem uma escolha: ela pode obedecer de uma vez ou sofrer uma consequência.
Terminado o castigo, não comente o episódio nem faça uma preleção sobre ele. Acabou.

5- Combata o exagero de orientações.

Os pais frequentemente caem em um padrão de correções, supervisão e comentários disciplinadores desnecessários. Coisas tais como "Amarre os sapatos!" ou "Vista o casaco!" ou "Mastigue mais devagar". Apesar de suas boas intenções, comentários como esses irritam e rebaixam o seu filho - e prejudicam a habilidade dele de cuidar-se de si mesmo. Há momentos em que ficar longe de problemas é a melhor coisa. Deixe que o mundo grande e mau ensine ao seu filho o que funciona e o que não funciona.

6- Procure oportunidades para elogiar.
"Bom trabalho na prova de soletração, Amy!" ou "Você arrumou muito bem o seu quarto! E eu nem tive de mandar você fazer isso. Uau!" ou "Hoje você se arrumou bem depressa para ir para a escola. Que bom!". De modo ideal, você deveria elogiar seu filho quatro vezes mais do que o critica. Demonstre, com suas palavras e ações, que você acredita que ele pode cuidar-se de si mesmo - e ele provavelmente vai. Disciplina dever ser um problema menor.
7- Diga as coisas de dois modos diferentes.
Crianças diferentes respondem às ordens de modo diferente. Quando der ao seu filho uma tarefa - tal como deixar de lado os joguinhos - fale de dois modos. Diga, "Gostaria que você parasse de deixar seus jogos espalhados pelo quarto. Você pagou caro por eles e quer cuidar deles, correto?" Então, faça a mesma afirmação de um modo positivo: "Por favor, guarde seu joguinhos". É provável que ele entenderá a mensagem.
8- Estabeleça pontos de parada.
Pilotos de corrida periodicamente param seu carros no "pit stop" - para trocar pneus, botar mais combustível e falar sobre as estratégias de corrida com a equipe auxiliar. Faça o mesmo com seu filho quando as coisas ficarem tensas e você sentir vontade de gritar. Diga a ele que você quer ter uma parada no "pit stop" - uma conversa em particular em uma área sossegada da casa, onde ninguém vai interromper - ou, melhor ainda, no seu lugar preferido para tomar café. Estabelecer "pit stops" evitará uma briga feia da qual você se arrependeria mais tarde.
9- Encoraje a repetição.
Quando seu filho fizer besteira, com paciência, repita a situação - fazendo do modo correto. Se ele derruba um copo de refrigerante enquanto faz palhaçada ao redor da mesa, faça com que ele limpe a bagunça e encha outro copo. Aí, peça a ele que ponha o copo em outra posição na mesa e que fique bem comportado.
10- Faça uma pausa.
Conte até 10 antes de abrir sua boca; evitará um monte de grosseria verbal.

continua na 314
ADDitude

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

312- O Que Aconteceu? Ex-namorado com TDAH.


Postado por MayaL em Couples with one ADHD partner on Dec. 08, 2013 at 2:29pm

Esta grande questão está me incomodando nos últimos 10 meses: "O que aconteceu?"

Namorei esse rapaz com TDAH, e foi perfeito. Estava apaixonada pela primeira vez na minha vida. Ele tomava Adderal e me disse logo no início que tinha TDAH. Nunca notei nada de diferente nele, exceto as ocasionais crises de irritação ou de raiva, o que era muito diferente do seu jeito amoroso habitual .

Um dia, descobri que ele parou de tomar sua medicação de modo repentino. Aparentemente ele estava tomando três vezes mais do que deveria. Mais tarde, no mesmo dia (em que ele parou), ele me mandou um email dizendo que não sentia nada por mim e que eu deveria seguir em frente na minha vida (era uma carta muito doce, mas, mesmo assim, devastadora). Duas semanas depois disso, tivemos uma discussão online sobre o fato dele ter se recusado a me ver quando ele estava na cidade, dizendo que eu era "maluca" e "muito dependente dele".

Depois disso, ele me deletou da rede social. Ainda não falei com ele depois desse dia, e nossas discussões foram todas online.

Ainda fico me perguntando o que aconteceu, o que eu fiz?. Meus amigos e nossos amigos em comum, todos, fazem a mesma pergunta.

Li online e descobri que ele pode ter hiperfocalizado nossa relação no início e, então, mudou o foco para alguma outra coisa.

Também fico me perguntando se isso poderia ser simplesmente por causa do TDAH, ou porque ele parou de tomar sua medicação.

Ou pode ser porque ele só estava sendo infantil.

Apreciaria muito algumas respostas sobre esse assunto, que me ajudaria a tocar a vida para a frente.

PS: Ah, devo acrescentar: ele tem 20 anos de idade e eu tenho 24. Entendo que pode parecer confuso porque eu me refiro a ele como um "menino" (boy). Postado por MayaL on Dec 08, 2013 at 2:37 pm

Resposta 1: YellaRyan, on Dec 09, 2013 at 4:35 am

Ele só está sendo um menino com TDAH. Eles ficam chateados com as coisas, invocados com as coisas até o ponto da paranóia.

Muitas pessoas com TDAH nunca conseguem sustentar relacionamentos de longa duração, como os namoros, empregos, bons relacionamentos familiares. Então, nesse caso, se ele disse "não é com você, é comigo", ele estava absolutamente correto. E, como você pode ver pela acusação de estar sendo muito dependente dele, ele provavelmente teve aquele pensamento algum dia, e você disse algo totalmente inócuo como "senti sua falta", e ele chegou à paranóia. Não há dúvida que ele pensa mal de você, uma vez que cortou toda a comunicação.

Então, sim, é um problema do TDAH e não há nada a ser feito sobre isso. Nem pense em convencê-lo sobre nada, porque ele vai ficar com o cérebro paranóico em chamas. Lamente, perdoe, ele é assim, e siga em frente. E agora você sabe, quando algum rapaz bonito lhe disser que tem TDAH, corra, não ande, na direção oposta. [NT: Putz, que conselho mais egoísta...pra dizer o menos.]

Réplica de MayaL

Obrigado por sua resposta.

É comum que isso aconteça de repente?

Dei a ele muito espaço, porque percebi que ele precisava, mas, então ele me contatou dizendo que tinha sentido minha falta e que tinha comprado uma passagem de avião para me encontrar (fazia dois meses que nos havíamos encontrado). Dois dias depois ele me mandou aquele email.

