quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Dor crônica ligada ao TDAH (419)

Dor crônica ligada ao TDAH
Pauline Anderson, setembro de 2015
Las Vegas – Mais de um terço dos pacientes com dor crônica podem ter TDA, de acordo com um pequeno estudo piloto.
Os achados deverão encorajar mais médicos a ter um alto grau de suspeita de TDA em pacientes não aderentes com dor de origem central, disse o autor, Forest Tennant, MD, do Intractabel Pain Management, em West Covina, California.
Penso que isto é um pequeno e bom avanço em como cuidar de pessoas com dor.”
Ele apresentou seus achados aqui, em Las Vegas, durante a PAINWeek 2015.
Para o estudo, 45 pacientes consecutivos, com dor crônica, que procuraram uma clínica para tratamento, completaram um questionário de 16 itens. As perguntas eram destinadas a saber se o paciente tinha deficiências na concentração, problemas com atenção, distração, impulsividade, leitura e retenção, coordenação, temperamento e memória de curto prazo.
Uma resposta positiva a cinco ou mais questões era considerada como indicação da presença de TDA.
Os resultados mostraram que 37,8% dos pacientes preencheram esses critérios para TDA.
Muitos pacientes com dor de origem central têm excitabilidade aumentada do sistema nervoso autônomo. “No início, ele se torna deficiente em catecolamina, que é um dos compostos que alivia a dor”, explica o Dr. Tennant.
A dor provoca uma mudança no sistema nervoso simpático, que causa o TDA, ele acrescenta. “Assim, ele o põe nesse estado hiperativo e às vezes ele também esgota a dopamina tanto no sistema nervoso central quanto na glândula adrenal.”
Esse achado pode ajudar a explicar por que alguns pacientes com dor têm deficiente função em suas atividades da vida diária, disse o Dr. Tennant.
Durante anos, tenho visto nesses pacientes o mesmo tipo de TDA que se vê em crianças; eles não podem se lembrar de metade do tempo, não conseguem se concentrar”, ele disse. “É interessante quantos desses pacientes evitam ler ou fazer coisas, mas eles não vão lhe contar.”
Um grande problema para os pacientes com dor é a questão da aderência ao tratamento, segundo o Dr. Tennant. “Eles não fazem o que lhe dizem; eles vão embora e não seguem suas instruções, e uma parte disso se deve ao TDA.”
Porém, uma vez iniciado o tratamento medicamentoso para o TDA, como por exemplo o metilfenidato (Ritalina), “sua dor melhora e eles podem se lembrar e se concentrar.”
O Dr. Tennant acentua que isso somente se aplica a pacientes com dor de origem central, que têm inflamação no sistema nervoso, não àqueles que têm artrite ou dor neuropática. “São pacientes que têm dor constante, dor que nunca desaparece.”
Ele afirma que a conexão entre dor e TDA não é nova. “Médicos em 1895, em hospitais de Londres, diziam que se você tiver pacientes com dores intensas, que precisem de morfina, eles também vão precisar de um estimulante.”
Comentando esse estudo para Mediscape Medical News, Jack LeFrock, MD, um especialista em dor no Above and Beyond Pain Management and Laser Center, Clearwater, Florida, disse que os achados “fazem sentido.”
Concordo com ele, penso que ele está correto,” disse.
Em sua própria experiência, uma “alta porcentagem” de pacientes tem TDA e são ansiosos, acrescentou.
O Dr. Frock disse que está disposto a estudar esse assunto mais aprofundadamente.
PAINWeek 2015. Poster 133. Apresentado no dia 10 de setembro de 2015.



Medscape Medical News © 2015 WebMD. LLC

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

O TDAH do adulto começa na infância? (418)

