PODE UM CEGO GUIAR OUTRO CEGO? |
Blog destinado à divulgação dos diversos aspectos do TDAH e do que mais eu quiser. As opiniões são de responsabilidade dos autores e podem não ser compartilhadas por mim (Dr. Menegucci).. Todo mundo é gênio. Mas, se você julgar um peixe pela sua habilidade de subir numa árvore, ele vai passar a vida toda pensando que é burro..
sábado, 16 de janeiro de 2016
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
O TDAH pode mascarar o Autismo em crianças pequenas (423)
O
TDAH pode mascarar o Autismo em crianças pequenas
Os
sintomas que se atribuem ao transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade (TDAH) poderiam mascarar um transtorno do espectro
autista (TEA) em crianças muito pequenas, o que pode criar um
significativo atraso no diagnóstico do autismo.
Para
verificar se um diagnóstico precoce de TDAH interferiria na detecção
de um TEA, os investigadores observaram os dados de 1.496 crianças
com autismo recolhidos em uma enquete nacional americana de saúde
infantil, de 2011 a 2012. Nessa enquete, perguntou-se aos pais se
haviam diagnosticado de seu filho com um TDAH ou um TEA, e lhes
solicitaram a idade em que receberam o diagnóstico. A 43% dos pais
foi dito que os filhos sofriam dos dois transtornos.
Os
investigadores descobriram que mais do que duas de cada cinco
crianças, que tinham sido diagnosticadas com TDAH e TEA, tinham
recebido inicialmente um diagnóstico de TDAH. A maioria dessas
crianças (81%) acabou recebendo o diagnóstico de autismo depois dos
6 anos de idade. De fato, as crianças que receberam primeiro o
diagnóstico de TDAH tinham quase 17 vezes mais probabilidade de
serem diagnosticadas com autismo depois dos 6 anos de idade, quando
comparadas com as crianças que foram diagnosticadas unicamente com
autismo. Também tinham 30 vezes mais probabilidade de receber um
diagnóstico de TEA depois dos 6 anos de idade do que as crianças
nas quais se diagnosticou TDAH e TEA juntos ou inicialmente o autismo
e, mais tarde, o TDAH.
Segundo
os autores, esses resultados indicam que os médicos talvez estejam
se precipitando ao diagnosticar TDAH em uma idade muito baixa (3 a 4
anos). Nesse caso, talvez devessem pensar em um transtorno do
desenvolvimento, que é mais habitual para esse grupo de idade, como
por exemplo o autismo.
Pediatrics
2015
Miodovnik
A, Harstad E, Sideridis G, Huntington N
Publicado em Revista de Neurologia - Barcelona - Espanha - Outubro/2015
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
Por que os estudantes universitários utilizam ilegalmente medicações para o TDAH? (422)
Por
que os estudantes universitários utilizam ilegalmente medicações
para o TDAH?
O
uso de medicação para o TDAH sem uma receita médica, isto é, o
uso ilegal, é um grande e, talvez, crescente problema nos campos
universitários dos Estados Unidos. A porcentagem de estudantes que
fazem uso ilegal de medicações para o TDAH varia muito entre as
faculdades, mas taxas de 30% foram encontradas em alguns campi.
Além
dos riscos à saúde para os estudantes que fazem uso ilegal, esse
comportamento também cria problemas para os estudantes com receita
médica. Eles são frequentemente abordados pra vender ou
compartilhar seu medicamento, o que é ilegal. Se eles fazem isso,
acabam não usando as doses de que necessitam. As preocupações com
esse desvio contribuem para que alguns centros universitários de
saúde e de aconselhamento estejam decidindo não mais proporcionar
serviços de avaliação ou tratamento para o TDAH, tornando mais
difícil para os estudantes obter a ajuda de que necessitam.
Mitos
sobre o uso não médico dos medicamentos para TDAH
A
mídia fala frequentemente de estudantes universitários fazendo uso
ilegal de medicação para o TDAH. Geralmente isso é descrito como
parte de um estilo de vida universitário do tipo “trabalhe duro,
jogue duro”, implicando em que isso seja um comportamento típico
ou obrigatório entre os universitários.
Isso
não é verdade. Pesquisas anteriores, incluindo um trabalho meu,
mostraram que os estudantes que usam ilegalmente medicações para o
TDAH são diferentes dos que não usam em importantes aspectos.
Especificamente, eles têm nota média de avaliação acadêmica
(GPA) mais baixa, são mais preocupados com seu rendimento acadêmico,
consomem mais álcool, têm mais probabilidade de se envolver em uso
de drogas ilícitas, mais probabilidade de fumar, e relatam mais
sintomas de depressão e de ansiedade. Assim, como um grupo, eles
estão tendo dificuldades em uma variedade de áreas. Para uma
revisão desse assunto, veja www.helpforadd.com/2013/march.htm
Problemas
de atenção e o uso não médico
Um
achado particularmente interessante é o de que os usuários ilegais
também relatam taxas significativamente mais elevadas de problemas
de atenção. Em meu próprio trabalho, veja
www.helpforadd.com/2007/december.htm
, problemas de atenção relatados espontaneamente eram não somente
mais elevados nos universitários que não faziam uso
ilegal, mas, também, indicavam quem seria um usuário ilegal nos
primeiros dois anos de faculdade. Os relatos espontâneos de maiores
problemas de atenção pelos estudantes que usavam medicação para o
TDAH ilegalmente foram,
atualmente, replicados em vários estudos, sugerindo que, ao que
parece, alguns estudantes estão tentando “tratar” as
dificuldades de atenção que eles percebem que boicotam seu sucesso
acadêmico.
Uma limitação importante
desses estudos é que eles se baseiam em dificuldades de atenção
relatadas espontaneamente e que não incluem nenhuma avaliação
objetiva. Como resultado, não sabemos se os estudantes que fazem uso
ilegal de medicações para o TDAH realmente têm dificuldade de
atenção em relação aos seus colegas, ou se eles apenas pensam que
têm.
Esse
problema foi resolvido em recente estudo publicado, intitulado
“Attention, motivation, and study habits in users of unprescripted
ADHD medication” [Illieva and Farah (2015). Journal
of Attention Disorders, DOI:
10.1177/1087054715591849]. Os participantes foram 128 universitários,
61 dos quais relataram uso ilegal anterior de medicação para TDAH e
67 que não usaram. Esses universitários foram comparados quanto às
dificuldades de atenção relatadas espontaneamente, assim como
quanto
às medidas computadorizadas de um teste de atenção chamado TOVA
(Test of Vigilant Attention).