Você acha que ele ter parado de tomar o remédio no mesmo dia teria algo a ver com tudo, ou ele só ficou chateado comigo no mesmo dia?

Ambos somos artistas, e depois que ele me deletou, continuamos a ter "contato" por meio de suas músicas e minhas poesias. Não com as palavras mais bonitas como antes, e, como você previamente mencionou, isso provavelmente fez sua paranóia. Mas, um dia, depois de fazer uma de suas músicas não tão amáveis a meu respeito, ele me adicionou no facebook novamente. Armistício?

Devo acrescentar que recentemente fui diagnosticada também com TDAH (desatenção), [NT: e não se lembrou de falar isso logo de cara?] mas depois desse rompimento começo a me perguntar se tenho algum traço de personalidade borderline. Tem sido muito difícil tentar entender porque diabos eu não consigo me desligar desse sujeito depois de dez meses. Pensei que eu ficaria cheia dele primeiro, como costuma ser o caso em meus relacionamentos. Mas desde que ele é o único cara por quem eu me apaixonei de verdade, pode ser a velha síndrome do primeiro amor. Não sei.

Agradeço você ter gastado seu tempo para responder ao meu post.

[Mas que menina desligada...]

Resposta 2 : BexIssues on Dec 09 2013 at 11:05 pm

YellaRyan está absolutamente certa, ela explicou perfeitamente, o conselho deve ser aceito e seguir em frente com sua vida. Muita sorte.

Resposta 3: Benevolence on Dec 10, 2013 at 9:20 pm

Para YellaRyan. O conselho de "correr da próxima vez que algum rapaz bonito lhe disser que tem TDAH" ser o que toda pessoa com TDAH quer ouvir. Nunca em sua vida!

Há modos de fazer funcionar os relacionamentos TDAH e para a pessoa com TDAH pode ser muito difícil. Achar que todos os que têm o TDAH têm o equivalente à peste bubônica é muito difícil de engolir.

Acho que o que precisa ser feito é avaliar do ponto de vista adulto, e isso seria:

1- Ele estava tomando o triplo de sua medicação - muito perigoso e essa não é a maneira de tomar a medicação.

2- Ele parou de tomar de repente; o que novamente é errado.

3- Ele parece não ter se educado a respeito de seu próprio TDAH.

4- Ele precisa de ajuda para lidar com o TDAH e a vida.

Tudo foi escolha dele, e só dele. Infelizmente para MayaL ela foi pega pelo hiperfoco do TDAH no início do relacionamento, mas foram as ações dele com o tratamento medicamentoso que realmente causaram o rompimento. Jogar todo mundo com TDAH nessa categoria é ultrajante. Todos nós temos nossos problemas com os relacionamentos, mas isso não significa que eles estão destinados ao fracasso. Com treinamento, educação e entendimento por parte das duas pessoas, pode ser construída uma sólida plataforma de relacionamento. Não estou dizendo que não será difícil e que não haverá alguns tropeços, mas, para a pessoa que aceite o TDAH e encontre as forças dele para usar e suas faltas sejam reconhecidas, então, haverá o potencial.

Enquanto você não tiver de lidar com seu próprio TDAH, mas tiver de lidar com o TDAH de um marido, sua raiva e ou ressentimento em ter de lidar com isso parecem estar encobrindo suas outras palavras de sabedoria. Espero que obtenha ajuda para sua situação. Lamento que você não esteja agindo como você é.

Por favor, não faça com que me sinta no dever de desistir de um relacionamento (eu, um homem solteiro com TDAH), porque sem esse tipo de esperança, o que existe?

Resposta 4: Mygardenispretty on Dec 11, 2013 at 12:05 am

Por favor não pense que todos os TDAHs não possam ter relacionamentos. Sou um TDAH desatento de alto funcionamento. Eu me eduquei a mim mesmo a respeito dessa desordem funcional. Sob o uso de Strattera, me sinto bem. Sou intuitivo e artístico, e me comunico muito bem. Sou curioso. Essas são as coisas positivas do TDAH. Hiperfoco. Um traço muito bom. Aprenda seus positivos, compreenda suas deficiências. Seja honesta sobre si mesma em novos relacionamentos. Você pode ter sucesso nos relacionamentos. Pense em acessar outros com TDAH e em aprender o que eles realmente sabem e fazem com isso. De algumas pessoas normais você deveria mesmo fugir.
Publicado em ADDitude

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

311- Sete Modos de Reduzir o Estresse: Técnicas Calmantes Para Adultos com TDAH


Sete estratégias para se acalmar quando o TDAH desencadeia estresse em casa e no trabalho. Por Nancy Ratey, Ed.M.

"Finalmente, consegui!" Bob, um adulto com transtorno de déficit de atenção, disse para si mesmo, ao sair do trabalho às 17 horas em ponto, para ir se encontrar com sua mulher, para jantar. Pela primeira vez em anos, ele não estava atrasado.

Mais importante ainda, ele estava pronto para aproveitar a noite fora porque se sentia relaxado e com tudo sob controle. Bob não mais ficava até a última hora para completar a lista de relatórios sobre os clientes - um padrão estressante que tinha provocado um grande estrago em sua saúde e em seu casamento.

Como Bob eliminou o estresse no trabalho? Usando um relógio que bipava a cada hora, de modo que ele tivesse certeza de que estava seguindo sua lista de obrigações, um calendário do ano todo com os prazos finais de cada cliente marcados por código de cores, um notebook no qual ele escrevia pensamentos ocasionais durante o dia. O resultado: menos estresse e uma vida mais feliz.

Muitas pessoas com TDAH vivem em constante estado de estresse. Sua neurobiologia faz com que seja difícil eliminar os estímulos que interferem,, prestar atenção e acalmar-se, tudo o que aumenta os níveis de frustração. Ser incapaz de avaliar as expectativas das pessoas ou se sentir culpado por se esquecer de prazos no trabalho cria tensão adicional.
Como o Bob, você pode reduzir o estresse com estratégias que miram seus sintomas de TDAH. Eis aqui algumas para você tentar:

- Reconheça seu TDAH

Pare de se culpar por se esquecer de obrigações ou por perder o prazo de algum trabalho. Reconheça o culpado verdadeiro: o TDAH é neurobiológico e não vai sumir. Obtenha um diagnóstico correto e um tratamento adequado. Matricule-se em um grupo local de apoio para os TDAHs ou entre em um fórum na internet. Só de saber que não está sozinho já pode reduzir o seu estresse.