O TDAH do adulto começa na infância?
Recentes e interessantes dados sugerem outra coisa. O TDAH do adulto é tido como a continuidade de um transtorno da infância até a idade adulta, isto é, ele representa o mesmo transtorno que o TDAH das crianças. Assim, seria de se esperar que, mesmo quando o TDAH fosse diagnosticado na vida adulta, esses indivíduos teriam as mesmas características dos que foram diagnosticados na infância. De fato, o DSM-V requer evidência de TDAH na infância, quando estipula que ao menos alguns dos sintomas estejam presentes antes da idade de 12 anos.
Entretanto, apesar do entendimento de que o TDAH do adulto seja um transtorno neurobiológico que se inicia na infância, essa hipótese nunca foi testada adequadamente por causa das limitações nas pesquisas nas quais foram examinadas as características da infância de adultos com TDAH.
Em um tipo de pesquisa, indivíduos diagnosticados com TDAH na infância são seguidos até a vida adulta. Nesse esquema, todos os que preenchessem os critérios para TDAH do adulto teriam sido diagnosticados muito antes. Assim, não haveria nenhuma informação de como tinham sido na infância os indivíduos diagnosticados com TDAH já na idade adulta, ou em que extensão o TDAH do adulto representaria a continuação de uma condição anterior.
Em um segundo tipo de pesquisa, adultos com TDAH são identificados em amostras da comunidade e comparados aos adultos da amostra, não diagnosticados, em relação a características importantes da infância. Entretanto a informação sobre características da infância depende de avaliação retrospectiva que pode ser viciada e incompleta. Por isso, dados acurados sobre como eram esses adultos quando crianças também são, de algum modo, limitados.
Um artigo recentemente publicado no American Journal of Psychiatry [Is adult ADHD a childhood-onset neurodevelopmental disorder? Evidence from a four-decade longitudinal cohort study. Morritt, et al., (2015). American Journal of Psychiatry, doi: 10.1176/appi. ajp2015.14101266] resolve essas limitações ao seguir desde o nascimento um conjunto de 1000 indivíduos durante um período de 4 décadas.
Os participantes eram membros do Dunedin Multidisciplinary Health and Development Study, uma investigação longitudinal da saúde e do comportamento de todas as crianças nascidas em Dunedin, Nova Zelândia, entre abril de 1972 e março de 1973. Esses indivíduos foram avaliados múltiplas vezes durante seu desenvolvimento, até mais recentemente, com a idade de 38 anos, quando impressionantes 95% da amostra original participaram. O pesquisador líder desse estudo é a Dra. Terrie Moffitt, da Duke University. Ela e seus colegas lidaram com uma verdadeiramente incrível quantidade de dados que podem responder a um número de questões importantes, com dados de melhor qualidade do que a dos previamente disponíveis.
Nessa amostra, 61 indivíduos foram identificados com TDAH entre as idades de 11 e 15 anos, correspondendo a mais ou menos 6% de todos os indivíduos envolvidos no estudo. Quando os participantes completaram 38 anos de idade, o estado do diagnóstico do TDAH avaliado novamente por meio de entrevistas psiquiátricas estruturadas, com os entrevistadores “cegos” em relação ao diagnóstico prévio. Trinta e um indivíduos – cerca de 3% dos participantes – foram diagnosticados com TDAH dessa vez. Como o principal problema a ser resolvido nesse estudo era determinar as características da infância de adultos que atingiram os critérios de TDAH já adultos, a presença de sintomas antes dos 12 anos não foi requerida. Se isso fosse requerido, todos os que atingiram os critérios na vida adulta teriam mostrado altos níveis de sintomas de TDAH como crianças. Entretanto, todos os outros critérios exigidos pelo DSM-V foram atingidos.
RESULTADOS
Se o TDAH do adulto representa a continuidade do TDAH da infância, então todos os 31 indivíduos identificados na idade adulta deveriam vir dos 61 casos diagnosticados lá no início do estudo. Isso, entretanto, não foi o que ocorreu. Em vez disso, somente 3 dos 31 indivíduos diagnosticados já na idade adulta tinham sido diagnosticados lá no início, quando crianças. Assim, aproximadamente 90% dos adultos que atingiram os critérios de sintomas para o TDAH não atingiram os critérios de diagnóstico na infância. Outro dado interessante foi o de que os casos de TDAH com início na infância eram em 80% masculinos, enquanto no grupo com diagnóstico já na vida adulta eram 61% masculinos.
Como esses grupos se comparavam durante a infância?
Análises adicionais revelaram como esses dois grupos eram diferentes quando crianças.
As avaliações dos pais e dos professores coletadas nas idades de 5, 7, 9, 11 e 13 anos foram tratadas estatisticamente e tiradas as médias para os dois grupos e para os membros da amostra que nunca foram diagnosticados com TDAH. Os diagnosticados em torno dos 15 anos de idade tinham substancialmente níveis mais elevados de sintomas de TDAH na infância quando comparados aos indivíduos controle; os diagnosticados já como adultos, entretanto, não. De fato, poucos desses adultos tinham ao menos um sintoma taxado como definitivamente presente por seus professores da escola fundamental.
Os do grupo TDAH da infância também tinham taxas significativamente mais altas de problemas de comportamento, depressão e ansiedade na infância do que os indivíduos controle. Os do grupo TDAH adulto diferiam dos controles somente nos problemas de comportamento na infância, que eram modestamente mais altos.
