quarta-feira, 28 de outubro de 2015

O TDAH pode mascarar o Autismo em crianças pequenas (423)

O TDAH pode mascarar o Autismo em crianças pequenas
Os sintomas que se atribuem ao transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) poderiam mascarar um transtorno do espectro autista (TEA) em crianças muito pequenas, o que pode criar um significativo atraso no diagnóstico do autismo.
Para verificar se um diagnóstico precoce de TDAH interferiria na detecção de um TEA, os investigadores observaram os dados de 1.496 crianças com autismo recolhidos em uma enquete nacional americana de saúde infantil, de 2011 a 2012. Nessa enquete, perguntou-se aos pais se haviam diagnosticado de seu filho com um TDAH ou um TEA, e lhes solicitaram a idade em que receberam o diagnóstico. A 43% dos pais foi dito que os filhos sofriam dos dois transtornos.
Os investigadores descobriram que mais do que duas de cada cinco crianças, que tinham sido diagnosticadas com TDAH e TEA, tinham recebido inicialmente um diagnóstico de TDAH. A maioria dessas crianças (81%) acabou recebendo o diagnóstico de autismo depois dos 6 anos de idade. De fato, as crianças que receberam primeiro o diagnóstico de TDAH tinham quase 17 vezes mais probabilidade de serem diagnosticadas com autismo depois dos 6 anos de idade, quando comparadas com as crianças que foram diagnosticadas unicamente com autismo. Também tinham 30 vezes mais probabilidade de receber um diagnóstico de TEA depois dos 6 anos de idade do que as crianças nas quais se diagnosticou TDAH e TEA juntos ou inicialmente o autismo e, mais tarde, o TDAH.
Segundo os autores, esses resultados indicam que os médicos talvez estejam se precipitando ao diagnosticar TDAH em uma idade muito baixa (3 a 4 anos). Nesse caso, talvez devessem pensar em um transtorno do desenvolvimento, que é mais habitual para esse grupo de idade, como por exemplo o autismo.
Pediatrics 2015
Miodovnik A, Harstad E, Sideridis G, Huntington N

Publicado em Revista de Neurologia - Barcelona - Espanha - Outubro/2015



quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Por que os estudantes universitários utilizam ilegalmente medicações para o TDAH? (422)

Por que os estudantes universitários utilizam ilegalmente medicações para o TDAH?
O uso de medicação para o TDAH sem uma receita médica, isto é, o uso ilegal, é um grande e, talvez, crescente problema nos campos universitários dos Estados Unidos. A porcentagem de estudantes que fazem uso ilegal de medicações para o TDAH varia muito entre as faculdades, mas taxas de 30% foram encontradas em alguns campi.
Além dos riscos à saúde para os estudantes que fazem uso ilegal, esse comportamento também cria problemas para os estudantes com receita médica. Eles são frequentemente abordados pra vender ou compartilhar seu medicamento, o que é ilegal. Se eles fazem isso, acabam não usando as doses de que necessitam. As preocupações com esse desvio contribuem para que alguns centros universitários de saúde e de aconselhamento estejam decidindo não mais proporcionar serviços de avaliação ou tratamento para o TDAH, tornando mais difícil para os estudantes obter a ajuda de que necessitam.
Mitos sobre o uso não médico dos medicamentos para TDAH
A mídia fala frequentemente de estudantes universitários fazendo uso ilegal de medicação para o TDAH. Geralmente isso é descrito como parte de um estilo de vida universitário do tipo “trabalhe duro, jogue duro”, implicando em que isso seja um comportamento típico ou obrigatório entre os universitários.
Isso não é verdade. Pesquisas anteriores, incluindo um trabalho meu, mostraram que os estudantes que usam ilegalmente medicações para o TDAH são diferentes dos que não usam em importantes aspectos. Especificamente, eles têm nota média de avaliação acadêmica (GPA) mais baixa, são mais preocupados com seu rendimento acadêmico, consomem mais álcool, têm mais probabilidade de se envolver em uso de drogas ilícitas, mais probabilidade de fumar, e relatam mais sintomas de depressão e de ansiedade. Assim, como um grupo, eles estão tendo dificuldades em uma variedade de áreas. Para uma revisão desse assunto, veja www.helpforadd.com/2013/march.htm
Problemas de atenção e o uso não médico
Um achado particularmente interessante é o de que os usuários ilegais também relatam taxas significativamente mais elevadas de problemas de atenção. Em meu próprio trabalho, veja www.helpforadd.com/2007/december.htm , problemas de atenção relatados espontaneamente eram não somente mais elevados nos universitários que não faziam uso ilegal, mas, também, indicavam quem seria um usuário ilegal nos primeiros dois anos de faculdade. Os relatos espontâneos de maiores problemas de atenção pelos estudantes que usavam medicação para o TDAH ilegalmente foram, atualmente, replicados em vários estudos, sugerindo que, ao que parece, alguns estudantes estão tentando “tratar” as dificuldades de atenção que eles percebem que boicotam seu sucesso acadêmico.
Uma limitação importante desses estudos é que eles se baseiam em dificuldades de atenção relatadas espontaneamente e que não incluem nenhuma avaliação objetiva. Como resultado, não sabemos se os estudantes que fazem uso ilegal de medicações para o TDAH realmente têm dificuldade de atenção em relação aos seus colegas, ou se eles apenas pensam que têm.
Esse problema foi resolvido em recente estudo publicado, intitulado “Attention, motivation, and study habits in users of unprescripted ADHD medication” [Illieva and Farah (2015). Journal of Attention Disorders, DOI: 10.1177/1087054715591849]. Os participantes foram 128 universitários, 61 dos quais relataram uso ilegal anterior de medicação para TDAH e 67 que não usaram. Esses universitários foram comparados quanto às dificuldades de atenção relatadas espontaneamente, assim como quanto às medidas computadorizadas de um teste de atenção chamado TOVA (Test of Vigilant Attention).
Além de verificar como esses grupos se comparavam nessas variáveis importantes, os pesquisadores também examinaram se eles diferiam na qualidade dos hábitos de estudo e em sua motivação para se engajar nas tarefas cognitivas, duas características adicionais que podem contribuir para o uso ilegal entre os universitários que procuram aumentar seu desempenho acadêmico.
Para replicar os achados de outros estudos anteriores, os participantes também foram solicitados a relatar seu nível de uso de drogas e sintomas de depressão e ansiedade.
Resultados
Problemas de atenção relatados espontaneamente – De modo consistente com trabalho anterior, universitários que tinham usado medicação para o TDAH ilegalmente relataram taxas significativamente mais altas de ansiedade e de depressão. Entre os usuários ilegais, quanto maior a dificuldade de atenção relatada, mais frequente era o uso.
Problemas de atenção medidos objetivamente – Como notado acima, um teste computadorizado chamado TOVA, foi usado para obter uma medida objetiva da atenção. Os usuários ilegais tiveram as medidas de atenção, por esse método, significativamente mais fracas do que os não usuários, embora a diferença não tenha sido tão grande quanto à atenção relatada espontaneamente.
Motivação para tarefas cognitivas – A motivação para se engajar em tarefas cognitivas foi medida com os participantes relatando seu nível de aborrecimento e de motivação durante o TOVA; esse teste é uma tarefa repetitiva de 22 minutos, que certamente pode ser sentida como aborrecedora e monótona. Os usuários ilegais relataram níveis significativamente mais baixos de motivação durante a tarefa e também a sentiram como mais aborrecida.
Hábitos de estudo – A medida dos hábitos de estudo avaliou práticas conhecidas como relacionadas a um desempenho acadêmico melhor, por exemplo, o uso de auto-teste para avaliar a compreensão da matéria, o aprendizado da matéria ao longo do tempo, em vez de decoração, a frequência regular às aulas e o tempo gasto para estudar, etc. Os usuários ilegais relataram hábitos de estudos mais fracos que os dos outros estudantes. E, entre os usuários ilegais, quanto mais fracos os hábitos de estudo, mais frequentemente eles tinha usado medicações para o TDAH no ano anterior.
Uso de drogas, depressão, e ansiedade – Consistente com trabalho anterior, os usuários ilegais relataram níveis mais altos de uso de drogas, assim como mais sintomas de depressão e de ansiedade.
Resumo e implicações
Os resultados desse estudo evidenciam que o uso ilegal de medicações para o TDAH pelos estudantes universitários não deve ser tido como um comportamento típico de estudantes universitários e parte do estilo de vida “trabalhe duro, jogue duro” que caracteriza muitos estudantes.
Com base em trabalho anterior, os usuários ilegais foram descobertos não somente como tendo mais dificuldades relatadas espontaneamente com a atenção, mas também mostraram atenção mais fraca em avaliação objetiva. Também relataram maior aborrecimento durante tarefa cognitiva repetitiva e menor motivação para fazê-la. E eram menos propensos a empregar hábitos de estudo associados ao sucesso acadêmico. Como foi visto várias vezes, eles também eram mais propensos a abusar do álcool e de outras drogas, e relataram mais sintomas de ansiedade e de depressão. Assim, em vez de serem “estudantes típicos”, eles estavam provavelmente tendo muito mais dificuldades que seus colegas, por várias maneiras.
Os resultados desse estudo sugere que alguns estudantes procuram o uso ilegal de medicação para corrigir dificuldades de atenção, para aumentar sua motivação para se engajar no trabalho acadêmico e, talvez, para compensar os fracos hábitos de estudo. Infelizmente, embora os estudantes possam perceber que o uso de medicação para o TDAH desse jeito os ajude, não há nenhuma evidência que isso seja verdadeiro. De modo claro, seria de longe preferível que esses estudantes procurassem assistência profissional para suas dificuldades, que podem ou não ter algo a ver com o TDAH.
Embora não tenha sido especificamente um foco desse estudo, é importante enfatizar que o uso recreativo disseminado de medicação para o TDAH nos campi universitários põe em risco os estudantes com receitas legítimas. Eles estão em risco por serem abordados para desviar sua medicação para uso ilegal. Ao fazer isso, falharão doses que seriam necessárias. Não fazer isso significa desagradar um amigo que esteja pedindo ajuda, o que pode ser difícil.
Pais e médicos devem se assegurar de que jovem com receita para TDAH esteja ciente de que será abordado dessa maneira e que entenda que os problemas associados com o desvio da medicação. Não é suficiente dizer a eles para que não façam isso. O jovem deve ser instruído a manejar essas situações de modo que ele se sinta mais confortável e capaz de lidar corretamente com elas por si mesmo. As escolas deveriam também ser mais vigilantes e desenvolver e pôr em prática políticas relacionadas ao desvio de medicamentos receitados em seus campi.