- Faça exercícios

O exercício é um poderoso redutor do estresse. A atividade física aumenta os níveis de serotonina no cérebro, o que combate o cortisol, hormônio do estresse. Estudos sugerem que uma sessão de exercícios de 30 a 45 minutos pode melhorar o humor e aumenta o relaxamento por 90 a 120 minutos. O exercício, com o tempo, aumenta o seu limiar para o estresse.

- Meça o tempo

Muitas pessoas com TDAH vêem o tempo passar como uma coisa fluida. Para melhor estimar o tempo, compre um relógio de pulso que bipe e ajuste-o para assinalar cada hora. Se você está sempre precisando de "só mais cinco minutos", compre um timer que toque depois de cinco minutos.
Minha cliente, Linda, gastava horas na internet e acabava ficando descabelada no final do dia, para conseguir dar conta dos compromissos. Um timer, ajustado para bipar a cada hora, periodicamente a acorda do seu sonho online.

- Crie limites

Sobrecarregar seu tempo pode aumentar o estresse. Quer seja a causa pura impulsividade ou uma voz interna dizendo "devo fazer isso, aquilo e aquilo outro" o estresse toma conta de sua mente. Pratique dizer NÃO três vezes ao dia. E, toda vez que disser SIM, pergunte a si mesmo, "Estou dizendo não para o quê?" Relaxamento? Escutar música?

- Faça da estrutura uma amiga

Embora muitos adultos com TDAH pareçam "alérgicos" à estrutura, uma rotina confiável pode diminuir o caos. Tente essas dicas. As duas fizeram maravilhas para meus clientes. Antes de ir deitar-se, planeje o seu dia seguinte. Faça uma lista do que vai fazer, quando e como. Você acordará mais centrado. Além disso, vá se deitar todos os dias no mesmo horário. Isso estabilizará seus ritmos biológicos, aumentando as chances de ter um sono reparador.

- Tire um tempo para brincar

Por não fazer interrupções na vida agitada atual, você se programou para o burnout. Programe alegria em sua vida. Faça um jantar ou vá ao cinema com os amigos uma vez por semana. Viaje pelo país ou para a país nos finais de semana. Descubra o que você ama e persiga isso sem culpa.

- Mantenha-se vigilante


Muitos dos meus clientes têm uma falsa sensação de segurança quando obtêm alguns ganhos, e, então, abandonam as estratégias que os ajudaram. Esquecer que tem o TDAH é uma característica da condição. Não baixe a guarda!

ADDitude

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

310- Emoções no TDAH: Como Elas Afetam Sua Vida e Sua Felicidade.


A tempestade emocional do TDAH pode atingir a autoestima, os relacionamentos, e quase tudo mais na vida. O que você deveria saber para controlá-la, a seguir. Por William Dodson, M.D.

A Tempestade Emocional

Você não consegue administrar as dificuldades do TDAH até que entenda como você processa a emoção. Os pesquisadores ignoraram o componente emocional do TDAH porque ele não pode ser medido.
Entretanto, as crises emocionais são o aspecto prejudicial mais importante do TDAH em qualquer idade. Descubra como suas emoções atingem sua vida e sua felicidade, e como você pode ser capaz de administrá-las.

Sensibilidade à Crítica

Quase todo mundo com TDAH responde com um empático sim à questão: "Você sempre é mais sensível do que os outros à rejeição, gozação, crítica, ou sua própria percepção de que fracassou desistiu?" Essa é a definição de uma condição chamada de disforia sensível à rejeição (RSD),  que muitos portadores de TDAH apresentam.

Depressão e RSD

Por muitos anos a RSD tem sido a marca do que é chamado de depressão atípica. A razão pela qual ela não é chamada de depressão "típica" é que ela não é nenhuma depressão, mas uma resposta instantânea do sistema nervoso TDAH ao gatilho da rejeição.

Desaprovação Pelos Outros

A resposta emocional ao fracasso é catastrófica para os que tem a condição. A crítica e a perda do amor e do respeito percebidas são tão devastadoras quanto a coisa real. O termo disforia significa dificuldade de suportar, e muitas pessoas com TDAH relatam que elas dificilmente podem suportar isso. Os TDAHs não são chorões; a desaprovação os machuca muito mais do que às pessoas normais.

Sempre Tensos e no Limite

Muitos TDAHs dizem a mesma coisa quando você pergunta sobre sua vida emocional: "Estou sempre tenso, não consigo relaxar nunca. Não consigo me sentar e assistir a um programa de  TV com o resto da minha família. Como sou sensível às outras pessoas que me desaprovam, tenho medo das interações pessoais." Muitos meninos depois dos 14 anos não têm tanta hiperatividade, mas ela ainda permanece internamente.

Como a Dor se Expressa Por si Mesma

Se a dor emocional é internalizada, um TDAH pode sentir depressão e perda da autoestima em pouco tempo. Se as emoções são externalizadas, a dor pode ser expressada como raiva contra a pessoa ou a situação que provocou o dano. Por sorte, a raiva é expressada verbalmente em vez de fisicamente, e ela passa relativamente rápido.

Emoção do TDAH: Como Afeta a Personalidade

Por causa da sensibilidade à dor emocional dos TDAHs, a pessoa pode se tornar um brincalhão, sempre tendo certeza de que os amigos, colegas e a família o aprovem. "Diga-me o que você quer e eu farei o melhor de mim para realizá-lo. Só não fique bravo comigo." Depois de anos de vigilância constante, o portador de TDAH se torna um camaleão, que perde a noção do que quer para sua própria vida.

Emoção do TDAH: Como ela Afeta o Comportamento

Alguns TDAHs descobrem que a dor do fracasso é tão ruim que eles se recusam a tentar qualquer coisa a não ser que tenham certeza de um sucesso rápido e fácil. Tentar a sorte é um risco emocional muito grande. Suas vidas permanecem vazias e limitadas.

Emoção do TDAH: Como ela Afeta os Relacionamentos

A RSD pode ser um desastre para os relacionamentos. Como as feridas da RSD são quase insuportáveis, a única maneira de lidar com a situação é negar que a pessoa - professor, parente, colaborador ou cônjuge - que está rejeitando, criticando ou fazendo gozação tenha alguma importância para o portador de TDAH. Em vez de que sofrer mais feridas nas mão da figura de autoridade, ele diminui a importância da outra pessoa. Os TDAHs têm de encontrar ocasiões várias vezes ao dia para lembrarem à outra pessoa quão sem valor, estúpidos e mesmo perigosos são eles e suas opiniões.