Os testes cognitivos durante a infância mostraram que o grupo TDAH da infância tinha déficits cognitivos significantes quando crianças em comparação aos controles. Seu QI era 10 pontos menor e eles exibiam déficits significantes na aquisição da leitura. Em contraste, os do grupo TDAH adulto não tinham nenhum déficit cognitivo na infância.
Como esses grupos se comparavam como adultos?
De acordo com informantes que conheciam bem os participantes, ambos os grupos de crianças TDAH e adultos TDAH mostraram altas taxas de sintomas de TDAH em comparação aos controles. Assim, mesmo que muitos indivíduos diagnosticados quando crianças já não mais preenchiam os critérios de diagnóstico como adultos, eles continuaram a mostrar altas taxas de sintomas.
Em temos de funcionamento de saúde mental, nenhum grupo teve taxas elevadas de mania, depressão ou transtorno de ansiedade como adultos. Os do grupo TDAH adulto, entretanto, tiveram taxas significativamente mais altas de problemas com drogas e álcool.
A avaliação cognitiva na idade adulta continuou a descobrir que os que tinham TDAH na infância tinham déficits em comparação aos controles em muitas medidas neuropsicológicas, incluindo o QI. Os do grupo TDAH adulto, em contraste, não mostraram nenhum déficit. Mesmo assim, eles relataram um grande número de queixas cognitivas subjetivas.
E sobre indicadores importantes de funcionamento na idade adulta? Os do grupo TDAH da infância tiveram menor probabilidade de obter grau universitário, ganhavam salários menores e tiveram mais problemas com dívidas e menos possibilidade de crédito financeiro do que os controles. O nível geral de satisfação com a vida foi mais baixo e eles foram mais prejudicados no todo. Os do grupo TDAH do adulto não diferiam dos controles quanto á educação e aos rendimentos, mas tinham os mesmos problemas de dívidas e crédito. Também relataram níveis maiores de prejuízo geral e taxas mais baixas de satisfação com a vida.
Finalmente, houve evidência de diferenças genéticas entre os dois grupos. Os que tinham TDAH da infância mostravam taxas mais altas de fatores de risco para o TDAH do que os indivíduos de comparação, enquanto os do grupo TDAH do adulto não apresentavam diferença.
RESUMO E IMPLICAÇÕES
Os resultados desse estudo longitudinal de quase quarenta anos lança forte dúvida sobre a suposição de que o TDAH do adulto representaria a continuidade do mesmo transtorno ao longo do desenvolvimento. Embora os diagnosticados com TDAH na infância continuem a ter dificuldades como adultos, muitos não preenchem mais os critérios de diagnóstico para TDAH. Por outro lado, os diagnosticados na vida adulta são um grupo muito diferente daqueles diagnosticados na infância. Tão diferente, de fato, que parece inverossímil que o TDAH da infância e o do adulto possam representar o mesmo transtorno.
Aproximadamente 90% dos diagnosticados na idade adulta não tinham sido diagnosticados anteriormente. Não havia nenhuma evidência, entre os desse grupo, de sintomas substancialmente elevados de TDAH na infância. Eles não mostraram os déficits cognitivos durante a infância ou idade adulta, que caracterizam aqueles com TDAH da infância, nem mostraram altas taxas de fatores genéticos de risco.
Entretanto, isso não implica que adultos que apresentem um quadro de sintomas de TDAH não necessitem de tratamento. Como grupo, eles relataram níveis diminuídos de satisfação com a vida, problemas cognitivos na vida diária e problemas com dívidas e crédito. Eles tendiam a acreditar que perdiam tempo por causa da desorganização, que tinham fracassado em atingir seu potencial e que estavam esgotando outras pessoas. Problemas com álcool e drogas também foram elevados. Assim, eles estavam sofrendo e necessitando de assistência.
Se esses indivíduos adultos não têm o transtorno neurodegenerativo do TDAH, o que eles têm? Não é provável que estivessem fingindo, porque não haveria nenhum motivo para isso. Também não é provável que seus sintomas de TDAH fossem mais bem explicados por outro transtorno – que eles tivessem sido erroneamente diagnosticados com TDAH – porque mais da metade não preenchiam critérios para nenhum outro transtorno. Por causa das altas taxas de uso de substâncias entre os desse grupo adulto, é tentador sugerir que isso poderia explicar seus sintomas de TDAH, Infelizmente, não foi possível esclarecer se o uso de substâncias levou aos sintomas de TDAH ou se esses sintomas apareceram antes do uso de substâncias.
Uma possibilidade interessante é que o TDAH do adulto é um transtorno real, porém distinto do TDAH que surge na infância. Por causa das semelhanças na apresentação dos sintomas, O TDAH nas crianças e nos adultos pode ter sido, incorretamente, tido como um mesma condição. Os autores notam que, ironicamente, ao exigir início na infância e origem no desenvolvimento neurobiológico, o DSM-V deixa esses resultados desencontrados fora do sistema de classificação. Como resultado, obter o tratamento necessário pode ser mais difícil.
A aceitação de que o TDAH da criança e do adulto seja um mesmo transtorno pode também limitar a pesquisa da etiologia do TDAH do adulto, já que um mesmo transtorno teria os mesmos fatores etiológicos. Assim, nosso entendimento do TDAH do adulto seria limitado, o que poderia também limitar a pesquisa de estratégias de prevenção e tratamentos mais eficientes.