Além de verificar como esses
grupos se comparavam nessas variáveis importantes, os pesquisadores
também examinaram se eles diferiam na qualidade dos hábitos de
estudo e em sua motivação para se engajar nas tarefas cognitivas,
duas características adicionais que podem contribuir para o uso
ilegal entre os universitários que procuram aumentar seu desempenho
acadêmico.
Para replicar os achados de
outros estudos anteriores, os participantes também foram solicitados
a relatar seu nível de uso de drogas e sintomas de depressão e
ansiedade.
Resultados
Problemas
de atenção relatados espontaneamente – De modo consistente com
trabalho anterior, universitários que tinham usado medicação para
o TDAH ilegalmente relataram taxas significativamente mais altas de
ansiedade e de depressão. Entre os usuários
ilegais, quanto maior a
dificuldade de atenção relatada, mais frequente era o uso.
Problemas de atenção medidos
objetivamente – Como notado acima, um teste computadorizado chamado
TOVA, foi usado para obter uma medida objetiva da atenção. Os
usuários ilegais tiveram as medidas de atenção, por esse método,
significativamente mais fracas do que os não usuários, embora a
diferença não tenha sido tão grande quanto à atenção relatada
espontaneamente.
Motivação para tarefas
cognitivas – A motivação para se engajar em tarefas cognitivas
foi medida com os participantes relatando seu nível de aborrecimento
e de motivação durante o TOVA; esse teste é uma tarefa repetitiva
de 22 minutos, que certamente pode ser sentida como aborrecedora e
monótona. Os usuários ilegais relataram níveis significativamente
mais baixos de motivação durante a tarefa e também a sentiram como
mais aborrecida.
Hábitos de estudo – A
medida dos hábitos de estudo avaliou práticas conhecidas como
relacionadas a um desempenho acadêmico melhor, por exemplo, o uso de
auto-teste para avaliar a compreensão da matéria, o aprendizado da
matéria ao longo do tempo, em vez de decoração, a frequência
regular às aulas e o tempo gasto para estudar, etc. Os usuários
ilegais relataram hábitos de estudos mais fracos que os dos outros
estudantes. E, entre os usuários ilegais, quanto mais fracos os
hábitos de estudo, mais frequentemente eles tinha usado medicações
para o TDAH no ano anterior.
Uso de drogas, depressão, e
ansiedade – Consistente com trabalho anterior, os usuários ilegais
relataram níveis mais altos de uso de drogas, assim como mais
sintomas de depressão e de ansiedade.
Resumo e implicações
Os resultados desse estudo
evidenciam que o uso ilegal de medicações para o TDAH pelos
estudantes universitários não deve ser tido como um comportamento
típico de estudantes universitários e parte do estilo de vida
“trabalhe duro, jogue duro” que caracteriza muitos estudantes.
Com
base em trabalho anterior, os usuários ilegais foram descobertos não
somente como tendo mais dificuldades relatadas espontaneamente com a
atenção, mas também mostraram atenção mais fraca em avaliação
objetiva. Também relataram maior aborrecimento durante tarefa
cognitiva repetitiva e menor motivação para fazê-la. E eram menos
propensos a empregar hábitos de estudo associados ao sucesso
acadêmico. Como foi visto várias vezes, eles também eram mais
propensos a abusar do álcool e de outras drogas, e relataram mais
sintomas de ansiedade e de depressão. Assim, em vez de serem
“estudantes típicos”, eles estavam provavelmente tendo muito
mais dificuldades que seus colegas, por várias maneiras.
Os resultados desse estudo
sugere que alguns estudantes procuram o uso ilegal de medicação
para corrigir dificuldades de atenção, para aumentar sua motivação
para se engajar no trabalho acadêmico e, talvez, para compensar os
fracos hábitos de estudo. Infelizmente, embora os estudantes possam
perceber que o uso de medicação para o TDAH desse jeito os ajude,
não há nenhuma evidência que isso seja verdadeiro. De modo claro,
seria de longe preferível que esses estudantes procurassem
assistência profissional para suas dificuldades, que podem ou não
ter algo a ver com o TDAH.
Embora
não tenha sido especificamente um foco desse estudo, é importante
enfatizar que o uso recreativo disseminado de medicação para o TDAH
nos campi universitários põe
em risco os estudantes com receitas legítimas. Eles estão em risco
por serem abordados para desviar sua medicação para uso ilegal. Ao
fazer isso, falharão doses que seriam necessárias. Não fazer isso
significa desagradar um amigo que esteja pedindo ajuda, o que pode
ser difícil.
Pais e médicos devem se
assegurar de que jovem com receita para TDAH esteja ciente de que
será abordado dessa maneira e que entenda que os problemas
associados com o desvio da medicação. Não é suficiente dizer a
eles para que não façam isso. O jovem deve ser instruído a manejar
essas situações de modo que ele se sinta mais confortável e capaz
de lidar corretamente com elas por si mesmo. As escolas deveriam
também ser mais vigilantes e desenvolver e pôr em prática
políticas relacionadas ao desvio de medicamentos receitados em seus
campi.
David Rabiner, Ph.D.
terça-feira, 13 de outubro de 2015
O que se sente ao viver com o TDAH não diagnosticado (421)
O
que se sente ao viver com o TDAH não diagnosticado
Você
se sente envergonhada com a sua casa bagunçada, seus compromissos
esquecidos e sua mente divagante… até que descobre que não são
falhas pessoais; são sintomas. As leitoras de ADDitude compartilham
o que sentiam ao viver com o transtorno invisível do TDAH, antes do
diagnóstico. Os editores e leitoras de ADDitude.
Um
Transtorno Invisível
Mulheres
com TDAH frequentemente são negligenciadas. Os sintomas mais
notáveis, como a hiperatividade, se manifestam de modo diferente
nos meninos e muito frequentemente são desconsiderados como
comportamento tolo das meninas. Além disso, os sintomas de
desatenção são mais comumente vistos nas meninas e, geralmente,
são tidos como outra coisa.
Viver
com um transtorno não reconhecido pode levar a anos de baixa
autoestima e vergonha, até que um diagnóstico despeje uma luz sobre
tudo o que tinha sido tão duro por tanto tempo. As leitoras de
ADDitude e os especialistas compartilham o que se sente ao viver com
um transtorno não diagnosticado como o TDAH do adulto. Você se
identifica com algum desses relatos?
1-
Como viver no vazio
“Por
toda minha vida tenho lutado com uma vaga sensação de que há algo
de diferente comigo. Eu me sinto inferior, inadequada, indisciplinada e, desesperadamente, desorganizada – todos sentimentos que têm
sido, vez ou outra, reforçados pelas pessoas de minha convivência…
Eu costumava me sentir cansada antes mesmo de sair da cama, temendo o
novo dia e suas várias obrigações. Ficava exausta, lutando no
trabalho e em casa, com meus filhos. Garimpava cada bocadinho de
força espiritual, física, emocional e mental para viver minha vida
– até que, finalmente, encontrei alguém que me escutou, entendeu
minha história e me deu uma chance de fazer algo a respeito” -
Donna Surgenor Reames.