Tratamento da RSD: Aconselhamento

Os clínicos e os terapeutas precisam ser especialmente vigilantes quanto aos sinais da RSD porque muitos TDAHs aprenderam a esconder esse aspecto de suas vidas. É vital para o diagnóstico correto e a terapia bem sucedida que tanto o terapeuta e o paciente estejam cientes da intensidade emocional que é uma parte muito grande da v ida do paciente. É igualmente importante reconhecer quando um paciente esteja tentando esconder esse componente de sua vida emocional, com medo de ser mais machucado ainda quando a verdade for conhecida.

Tratamento da RSD: Medicação

Até recentemente tudo que as pessoas podiam fazer para sua disforia era esperar que ela se dissipasse com o tempo. A experiência clínica descobriu que até metade das pessoas com RSD podem obter algum alívio por meio dos alfa agonistas, seja a clonidina ou a guanfacina. Fale com seu médico sobre esses medicamentos.


ADDitude

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

309- Cheguei ao fim da linha (quase). Depoimento de um TDAH adulto.


Desistindo da faculdade, perdendo o emprego, sentindo-se um fracasso como marido, este autor quis terminar com tudo, até que se lembrou das sábias palavras de sua mulher.

Em 2011, com a idade de 35 anos, desisti de tudo. Havia abandonado a faculdade, não conseguia manter um emprego, e estava cansado de me sentir um fracasso como marido. Minha mulher estava trabalhando no escritório de casa, no andar de cima, e eu fui até o porão e enrolei a corda de ginástica em volta do meu pescoço e me pendurei nela. A dor ficou violenta, enquanto as lágrimas caiam no carpete. Meu irmão havia cometido suicídio três anos atrás, e eu estava indo me juntar a ele em um local menos dolorido. Porém, algo me impediu.

Em meio à vergonha, culpa e desespero que me corroíam, percebi que tinha coisas boas; não sabia como ia ter acesso a elas enquanto me sentisse um fracasso. Minha vida estava por um fio, mas eu me lembrava de minha mulher dizendo que quando as coisas ficam ruins e difíceis de suportar, é bom levantar as mãos e dizer "Preciso de ajuda! Alguém precisa cuidar de mim por um tempo, porque não me resta mais nada!"

As palavras dela salvaram minha vida naquele dia. Retirei a corda do meu pescoço antes de subir, soluçando, e ir contar a minha mulher que eu precisava ir para a sala de emergência - logo. Ela me levou até lá, e o resto é história.

Depois de ser avaliado e diagnosticado como portador de TDAH do adulto (e depressão), meus olhos se abriram pela primeira vez em minha vida. Aos 37 anos, trabalho como guarda de segurança em um hospital, ajudando outros com problemas mentais. Não tem sido uma jornada fácil. Um ano atrás, caí de novo em depressão, e fui por minha conta ao psiquiatra. Precisava de mais aconselhamento para aceitar o fato de que tinha de trabalhar mais para aceitar meu diagnóstico e uma nova maneira de viver.

Fui capaz de fazer isso. Tinha ido de paciente amparado a guarda de saúde mental, amparando outros. (Tenho um livro de memórias prestes a sair, contando minha experiência com o TDAH.) A chave da minha sobrevivência e sucesso foi ter recebido apoio das pessoas queridas e dos cuidadores da comunidade. Minha mulher, meu pai, meu melhor amigo, e outros têm me amparado sem fazer julgamentos, sabendo quanto potencial eu tenho. Tentei os medicamentos, mas nada aconteceu. Trabalhar fora regularmente, ouvir música e aprender a ter calma quando percebo que estou indo depressa demais, funciona melhor.

Sou a favor de que se procure aconselhamento de forma regular. Trabalhar como guarda de segurança de hospital requer concentração e foco. Sou tão bom no trabalho quanto mentalmente inteligente e estável. Isso significa que invisto em mim mesmo ao falar com um profissional para que me mantenha no topo do jogo. No meu dia a dia, me sinto bem ao notar quando minha mente trabalha rápido para meu próprio bem. Alenteço as coisa por meio de técnicas de respiração, caminho um pouco para mudar meu foco, ou trabalho fora para liberar a energia crescente.

Que seja meditação, exercícios físicos, música ou alguma outra forma de acalmar sua mente, fazer algo é a chave do problema - antes que você acabe tomando uma decisão errada. No passado, eu me apoiava nas namoradas quando ficava frustrado. Hoje, faço uma respiração profunda e aceito que  tenho dificuldades, em vez de romper os relacionamentos. Antes, eu perdia o controle com os membros da família ou com os amigos quando era desafiado em uma discussão. Agora, eu saio da situação para ver melhor o quadro, antes de cometer um erro do qual me arrependerei. Falo a mim mesmo em casa, quando noto que estou falando muito depressa, dizendo a mim mesmo para relaxar e aproveitar a viagem.

Por meio do apoio, da paciência e sendo honestos, adultos com TDAH poder ter sucesso na vida. Todos temos sintomas e graus diferentes de TDAH, mas sempre há esperança e apoio. Por favor, lembre-se disso. Eu encontrei tudo isso depois de pesquisar meios para por fim à minha vida. Graças a Deus eu acenei a bandeira branca e me lembrei do que minha mulher me disse naquele fatídico dia em 2011.


Jeff Emmerson tem um blog sobre os desafios diários de viver com TDAH, e as ferramentas e estratégias que ele usa para viver uma vida feliz, bem sucedida, em adultadhdblog.com. Ele está empenhado em aumentar o conhecimento sobre as batalhas enfrentadas por milhões de portadores de TDAH como ele.

ADDitude

308- "Não quero ser o menino mau! Socorro!"


A correção e a crítica constantes fazem nossos filhos se sentirem mal. Auxilie seu filho a se sentir bem novamente com essas ideias para construir a autoestima. Por Kirk Martin.

"Sou burro! Queria não ter nascido." Quando meu filho, Casey, falou isso, com 10 anos de idade, meu coração disparou. Como essa criança podia se sentir tão mal?

Pensei sobre as mensagens que ele recebia em todos os lugares em que fosse: "Você precisa aprender a ficar sentado quieto. Por que você não consegue obedecer às ordens?" Ele sempre estava encrencado, por coisas que não podia controlar. Entre suas crises de desespero, comecei a ouvir uma mensagem diferente: "Não quero ser o menino mau! Não quero ficar encrencado o tempo todo. Preciso de meios para ter sucesso, preciso de ajuda!" Eis aqui quatro meios de dar ao seu filho a ajuda que ele está pedindo:

1- Dê ao seu filho um cartão de avaliação.