Se esses achados forem apoiados por pesquisas subsequentes – a replicação é sempre importante – seria necessária uma importante mudança na maneira como o TDAH do adulto é conceituado, assim como mudanças nos critérios atuais de diagnóstico do TDAH.

David Rabiner, Ph.D.
Research Professor
Dept. of Psychology & Neuroscience
Duke University
Durham, NC 27708

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Menopausa e TDAH (417)

Menopausa e TDAH - Laura Flynn McCarthy - continuação da postagem 416

Dez anos atrás, Ranjini Pillai, M.D., de Pleasant, Carolina do Sul, fez uma histerectomia, que a levou à menopausa. [Ela deve ter feito, também, uma ooforectomia (retirada dos ovários)]. "De repente, me sentia ansiosa o tempo todo", ela conta. "Ficava cansada, desorganizada e fora de foco; não consegui raciocinar claramente".

Um mês depois da cirurgia, ela começou a usar estrogênio como tratamento de reposição hormonal, e seus sintomas melhoraram um pouco. Mas, ainda tinha problemas com a organização e com a ansiedade. Os médicos receitaram antidepressivos, o que não ajudou.

Cinco anos atrás, um médico diagnosticou-a como TDAH e receitou Strattera. "A melhora foi dramática", conta Pillai. "Meu raciocínio ficou mais claro, minha ansiedade sumiu, e tudo começou a fazer sentido". Pillai precisa de tratamento de reposição com dois hormônios (uma combinação de estrogênio e pequena quantidade de progesterona) e, duas vezes ao dia, Strattera para controlar os sintomas do TDAH. Ela aprendeu estratégias de controle do comportamento para ajudá-la a permanecer organizada e para se lembrar das coisas, tais como uma cesta perto da porta da frente, para o celular e as chaves.

"Aprendi também a delegar responsabilidades e a aceitar o fato de que não posso fazer tudo", diz Pillai. "Meu marido, agora, cuida das nossas finanças e meus dois filhos, de 23 e de 14 anos, fazem as tarefas para manter a casa funcionando, de modo que posso me dedicar ao meu trabalho e às coisas de que gosto, como cozinhar".

Efeitos Hormonais do TDAH

Na menopausa (em média aos 51 anos de idade), os níveis de estrogênio caem cerca de 65%. Há uma queda gradual que se inicia uns 10 anos antes da menopausa (conhecida como perimenopausa). A perda de estrogênio leva à diminuição dos níveis de serotonina e de dopamina no cérebro. As mulheres que estão na perimenopausa relatam mudanças de humor, tristeza, irritabilidade, cansaço, confusão mental e lapsos de memória. Esses sintomas podem ser mais intensos nas mulheres com TDAH.

"Por terem um cérebro com menos energia cognitiva para funcionar, pode ser especialmente difícil para as mulheres com TDAH manter a concentração e tomar boas decisões nessa fase da vida", diz Quinn.

Soluções: Os anticoncepcionais orais, tomados na perimenopausa, podem estabilizar os níveis hormonais e melhorar o funcionamento cerebral. Depois que a menstruação de suas pacientes parou, muitos médicos recomendam o tratamento de reposição hormonal, ao menos nos primeiros anos depois da menopausa. "As pesquisas mostram que as mulheres que recebem tratamento de reposição hormonal se desempenham melhor nos testes de cognição, assim como nos testes de memória e de capacidade de raciocínio", diz Quinn.

Para muitas mulheres, a melhor forma de tratamento é o estrogênio sozinho, por três ou quatro meses, seguido por 10 dias de progesterona. "Como no caso de Pillai, combinar o tratamento de reposição hormonal com medicação para o TDAH geralmente melhora os sintomas de modo mais eficaz", diz Quinn. Ela também diz que é importante, em cada estágio de sua vida, manter sob controle os sintomas do TDAH. Isso significa lidar com vários profissionais - um psiquiatra ou psicólogo, um clínico e um ginecologista.