2-
Como se você fosse de Marte
“Você se sente diferente.
Dizem que você é preguiçosa, que não se esforça o bastante, uma avoada, e que não está aproveitando o seu potencial. Que você
perderia a cabeça se ela não estivesse grudada no seu pescoço. Por
30 anos. Um bom tempo.” - Sarah C.
3-
Como se todo mundo risse de você pelas costas
“Viver com o TDAH sem
diagnóstico me condicionou a me sentir inepta. Em situações
importantes, nunca esperei ser levada a sério. Sempre tinha medo que
alguém estivesse fazendo troça de mim pelas costas. O medo estava
todo na minha cabeça.” - Zoë Kessler
4-
Como se você estivesse usando tapa-olhos
“Alguns com TDAH não
diagnosticado pensam que vivem uma vida normal. Então, descobrem que
não há nada normal em ler 350 livros de romances em três anos
enquanto suas finanças, suas casas e suas vidas desabam ao seu
redor.” - Uma blogueira de ADDitude.
5-
Sempre tropeçando
“Eu fui uma das pessoas com
TDAH que falhava em pequenas coisas. Não tive problemas na escola e
os problemas que surgiram mais tarde na minha vida não eram óbvios
para os outros. Nunca me senti preguiçosa ou burra. Sempre soube que
era talentosa, mas tropeçava em tudo. Parecia que eu não conseguia
fazer as coisas. Me sentia frustrada. O diagnóstico de TDAH mudou
minha vida. Chamo o diagnóstico de minha pedra da Rosetta, porque
comportamentos que eu nunca conseguia entender, de repente, fizeram
sentido.” - Sally Harris
6-
Mais quieta que os outros
“Cresci em uma grande e
espalhada família cubana. Igual a muitas crianças com TDAH do tipo
desatento, não fui uma criança alegre, sortuda e cheia de amigos.
Era introvertida, ansiosa, mimada, descoordenada e distraída, mas o
fato de que eu era quieta era uma benção em minha casa. Geralmente
eu era a única pessoa, em nossa casa lotada de gente, que não
estava falando.” - Tess
7-
Improvisando o tempo todo
“Aos 35 anos de idade, me
avaliei de verdade. Ser mãe era um problema. Não podia continuar
improvisando. O diagnóstico oficial foi um alívio enorme.
Finalmente eu tinha uma explicação! Os medicamentos mudaram a minha
vida; agora eu dou conta! Sim, minha casa pode parecer desorganizada,
mas ao menos eu posso dar conta de todas as coisas básicas e não me
sentir completamente oprimida o tempo todo, só às vezes.” - Jodi
H.
8-
Como peça de quebra-cabeças que não se encaixa
“Já na escola primária,
escrevi um trabalho que se intitulava A Criança Diferente.
Passei minha vida perguntando ´Por que as peças não se encaixam?`
Sempre me perdia no meio de conversas. Quando alguma coisa
importante, como instruções ou algo que tivesse que ver com uma
sequência, eu não conseguia acompanhar. Eu não conseguia ouvir a
informação e guardá-la.” - Debbie Young
9- Sempre aborrecida
“Fui contratada, promovida
e, então, demitida, ou eu me demiti por frustração ou
aborrecimento. Agora compreendo que fico facilmente aborrecida e
parei de culpar a todo mundo pelo meu aborrecimento. Aprendi a ficar
ligada nas conversas fingindo que é um primeiro encontro.” - Eva
Peltinato
10- Parece que você quer
correr e se esconder
“Minhas aulas eram tão
devastadoras que me lembro de ficar olhando para a porta da sala,
querendo sair de lá correndo. Então eu fiz isso. Um dia, saí da
escola e fui andando para casa.” - Joanne Griffin
11- Envergonhada
“Assim como muitas mães,
sempre acreditei que seria capaz de dar conta de cuidar da casa,
tomar conta das crianças, cozinhar e assim por diante. Mas não dei
conta e me senti envergonhada.” - Terry Mallen
12- Como uma desmiolada
“Nunca fui capaz de guardar
dinheiro o suficiente. Eu gastava de modo impulsivo e pagava minhas
contas quando me lembrava. Sentia que nunca seria capaz de ter uma
taxa de crédito decente ou comprar uma casa. É duro para qualquer
pessoa nos dias de hoje, ainda mais para uma desmiolada (assim
minha mãe costumava me chamar) como eu.” - Cindy H.
ADDitude
quarta-feira, 7 de outubro de 2015
Com o quê o TDAH desatento realmente se parece? (420)
Com
o quê o TDAH desatento realmente se parece?
Talvez
a coisa mais notável sobre o TDAH desatento seja quão terrivelmente
fácil é não identificá-lo, ou diagnosticá-lo erradamente, tanto
em crianças quanto em adultos. Isso pode levar a uma vida de
decepções, autoestima diminuída e vergonha. Por isso é tão
importante aprender os sinais e sintomas. Os Editores de ADDitude.
O
Problema do TDAH Desatento
Crianças
com os sintomas do TDAH hiperativo são dificilmente ignoradas. As
que ficam se balançando em suas cadeiras ou que ficam fazendo
caretas por trás do professor são as primeiras a serem avaliadas e
diagnosticadas com TDAH.
Entrementes,
os estudantes com o TDAH desatento (predominantemente meninas) ficam
tranquilamente olhando os passarinhos pela janela, enquanto sua
tarefa permanece inacabada. De acordo com o National Institute of
Health, seus sintomas têm muito menos chances de serem reconhecidos
pelos pais, professores e profissionais da área médica, e eles
raramente obtêm o tratamento de que necessitam. Isso leva à
frustração acadêmica, apatia e vergonha indevida, que pode durar a
vida toda. É um grande problema.
As
Três Apresentações do TDAH
O
paciente TDAH estereotípico é um menino de 9 anos de idade que
adora pular perigosamente de coisas altas e nunca se lembra de
levantar sua mão em classe. Na realidade, somente uma fração de
pessoas com TDAH se encaixa nessa descrição. Aqui estão as três
apresentações distintas do TDAH:
1-
Predominantemente Hiperativo/Impulsivo – veja acima.
2-
Predominantemente Desatento – falta de foco e de atenção são os
sintomas primários, não a
hiperatividade.
3-
Combinado – quando a desatenção e a impulsividade estão
niveladas.