Se você é constantemente avaliado e penalizado por causa do seu problema, você se sentirá muito mal sobre si mesmo. Então, crie seu próprio cartão de avaliação, ressaltando as qualidades que sua família valoriza. Escreva nele todas as vezes que seu filho mostrar liderança, compaixão, criatividade e resolução de problemas. Seus filhos devem saber que seus talentos são recompensados no mundo real.

2- Dê a ele as ferramentas para ter sucesso.

Se o seu filho precisa ter um objeto nas mãos para se concentrar, cole um fita de Velcro debaixo de sua carteira na escola e em casa. É um meio eficaz de brincar de mexer as mãos, sem se distrair, que melhora o foco e ajuda com os desafios sensoriais. Quando seu filho ficar bravo, dê a ele uma atividade física específica para fazer - construir uma espaçonave com Lego ou pular 37 vezes de um mini-trampolim. A atividade física controlará sua frustração melhor do que ficar gritando para ele parar.

3- Procure elogiar seu filho.

Muito frequentemente, esperamos nossos filhos se meterem em apuros para expressarmos nosso amor por eles. Afague seu filho quando ele estiver demonstrando autocontrole e elogie-o por isso. Ponha sua cara na porta e diga: "Gente, quero que vocês saibam que estão brincando juntos, sem problemas, já faz 18 minutos. Me orgulho de vocês." Escreva um bilhete dizendo ao seu filho três razões que fazem você ter orgulho dele, e ponha sob o travesseiro dele.

4- Demonstre as potencialidades e as paixões do seu filho.

Dê ao seu filho oportunidades de mostrar seus talentos fazendo o que ele gosta. Ajude sua filha a começar seu próprio negócio criando coisas, sendo voluntária em um abrigo de animais, a tocar violino num asilo [Putz! Só nos Estados Unidos, mesmo.], ou a vender rifas para alguma benemerência. Quando as crianças fazem o que gostam e ajudam outras pessoas, isso aumenta sua confiança e dá a elas esperança para o futuro.


Kirk Martin é fundador de celebratecalm.com. Ele escreveu quatro livros, escreve um boletim que já foi premiado, e tem um programa de rádio.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

307- Maior intensidade de luz solar se correlaciona com menor incidência de TDAH.


A simples inspeção visual de mapas nos quais se mostram as taxas de incidência do TDAH em cada lugar e as intensidades de luz solar em determinada região geográfica revela correlação entre a incidência de TDAH e a intensidade de luz solar em tal zona.

Uma equipe holandesa levou a cabo investigação sistemática na qual foi compilada e analisada a informação contida em diversas bases de dados de 49 estados americanos e nove países. Foi  encontrada clara relação entre a intensidade da luz solar e incidência baixa de TDAH. Nas regiões com alta intensidade de luz solar há incidência baixa de TDAH, o que sugere que a alta intensidade de luz solar poderia exercer efeito "protetor". Ainda levando em conta os fatores que se sabe estarem associados ao TDAH, mantém-se essa correlação com a intensidade de luz solar.

Muitos indivíduos com TDAH também têm dificuldade para dormir e transtornos do sono. De fato, foi demonstrado que as terapias de certos transtornos do sono e os tratamentos cronobiológicos destinados a restabelecer os ritmos circadianos normais, incluindo a terapia de exposição à luz solar, diminuem os sintomas do TDAH.

A fim de delimitar melhor essa aparente relação entre a luz solar e o TDAH, os autores também compararam as intensidades de luz solar com numerosos diagnósticos de autismo e depressão maior, e não encontraram nenhuma relação nesses casos.


Arns M., Van der Heijden K. B., Arnold L. E., Kenemans J. L. [Biol Psychiatry 2013] 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

306- TDAH e superdotação? Estudantes duas vezes excepcionais.


 
Uma criança com déficit de atenção e comorbidade com dificuldades de aprendizagem pode também ser um aluno superdotado (ou 2e. nas escolas americanas. Nota do tradutor). Você sabe como descobrir um aluno 2e. e ajudá-lo a realizar todo o seu potencial?

Por Lynne Ticknor

Muitos pais e professores não sabem que uma criança pode ser superdotada e ter dificuldades de aprendizagem, uma combinação chamada "duas vezes excepcional" ou 2e. Debra Hori, uma terapeuta educacional, não sabia. Seu filho Ben, foi diagnosticado com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) aos oito anos de idade, mas demorou três anos para descobrirem que seu QI e suas habilidades verbais eram muito acima da média. "Ele foi testado e pontuou na faixa da superdotação", diz Hori. "Decidi matriculá-lo em outra escola, com as acomodações para todas as necessidades dele", ela explica. "Fez uma enorme diferença".

Crianças intelectualmente superdotadas, com necessidades especiais, geralmente sofrem muito na escola. Seus dons mascaram suas necessidades especiais, e suas necessidades especiais escondem sua capacidade acadêmica. Como resultado, elas são geralmente rotuladas como "preguiçosas", "desmotivadas" ou "vadias".

Vários fatores contribuem para a demora no diagnóstico dos estudantes superdotados. A desatenção e os outros sintomas do TDAH podem resultar em notas mais baixas nos testes usados para determinar a indicação para programas para alunos superdotados. Mais, os professores têm menor probabilidade de notar os sintomas do TDAH em alunos que não são bagunceiros, Os pais são céticos em relação ao diagnóstico de TDAH quando sabem que seu filho é brilhante. É bom lembrar que um QI alto, sozinho, não é suficiente para ter sucesso na escola. A memória de trabalho, dizem os especialistas, é um índice melhor do que qualquer resultado de teste.

Como atingir as necessidades de aprendizado de alunos superdotados com dificuldades de aprendizado.

"De modo diverso dos estudantes normais, os alunos 2e. - alunos superdotados que têm TDAH e dificuldades de aprendizagem - têm dificuldade de transpor seus pensamentos para o papel, escrever legivelmente, fazer os cálculos corretamente, permanecer organizados e seguir as instruções passo a passo", diz Linda Neumann, editora e co-publisher de 2e: Twice-Exceptional Newsletter. "Eles parecem distraídos ou preguiçosos, mas estão se esforçando muito".

Como resultado, muitos dos assim chamados alunos 2e. se sentem burros e acabam odiando a escola. "Pode ser devastador quando um aluno sabe que é inteligente mas não é capaz de atingir seu potencial", diz Chris Dendy, que fez um DVD, Real Life ADHD, para crianças e adolescentes.