Procure instruir-se sobre o TDAH e sobre o que está ocorrendo com seu corpo, manter lista de medicações, tabela de sintomas, e, acima de tudo, peça a ajuda que necessitar dos profissionais.

ADDitude



TDAH e Gravidez (416)

TDAH e Gravidez - Laura Flynn McCarthy - continuação da postagem 415

Diagnosticada com TDAH aos 29 anos de idade, Becca Keeton, de Lomita, Califórnia, tomou medicação estimulante por um ano antes de tentar engravidar. "Parei com minha medicação aos 30, quando estava grávida e cuidando de meus três filhos", diz Keeton. "Durante o primeiro mês de cada gravidez, os sintomas do meu TDAH pioravam. Na minha segunda gravidez, sofri 3 pequenos acidentes de carro - todos por minha culpa - no primeiro mês. Conforme o tempo passava, meus sintomas de TDAH melhoravam e eu também me sentia melhor enquanto amamentava meus bebês." Agora, com quarenta e poucos anos, já passados os anos de suas gravidezes, Keeton toma Adderal diariamente, e diz que aumenta a dose nos dias que antecedem seu fluxo menstrual, para controlar o sintomas de TDAH, que, tipicamente, pioram nessa época.

Efeitos Hormonais Sobre o TDAH

Virtualmente todos os níveis hormonais mudam durante a gravidez, principalmente porque a placenta produz hormônios e estimula outras glândulas - tais como as adrenais e a tireóide - a produzirem mais hormônios, também. Conforme os níveis hormonais se elevam nos primeiros meses da gravidez, as futuras mamães com TDAH sentem cansaço, mudanças de humor e ansiedade. Mas conforme os níveis de estrogênio aumentam à medida em que a gravidez progride, muitas mulheres com TDAH dizem que se sentem melhor.

"Algumas pesquisas mostram que o transtorno de pânico melhora a cada trimestre da gravidez e retorna depois do parto", diz Quinn. "É possível que um padrão semelhante ocorra com o TDAH".

Quinn assinala que, embora não haja nenhuma pesquisa mostrando que os sintomas do TDAH melhorem durante a gestação, há evidências de que isso aconteça. "Recebo cartas e resumos de casos de mulheres dizendo o quão melhor elas se sentem durante a gravidez".

Nas semanas depois do parto, os níveis de hormônios caem. Embora essa queda dos níveis hormonais possa levar a mudanças de humor, às vezes chamada de "the baby blues" (melancolia pós-parto) e a depressão pós-parto em todas as mães de "primeira viagem", as mulheres com TDAH podem ser mais propensas à depressão.

Soluções: Você e o seu médico devem reavaliar seu tratamento para o TDAH durante a gestação e quando estiver amamentando. As pesquisas mostram que alguns estimulantes usados para o tratamento do TDAH podem levar a defeitos cardíacos e outros problemas de desenvolvimento nos fetos. Bebês amamentados no peito podem desenvolver problemas de dependência mais tarde na vida, se suas mães usaram medicação estimulante enquanto amamentavam.

Alguns medicamentos antidepressivos parecem seguros para o uso durante a gravidez e a amamentação, mas você e seu médico devem discutir todas as opções e determinar qual é a melhor para você. Por causa das mudanças hormonais discutidas acima, muitas mulheres acham que parar a medicação para o TDAH permite que elas se sintam melhor.

"Além da medicação, é importante obter ajuda durante a gestação e depois que o bebê nasceu", diz Kathleen Nadeau, Ph.D., diretora do Chesapeake ADHD Center, em Maryland. "Embora as mudanças hormonais possam melhorar os sintomas do TDAH, o estresse do trabalho, da gestação, dos cuidados com os outros filhos em casa, e a ansiedade de estar pronta para o novo bebê podem contrabalançar qualquer benefício hormonal"


Na próxima postagem: A Menopausa e o TDAH

quarta-feira, 29 de julho de 2015

TDAH e os Anos Reprodutivos (415)

Laura Flynn McCarthy. (continuação da postagem 414)

"As flutuações hormonais definitivamente afetam os sintomas do meu TDAH", diz Jamie Suzanne Saunders, de 41 anos de idade, gerente de um escritório em Louisville, Kentucky. "Cerca de três dias antes da minha menstruação, e durante todo o período, eu me sinto hiperativa, desatenta e inquieta. É como se eu estivesse dirigindo em uma super-rodovia e em vez de seguir em frente, eu entrasse em um desvio e descobrisse que estava em outra rodovia com desvios igualmente interessantes. Perco meu foco e não consigo fazer nada". Diagnosticada recentemente, Saunders espera que o seu especialista em TDAH a auxilie a controlar seus sintomas, especialmente à medida em que ela se aproxime da pré-menopausa.