David Rabiner, Ph.D.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

O que se sente ao viver com o TDAH não diagnosticado (421)

O que se sente ao viver com o TDAH não diagnosticado
Você se sente envergonhada com a sua casa bagunçada, seus compromissos esquecidos e sua mente divagante… até que descobre que não são falhas pessoais; são sintomas. As leitoras de ADDitude compartilham o que sentiam ao viver com o transtorno invisível do TDAH, antes do diagnóstico. Os editores e leitoras de ADDitude.
Um Transtorno Invisível
Mulheres com TDAH frequentemente são negligenciadas. Os sintomas mais notáveis, como a hiperatividade, se manifestam de modo diferente nos meninos e muito frequentemente são desconsiderados como comportamento tolo das meninas. Além disso, os sintomas de desatenção são mais comumente vistos nas meninas e, geralmente, são tidos como outra coisa.
Viver com um transtorno não reconhecido pode levar a anos de baixa autoestima e vergonha, até que um diagnóstico despeje uma luz sobre tudo o que tinha sido tão duro por tanto tempo. As leitoras de ADDitude e os especialistas compartilham o que se sente ao viver com um transtorno não diagnosticado como o TDAH do adulto. Você se identifica com algum desses relatos?
1- Como viver no vazio
Por toda minha vida tenho lutado com uma vaga sensação de que há algo de diferente comigo. Eu me sinto inferior, inadequada, indisciplinada e, desesperadamente, desorganizada – todos sentimentos que têm sido, vez ou outra, reforçados pelas pessoas de minha convivência… Eu costumava me sentir cansada antes mesmo de sair da cama, temendo o novo dia e suas várias obrigações. Ficava exausta, lutando no trabalho e em casa, com meus filhos. Garimpava cada bocadinho de força espiritual, física, emocional e mental para viver minha vida – até que, finalmente, encontrei alguém que me escutou, entendeu minha história e me deu uma chance de fazer algo a respeito” - Donna Surgenor Reames.
2- Como se você fosse de Marte
Você se sente diferente. Dizem que você é preguiçosa, que não se esforça o bastante, uma avoada, e que não está aproveitando o seu potencial. Que você perderia a cabeça se ela não estivesse grudada no seu pescoço. Por 30 anos. Um bom tempo.” - Sarah C.
3- Como se todo mundo risse de você pelas costas
Viver com o TDAH sem diagnóstico me condicionou a me sentir inepta. Em situações importantes, nunca esperei ser levada a sério. Sempre tinha medo que alguém estivesse fazendo troça de mim pelas costas. O medo estava todo na minha cabeça.” - Zoë Kessler
4- Como se você estivesse usando tapa-olhos
Alguns com TDAH não diagnosticado pensam que vivem uma vida normal. Então, descobrem que não há nada normal em ler 350 livros de romances em três anos enquanto suas finanças, suas casas e suas vidas desabam ao seu redor.” - Uma blogueira de ADDitude.
5- Sempre tropeçando
Eu fui uma das pessoas com TDAH que falhava em pequenas coisas. Não tive problemas na escola e os problemas que surgiram mais tarde na minha vida não eram óbvios para os outros. Nunca me senti preguiçosa ou burra. Sempre soube que era talentosa, mas tropeçava em tudo. Parecia que eu não conseguia fazer as coisas. Me sentia frustrada. O diagnóstico de TDAH mudou minha vida. Chamo o diagnóstico de minha pedra da Rosetta, porque comportamentos que eu nunca conseguia entender, de repente, fizeram sentido.” - Sally Harris
6- Mais quieta que os outros
Cresci em uma grande e espalhada família cubana. Igual a muitas crianças com TDAH do tipo desatento, não fui uma criança alegre, sortuda e cheia de amigos. Era introvertida, ansiosa, mimada, descoordenada e distraída, mas o fato de que eu era quieta era uma benção em minha casa. Geralmente eu era a única pessoa, em nossa casa lotada de gente, que não estava falando.” - Tess
7- Improvisando o tempo todo
Aos 35 anos de idade, me avaliei de verdade. Ser mãe era um problema. Não podia continuar improvisando. O diagnóstico oficial foi um alívio enorme. Finalmente eu tinha uma explicação! Os medicamentos mudaram a minha vida; agora eu dou conta! Sim, minha casa pode parecer desorganizada, mas ao menos eu posso dar conta de todas as coisas básicas e não me sentir completamente oprimida o tempo todo, só às vezes.” - Jodi H.
8- Como peça de quebra-cabeças que não se encaixa
Já na escola primária, escrevi um trabalho que se intitulava A Criança Diferente. Passei minha vida perguntando ´Por que as peças não se encaixam?` Sempre me perdia no meio de conversas. Quando alguma coisa importante, como instruções ou algo que tivesse que ver com uma sequência, eu não conseguia acompanhar. Eu não conseguia ouvir a informação e guardá-la.” - Debbie Young
9- Sempre aborrecida
Fui contratada, promovida e, então, demitida, ou eu me demiti por frustração ou aborrecimento. Agora compreendo que fico facilmente aborrecida e parei de culpar a todo mundo pelo meu aborrecimento. Aprendi a ficar ligada nas conversas fingindo que é um primeiro encontro.” - Eva Peltinato
10- Parece que você quer correr e se esconder
Minhas aulas eram tão devastadoras que me lembro de ficar olhando para a porta da sala, querendo sair de lá correndo. Então eu fiz isso. Um dia, saí da escola e fui andando para casa.” - Joanne Griffin
11- Envergonhada
Assim como muitas mães, sempre acreditei que seria capaz de dar conta de cuidar da casa, tomar conta das crianças, cozinhar e assim por diante. Mas não dei conta e me senti envergonhada.” - Terry Mallen
12- Como uma desmiolada
Nunca fui capaz de guardar dinheiro o suficiente. Eu gastava de modo impulsivo e pagava minhas contas quando me lembrava. Sentia que nunca seria capaz de ter uma taxa de crédito decente ou comprar uma casa. É duro para qualquer pessoa nos dias de hoje, ainda mais para uma desmiolada (assim minha mãe costumava me chamar) como eu.” - Cindy H.