Colocar as crianças com TDAH e superdotadas com outras crianças superdotadas e, às vezes, uma estratégia automática mas errada. Sem o trabalho da escola que atinja suas necessidades cognitivas, as crianças superdotadas com TDAH têm dificuldade de manter a atenção e frequentemente desenvolvem maus hábitos de trabalho. Por outro lado, alguns alunos superdotados evitam os alunos 2e. por sua falta de habilidades sociais e de organização.

Estudantes duas vezes excepcionais precisam de um programa que desenvolva seus talentos ao mesmo tempo que acomoda suas fraquezas, diz Susan Baum, Ph.D., educador, pesquisador e autor de "To Be Gifted and Learning Disabled" (Ser superdotado e ter dificuldades de aprendizagem"). Crianças superdotadas com TDAH precisam de aprendizagem acelerada, mesmo quando estiverem trabalhando as habilidades cognitivas que apóiam o ritmo mais rápido. Elas devem ter um "currículo diferenciado", com opções nas quais aprendam e como aprendem.

Os professores e os pais devem garantir que um aluno 2e. tenha as habilidades de suporte para gerenciar suas tarefas e para compensar suas fracas funções executivas.

Trabalhe com a escola para garantir os serviços para seu filho. Alguns estudantes superdotados precisam de mais tempo do que os outros alunos para completar suas tarefas. Eles geralmente se beneficiam do uso de tecnologia de suporte, como um processador de texto portátil ou uma calculadora.

"Todos os problemas de Ben não desapareceram quando ele foi para uma nova escola, mas sua postura na vida melhorou significativamente", diz Debra Hori. "Tive meu filho de volta, e isso foi o suficiente para mim".

Cinco Dicas para Pais de Crianças Superdotadas com TDAH.

1- Confie nos seus instintos. Você conhece seu filho melhor do que qualquer pessoa. Não assuma que os profissionais saibam mais porque eles têm credenciais.

2- Confie no seu filho. Se ele diz que não consegue fazer alguma coisa, não assuma que ele esteja sendo preguiçoso ou teimoso, e não acredite em quem diz que ele é.

3- Não ignore os dons enquanto tenta consertar a  falta de habilidades. Crianças superdotadas ficam deprimidas quando não são capazes de aprender coisas novas.

4- Não ignore a falta de habilidades enquanto cultive os dons. As crianças ficam frustradas e deprimidas se elas são constantemente obrigadas a fazer coisas que não conseguem fazer.

5- Saiba que seu filho pode ser admitido em um programa para superdotados e também em um IEP [Programa Educacional Individual] ou no 504 Plan [Plano de ensino das escolas americanas para alunos com dificuldades de aprendizagem]. Alunos superdotados com TDAH podem ter os serviços do IDEA.

[the United States Individuals with Disabilities Education Act ("IDEA") 1997]

{"transportation and such developmental, corrective, and other supportive services as are required to assist a child with a disability to benefit from special education..."[section 300.24(a)].}

Meredith G. Warshaw, M.S.S, M.A., www.uniquelygifted.org   

305- TDAH também pode estar ligado a circunstâncias econômicas


O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) pode não ter somente causas genéticas - ele pode ser induzido por circunstâncias sociais e econômicas. Isso foi indicado em um estudo britânico publicado no "Journal of Child Psychology and Psychiatry".

Pesquisadores da Universidade de Exeter analisaram os dados do estudo Millennium Cohort, que incluiu 19.500 crianças no Reino Unido. Ele mostrou que mais crianças portadoras de TDAH vinham de famílias abaixo da linha de pobreza do que observado na população geral.
A renda média familiar nas famílias com crianças portadoras de TDAH foi menor do que nas famílias sem crianças com TDAH. Pais que viviam em moradias sociais tinham uma probabilidade três vezes mais alta de ter um filho com TDAH em comparação com os pais residentes em casa própria. A escolaridade e a idade das mães também tiveram seu papel: os filhos de mães com diploma universitário e das mães mais velhas sofriam menos frequentemente de TDAH; os filhos de pais solteiros, mais frequentemente.
"Algumas pessoas acreditam que o TDAH em crianças traz desvantagens para a situação econômica da família, mas não encontramos nenhuma evidência dessa teoria", enfatizou a autora principal, Ginny Russell.

UNIVADIS - MSD

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

304- Mães - Parte 3 - Continuação da 303

Mães - Parte 3

"Disse à minha filha: o céu é o limite".
Karen Fisher, professora do ensino médio em Bow, Washington, e mãe de Danielle Fisher, a mais jovem pessoa a escalar todas as montanhas mais altas do mundo.

Persistência foi sempre um desafio para Danielle Fisher. "Ela começava a tarefa de casa mas não a terminava, ou terminava mas não entregava", lembra-se sua mãe, Karen Fisher. Mas Karen era compreensiva porque ela, também, geralmente ficava fora de rumo. "Demorava o dia todo para eu limpar a cozinha, porque eu ia de um cômodo para outro, e outro", ela revela. "As coisas não pareciam tão fáceis como para os outros pais."

Quando Danielle chegou ao sexto grau, ocorreu a Karen que ela podia ter TDAH. Depois de um médico confirmar o diagnóstico das duas, mãe e filha começaram a medicação. A capacidade de focalizar das duas melhorou, mas os problemas continuaram. "Na sala de aula, as meninas com TDAH geralmente não são percebidas", diz Karen, professora de ensino médio. "É difícil acreditar que uma aluna tem TDAH se ela é uma criança boa, simpática e quieta, que não causa problemas."

Para ter certeza que Danielle obtivesse ajuda extra em classe, Karen preencheu um formulário do Plano 504, que garante aos estudantes as acomodações, como mais tempo para completar o trabalho e a opção de fazer as provas de modo privado, em sala livre de distrações [Nota do tradutor: Isso é nos Estados Unidos].

Durante todo o tempo, Karen fez o melhor que podia para manter uma relação positiva com Danielle. "Os relacionamentos são muito importantes para as meninas com TDAH", ela afirma. "Seu ficasse brava com ela, ela passava por maus bocados. Mas se eu pudesse dizer que ela era querida e estimada, ela se ficava melhor. E eu também. Eu disse a Danielle que ela pode ser ou fazer o que quiser".

Com o encorajamento da mãe, Danielle escolheu uma das metas mais elevadas que se possa imaginar: escalar os sete picos mais altos do mundo, um em cada um dos sete continentes. Uma ávida caminhante, quando criança, Danielle levou a sério o montanhismo, quando estava na escola média. Em janeiro de 2003, ela foi para a Argentina para escalar sua primeira grande montanha, o Aconcágua, com 22.838 pés (6.961 metros) - a montanha mais alta do Hemisfério Sul.