Efeitos Hormonais no TDAH

O ciclo menstrual tem, em média, 28 dias, contando do primeiro dia do fluxo. Nas duas primeiras semanas, conhecidas como a fase folicular, os níveis de estrogênio aumentam constantemente, enquanto os níveis de progesterona permanecem baixos.

O estrogênio promove a liberação, no cérebro, dos neurotransmissores do bem estar, serotonina e dopamina. Sem surpresa, os estudos mostram que as duas primeiras semanas do ciclo transcorrem de modo mais ameno para as mulheres com TDAH do que as duas segundas semanas, quando os níveis de progesterona se elevam. 

Durante a terceira e a quarta semana, chamada de fase lútea (ou luteínica), a progesterona diminui os efeitos benéficos do estrogênio no cérebro, possivelmente reduzindo a eficiência das medicações estimulantes.

Quinn acredita que as mulheres com TDAH sofrem de síndrome pré-menstrual (SPM) [também chamada TPM] de modo mais agudo que as mulheres que não têm o transtorno. "Sentimentos de depressão e de ansiedade tipicamente se agravam nas mulheres com TDAH durante essa fase", diz Quinn. As boas notícias? Tratar o TDAH pode melhorar também os sintomas da SPM.

Soluções: Mantenha um registro dos sintomas do seu TDAH por três meses - anotando quando eles ocorrem e pioram durante o ciclo menstrual - e tente identificar um padrão. Algumas mulheres têm problemas somente por um ou dois dias do mês, na semana anterior ao início do fluxo. Outras mulheres têm piorados os sintomas do TDAH por 10 dias ou quase, durante a fase lútea.

"Nunca compreendi como as flutuações hormonais afetavam os sintomas do meu TDAH, até que fiz um diário", diz Lori Scamardo, de 34 anos de idade, mãe de dois filhos, em Austin, Texas. Lori foi diagnosticada com TDAH há seis anos. "Cada mês, na semana anterior ao fluxo, anoto coisas como `Estou de volta ao nevoeiro` ou `Não consigo fazer nada`. Saber quando os sintomas do meu TDAH pioravam me ajudou a facilitar as coisas - aprendi que meus comportamentos eram devidos às mudanças hormonais - e me levou a desenvolver estratégias para diminuir aqueles sintomas. Eliminei a cafeína e o açúcar na semana antes do fluxo e passei a me exercitar regularmente".

A medicação pode ajudar. Tomar uma dose baixa de antidepressivo ou de medicação ansiolítica, um ou dois dias antes do fluxo, ajuda muitas mulheres a controlar os altos e baixos emocionais. Outras mulheres descobrem que aumentar ligeiramente sua medicação para o TDAH, poucos dias antes, pode fazer com que se sintam sob controle. 

Os anticoncepcionais orais melhoram os sintomas do TDAH em muitas mulheres, ao minimizar as flutuações hormonais. Três semanas de pílula formuladas somente com estrogênio, seguidas de uma semana de progesterona, sozinha, parece ser especialmente útil.

Na próxima postagem, TDAH e Gravidez.


segunda-feira, 27 de julho de 2015

Mulheres, Hormônios, e TDAH (414)

A gravidade dos sintomas do TDAH varia durante o ciclo da mulher. Saiba o que fazer para lidar com esses sintomas. Por Laura Flynn McCarthy.

Os sintomas do seu TDAH pioram em alguns dias do mês?

Seu raciocínio fica um pouco confuso na semana anterior à sua regra?

No meio do ciclo você é eficiente e organizada?

Os médicos que tratam mulheres com TDAH notaram uma correlação entre os sintomas do TDAH e as flutuações hormonais, não só mensalmente, mas por toda a vida da mulher.

"A idade média do diagnóstico para as mulheres com TDAH, que não foram diagnosticadas quando crianças, é de 36 a 38 anos", diz Patricia Quinn, M.D., diretora do National Center for Girls and Women with AD/HD (Centro Nacional para Meninas e Mulheres com TDAH) e autora de Understanding Women with ADHD (Compreendendo as Mulheres com TDAH). "Antes desse tempo, meninas e mulheres geralmente são mal diagnosticadas como tendo depressão ou transtorno de ansiedade. Mesmo que isso seja uma condição secundária, o tratamento dela não chega à raiz do problema, que é o TDAH.