Como
o TDAH Desatento é Diagnosticado
O
Manual de Diagnóstico da American Psychiatric Association (DSM-V)
lista nove sintomas do TDAH Desatento. Ao menos seis desses sintomas
devem estar presentes e causar significativo transtorno na vida do
paciente para merecer o diagnóstico.
Frequentemente
deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por falta de
atenção.
Frequentemente
tem dificuldade de manter a atenção.
Frequentemente
parece não escutar quando se fala diretamente com ele
Frequentemente
não segue instruções e deixa de terminar tarefas.
Frequentemente
tem dificuldade de organizar as tarefas e atividades.
Frequentemente
evita, não gosta, ou é relutante em se engajar em tarefas que
requeiram esforço mental sustentado.
Frequentemente
perde coisas necessárias para tarefas e atividades.
Geralmente
é facilmente distraído por estímulos externos.
Geralmente
é esquecido nas atividades diárias.
Em
adultos, esses sintomas são facilmente confundidos com ansiedade ou
depressão. Em crianças, Dificuldades de Aprendizagem são
frequentemente consideradas, antes do TDAH.
Sintoma
1: Erros por falta de cuidado
Uma
criança com TDAH desatento pode responder apressadamente a um
questionário, deixando de responder a perguntas das quais sabe a
resposta ou pular uma sessão inteira nessa correria. Um adulto pode
falhar ao conferir um documento ou ao enviar um e-mail no trabalho,
chamando atenção e causando embaraço indesejado. Se você disser a
si mesmo para ir devagar e prestar atenção, mas sentir que isso é
mentalmente doloroso e fisicamente desconfortável para ser feito,
pode significar que seja um sinal do TDAH desatento. Seu cérebro
estará ávido para pular para a próxima coisa e, ao final, você
terá que ceder.
Sintoma
2: Tempo de atenção curto
Trabalhos
de classe não terminados, trabalhos feitos pela metade, leituras
incompletas, todos são importantes sinais de problemas de atenção
dos estudantes. Adultos com TDAH desatento evitam as atividades
aborrecidas de trabalho dez vezes mais que seus colegas e precisam
mastigar chicletes, beber café ou mesmo ficar de pé durante as
reuniões, para ficarem atentos. Se você está consistentemente
frustrado por sua incapacidade de ler longos documentos, ficar atento
durante as reuniões e seguir projetos até o fim, isso pode ser um
sinal.
Sintoma
3: Fraca capacidade de escutar.
Estudantes
com TDAH desatento tipicamente só escutam metade, se tanto, das
instruções que lhes são passadas verbalmente. Seus cadernos contêm
mais rabiscos que anotações, e eles precisam gravar e ler novamente
as aulas, várias vezes, para absorver toda a informação. Adultos
não se saem bem em coquetéis. Eles interrompem as histórias dos
outros com suas próprias piadas, nunca se lembram dos nomes e no
meio de cada conversa perdem a atenção. Se você constantemente
ouve alguém lhe perguntando “Você está me escutando?” ou “Por
que estou gastando minha saliva?”, isso pode ser um sinal de TDAH
desatento.
Sintoma
4: Não dar continuidade.
Para
crianças e igualmente para os adultos, o TDAH desatento pode se
manifestar como um milhão de pequenos projetos – começados mas
nunca terminados – espalhados pela casa, em estado de desarrumação.
O jardim de hortaliças que foi plantado, mas nunca regado. O novo
sistema de organização que foi montado mas nunca usado. O caderno
de música para as lições de piano, iniciadas e abandonadas depois
de alguns duros meses. Se você adora planejar e começar projetos,
mas perde o rumo e deixa uma trilha de promessas não cumpridas em
sua jornada, isso pode ser sinal de TDAH desatento.
Sintoma
5: Desorganização.
Perdeu
seu celular novamente? Suas chaves? O trabalho que tinha de entregar
amanhã? Com geralmente estamos pensando em outra coisa quando
estamos fazendo coisas importantes, adultos desatentos são dados aos
piores sintomas de desorganização do TDAH. Nossa casa, automóvel e
local de trabalho geralmente se parecem como se um tornado os tivesse
atingido, o que leva os adultos desatentos a se encherem de
sentimentos de vergonha e de inferioridade quando se comparam às
outras pessoas.
Sintoma
6: “Preguiça” ou “Apatia”
“Ele
poderia prestar atenção se tentasse.” “Ela simplesmente não se
dedica, por isso perde tanto os prazos dos trabalhos.”
Infelizmente, os sintomas da desatenção às vezes nos fazem parecer
preguiçosos ou descuidados, especialmente se o TDAH não foi
diagnosticado ou não foi revelado. Sem tratamento, estamos tendentes
a perder empregos, amigos, ou a até mesmo desenvolver uma
personalidade amarga e difícil como um mecanismo de defesa. Se todo
mundo o acusa de ser preguiçoso a vida inteira, é fácil começar a
também se ver como tal.
Sintoma
7: Síndrome do Triângulo das Bermudas
De
vez em quando, todo mundo esquece onda colocou suas chaves ou o
celular. As pessoas com o TDAH desatento trocam histórias sobre
encontrar seus óculos no congelador e as ervilhas congeladas na
bolsa. Elas tendem a extraviar as coisas essenciais que são
necessárias para sua vida – chaves, carteira, pendrive,
equipamento esportivo – diariamente. Se você descobriu que precisa
de uma plataforma de lançamento perto da porta de sua casa, para
garantir que você não vai se esquecer de levar seu celular, e não
pode viver sem o aparelho localizador pendurado no seu chaveiro, isso
pode ser um sinal.
Sintoma
8: Distração
Adultos
com o TDAH desatento são sonhadores, brincando com suas anotações
durante reuniões de serviço ou estudando uma mosca na parede
enquanto o cônjuge está falando sobre o pagamento das contas.
Geralmente apelidadas de “cadetes espaciais” ou descritas como
excêntricas, muitas pessoas interpretam a falta de atenção dos
TDAH desatentos como falta de interesse, e ficam frustradas por sua
incapacidade de prestar atenção, especialmente quando é importante
que o façam.
Sintoma
9: Esquecimento
Quantas
vezes você se esqueceu da consulta marcada com o médico ou com o
dentista no ano passado? Faltou, sem querer, a um almoço com amigos?
Chegou atrasado 20 minutos em uma conferência porque esqueceu-se
completamente dela? Essas ocorrências são comuns para adultos com o
TDAH desatento, que lutam para pagar as contas no vencimento,
responder às mensagens dos amigos e mandar cartões de feliz
aniversário a tempo. Isso pode ser visto como se fosse falta de
educação ou preguiça, mas esse comportamento raramente é de
propósito.