"As montanhas mantêm o foco dela" explica Karen. "Pode ser que seja pelo exercício, ou pelo fato de que há menos caos lá em cima, e nenhuma preocupação diária como limpar a casa e lavar as roupas. Ou pode ser que seja o fato de que todos os alpinistas têm a mesma meta - Chegar no topo. Isso é um alívio para ela".

Dois anos e seis montanhas passadas, em 2 de junho de 2005, Karen e seu marido receberam um telefonema: Danielle, então com 20 anos de idade, estava ligando do Monte Everest, logo após ter se tornado a mais jovem americana a escalar a montanha mais alta (e a mais jovem a escalar os "Seven Summits" - as sete montanhas mais altas da Terra). Karen não podia estar mais orgulhosa, e ela encoraja outros pais de crianças com TDAH a manter altas expectativas em relação a seus filhos.

"Sempre digo a minha filha para não desistir", conta Karen. "É difícil, mas se você focar em um passo de cada vez, chegará àquelas mini-metas no caminho da conquista. Cedo ou tarde, você chegará onde queria".


ADDitude - April/May 2007

domingo, 10 de novembro de 2013

303- Continuação da 302 - Mães - Parte 2


Mães - Parte 2

"Eu aperfeiçoei os dons que o TDAH deu a ele"

Yvonne Pennington, psicóloga clínica em Marietta, Georgia, mãe de Ty Pennington, estrela da série da ABC-TV Extreme Makeover: Home Edition.

Como o rapaz sortudo, feliz e faz-tudo do seriado de TV Extreme Makeover: Home Edition, Ty Pennington batalhou para atingir nossos corações. Sua mãe, Yvonne Pennington, é, claro, sua maior fã - embora ela afirme de início que a energia maníaca de Ty nem sempre foi uma coisa boa.

"No primeiro grau, ele punha sua carteira nos ombros e a "vestia", correndo pela sala de aula no meio das risadas dos outros alunos", ela nos conta. "As professoras insistiam que ele era brilhante, mas que não conseguia ficar sentado quieto. Eu era constantemente chamada à sala do diretor e me sentia como se fosse a pior mãe do mundo".

Em casa, Ty era um azougue. Yvonne diz que ele estava sempre pulando do telhado e correndo pelas ruas sem se preocupar com os carros.

Naquela época, Yvonne era mãe separada lutando para cuidar de dois filhos - enquanto estudava psicologia de dia e trabalhava à noite como garçonete. Ela sentia que havia alguma coisa de errado com o Ty, que estava com sete anos de idade. Mas, o que era?

Um dia, enquanto fazia uma pesquisa para um trabalho de psicologia, trombou com uma resposta. "Li alguns estudos de casos sobre crianças com dificuldade de prestar atenção e elas se pareciam muito com Ty. Ela levou Ty para uma consulta com um médico, que confirmou o diagnóstico.

No início dos anos setentas, os médicos não usavam o termo "transtorno de déficit de atenção". Crianças como Ty recebiam um rótulo muito mais sombrio: "disfunção cerebral mínima". Yvonne não tinha certeza se devia contar ao seu filho. "Imagine ele ouvindo aquilo". "Ele já se sentia um mau menino. Por que piorar as coisas, contando a ele?"

Yvonne decidiu não contar a Ty sobre o diagnóstico. Mas, ela leu os livros de texto de psicologia, aprendendo tudo que podia sobre a disfunção cerebral mínima e como tratá-la. Leu sobre uma forma de terapia do comportamento que envolvia o uso de prêmios, e decidiu fazer uma tentativa.

Funcionava assim: Se Ty conseguisse ficar concentrado por 10 segundos e fizesse o que lhe havia sido pedido, ele ganhava uma ficha (um dos descansos de copos de Yvonne). Ele tinha permissão para trocar as fichas por prêmios - 10 fichas por mais uma hora de TV ou mais tempo para brincar com seu jogo de construção.

No início, Ty raramente ganhava mais do que uma ficha ou duas antes de retornar às suas habituais travessuras. Mas Yvonne persistia; ela até persuadiu a professora de educação especial de Ty a usar a técnica em classe. o comportamento dele melhorou lentamente e deu à sua autoestima o empurrão necessário.

"Antes, as pessoas só prestavam atenção no Ty quando ele fazia algo errado. Mas, com a estratégia de fichas, mudamos isso"

Conforme Ty aprendia a canalizar suas energias, ele se tornava apaixonado por construir coisas - quanto maior, melhor. "Com onze anos de idade ele trocou suas revistas de quadrinhos pela ajuda de seus amigos na construção de uma casa de árvore com três andares. Eu sabia que ele seria um carpinteiro quando crescesse, ou um dublê em Hollywood".

Ty tirava geralmente Bs ou Cs no colegial. Mas ele se deu mal depois de entrar para a Kennesaw State University, na Geórgia, em 1982. A falta de estrutura deixou-o enrolado e ele abandonou a faculdade depois de um ano.

Naquela época, no início dos anos oitentas, o termo TDAH começou a ser utilizado, e, com o estigma envolvendo o transtorno se desvanecendo, Yvonne decidiu contar a verdade para Ty. "Ele sempre soube que era hiperativo, e eu achava que isso era tudo o que ele precisava saber. Mas, quando descobri que era o TDAH que o estava prejudicando, contei-lhe sobre isso e sugeri que procurássemos um médico".

Com o auxílio da medicação estimulante, que ele toma até hoje, Ty finalmente aprendeu a prestar atenção. Ele voltou para a faculdade - dessa vez o The Art Institute of Atlanta - e formou-se com honras. Depois disso, ele andou mexendo com construção e desenho gráfico, e fez algum trabalho como modelo e ator. Então, ele arrumou um emprego de carpinteiro no Learning Channel´s Trading Spaces. Três anos mais tarde, ele foi promovido a dirigir sua própria equipe de renovação no Extreme Makeover Home Edition.

"Mesmo atualmente, sua espontaneidade me dá ataques de coração" admite Yvonne, lembrando-se do tempo em que ela ligava a TV para ver Ty descendo ladeira abaixo num sofá com rodas. Se a experiência dela ensinou alguma coisa, foi que os pais devem aprender a gostar dos dons exclusivos que o TDAH pode oferecer. "As características que atrapalhavam TY, agora, são seu maior bem". "Muitos pais nessa situação focam no que seus filhos estão fazendo de errado. Eu os encorajo a focar no que eles estão fazendo direito. Faça isso, e as possibilidades são infinitas"

Para aprender mais sobre o regime de fichas, visite o website de Yvonne: Psychology.am; um DVD com instruções e um livro estão disponíveis.