ADDitude

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Com o quê o TDAH desatento realmente se parece? (420)

Com o quê o TDAH desatento realmente se parece?
Talvez a coisa mais notável sobre o TDAH desatento seja quão terrivelmente fácil é não identificá-lo, ou diagnosticá-lo erradamente, tanto em crianças quanto em adultos. Isso pode levar a uma vida de decepções, autoestima diminuída e vergonha. Por isso é tão importante aprender os sinais e sintomas. Os Editores de ADDitude.
O Problema do TDAH Desatento
Crianças com os sintomas do TDAH hiperativo são dificilmente ignoradas. As que ficam se balançando em suas cadeiras ou que ficam fazendo caretas por trás do professor são as primeiras a serem avaliadas e diagnosticadas com TDAH.
Entrementes, os estudantes com o TDAH desatento (predominantemente meninas) ficam tranquilamente olhando os passarinhos pela janela, enquanto sua tarefa permanece inacabada. De acordo com o National Institute of Health, seus sintomas têm muito menos chances de serem reconhecidos pelos pais, professores e profissionais da área médica, e eles raramente obtêm o tratamento de que necessitam. Isso leva à frustração acadêmica, apatia e vergonha indevida, que pode durar a vida toda. É um grande problema.
As Três Apresentações do TDAH
O paciente TDAH estereotípico é um menino de 9 anos de idade que adora pular perigosamente de coisas altas e nunca se lembra de levantar sua mão em classe. Na realidade, somente uma fração de pessoas com TDAH se encaixa nessa descrição. Aqui estão as três apresentações distintas do TDAH:
1- Predominantemente Hiperativo/Impulsivo – veja acima.
2- Predominantemente Desatento – falta de foco e de atenção são os
sintomas primários, não a hiperatividade.
3- Combinado – quando a desatenção e a impulsividade estão niveladas.
Como o TDAH Desatento é Diagnosticado
O Manual de Diagnóstico da American Psychiatric Association (DSM-V) lista nove sintomas do TDAH Desatento. Ao menos seis desses sintomas devem estar presentes e causar significativo transtorno na vida do paciente para merecer o diagnóstico.
Frequentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por falta de atenção.
Frequentemente tem dificuldade de manter a atenção.
Frequentemente parece não escutar quando se fala diretamente com ele
Frequentemente não segue instruções e deixa de terminar tarefas.
Frequentemente tem dificuldade de organizar as tarefas e atividades.
Frequentemente evita, não gosta, ou é relutante em se engajar em tarefas que requeiram esforço mental sustentado.
Frequentemente perde coisas necessárias para tarefas e atividades.
Geralmente é facilmente distraído por estímulos externos.
Geralmente é esquecido nas atividades diárias.
Em adultos, esses sintomas são facilmente confundidos com ansiedade ou depressão. Em crianças, Dificuldades de Aprendizagem são frequentemente consideradas, antes do TDAH.
Sintoma 1: Erros por falta de cuidado
Uma criança com TDAH desatento pode responder apressadamente a um questionário, deixando de responder a perguntas das quais sabe a resposta ou pular uma sessão inteira nessa correria. Um adulto pode falhar ao conferir um documento ou ao enviar um e-mail no trabalho, chamando atenção e causando embaraço indesejado. Se você disser a si mesmo para ir devagar e prestar atenção, mas sentir que isso é mentalmente doloroso e fisicamente desconfortável para ser feito, pode significar que seja um sinal do TDAH desatento. Seu cérebro estará ávido para pular para a próxima coisa e, ao final, você terá que ceder.
Sintoma 2: Tempo de atenção curto
Trabalhos de classe não terminados, trabalhos feitos pela metade, leituras incompletas, todos são importantes sinais de problemas de atenção dos estudantes. Adultos com TDAH desatento evitam as atividades aborrecidas de trabalho dez vezes mais que seus colegas e precisam mastigar chicletes, beber café ou mesmo ficar de pé durante as reuniões, para ficarem atentos. Se você está consistentemente frustrado por sua incapacidade de ler longos documentos, ficar atento durante as reuniões e seguir projetos até o fim, isso pode ser um sinal.
Sintoma 3: Fraca capacidade de escutar.
Estudantes com TDAH desatento tipicamente só escutam metade, se tanto, das instruções que lhes são passadas verbalmente. Seus cadernos contêm mais rabiscos que anotações, e eles precisam gravar e ler novamente as aulas, várias vezes, para absorver toda a informação. Adultos não se saem bem em coquetéis. Eles interrompem as histórias dos outros com suas próprias piadas, nunca se lembram dos nomes e no meio de cada conversa perdem a atenção. Se você constantemente ouve alguém lhe perguntando “Você está me escutando?” ou “Por que estou gastando minha saliva?”, isso pode ser um sinal de TDAH desatento.
Sintoma 4: Não dar continuidade.
Para crianças e igualmente para os adultos, o TDAH desatento pode se manifestar como um milhão de pequenos projetos – começados mas nunca terminados – espalhados pela casa, em estado de desarrumação. O jardim de hortaliças que foi plantado, mas nunca regado. O novo sistema de organização que foi montado mas nunca usado. O caderno de música para as lições de piano, iniciadas e abandonadas depois de alguns duros meses. Se você adora planejar e começar projetos, mas perde o rumo e deixa uma trilha de promessas não cumpridas em sua jornada, isso pode ser sinal de TDAH desatento.
Sintoma 5: Desorganização.
Perdeu seu celular novamente? Suas chaves? O trabalho que tinha de entregar amanhã? Com geralmente estamos pensando em outra coisa quando estamos fazendo coisas importantes, adultos desatentos são dados aos piores sintomas de desorganização do TDAH. Nossa casa, automóvel e local de trabalho geralmente se parecem como se um tornado os tivesse atingido, o que leva os adultos desatentos a se encherem de sentimentos de vergonha e de inferioridade quando se comparam às outras pessoas.
Sintoma 6: “Preguiça” ou “Apatia”
Ele poderia prestar atenção se tentasse.” “Ela simplesmente não se dedica, por isso perde tanto os prazos dos trabalhos.” Infelizmente, os sintomas da desatenção às vezes nos fazem parecer preguiçosos ou descuidados, especialmente se o TDAH não foi diagnosticado ou não foi revelado. Sem tratamento, estamos tendentes a perder empregos, amigos, ou a até mesmo desenvolver uma personalidade amarga e difícil como um mecanismo de defesa. Se todo mundo o acusa de ser preguiçoso a vida inteira, é fácil começar a também se ver como tal.
Sintoma 7: Síndrome do Triângulo das Bermudas
De vez em quando, todo mundo esquece onda colocou suas chaves ou o celular. As pessoas com o TDAH desatento trocam histórias sobre encontrar seus óculos no congelador e as ervilhas congeladas na bolsa. Elas tendem a extraviar as coisas essenciais que são necessárias para sua vida – chaves, carteira, pendrive, equipamento esportivo – diariamente. Se você descobriu que precisa de uma plataforma de lançamento perto da porta de sua casa, para garantir que você não vai se esquecer de levar seu celular, e não pode viver sem o aparelho localizador pendurado no seu chaveiro, isso pode ser um sinal.
Sintoma 8: Distração
Adultos com o TDAH desatento são sonhadores, brincando com suas anotações durante reuniões de serviço ou estudando uma mosca na parede enquanto o cônjuge está falando sobre o pagamento das contas. Geralmente apelidadas de “cadetes espaciais” ou descritas como excêntricas, muitas pessoas interpretam a falta de atenção dos TDAH desatentos como falta de interesse, e ficam frustradas por sua incapacidade de prestar atenção, especialmente quando é importante que o façam.
Sintoma 9: Esquecimento
Quantas vezes você se esqueceu da consulta marcada com o médico ou com o dentista no ano passado? Faltou, sem querer, a um almoço com amigos? Chegou atrasado 20 minutos em uma conferência porque esqueceu-se completamente dela? Essas ocorrências são comuns para adultos com o TDAH desatento, que lutam para pagar as contas no vencimento, responder às mensagens dos amigos e mandar cartões de feliz aniversário a tempo. Isso pode ser visto como se fosse falta de educação ou preguiça, mas esse comportamento raramente é de propósito.
Fazer o tratamento
Como o TDAH forma desatenta é geralmente negligenciado, ele pode permanecer anos sem tratamento. Mas o tratamento é muito importante, não importa em qual estágio da vida. A medicação pode ser a salvação para alguns, resolvendo os problemas subjacentes de atenção enquanto você trabalha as estratégias de compensação. Para os indivíduos que não podem, ou não querem, tomar os medicamentos para o TDAH, há muitas outras opções de tratamento disponíveis.
Treinamento
Treinamentos que visem a melhora da organização e da memória são particularmente úteis para os adultos com TDAH forma desatenta. Dependendo de sua capacidade, um treinador (coach) de TDAH pode ajudá-lo com tudo, desde o planejamento de um financiamento até as habilidades sociais – duas áreas comuns de problemas. Os treinadores podem ser caros, e não são para todo mundo. Entretanto, a longo prazo, é importante considerar o quanto um treinador pode fazer você economizar em juros por atrasos, comida estragada e outros custos ocultos do viver com o TDAH tipo desatento.
Alguns truques para os desatentos
Becca Colao, uma adulta com TDAH do tipo desatento, recomenda essas estratégias para viver melhor com o TDAH:
- Ajuste um despertador para iniciar uma tarefa tediosa.
- Toque uma música bastante movimentada para se preparar para uma longa reunião, um trabalho difícil, ou qualquer coisa que faça sua mente ficar devaneando.
- Arrume um amigo para avaliá--lo periodicamente durante um grande projeto. Se você não estiver trabalhando, ele poderá fazer você voltar à tarefa.
- Mude sua visão. Quando você perceber que está se distraindo, vá para um lugar diferente – ou para fora, ou pode ser ir até um café, na esquina do quarteirão. Mover as locações pode “reiniciar” seu cérebro quando você ficar entediado.
Vencendo a incerteza
Os TDAH desatentos nem sempre têm um nome para os problemas com que eles lidam – e têm de enfrentar muitos comentários maliciosos sobre serem preguiçosos, excêntricos, ou mesmo burros. Por causa disso, os que apresentam o tipo desatento geralmente sofrem de baixa autoestima. Mesmo depois do diagnóstico, resta uma dúvida persistente. É importante que você enfrente esses sentimentos com energia e procure ajuda, seja de um terapeuta, do seu cônjuge, ou de um amigo íntimo. O TDAH sozinho não o torna preguiçoso ou excêntrico, e, com tratamento adequado e autoaceitação, você poderá aprender a reconhecer suas potencialidades e realizações.