Fazer
o tratamento
Como
o TDAH forma desatenta é geralmente negligenciado, ele pode
permanecer anos sem tratamento. Mas o tratamento é muito importante,
não importa em qual estágio da vida. A medicação pode ser a
salvação para alguns, resolvendo os problemas subjacentes de
atenção enquanto você trabalha as estratégias de compensação.
Para os indivíduos que não podem, ou não querem, tomar os
medicamentos para o TDAH, há muitas outras opções de tratamento
disponíveis.
Treinamento
Treinamentos
que visem a melhora da organização e da memória são
particularmente úteis para os adultos com TDAH forma desatenta.
Dependendo de sua capacidade, um treinador (coach) de TDAH pode
ajudá-lo com tudo, desde o planejamento de um financiamento até as
habilidades sociais – duas áreas comuns de problemas. Os
treinadores podem ser caros, e não são para todo mundo. Entretanto,
a longo prazo, é importante considerar o quanto um treinador pode
fazer você economizar em juros por atrasos, comida estragada e
outros custos ocultos do viver com o TDAH tipo desatento.
Alguns
truques para os desatentos
Becca
Colao, uma adulta com TDAH do tipo desatento, recomenda essas
estratégias para viver melhor com o TDAH:
-
Ajuste um despertador para iniciar uma tarefa tediosa.
-
Toque uma música bastante movimentada para se preparar para uma
longa reunião, um trabalho difícil, ou qualquer coisa que faça sua
mente ficar devaneando.
-
Arrume um amigo para avaliá--lo periodicamente durante um grande
projeto. Se você não estiver trabalhando, ele poderá fazer você
voltar à tarefa.
-
Mude sua visão. Quando você perceber que está se distraindo, vá
para um lugar diferente – ou para fora, ou pode ser ir até um
café, na esquina do quarteirão. Mover as locações pode
“reiniciar” seu cérebro quando você ficar entediado.
Vencendo
a incerteza
Os
TDAH desatentos nem sempre têm um nome para os problemas com que eles lidam – e têm de enfrentar muitos comentários maliciosos sobre
serem preguiçosos, excêntricos, ou mesmo burros. Por causa disso,
os que apresentam o tipo desatento geralmente sofrem de baixa
autoestima. Mesmo depois do diagnóstico, resta uma dúvida
persistente. É importante que você enfrente esses sentimentos com
energia e procure ajuda, seja de um terapeuta, do seu cônjuge, ou de
um amigo íntimo. O TDAH sozinho não o torna preguiçoso ou
excêntrico, e, com tratamento adequado e autoaceitação, você
poderá aprender a reconhecer suas potencialidades e realizações.
ADDitude
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
Dor crônica ligada ao TDAH (419)
Dor
crônica ligada ao TDAH
Pauline
Anderson, setembro de 2015
Las
Vegas – Mais de um terço dos pacientes com dor crônica podem ter
TDA, de acordo com um pequeno estudo piloto.
Os
achados deverão encorajar mais médicos a ter um alto grau de
suspeita de TDA em pacientes não aderentes com dor de origem
central, disse o autor, Forest Tennant, MD, do Intractabel Pain
Management, em West Covina, California.
“Penso
que isto é um pequeno e bom avanço em como cuidar de pessoas com
dor.”
Ele
apresentou seus achados aqui, em Las Vegas, durante a PAINWeek 2015.
Para
o estudo, 45 pacientes consecutivos, com dor crônica, que procuraram
uma clínica para tratamento, completaram um questionário de 16
itens. As perguntas eram destinadas a saber se o paciente tinha
deficiências na concentração, problemas com atenção, distração,
impulsividade, leitura e retenção, coordenação, temperamento e
memória de curto prazo.
Uma
resposta positiva a cinco ou mais questões era considerada como
indicação da presença de TDA.
Os
resultados mostraram que 37,8% dos pacientes preencheram esses
critérios para TDA.
Muitos
pacientes com dor de origem central têm excitabilidade aumentada do
sistema nervoso autônomo. “No início, ele se torna deficiente em
catecolamina, que é um dos compostos que alivia a dor”, explica o
Dr. Tennant.
A
dor provoca uma mudança no sistema nervoso simpático, que causa o
TDA, ele acrescenta. “Assim, ele o põe nesse estado hiperativo e
às vezes ele também esgota a dopamina tanto no sistema nervoso
central quanto na glândula adrenal.”
Esse
achado pode ajudar a explicar por que alguns pacientes com dor têm
deficiente função em suas atividades da vida diária, disse o Dr.
Tennant.
“Durante
anos, tenho visto nesses pacientes o mesmo tipo de TDA que se vê em
crianças; eles não podem se lembrar de metade do tempo, não
conseguem se concentrar”, ele disse. “É interessante quantos
desses pacientes evitam ler ou fazer coisas, mas eles não vão lhe
contar.”
Um
grande problema para os pacientes com dor é a questão da aderência
ao tratamento, segundo o Dr. Tennant. “Eles não fazem o que lhe
dizem; eles vão embora e não seguem suas instruções, e uma parte
disso se deve ao TDA.”
Porém,
uma vez iniciado o tratamento medicamentoso para o TDA, como por
exemplo o metilfenidato (Ritalina), “sua dor melhora e eles podem
se lembrar e se concentrar.”
O
Dr. Tennant acentua que isso somente se aplica a pacientes com dor de
origem central, que têm inflamação no sistema nervoso, não
àqueles que têm artrite ou dor neuropática. “São pacientes que
têm dor constante, dor que nunca desaparece.”
Ele
afirma que a conexão entre dor e TDA não é nova. “Médicos em
1895, em hospitais de Londres, diziam que se você tiver pacientes
com dores intensas, que precisem de morfina, eles também vão
precisar de um estimulante.”
Comentando
esse estudo para Mediscape Medical News, Jack LeFrock, MD, um
especialista em dor no Above and Beyond Pain Management and Laser
Center, Clearwater, Florida, disse que os achados “fazem sentido.”
“Concordo
com ele, penso que ele está correto,” disse.
Em
sua própria experiência, uma “alta porcentagem” de pacientes
tem TDA e são ansiosos, acrescentou.
O
Dr. Frock disse que está disposto a estudar esse assunto mais
aprofundadamente.
PAINWeek
2015. Poster 133. Apresentado no dia 10 de setembro de 2015.
Medscape
Medical News © 2015 WebMD.
LLC
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
O TDAH do adulto começa na infância? (418)
O
TDAH do adulto começa na infância?