Quando os médicos diagnosticam meninas e mulheres com TDAH, eles raramente levam em conta as flutuações hormonais ao fazer o plano de tratamento. Mas, os profissionais estão aprendendo cada vez mais sobre as conexões entre os hormônios e o TDAH. A seguir, analisaremos quatro estágios da vida da mulher - da puberdade até a menopausa - e descreveremos o que está acontecendo com os hormônios, dando meios de controlar os sintomas.

TDAH e Adolescência

Megan, residente em Iowa, USA, foi diagnosticada com a forma desatenta do TDAH quando tinha 10 anos de idade. Foi tratada com uma dose baixa de Adderal e foi bem nos estudos. As coisas mudaram quando Megan fez 12 anos e passou para o sétimo ano. Os hormônios produzidos pelo início da puberdade, junto às demandas da escola de nível médio, foram excessivos para que ela desse conta de suportar.

"Ela se atrasava para as aulas, esquecia de levar os livros para casa e demorava três horas para fazer as tarefas de casa, geralmente esquecendo de entregá-las na escola", lembra-se sua mãe, Susan. "Não sabíamos se o problema dela era devido a piora do TDAH, às mudanças hormonais, ao fato de ter trocado de classe e ter de lidar com seis professores diferentes, ou a uma combinação de todas essas coisas".

O médico de Megan falou para a mãe dela que, quando as meninas atingem a puberdade, elas metabolizam a medicação para o TDAH mais rapidamente. Assim, ele aumentou as dosagem de Megan. "Nos três anos seguintes, tentamos 10 drogas diferentes, em várias dosagens." Disse Susan. "As concentrações mais altas da medicação fizeram Megan emagrecer e não promoveram nenhuma melhora, então, paramos com as medicações."

Embora aumentar as doses de medicação algumas vezes ajuda os meninos quando os sintomas do seu TDAH pioram, "a experiência clínica sugere que esta abordagem geralmente falha para as garotas adolescentes", diz Quinn.

Por meio de tentativa e erro, Megan, agora com 15 anos, encontrou um modo de controlar os sintomas: uma pequena dose diária de Metadate e suplementos com óleo de peixe. "Ela não deixou de fazer nenhum trabalho escolar em um ano", diz Susan. "Ela se matriculou em cursos mais desafiadores no colegial, e está muito mais feliz. E, agora que está um pouco mais velha, não se sente incomodada de conversar sobre o que está acontecendo com seu corpo. Quando fica irritada, geniosa ou esquecida naqueles dois ou três dias do mês, posso perguntar a ela: Você está menstruada? Se ela diz que sim, sei que preciso pegar menos pesado com ela."

Efeitos Hormonais sobre o TDAH

A tempestade de hormônios, que leva à rebeldia e aos comportamentos de risco dos adolescentes, tem efeitos profundos nas garotas com TDAH, as quais tipicamente iniciam a puberdade entre as idades de nove e onze anos e têm sua primeira menstruação (menarca) entre os onze e catorze anos.

"Descobrimos que as meninas TDAH nos primeiros anos de sua adolescência têm mais problemas acadêmicos, mais comportamento agressivo, sinais mais precoces de problemas relacionados ao abuso de drogas, e taxas mais altas de depressão que as garotas que não têm o transtorno", diz Stephen Hinshaw, Ph.D., professor e chefe do departamento de psicologia da Universidade da Califórnia, em Berkeley, o qual tem estudado garotas com TDA por mais de dez anos. "Diferente dos meninos adolescentes com TDAH, que tendem a se expressar, as meninas com TDAH geralmente tendem a internalizar seus problemas. Isso faz com que suas dificuldades sejam mais facilmente ignoradas."

A mudança hormonal da puberdade - especialmente os altos níveis de estrogênio e de progesterona - pode fazer com que os medicamentos para o TDAH sejam menos eficientes. "Estudos mostraram que o estrogênio pode aumentar a resposta de uma mulher aos medicamentos com anfetamina, mas o efeito pode ser diminuído pela presença da progesterona", diz Patricia Quinn.

Soluções: Discuta com o médico de sua filha as diversas medicações e dosagens mais usuais. Pode levar um tempo para se descobrir qual funciona melhor, então, tenha paciência. Estratégias comportamentais para gerenciar o tempo e melhorar as habilidades de organização podem ajudar.

"Identifique as potencialidades de sua filha e as enfatize durante as piores épocas do ciclo dela", diz Kathleen Nadeau, Ph.D., diretora do Chesapeake ADHD Center, em Maryland. "Geralmente os professores e os outros adultos na vida de uma garota focalizam somente suas fraquezas."