ADDitude

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Dor crônica ligada ao TDAH (419)

Dor crônica ligada ao TDAH
Pauline Anderson, setembro de 2015
Las Vegas – Mais de um terço dos pacientes com dor crônica podem ter TDA, de acordo com um pequeno estudo piloto.
Os achados deverão encorajar mais médicos a ter um alto grau de suspeita de TDA em pacientes não aderentes com dor de origem central, disse o autor, Forest Tennant, MD, do Intractabel Pain Management, em West Covina, California.
Penso que isto é um pequeno e bom avanço em como cuidar de pessoas com dor.”
Ele apresentou seus achados aqui, em Las Vegas, durante a PAINWeek 2015.
Para o estudo, 45 pacientes consecutivos, com dor crônica, que procuraram uma clínica para tratamento, completaram um questionário de 16 itens. As perguntas eram destinadas a saber se o paciente tinha deficiências na concentração, problemas com atenção, distração, impulsividade, leitura e retenção, coordenação, temperamento e memória de curto prazo.
Uma resposta positiva a cinco ou mais questões era considerada como indicação da presença de TDA.
Os resultados mostraram que 37,8% dos pacientes preencheram esses critérios para TDA.
Muitos pacientes com dor de origem central têm excitabilidade aumentada do sistema nervoso autônomo. “No início, ele se torna deficiente em catecolamina, que é um dos compostos que alivia a dor”, explica o Dr. Tennant.
A dor provoca uma mudança no sistema nervoso simpático, que causa o TDA, ele acrescenta. “Assim, ele o põe nesse estado hiperativo e às vezes ele também esgota a dopamina tanto no sistema nervoso central quanto na glândula adrenal.”
Esse achado pode ajudar a explicar por que alguns pacientes com dor têm deficiente função em suas atividades da vida diária, disse o Dr. Tennant.
Durante anos, tenho visto nesses pacientes o mesmo tipo de TDA que se vê em crianças; eles não podem se lembrar de metade do tempo, não conseguem se concentrar”, ele disse. “É interessante quantos desses pacientes evitam ler ou fazer coisas, mas eles não vão lhe contar.”
Um grande problema para os pacientes com dor é a questão da aderência ao tratamento, segundo o Dr. Tennant. “Eles não fazem o que lhe dizem; eles vão embora e não seguem suas instruções, e uma parte disso se deve ao TDA.”
Porém, uma vez iniciado o tratamento medicamentoso para o TDA, como por exemplo o metilfenidato (Ritalina), “sua dor melhora e eles podem se lembrar e se concentrar.”
O Dr. Tennant acentua que isso somente se aplica a pacientes com dor de origem central, que têm inflamação no sistema nervoso, não àqueles que têm artrite ou dor neuropática. “São pacientes que têm dor constante, dor que nunca desaparece.”
Ele afirma que a conexão entre dor e TDA não é nova. “Médicos em 1895, em hospitais de Londres, diziam que se você tiver pacientes com dores intensas, que precisem de morfina, eles também vão precisar de um estimulante.”
Comentando esse estudo para Mediscape Medical News, Jack LeFrock, MD, um especialista em dor no Above and Beyond Pain Management and Laser Center, Clearwater, Florida, disse que os achados “fazem sentido.”
Concordo com ele, penso que ele está correto,” disse.
Em sua própria experiência, uma “alta porcentagem” de pacientes tem TDA e são ansiosos, acrescentou.
O Dr. Frock disse que está disposto a estudar esse assunto mais aprofundadamente.
PAINWeek 2015. Poster 133. Apresentado no dia 10 de setembro de 2015.