Recentes
e interessantes dados sugerem outra coisa. O TDAH do adulto é tido
como a continuidade de um transtorno da infância até a idade
adulta, isto é, ele representa o mesmo transtorno que o TDAH das
crianças. Assim, seria de se esperar que, mesmo
quando o TDAH fosse diagnosticado na vida adulta, esses indivíduos
teriam as mesmas características dos que foram diagnosticados na
infância. De fato, o DSM-V requer evidência de TDAH na infância,
quando estipula que ao menos alguns dos sintomas estejam presentes
antes da idade de 12 anos.
Entretanto,
apesar do entendimento de que o TDAH do adulto seja um transtorno
neurobiológico que se inicia na infância, essa hipótese nunca foi
testada adequadamente por causa das limitações nas pesquisas nas
quais foram examinadas as características da infância de adultos com TDAH.
Em
um tipo de pesquisa, indivíduos diagnosticados com TDAH na infância
são
seguidos até a vida adulta. Nesse esquema, todos os que preenchessem
os
critérios para TDAH do adulto teriam sido diagnosticados muito
antes. Assim, não haveria nenhuma informação de como tinham sido
na infância os indivíduos diagnosticados com TDAH já na idade
adulta, ou em que extensão o TDAH do adulto representaria a
continuação de uma condição anterior.
Em
um segundo tipo de pesquisa, adultos com TDAH são identificados em
amostras da comunidade e comparados aos adultos da amostra, não
diagnosticados, em relação a características importantes da
infância. Entretanto a informação sobre características da
infância depende de avaliação retrospectiva que pode ser viciada e
incompleta. Por isso, dados acurados sobre como eram esses adultos
quando crianças também são, de algum modo, limitados.
Um
artigo recentemente publicado no American
Journal of Psychiatry
[Is adult ADHD a childhood-onset neurodevelopmental disorder?
Evidence from a four-decade longitudinal cohort study. Morritt, et
al., (2015). American
Journal of Psychiatry,
doi: 10.1176/appi. ajp2015.14101266]
resolve essas limitações ao seguir desde o nascimento um conjunto
de 1000 indivíduos durante um período de 4 décadas.
Os
participantes eram membros do Dunedin Multidisciplinary Health and
Development Study, uma investigação longitudinal da saúde e do
comportamento de todas as crianças nascidas em Dunedin, Nova
Zelândia, entre abril de 1972 e março de 1973. Esses indivíduos
foram avaliados múltiplas
vezes durante seu desenvolvimento, até mais recentemente, com a
idade de 38 anos, quando impressionantes 95% da amostra original
participaram. O pesquisador líder desse estudo é a Dra. Terrie
Moffitt, da Duke University. Ela e seus colegas lidaram
com uma verdadeiramente incrível quantidade de dados que podem
responder a um número de questões importantes, com dados de melhor
qualidade do que a dos previamente disponíveis.
Nessa
amostra, 61 indivíduos foram identificados com TDAH entre as idades
de 11 e 15 anos, correspondendo a mais ou menos 6% de todos os
indivíduos envolvidos no estudo. Quando os participantes completaram
38 anos de idade, o estado do diagnóstico do TDAH avaliado novamente
por meio de entrevistas psiquiátricas estruturadas, com os
entrevistadores “cegos” em relação ao diagnóstico prévio.
Trinta e um indivíduos – cerca de 3% dos participantes – foram
diagnosticados com TDAH dessa vez. Como o principal problema a ser
resolvido nesse estudo era determinar as características da infância
de adultos que atingiram os critérios de TDAH já adultos, a
presença de sintomas antes dos 12 anos não foi requerida. Se
isso fosse requerido, todos os que atingiram os critérios na vida
adulta teriam mostrado altos níveis de sintomas de TDAH como
crianças. Entretanto, todos os outros critérios exigidos pelo DSM-V
foram atingidos.
RESULTADOS
Se
o TDAH do adulto representa a continuidade do TDAH da infância,
então todos os 31 indivíduos identificados na idade adulta deveriam
vir dos 61 casos diagnosticados lá no início do estudo. Isso,
entretanto, não foi o que ocorreu. Em vez disso, somente 3 dos 31
indivíduos diagnosticados já na idade adulta tinham sido
diagnosticados lá no início, quando crianças. Assim,
aproximadamente 90% dos adultos que atingiram os critérios de
sintomas para o TDAH não atingiram os critérios de diagnóstico na
infância. Outro dado interessante foi o de que os casos de TDAH com
início na infância eram
em 80% masculinos, enquanto no grupo com diagnóstico já na vida
adulta eram 61% masculinos.
Como
esses grupos se comparavam durante a infância?
Análises
adicionais revelaram como esses dois grupos eram diferentes quando
crianças.
As
avaliações dos pais e dos professores coletadas nas idades de 5, 7,
9, 11 e 13 anos foram tratadas estatisticamente e tiradas as médias
para os dois grupos e para os membros da amostra que nunca foram
diagnosticados com TDAH. Os diagnosticados em torno dos 15 anos de
idade tinham substancialmente níveis mais elevados de sintomas de
TDAH na infância quando comparados aos indivíduos controle; os
diagnosticados já como adultos, entretanto, não. De fato, poucos
desses adultos tinham ao menos um sintoma taxado como definitivamente
presente por seus professores da escola fundamental.
Os
do grupo TDAH da infância também tinham taxas significativamente
mais altas de problemas de comportamento, depressão e ansiedade na
infância do que os indivíduos controle. Os do grupo TDAH adulto
diferiam dos controles somente nos problemas de comportamento na
infância, que eram modestamente mais altos.
Os
testes cognitivos durante a infância mostraram que o grupo TDAH da
infância tinha déficits cognitivos significantes quando crianças
em comparação aos controles. Seu QI era 10 pontos menor e eles
exibiam déficits significantes na aquisição da leitura. Em
contraste, os do grupo TDAH adulto não tinham nenhum déficit
cognitivo na infância.
Como
esses grupos se comparavam como adultos?
De
acordo com informantes que conheciam bem os participantes, ambos os
grupos de crianças TDAH e adultos TDAH mostraram altas taxas de
sintomas de TDAH em comparação aos controles. Assim, mesmo que
muitos indivíduos diagnosticados quando crianças já não mais
preenchiam os critérios de diagnóstico como adultos, eles
continuaram a mostrar altas taxas de sintomas.
Em
temos de funcionamento de saúde mental, nenhum grupo teve taxas
elevadas de mania, depressão ou transtorno de ansiedade como
adultos. Os do grupo TDAH adulto, entretanto, tiveram taxas
significativamente mais altas de problemas com drogas e álcool.
A
avaliação cognitiva na idade adulta continuou a descobrir que os
que tinham TDAH na infância tinham déficits em comparação aos
controles em muitas medidas neuropsicológicas, incluindo o QI. Os do
grupo TDAH adulto, em contraste, não mostraram nenhum déficit.