Se sua filha nota que os sintomas do TDAH dela pioram em certas épocas do mês, encoraje-a a fazer o trabalho escolar antes deles começarem. Faça com que ela se prepare para uma prova importante ou para o término de um trabalho uma semana antes dessa época.

"Seja paciente com sua filha se ela se tornar briguenta ou crítica", diz Nadeau. "Em vez de gritar, sugira que ela descanse um pouco. Você estará ensinando a ela habilidades de autocontrole.


Na próxima postagem: TDAH e os anos reprodutivos

quarta-feira, 22 de julho de 2015

O metilfenidato melhoraria a qualidade de vida de crianças com epilepsia de controle difícil e TDAH comórbido (413)



13/07/2015 - Redação de Psiquiatria.com  - Revista de Neurologia - Barcelona - Espanha

A comorbidade entre transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e as epilepsias de controle difícil é frequente e afeta negativamente a qualidade de vida. A opinião generalizada de que os estimulantes podem piorar o controle das crises impediu as pesquisas de avaliação do impacto de tal tratamento nessa população. Porém, uma pesquisa recente centrou seu objetivo no efeito do metilfenidato na qualidade de vida de crianças e adolescentes com epilepsias difíceis de se tratar e TDAH como comorbidade.

Em estudo aberto, um ensaio não controlado, com análise de intenção de tratar, seguiu 30 pacientes durante seis meses. Os indivíduos receberam metilfenidato durante três meses, período no qual se ajustou a dose do fármaco e se avaliaram a epilepsia, as variáveis do TDAH e a qualidade de vida. A análise de regressão multivariada identificou as principais variáveis relacionadas ao resultado.

Somente um paciente se retirou, devido a uma piora das crises convulsivas. Depois da introdução do metilfenidato, as doses foram calculadas até 0,40 a 0,50 mg/kg/dia. Foi observada uma significativa melhora nas pontuações de qualidade de vida e uma redução significativa da frequência e da gravidade das crises. O sexo feminino, a redução dos sintomas nucleares do TDAH e a tolerabilidade para adequar as doses de metilfenidato se associaram significativamente com melhores pontuações da qualidade de vida.

Segundo os autores, esses dados preliminares sugerem que o tratamento com metilfenidato é seguro e eficiente em pacientes com TDAH e epilepsias de difícil tratamento, e impacta positivamente nos resultados da qualidade de vida.

Epilepsy Behav 2015

Radziuk AL, Kieling RR, Santos K, Rotert R, Bastos F, Palmini AL

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Auto-teste de TDAH para mulheres (412)

Você tem sinais de transtorno de déficit de atenção? Sua filha tem? Somente uma avaliação com um profissional de saúde mental poderá dizer com certeza, mas se você mesmo fizer um teste, respondendo a uma lista de sintomas, terá uma ideia sobre ter ou não o TDAH adulto. ADDitude

P1: Você se sente mal em lojas, no trabalho ou em festas?

P2: Tempo, dinheiro, papéis ou coisas estão dominando sua vida e atrapalhando sua capacidade para atingir suas metas?

P3: Os pedidos para "só mais uma coisinha" tiram você do sério?

P4: Você gasta a maior parte do seu tempo em enfrentamentos, a procura de coisas, com coisas a fazer ou escondendo coisas?

P5: Você parou de chamar pessoas para irem à sua casa por ficar envergonhada de quão bagunçada ela está?

P6: Você tem problemas para controlar seus gastos?

P7: Você frequentemente sente que a vida está fora de controle, que é impossível atingir suas demandas?

P8: Você se sente como se estivesse geralmente em um extremo ou outro de um espectro desregulado de atividades - ou muito sedentário ou em um tornado?

P9: Você "se faz passar por normal"? Você se sente como se fosse um impostor?

P10: Você sente que suas ideias são tão boas quanto, ou até melhores que as dos outros, mas é incapaz de organizá-las ou realizá-las?

P11: Você começa todos os dias com a determinação de se organizar?

P12: Você vê que outras pessoas com inteligência igual à sua o superam?

P13: Você já se sentiu egoísta porque não escreve cartões de agradecimento ou enviar votos de feliz aniversário?

P14: Todo seu tempo e sua energia estão sendo tomados pelos enfrentamentos, por tentar se manter organizado e ter tudo sob controle, sem tempo para relaxar e se divertir?


P15: Você se surpreende pela maneira com que os outros levam uma vida regular e organizada, por exemplo, com hora certa para jantar e pagar as contas no vencimento?


  TDAH e Sexo – Redescobrindo o romance em seu casamento A distração pode envenenar o erotismo em seu casamento TDAH. A seguir, como você po...