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quinta-feira, 24 de setembro de 2015

O TDAH do adulto começa na infância? (418)

O TDAH do adulto começa na infância?
Recentes e interessantes dados sugerem outra coisa. O TDAH do adulto é tido como a continuidade de um transtorno da infância até a idade adulta, isto é, ele representa o mesmo transtorno que o TDAH das crianças. Assim, seria de se esperar que, mesmo quando o TDAH fosse diagnosticado na vida adulta, esses indivíduos teriam as mesmas características dos que foram diagnosticados na infância. De fato, o DSM-V requer evidência de TDAH na infância, quando estipula que ao menos alguns dos sintomas estejam presentes antes da idade de 12 anos.
Entretanto, apesar do entendimento de que o TDAH do adulto seja um transtorno neurobiológico que se inicia na infância, essa hipótese nunca foi testada adequadamente por causa das limitações nas pesquisas nas quais foram examinadas as características da infância de adultos com TDAH.
Em um tipo de pesquisa, indivíduos diagnosticados com TDAH na infância são seguidos até a vida adulta. Nesse esquema, todos os que preenchessem os critérios para TDAH do adulto teriam sido diagnosticados muito antes. Assim, não haveria nenhuma informação de como tinham sido na infância os indivíduos diagnosticados com TDAH já na idade adulta, ou em que extensão o TDAH do adulto representaria a continuação de uma condição anterior.
Em um segundo tipo de pesquisa, adultos com TDAH são identificados em amostras da comunidade e comparados aos adultos da amostra, não diagnosticados, em relação a características importantes da infância. Entretanto a informação sobre características da infância depende de avaliação retrospectiva que pode ser viciada e incompleta. Por isso, dados acurados sobre como eram esses adultos quando crianças também são, de algum modo, limitados.
Um artigo recentemente publicado no American Journal of Psychiatry [Is adult ADHD a childhood-onset neurodevelopmental disorder? Evidence from a four-decade longitudinal cohort study. Morritt, et al., (2015). American Journal of Psychiatry, doi: 10.1176/appi. ajp2015.14101266] resolve essas limitações ao seguir desde o nascimento um conjunto de 1000 indivíduos durante um período de 4 décadas.
Os participantes eram membros do Dunedin Multidisciplinary Health and Development Study, uma investigação longitudinal da saúde e do comportamento de todas as crianças nascidas em Dunedin, Nova Zelândia, entre abril de 1972 e março de 1973. Esses indivíduos foram avaliados múltiplas vezes durante seu desenvolvimento, até mais recentemente, com a idade de 38 anos, quando impressionantes 95% da amostra original participaram. O pesquisador líder desse estudo é a Dra. Terrie Moffitt, da Duke University. Ela e seus colegas lidaram com uma verdadeiramente incrível quantidade de dados que podem responder a um número de questões importantes, com dados de melhor qualidade do que a dos previamente disponíveis.
Nessa amostra, 61 indivíduos foram identificados com TDAH entre as idades de 11 e 15 anos, correspondendo a mais ou menos 6% de todos os indivíduos envolvidos no estudo. Quando os participantes completaram 38 anos de idade, o estado do diagnóstico do TDAH avaliado novamente por meio de entrevistas psiquiátricas estruturadas, com os entrevistadores “cegos” em relação ao diagnóstico prévio. Trinta e um indivíduos – cerca de 3% dos participantes – foram diagnosticados com TDAH dessa vez. Como o principal problema a ser resolvido nesse estudo era determinar as características da infância de adultos que atingiram os critérios de TDAH já adultos, a presença de sintomas antes dos 12 anos não foi requerida. Se isso fosse requerido, todos os que atingiram os critérios na vida adulta teriam mostrado altos níveis de sintomas de TDAH como crianças. Entretanto, todos os outros critérios exigidos pelo DSM-V foram atingidos.
RESULTADOS
Se o TDAH do adulto representa a continuidade do TDAH da infância, então todos os 31 indivíduos identificados na idade adulta deveriam vir dos 61 casos diagnosticados lá no início do estudo. Isso, entretanto, não foi o que ocorreu. Em vez disso, somente 3 dos 31 indivíduos diagnosticados já na idade adulta tinham sido diagnosticados lá no início, quando crianças. Assim, aproximadamente 90% dos adultos que atingiram os critérios de sintomas para o TDAH não atingiram os critérios de diagnóstico na infância. Outro dado interessante foi o de que os casos de TDAH com início na infância eram em 80% masculinos, enquanto no grupo com diagnóstico já na vida adulta eram 61% masculinos.
Como esses grupos se comparavam durante a infância?
Análises adicionais revelaram como esses dois grupos eram diferentes quando crianças.
As avaliações dos pais e dos professores coletadas nas idades de 5, 7, 9, 11 e 13 anos foram tratadas estatisticamente e tiradas as médias para os dois grupos e para os membros da amostra que nunca foram diagnosticados com TDAH. Os diagnosticados em torno dos 15 anos de idade tinham substancialmente níveis mais elevados de sintomas de TDAH na infância quando comparados aos indivíduos controle; os diagnosticados já como adultos, entretanto, não. De fato, poucos desses adultos tinham ao menos um sintoma taxado como definitivamente presente por seus professores da escola fundamental.
Os do grupo TDAH da infância também tinham taxas significativamente mais altas de problemas de comportamento, depressão e ansiedade na infância do que os indivíduos controle. Os do grupo TDAH adulto diferiam dos controles somente nos problemas de comportamento na infância, que eram modestamente mais altos.
Os testes cognitivos durante a infância mostraram que o grupo TDAH da infância tinha déficits cognitivos significantes quando crianças em comparação aos controles. Seu QI era 10 pontos menor e eles exibiam déficits significantes na aquisição da leitura. Em contraste, os do grupo TDAH adulto não tinham nenhum déficit cognitivo na infância.
Como esses grupos se comparavam como adultos?
De acordo com informantes que conheciam bem os participantes, ambos os grupos de crianças TDAH e adultos TDAH mostraram altas taxas de sintomas de TDAH em comparação aos controles. Assim, mesmo que muitos indivíduos diagnosticados quando crianças já não mais preenchiam os critérios de diagnóstico como adultos, eles continuaram a mostrar altas taxas de sintomas.
Em temos de funcionamento de saúde mental, nenhum grupo teve taxas elevadas de mania, depressão ou transtorno de ansiedade como adultos. Os do grupo TDAH adulto, entretanto, tiveram taxas significativamente mais altas de problemas com drogas e álcool.
A avaliação cognitiva na idade adulta continuou a descobrir que os que tinham TDAH na infância tinham déficits em comparação aos controles em muitas medidas neuropsicológicas, incluindo o QI. Os do grupo TDAH adulto, em contraste, não mostraram nenhum déficit. Mesmo assim, eles relataram um grande número de queixas cognitivas subjetivas.
E sobre indicadores importantes de funcionamento na idade adulta? Os do grupo TDAH da infância tiveram menor probabilidade de obter grau universitário, ganhavam salários menores e tiveram mais problemas com dívidas e menos possibilidade de crédito financeiro do que os controles. O nível geral de satisfação com a vida foi mais baixo e eles foram mais prejudicados no todo. Os do grupo TDAH do adulto não diferiam dos controles quanto á educação e aos rendimentos, mas tinham os mesmos problemas de dívidas e crédito. Também relataram níveis maiores de prejuízo geral e taxas mais baixas de satisfação com a vida.
Finalmente, houve evidência de diferenças genéticas entre os dois grupos. Os que tinham TDAH da infância mostravam taxas mais altas de fatores de risco para o TDAH do que os indivíduos de comparação, enquanto os do grupo TDAH do adulto não apresentavam diferença.
RESUMO E IMPLICAÇÕES
Os resultados desse estudo longitudinal de quase quarenta anos lança forte dúvida sobre a suposição de que o TDAH do adulto representaria a continuidade do mesmo transtorno ao longo do desenvolvimento. Embora os diagnosticados com TDAH na infância continuem a ter dificuldades como adultos, muitos não preenchem mais os critérios de diagnóstico para TDAH. Por outro lado, os diagnosticados na vida adulta são um grupo muito diferente daqueles diagnosticados na infância. Tão diferente, de fato, que parece inverossímil que o TDAH da infância e o do adulto possam representar o mesmo transtorno.
Aproximadamente 90% dos diagnosticados na idade adulta não tinham sido diagnosticados anteriormente. Não havia nenhuma evidência, entre os desse grupo, de sintomas substancialmente elevados de TDAH na infância. Eles não mostraram os déficits cognitivos durante a infância ou idade adulta, que caracterizam aqueles com TDAH da infância, nem mostraram altas taxas de fatores genéticos de risco.
Entretanto, isso não implica que adultos que apresentem um quadro de sintomas de TDAH não necessitem de tratamento. Como grupo, eles relataram níveis diminuídos de satisfação com a vida, problemas cognitivos na vida diária e problemas com dívidas e crédito. Eles tendiam a acreditar que perdiam tempo por causa da desorganização, que tinham fracassado em atingir seu potencial e que estavam esgotando outras pessoas. Problemas com álcool e drogas também foram elevados. Assim, eles estavam sofrendo e necessitando de assistência.
Se esses indivíduos adultos não têm o transtorno neurodegenerativo do TDAH, o que eles têm? Não é provável que estivessem fingindo, porque não haveria nenhum motivo para isso. Também não é provável que seus sintomas de TDAH fossem mais bem explicados por outro transtorno – que eles tivessem sido erroneamente diagnosticados com TDAH – porque mais da metade não preenchiam critérios para nenhum outro transtorno. Por causa das altas taxas de uso de substâncias entre os desse grupo adulto, é tentador sugerir que isso poderia explicar seus sintomas de TDAH, Infelizmente, não foi possível esclarecer se o uso de substâncias levou aos sintomas de TDAH ou se esses sintomas apareceram antes do uso de substâncias.
Uma possibilidade interessante é que o TDAH do adulto é um transtorno real, porém distinto do TDAH que surge na infância. Por causa das semelhanças na apresentação dos sintomas, O TDAH nas crianças e nos adultos pode ter sido, incorretamente, tido como um mesma condição. Os autores notam que, ironicamente, ao exigir início na infância e origem no desenvolvimento neurobiológico, o DSM-V deixa esses resultados desencontrados fora do sistema de classificação. Como resultado, obter o tratamento necessário pode ser mais difícil.
A aceitação de que o TDAH da criança e do adulto seja um mesmo transtorno pode também limitar a pesquisa da etiologia do TDAH do adulto, já que um mesmo transtorno teria os mesmos fatores etiológicos. Assim, nosso entendimento do TDAH do adulto seria limitado, o que poderia também limitar a pesquisa de estratégias de prevenção e tratamentos mais eficientes.