Mesmo assim, eles relataram um grande número de queixas cognitivas
subjetivas.
E
sobre indicadores importantes de funcionamento na idade adulta? Os do
grupo TDAH da infância tiveram menor probabilidade de obter grau
universitário, ganhavam salários menores e tiveram mais problemas
com dívidas e menos possibilidade de crédito financeiro do que os
controles. O nível geral de satisfação com a vida foi mais baixo e
eles foram mais prejudicados no todo. Os do grupo TDAH do adulto não
diferiam dos controles quanto á educação e aos rendimentos, mas
tinham os mesmos problemas de dívidas e crédito. Também relataram
níveis maiores de prejuízo geral e taxas mais baixas de satisfação
com a vida.
Finalmente,
houve evidência de diferenças genéticas entre os dois grupos. Os
que tinham TDAH da infância mostravam taxas mais altas de fatores de
risco para o TDAH do que os indivíduos de comparação, enquanto os
do grupo TDAH do adulto não apresentavam diferença.
RESUMO
E IMPLICAÇÕES
Os
resultados desse estudo longitudinal de quase quarenta anos lança
forte dúvida sobre a suposição de que o TDAH do adulto
representaria a continuidade do mesmo transtorno ao longo do
desenvolvimento. Embora os diagnosticados com TDAH na infância
continuem a ter dificuldades como adultos, muitos não preenchem mais
os critérios de diagnóstico para TDAH. Por outro lado, os
diagnosticados na vida adulta são um grupo muito diferente daqueles
diagnosticados na infância. Tão diferente, de fato, que parece
inverossímil que o TDAH da infância e o do adulto possam
representar o mesmo transtorno.
Aproximadamente
90% dos diagnosticados na idade adulta não tinham sido
diagnosticados anteriormente. Não havia nenhuma evidência, entre os
desse grupo, de sintomas substancialmente elevados de TDAH na
infância. Eles não mostraram os déficits cognitivos durante a
infância ou idade adulta, que caracterizam aqueles com TDAH da
infância, nem mostraram altas taxas de fatores genéticos de risco.
Entretanto,
isso não implica que adultos que apresentem um quadro de sintomas de
TDAH não necessitem de tratamento. Como grupo, eles relataram níveis
diminuídos de satisfação com a vida, problemas cognitivos na vida
diária e problemas com dívidas e crédito. Eles tendiam a acreditar
que perdiam tempo por causa da desorganização, que tinham
fracassado em atingir seu potencial e que estavam esgotando outras
pessoas. Problemas com álcool e drogas também foram elevados.
Assim, eles estavam sofrendo e necessitando de assistência.
Se
esses indivíduos adultos não têm o transtorno neurodegenerativo do
TDAH, o que eles têm? Não é provável que estivessem fingindo,
porque não haveria nenhum motivo para isso. Também não é provável
que seus sintomas de TDAH fossem mais bem explicados por outro
transtorno – que eles tivessem sido erroneamente diagnosticados com
TDAH – porque mais da metade não preenchiam critérios para nenhum
outro transtorno. Por causa das altas taxas de uso de substâncias
entre os desse grupo adulto, é tentador sugerir que isso poderia
explicar seus sintomas de TDAH, Infelizmente, não foi possível
esclarecer se o uso de substâncias levou aos sintomas de TDAH ou se
esses sintomas apareceram antes do uso de substâncias.
Uma
possibilidade interessante é que o TDAH do adulto é um transtorno
real, porém distinto do TDAH que surge na infância. Por causa das
semelhanças na apresentação dos sintomas, O TDAH nas crianças e
nos adultos pode ter sido, incorretamente, tido como um mesma
condição. Os autores notam que, ironicamente, ao exigir início na
infância e origem no desenvolvimento neurobiológico, o DSM-V deixa
esses resultados desencontrados fora do sistema de classificação.
Como resultado, obter o tratamento necessário pode ser mais difícil.
A
aceitação de que o TDAH da criança e do adulto seja um mesmo
transtorno pode também limitar a pesquisa da etiologia do TDAH do
adulto, já que um mesmo transtorno teria os mesmos fatores
etiológicos. Assim, nosso entendimento do TDAH do adulto seria
limitado, o que poderia também limitar a pesquisa de estratégias de
prevenção e tratamentos mais eficientes.
Se
esses achados forem apoiados por pesquisas subsequentes – a
replicação é sempre importante – seria necessária uma
importante mudança na maneira como o TDAH do adulto é conceituado,
assim como mudanças nos critérios atuais de diagnóstico do TDAH.
David Rabiner, Ph.D.
Research Professor
Dept. of Psychology & Neuroscience
Duke University
Durham, NC 27708
David Rabiner, Ph.D.
Research Professor
Dept. of Psychology & Neuroscience
Duke University
Durham, NC 27708
quinta-feira, 30 de julho de 2015
Menopausa e TDAH (417)
Menopausa e TDAH - Laura Flynn McCarthy - continuação da postagem 416
Dez anos atrás, Ranjini Pillai, M.D., de Pleasant, Carolina do Sul, fez
uma histerectomia, que a levou à menopausa. [Ela deve ter feito, também, uma
ooforectomia (retirada dos ovários)]. "De repente, me sentia ansiosa o
tempo todo", ela conta. "Ficava cansada, desorganizada e fora de
foco; não consegui raciocinar claramente".
Um mês depois da cirurgia, ela começou a usar estrogênio como tratamento
de reposição hormonal, e seus sintomas melhoraram um pouco. Mas, ainda tinha
problemas com a organização e com a ansiedade. Os médicos receitaram
antidepressivos, o que não ajudou.
Cinco anos atrás, um médico diagnosticou-a como TDAH e receitou
Strattera. "A melhora foi dramática", conta Pillai. "Meu
raciocínio ficou mais claro, minha ansiedade sumiu, e tudo começou a fazer
sentido". Pillai precisa de tratamento de reposição com dois hormônios
(uma combinação de estrogênio e pequena quantidade de progesterona) e, duas
vezes ao dia, Strattera para controlar os sintomas do TDAH. Ela aprendeu
estratégias de controle do comportamento para ajudá-la a permanecer organizada
e para se lembrar das coisas, tais como uma cesta perto da porta da frente,
para o celular e as chaves.
"Aprendi também a delegar responsabilidades e a aceitar o fato de
que não posso fazer tudo", diz Pillai. "Meu marido, agora, cuida das
nossas finanças e meus dois filhos, de 23 e de 14 anos, fazem as tarefas para
manter a casa funcionando, de modo que posso me dedicar ao meu trabalho e às
coisas de que gosto, como cozinhar".