ADDitude

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

302- Conselhos da mãe de Michael Phelps aos pais de TDAHs.


Precisa de algum conselho sobre o TDAH? Aprenda como as mães de três vencedores com TDAH (um recordista olímpico, um peso pesado da TV, e um alpinista  de primeiro time) ajudaram seus filhos a reverter as probabilidades. Por Judy Dutton.

O que é preciso para ter sucesso apesar do TDAH?

Trabalho duro, para os iniciantes - uma vontade de enfrentar os desafios com energia. É necessário o apoio dos membros da família, professores, terapeutas e orientadores. E, é claro, difícil esquecer os benefícios da medicação para o TDAH.

Mas, de todos os ingredientes necessários para conquistar uma vida feliz e bem sucedida, nada é mais importante que bons cuidados paternais. Por trás de quase toda história de sucesso com o TDAH há um pai devotado (ou dois). Em honra às mães, vamos dar o crédito a quem de direito, e prestar atenção aos seus conselhos.

As três mães aqui exemplificadas ajudaram seus filhos e filhas a atingir grandes objetivos, muito mais do que tinham imaginado. Persistentes e habilidosas, elas enxergaram potencial onde outros viram fraqueza, e se mantiveram na procura de meios para auxiliar suas crianças depois que os demais estavam prontos para desistir. Que suas histórias os inspirem!

MÃES - PARTE 1

"Atuamos como uma equipe para vencer o TDAH"
Debbie Phelps, diretora de escola média em Towson, Maryland, e mãe do nadador olímpico Michael Phelps.

Sem dúvida, Michael Phelps fez muitas ondas no esporte que escolheu. Em 2004, com a idade de 18 anos, ele nadou na conquista de 8 medalhas (seis de ouro) na Olimpíada de Atenas. Agora, aos 21 anos, ele tem 13 recordes mundiais, incluindo o dos 200 metros borboleta e o de revezamento 4 por 100, estilo livre.

Porém, Michael poderia não ter gostado nada da natação se não fosse pela engenhosidade de sua mãe, Debbie Phelps. "Com 7 anos de idade, ele odiava molhar o rosto", diz Debbie. "Superamos isso e o ensinamos a nadar de costas".

Michael demonstrou habilidade para nadar de costas, depois de frente, de lado e de todos os outros modos. Mas, em classe, ele afundava. Uma incapacidade para se concentrar, esse era o seu maior problema.
"Uma de suas professoras me disse  que ele não conseguia prestar atenção em nada", diz Debbie. Ela consultou um médico, e Michael, com 9 anos de idade, foi diagnosticado com TDAH.
"Aquilo me atingiu no coração", diz Debbie. "Fez com que eu quisesse provar que todo mundo estava errado. Eu sabia que, se eu ajudasse o Michael, ele poderia conquistar tudo que imaginasse".

Debbie, que tinha ensinado para alunos da escola média por mais de duas décadas, começou a trabalhar de perto com a escola de Michael, para obter a atenção extra de que ele precisava. "Sempre que um professor dizia "Michael não consegue fazer isso", eu respondia, "Bem, o que você está fazendo para ajudá-lo?", ela se recorda.

Por causa do costume de Michael de mexer nos papéis dos colegas, Debbie sugeriu que ele tivesse uma mesa só para ele. Quando ele reclamou de como odiava a leitura, ela começou a dar para ele ler as seções de esportes no jornal ou livro sobre esportes. Notando que a atenção dele fugia nas aulas de matemática, ela contratou uma tutora e encorajou-a a usar problemas adequados aos interesses de Michael: "Quanto tempo demora para nadar 500 metros se você nadar a 3 metros por segundo?"

Nos encontros de natação, Debbie ajudava Michael a permanecer focalizado lembrando a ele das consequências do seu comportamento. Ela recorda a época quando o Michael, com 10 anos, ficou em segundo lugar e, de tão bravo, quebrou seus óculos de natação e jogou-os com raiva no deck da piscina.

Na viagem de volta para casa, ela disse a ele que esportividade vale tanto quanto vencer. "Combinamos um sinal que eu podia fazer para ele das arquibancadas", diz ela. "Eu formava um C com minha mão, que significava 'contenha-se'. Toda vez que eu via que ele estava frustrado, eu lhe mostrava o sinal. Uma vez, ele me fez o C quando eu fiquei muito estressada enquanto fazia o jantar. Você nunca sabe o que está passando até que as mesas sejam viradas!"

Debbie usou várias estratégias para manter Michael na linha. Com o tempo, conforme seu amor pelas piscinas cresceu, ela ficava maravilhada em ver que ele estava desenvolvendo a autodisciplina. "Nos últimos dez anos, ao menos, ele nunca perdeu um treinamento", ela diz. "Mesmo no Natal, a piscina é o primeiro lugar onde ele vai, e ele se sente feliz em estar lá".

Debbie também cuidou de escutar seu filho. Na sexta série, ele lhe contou que queria parar de tomar a medicação estimulante. Apesar de sérias apreensões, ela concordou em deixá-lo parar - e ele ficou bem. Os compromissos variados e os treinamentos de Michael exigiram tanta estrutura em sua vida que ele foi capaz de permanecer focalizado sem a medicação.

Debbie e Michael nem sempre se vêem cara a cara em todos os desafios que ele tem na vida, mas ele sempre entende o papel que ela teve em seu sucesso na natação. Imediatamente após ser premiado com sua primeira medalha de ouro em Atenas, ele desceu da plataforma dos vencedores e caminhou até as arquibancadas, para entregar a Debbie o buquê e a guirlanda que coroou sua cabeça. Aquele momento está vívido na memória de Debbie. "Eu estava tão feliz, estava em lágrimas", ela se recorda.


Michael atualmente está na Universidade de Michigan, onde é o chefe de marketing em esportes, enquanto treina para a Olimpíada de 2008. Debbie tornou-se a diretora da Escola Média de Windsor, em Baltimore, Maryland. Ela utiliza o que aprendeu educando Michael em todos os seus alunos, tenham ou não o TDAH. "Todas as crianças podem falhar com a gente, às vezes", ela diz. "Mas, se você trabalha com elas, nove vezes em dez, elas o farão orgulhoso".

ADDitude
(continua na próxima postagem)

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