Se esses achados forem apoiados por pesquisas subsequentes – a replicação é sempre importante – seria necessária uma importante mudança na maneira como o TDAH do adulto é conceituado, assim como mudanças nos critérios atuais de diagnóstico do TDAH.

David Rabiner, Ph.D.
Research Professor
Dept. of Psychology & Neuroscience
Duke University
Durham, NC 27708

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Menopausa e TDAH (417)

Menopausa e TDAH - Laura Flynn McCarthy - continuação da postagem 416

Dez anos atrás, Ranjini Pillai, M.D., de Pleasant, Carolina do Sul, fez uma histerectomia, que a levou à menopausa. [Ela deve ter feito, também, uma ooforectomia (retirada dos ovários)]. "De repente, me sentia ansiosa o tempo todo", ela conta. "Ficava cansada, desorganizada e fora de foco; não consegui raciocinar claramente".

Um mês depois da cirurgia, ela começou a usar estrogênio como tratamento de reposição hormonal, e seus sintomas melhoraram um pouco. Mas, ainda tinha problemas com a organização e com a ansiedade. Os médicos receitaram antidepressivos, o que não ajudou.

Cinco anos atrás, um médico diagnosticou-a como TDAH e receitou Strattera. "A melhora foi dramática", conta Pillai. "Meu raciocínio ficou mais claro, minha ansiedade sumiu, e tudo começou a fazer sentido". Pillai precisa de tratamento de reposição com dois hormônios (uma combinação de estrogênio e pequena quantidade de progesterona) e, duas vezes ao dia, Strattera para controlar os sintomas do TDAH. Ela aprendeu estratégias de controle do comportamento para ajudá-la a permanecer organizada e para se lembrar das coisas, tais como uma cesta perto da porta da frente, para o celular e as chaves.

"Aprendi também a delegar responsabilidades e a aceitar o fato de que não posso fazer tudo", diz Pillai. "Meu marido, agora, cuida das nossas finanças e meus dois filhos, de 23 e de 14 anos, fazem as tarefas para manter a casa funcionando, de modo que posso me dedicar ao meu trabalho e às coisas de que gosto, como cozinhar".

Efeitos Hormonais do TDAH

Na menopausa (em média aos 51 anos de idade), os níveis de estrogênio caem cerca de 65%. Há uma queda gradual que se inicia uns 10 anos antes da menopausa (conhecida como perimenopausa). A perda de estrogênio leva à diminuição dos níveis de serotonina e de dopamina no cérebro. As mulheres que estão na perimenopausa relatam mudanças de humor, tristeza, irritabilidade, cansaço, confusão mental e lapsos de memória. Esses sintomas podem ser mais intensos nas mulheres com TDAH.

"Por terem um cérebro com menos energia cognitiva para funcionar, pode ser especialmente difícil para as mulheres com TDAH manter a concentração e tomar boas decisões nessa fase da vida", diz Quinn.

