Acabou de receber o diagnóstico de TDA do adulto? Eis aqui
os próximos passos para obter ajuda e tratamento para o TDAH. Por Maureen
Connolly.
As pesquisas mostram que o transtorno de déficit de atenção
do adulto é tratado com sucesso por uma combinação de medicamento e terapia
comportamental. Porém, nem todos os adultos diagnosticados com o déficit de
atenção aceitam ajuda e procuram tratamento. Muitos veem seus traços
relacionados ao TDA, de criatividade, capacidade de multitarefa e energia
empreendedora, como apropriados ao que eles são e ligados ao seu sucesso na
vida.
“As pessoas acham que o tratamento do TDAH mudará seu modo
de trabalhar e como os outros as veem – e têm medo das mudanças que poderão
acontecer consigo mesmas”, diz Dr. David Fassler, professor associado de
psicologia clínica na Faculdade de Medicina da Universidade de Vermont, em
Burlington, USA.
Como nos contou o fundador da companhia Jet Blue Airways e
pensador livre David Neeleman, em nossa última edição de ADDitude, “Se alguém
me dissesse que eu poderia ser normal ou continuar a ter meu TDA adulto, eu
preferiria continuar com o TDA.”
Assim como aconteceu para milhares de americanos que
vivenciaram esta situação neste anos, um diagnóstico de TDA no adulto raramente
chega como uma completa surpresa, e geralmente traz um misto de emoções. Misto,
porque muitos sabem que o TDA não é só problemas. Chamada de “condição
maravilhosa” pelo especialista Dr. Ned Hallowell, ele próprio portador de TDA,
ela produz pensadores originais, criativos, cheios de energia, alguns dos quais
são grandes empreendedores dos nossos dias.
(Nota do tradutor: Dr Russel Barkley diz que isso não é por causa do TDAH, e sim porque eles são portadores de inteligência muito acima da média. Para ele, Dr. Barkley, o TDAH não é uma benção, mas uma sina. Dr. Menegucci)
Ao mesmo tempo, muitos adultos com TDA sabem que terão mais
dificuldades do que os outros com organização, foco e produtividade. “Tanto
quanto posso me lembrar, sempre me senti fora de compasso com a sociedade”, diz
Debora Brooks, de 48 anos, consultora de negócios em Portland e mãe de três
filhos, que foi diagnosticada em fevereiro de 2004. “Eu não sabia que havia um
nome para isso”.
Os que são diagnosticados geralmente sentem um alívio por
saber por que são o que são, mas isso pode ser manchado pelo remorso pelas
lutas passadas, e pelo que poderia ter sido se eles tivessem sido diagnosticados
mais cedo em suas vidas.
“Amo meus pais”, diz Thomas Snodgrass, de 23 anos, de Forest
Hill, Maryland, que foi diagnosticado com TDAH em 2004. “Mas fiquei indignado
por eles não terem visto os sinais do meu TDAH quando eu era criança”.
Hoje, ele se lembra dos anos escolares cheios de angústia
por causa de sua incapacidade de prestar atenção. “Eu ficava na classe mais
avançada, mas tinha as notas mais baixas”, diz. Os professores lhe diziam
repetidas vezes que ele não estava utilizando todo o seu potencial.
De fato, é o diagnóstico de uma criança que geralmente leva um
pai a ser testado para o TDAH. Um pai pode ver seu filho amado, ou filha, a ter
dificuldades na escola de um jeito que lhe faz lembrar-se dos próprios anos
escolares. Se o seu filho for diagnosticado com TDA, o pai saberá provavelmente
que o transtorno é hereditário, com 40% de probabilidade de que um ou os dois
pais também tenha o TDA. Sua própria dificuldade com a atenção, organização e
esquecimentos poderá leva-lo ao desejo de ser avaliado também.
Outros adultos recentemente diagnosticados dom TDA podem
estar carregando um peso ainda maior. “A pesquisa mostra que adultos com TDAH
são mais susceptíveis do que adultos sem TDAH a ter repetições de anos
escolares, a ganhar menos dinheiro, a fumar, e a depender de álcool e de drogas”,
diz o Dr. Lenard Adler, professor associado de psiquiatria e neurologia e
diretor do programa TDAH adulto da Universidade de Nova Iorque. De fato, um
diagnóstico de TDAH adulto às vezes ocorre quando uma pessoa está fazendo
avaliação psicológica para determinar as causas de uma depressão continuada, um
casamento fracassado ou problemas no trabalho.
Mesmo se não há áreas com grandes problemas em sua vida, um
diagnóstico de TDAH pode tirar o equilíbrio de um adulto, porque a condição na
vida adulta ainda é pouco conhecida. Especialistas estimam que cerca de 80% dos
adultos com o transtorno – cerca de 5 milhões de pessoas – não foram oficialmente
diagnosticados, principalmente porque o TDAH não era visto como uma condição
que persiste na vida adulta até 20 anos atrás. “Os médicos costumavam pensar
que o TDAH afetasse somente crianças”, explica Dr. Adler. “Mas agora sabemos
que, embora a hiperatividade desapareça, os sintomas de desatenção e
impulsividade continuam pela vida adulta”.
Diz Debra Brooks: “Embora meu diagnóstico fizesse sentido,
eu não podia ou não queria acreditar nele. Perguntava a todo mundo – meu marido,
meus filhos e amigos – se eles achavam que eu tinha TDAH. Todos eles diziam que
sim. Ficava assustada sabendo que todos tinha alguma suspeita a meu respeito”.
ADDitude, fevereiro/março 2005