Soluções: Os anticoncepcionais orais, tomados na perimenopausa, podem estabilizar os níveis hormonais e melhorar o funcionamento cerebral. Depois que a menstruação de suas pacientes parou, muitos médicos recomendam o tratamento de reposição hormonal, ao menos nos primeiros anos depois da menopausa. "As pesquisas mostram que as mulheres que recebem tratamento de reposição hormonal se desempenham melhor nos testes de cognição, assim como nos testes de memória e de capacidade de raciocínio", diz Quinn.

Para muitas mulheres, a melhor forma de tratamento é o estrogênio sozinho, por três ou quatro meses, seguido por 10 dias de progesterona. "Como no caso de Pillai, combinar o tratamento de reposição hormonal com medicação para o TDAH geralmente melhora os sintomas de modo mais eficaz", diz Quinn. Ela também diz que é importante, em cada estágio de sua vida, manter sob controle os sintomas do TDAH. Isso significa lidar com vários profissionais - um psiquiatra ou psicólogo, um clínico e um ginecologista.

Procure instruir-se sobre o TDAH e sobre o que está ocorrendo com seu corpo, manter lista de medicações, tabela de sintomas, e, acima de tudo, peça a ajuda que necessitar dos profissionais.

ADDitude



TDAH e Gravidez (416)

TDAH e Gravidez - Laura Flynn McCarthy - continuação da postagem 415

Diagnosticada com TDAH aos 29 anos de idade, Becca Keeton, de Lomita, Califórnia, tomou medicação estimulante por um ano antes de tentar engravidar. "Parei com minha medicação aos 30, quando estava grávida e cuidando de meus três filhos", diz Keeton. "Durante o primeiro mês de cada gravidez, os sintomas do meu TDAH pioravam. Na minha segunda gravidez, sofri 3 pequenos acidentes de carro - todos por minha culpa - no primeiro mês. Conforme o tempo passava, meus sintomas de TDAH melhoravam e eu também me sentia melhor enquanto amamentava meus bebês." Agora, com quarenta e poucos anos, já passados os anos de suas gravidezes, Keeton toma Adderal diariamente, e diz que aumenta a dose nos dias que antecedem seu fluxo menstrual, para controlar o sintomas de TDAH, que, tipicamente, pioram nessa época.

Efeitos Hormonais Sobre o TDAH

Virtualmente todos os níveis hormonais mudam durante a gravidez, principalmente porque a placenta produz hormônios e estimula outras glândulas - tais como as adrenais e a tireóide - a produzirem mais hormônios, também. Conforme os níveis hormonais se elevam nos primeiros meses da gravidez, as futuras mamães com TDAH sentem cansaço, mudanças de humor e ansiedade. Mas conforme os níveis de estrogênio aumentam à medida em que a gravidez progride, muitas mulheres com TDAH dizem que se sentem melhor.

"Algumas pesquisas mostram que o transtorno de pânico melhora a cada trimestre da gravidez e retorna depois do parto", diz Quinn. "É possível que um padrão semelhante ocorra com o TDAH".

Quinn assinala que, embora não haja nenhuma pesquisa mostrando que os sintomas do TDAH melhorem durante a gestação, há evidências de que isso aconteça. "Recebo cartas e resumos de casos de mulheres dizendo o quão melhor elas se sentem durante a gravidez".

Nas semanas depois do parto, os níveis de hormônios caem. Embora essa queda dos níveis hormonais possa levar a mudanças de humor, às vezes chamada de "the baby blues" (melancolia pós-parto) e a depressão pós-parto em todas as mães de "primeira viagem", as mulheres com TDAH podem ser mais propensas à depressão.

Soluções: Você e o seu médico devem reavaliar seu tratamento para o TDAH durante a gestação e quando estiver amamentando. As pesquisas mostram que alguns estimulantes usados para o tratamento do TDAH podem levar a defeitos cardíacos e outros problemas de desenvolvimento nos fetos. Bebês amamentados no peito podem desenvolver problemas de dependência mais tarde na vida, se suas mães usaram medicação estimulante enquanto amamentavam.

Alguns medicamentos antidepressivos parecem seguros para o uso durante a gravidez e a amamentação, mas você e seu médico devem discutir todas as opções e determinar qual é a melhor para você. Por causa das mudanças hormonais discutidas acima, muitas mulheres acham que parar a medicação para o TDAH permite que elas se sintam melhor.

"Além da medicação, é importante obter ajuda durante a gestação e depois que o bebê nasceu", diz Kathleen Nadeau, Ph.D., diretora do Chesapeake ADHD Center, em Maryland. "Embora as mudanças hormonais possam melhorar os sintomas do TDAH, o estresse do trabalho, da gestação, dos cuidados com os outros filhos em casa, e a ansiedade de estar pronta para o novo bebê podem contrabalançar qualquer benefício hormonal"


Na próxima postagem: A Menopausa e o TDAH

quarta-feira, 29 de julho de 2015

TDAH e os Anos Reprodutivos (415)

Laura Flynn McCarthy. (continuação da postagem 414)

"As flutuações hormonais definitivamente afetam os sintomas do meu TDAH", diz Jamie Suzanne Saunders, de 41 anos de idade, gerente de um escritório em Louisville, Kentucky. "Cerca de três dias antes da minha menstruação, e durante todo o período, eu me sinto hiperativa, desatenta e inquieta. É como se eu estivesse dirigindo em uma super-rodovia e em vez de seguir em frente, eu entrasse em um desvio e descobrisse que estava em outra rodovia com desvios igualmente interessantes. Perco meu foco e não consigo fazer nada". Diagnosticada recentemente, Saunders espera que o seu especialista em TDAH a auxilie a controlar seus sintomas, especialmente à medida em que ela se aproxime da pré-menopausa.

Efeitos Hormonais no TDAH

O ciclo menstrual tem, em média, 28 dias, contando do primeiro dia do fluxo. Nas duas primeiras semanas, conhecidas como a fase folicular, os níveis de estrogênio aumentam constantemente, enquanto os níveis de progesterona permanecem baixos.

O estrogênio promove a liberação, no cérebro, dos neurotransmissores do bem estar, serotonina e dopamina. Sem surpresa, os estudos mostram que as duas primeiras semanas do ciclo transcorrem de modo mais ameno para as mulheres com TDAH do que as duas segundas semanas, quando os níveis de progesterona se elevam. 

Durante a terceira e a quarta semana, chamada de fase lútea (ou luteínica), a progesterona diminui os efeitos benéficos do estrogênio no cérebro, possivelmente reduzindo a eficiência das medicações estimulantes.

Quinn acredita que as mulheres com TDAH sofrem de síndrome pré-menstrual (SPM) [também chamada TPM] de modo mais agudo que as mulheres que não têm o transtorno. "Sentimentos de depressão e de ansiedade tipicamente se agravam nas mulheres com TDAH durante essa fase", diz Quinn. As boas notícias? Tratar o TDAH pode melhorar também os sintomas da SPM.

Soluções: Mantenha um registro dos sintomas do seu TDAH por três meses - anotando quando eles ocorrem e pioram durante o ciclo menstrual - e tente identificar um padrão. Algumas mulheres têm problemas somente por um ou dois dias do mês, na semana anterior ao início do fluxo. Outras mulheres têm piorados os sintomas do TDAH por 10 dias ou quase, durante a fase lútea.

"Nunca compreendi como as flutuações hormonais afetavam os sintomas do meu TDAH, até que fiz um diário", diz Lori Scamardo, de 34 anos de idade, mãe de dois filhos, em Austin, Texas. Lori foi diagnosticada com TDAH há seis anos. "Cada mês, na semana anterior ao fluxo, anoto coisas como `Estou de volta ao nevoeiro` ou `Não consigo fazer nada`. Saber quando os sintomas do meu TDAH pioravam me ajudou a facilitar as coisas - aprendi que meus comportamentos eram devidos às mudanças hormonais - e me levou a desenvolver estratégias para diminuir aqueles sintomas. Eliminei a cafeína e o açúcar na semana antes do fluxo e passei a me exercitar regularmente".

A medicação pode ajudar. Tomar uma dose baixa de antidepressivo ou de medicação ansiolítica, um ou dois dias antes do fluxo, ajuda muitas mulheres a controlar os altos e baixos emocionais. Outras mulheres descobrem que aumentar ligeiramente sua medicação para o TDAH, poucos dias antes, pode fazer com que se sintam sob controle. 

Os anticoncepcionais orais melhoram os sintomas do TDAH em muitas mulheres, ao minimizar as flutuações hormonais. Três semanas de pílula formuladas somente com estrogênio, seguidas de uma semana de progesterona, sozinha, parece ser especialmente útil.

Na próxima postagem, TDAH e Gravidez.


segunda-feira, 27 de julho de 2015

Mulheres, Hormônios, e TDAH (414)

A gravidade dos sintomas do TDAH varia durante o ciclo da mulher. Saiba o que fazer para lidar com esses sintomas. Por Laura Flynn McCarthy.

Os sintomas do seu TDAH pioram em alguns dias do mês?

Seu raciocínio fica um pouco confuso na semana anterior à sua regra?

No meio do ciclo você é eficiente e organizada?

Os médicos que tratam mulheres com TDAH notaram uma correlação entre os sintomas do TDAH e as flutuações hormonais, não só mensalmente, mas por toda a vida da mulher.

"A idade média do diagnóstico para as mulheres com TDAH, que não foram diagnosticadas quando crianças, é de 36 a 38 anos", diz Patricia Quinn, M.D., diretora do National Center for Girls and Women with AD/HD (Centro Nacional para Meninas e Mulheres com TDAH) e autora de Understanding Women with ADHD (Compreendendo as Mulheres com TDAH). "Antes desse tempo, meninas e mulheres geralmente são mal diagnosticadas como tendo depressão ou transtorno de ansiedade. Mesmo que isso seja uma condição secundária, o tratamento dela não chega à raiz do problema, que é o TDAH.

Quando os médicos diagnosticam meninas e mulheres com TDAH, eles raramente levam em conta as flutuações hormonais ao fazer o plano de tratamento. Mas, os profissionais estão aprendendo cada vez mais sobre as conexões entre os hormônios e o TDAH. A seguir, analisaremos quatro estágios da vida da mulher - da puberdade até a menopausa - e descreveremos o que está acontecendo com os hormônios, dando meios de controlar os sintomas.

TDAH e Adolescência

Megan, residente em Iowa, USA, foi diagnosticada com a forma desatenta do TDAH quando tinha 10 anos de idade. Foi tratada com uma dose baixa de Adderal e foi bem nos estudos. As coisas mudaram quando Megan fez 12 anos e passou para o sétimo ano. Os hormônios produzidos pelo início da puberdade, junto às demandas da escola de nível médio, foram excessivos para que ela desse conta de suportar.

"Ela se atrasava para as aulas, esquecia de levar os livros para casa e demorava três horas para fazer as tarefas de casa, geralmente esquecendo de entregá-las na escola", lembra-se sua mãe, Susan. "Não sabíamos se o problema dela era devido a piora do TDAH, às mudanças hormonais, ao fato de ter trocado de classe e ter de lidar com seis professores diferentes, ou a uma combinação de todas essas coisas".

O médico de Megan falou para a mãe dela que, quando as meninas atingem a puberdade, elas metabolizam a medicação para o TDAH mais rapidamente. Assim, ele aumentou as dosagem de Megan. "Nos três anos seguintes, tentamos 10 drogas diferentes, em várias dosagens." Disse Susan. "As concentrações mais altas da medicação fizeram Megan emagrecer e não promoveram nenhuma melhora, então, paramos com as medicações."

Embora aumentar as doses de medicação algumas vezes ajuda os meninos quando os sintomas do seu TDAH pioram, "a experiência clínica sugere que esta abordagem geralmente falha para as garotas adolescentes", diz Quinn.

Por meio de tentativa e erro, Megan, agora com 15 anos, encontrou um modo de controlar os sintomas: uma pequena dose diária de Metadate e suplementos com óleo de peixe. "Ela não deixou de fazer nenhum trabalho escolar em um ano", diz Susan. "Ela se matriculou em cursos mais desafiadores no colegial, e está muito mais feliz. E, agora que está um pouco mais velha, não se sente incomodada de conversar sobre o que está acontecendo com seu corpo. Quando fica irritada, geniosa ou esquecida naqueles dois ou três dias do mês, posso perguntar a ela: Você está menstruada? Se ela diz que sim, sei que preciso pegar menos pesado com ela."

Efeitos Hormonais sobre o TDAH

A tempestade de hormônios, que leva à rebeldia e aos comportamentos de risco dos adolescentes, tem efeitos profundos nas garotas com TDAH, as quais tipicamente iniciam a puberdade entre as idades de nove e onze anos e têm sua primeira menstruação (menarca) entre os onze e catorze anos.

"Descobrimos que as meninas TDAH nos primeiros anos de sua adolescência têm mais problemas acadêmicos, mais comportamento agressivo, sinais mais precoces de problemas relacionados ao abuso de drogas, e taxas mais altas de depressão que as garotas que não têm o transtorno", diz Stephen Hinshaw, Ph.D., professor e chefe do departamento de psicologia da Universidade da Califórnia, em Berkeley, o qual tem estudado garotas com TDA por mais de dez anos. "Diferente dos meninos adolescentes com TDAH, que tendem a se expressar, as meninas com TDAH geralmente tendem a internalizar seus problemas. Isso faz com que suas dificuldades sejam mais facilmente ignoradas."

A mudança hormonal da puberdade - especialmente os altos níveis de estrogênio e de progesterona - pode fazer com que os medicamentos para o TDAH sejam menos eficientes. "Estudos mostraram que o estrogênio pode aumentar a resposta de uma mulher aos medicamentos com anfetamina, mas o efeito pode ser diminuído pela presença da progesterona", diz Patricia Quinn.

Soluções: Discuta com o médico de sua filha as diversas medicações e dosagens mais usuais. Pode levar um tempo para se descobrir qual funciona melhor, então, tenha paciência. Estratégias comportamentais para gerenciar o tempo e melhorar as habilidades de organização podem ajudar.

"Identifique as potencialidades de sua filha e as enfatize durante as piores épocas do ciclo dela", diz Kathleen Nadeau, Ph.D., diretora do Chesapeake ADHD Center, em Maryland. "Geralmente os professores e os outros adultos na vida de uma garota focalizam somente suas fraquezas."

Se sua filha nota que os sintomas do TDAH dela pioram em certas épocas do mês, encoraje-a a fazer o trabalho escolar antes deles começarem. Faça com que ela se prepare para uma prova importante ou para o término de um trabalho uma semana antes dessa época.

"Seja paciente com sua filha se ela se tornar briguenta ou crítica", diz Nadeau. "Em vez de gritar, sugira que ela descanse um pouco. Você estará ensinando a ela habilidades de autocontrole.


Na próxima postagem: TDAH e os anos reprodutivos

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