Efeitos Hormonais do TDAH
Na menopausa (em média aos 51 anos de idade), os níveis de estrogênio
caem cerca de 65%. Há uma queda gradual que se inicia uns 10 anos antes da
menopausa (conhecida como perimenopausa). A perda de estrogênio leva à
diminuição dos níveis de serotonina e de dopamina no cérebro. As mulheres que
estão na perimenopausa relatam mudanças de humor, tristeza, irritabilidade,
cansaço, confusão mental e lapsos de memória. Esses sintomas podem ser mais
intensos nas mulheres com TDAH.
"Por terem um cérebro com menos energia cognitiva para funcionar,
pode ser especialmente difícil para as mulheres com TDAH manter a concentração
e tomar boas decisões nessa fase da vida", diz Quinn.
Soluções: Os anticoncepcionais orais, tomados na perimenopausa, podem
estabilizar os níveis hormonais e melhorar o funcionamento cerebral. Depois que
a menstruação de suas pacientes parou, muitos médicos recomendam o tratamento
de reposição hormonal, ao menos nos primeiros anos depois da menopausa.
"As pesquisas mostram que as mulheres que recebem tratamento de reposição
hormonal se desempenham melhor nos testes de cognição, assim como nos testes de
memória e de capacidade de raciocínio", diz Quinn.
Para muitas mulheres, a melhor forma de tratamento é o estrogênio
sozinho, por três ou quatro meses, seguido por 10 dias de progesterona.
"Como no caso de Pillai, combinar o tratamento de reposição hormonal com
medicação para o TDAH geralmente melhora os sintomas de modo mais eficaz",
diz Quinn. Ela também diz que é importante, em cada estágio de sua vida, manter
sob controle os sintomas do TDAH. Isso significa lidar com vários profissionais
- um psiquiatra ou psicólogo, um clínico e um ginecologista.
Procure instruir-se sobre o TDAH e sobre o que está ocorrendo com seu
corpo, manter lista de medicações, tabela de sintomas, e, acima de tudo, peça a
ajuda que necessitar dos profissionais.
ADDitude
TDAH e Gravidez (416)
TDAH e Gravidez - Laura Flynn McCarthy - continuação da postagem 415
Diagnosticada com TDAH aos 29 anos de idade, Becca Keeton, de Lomita,
Califórnia, tomou medicação estimulante por um ano antes de tentar engravidar. "Parei
com minha medicação aos 30, quando estava grávida e cuidando de meus três
filhos", diz Keeton. "Durante o primeiro mês de cada gravidez, os
sintomas do meu TDAH pioravam. Na minha segunda gravidez, sofri 3 pequenos
acidentes de carro - todos por minha culpa - no primeiro mês. Conforme o tempo
passava, meus sintomas de TDAH melhoravam e eu também me sentia melhor enquanto
amamentava meus bebês." Agora, com quarenta e poucos anos, já passados os
anos de suas gravidezes, Keeton toma Adderal diariamente, e diz que aumenta a
dose nos dias que antecedem seu fluxo menstrual, para controlar o sintomas de
TDAH, que, tipicamente, pioram nessa época.
Efeitos Hormonais Sobre o TDAH
Virtualmente todos os níveis hormonais mudam durante a gravidez, principalmente
porque a placenta produz hormônios e estimula outras glândulas - tais como as
adrenais e a tireóide - a produzirem mais hormônios, também. Conforme os níveis
hormonais se elevam nos primeiros meses da gravidez, as futuras mamães com TDAH
sentem cansaço, mudanças de humor e ansiedade. Mas conforme os níveis de
estrogênio aumentam à medida em que a gravidez progride, muitas mulheres com
TDAH dizem que se sentem melhor.
"Algumas pesquisas mostram que o transtorno de pânico melhora a
cada trimestre da gravidez e retorna depois do parto", diz Quinn. "É
possível que um padrão semelhante ocorra com o TDAH".
Quinn assinala que, embora não haja nenhuma pesquisa mostrando que os
sintomas do TDAH melhorem durante a gestação, há evidências de que isso
aconteça. "Recebo cartas e resumos de casos de mulheres dizendo o quão
melhor elas se sentem durante a gravidez".
Nas semanas depois do parto, os níveis de hormônios caem. Embora essa
queda dos níveis hormonais possa levar a mudanças de humor, às vezes chamada de
"the baby blues" (melancolia pós-parto) e a depressão pós-parto em todas
as mães de "primeira viagem", as mulheres com TDAH podem ser mais
propensas à depressão.
Soluções: Você e o seu médico devem reavaliar seu tratamento para o TDAH
durante a gestação e quando estiver amamentando. As pesquisas mostram que
alguns estimulantes usados para o tratamento do TDAH podem levar a defeitos
cardíacos e outros problemas de desenvolvimento nos fetos. Bebês amamentados no
peito podem desenvolver problemas de dependência mais tarde na vida, se suas
mães usaram medicação estimulante enquanto amamentavam.
Alguns medicamentos antidepressivos parecem seguros para o uso durante a
gravidez e a amamentação, mas você e seu médico devem discutir todas as opções
e determinar qual é a melhor para você. Por causa das mudanças hormonais
discutidas acima, muitas mulheres acham que parar a medicação para o TDAH
permite que elas se sintam melhor.
"Além da medicação, é importante obter ajuda durante a gestação e
depois que o bebê nasceu", diz Kathleen Nadeau, Ph.D., diretora do
Chesapeake ADHD Center, em Maryland. "Embora as mudanças hormonais possam
melhorar os sintomas do TDAH, o estresse do trabalho, da gestação, dos cuidados
com os outros filhos em casa, e a ansiedade de estar pronta para o novo bebê
podem contrabalançar qualquer benefício hormonal"
Na próxima postagem: A Menopausa e o TDAH
quarta-feira, 29 de julho de 2015
TDAH e os Anos Reprodutivos (415)
Laura Flynn McCarthy. (continuação da postagem 414)
"As flutuações hormonais definitivamente afetam os sintomas do meu
TDAH", diz Jamie Suzanne Saunders, de 41 anos de idade, gerente de um
escritório em Louisville, Kentucky. "Cerca de três dias antes da minha
menstruação, e durante todo o período, eu me sinto hiperativa, desatenta e
inquieta. É como se eu estivesse dirigindo em uma super-rodovia e em vez de
seguir em frente, eu entrasse em um desvio e descobrisse que estava em outra
rodovia com desvios igualmente interessantes. Perco meu foco e não consigo
fazer nada". Diagnosticada recentemente, Saunders espera que o seu
especialista em TDAH a auxilie a controlar seus sintomas, especialmente à
medida em que ela se aproxime da pré-menopausa.
Efeitos Hormonais no TDAH
O ciclo menstrual tem, em média, 28 dias, contando do primeiro dia do
fluxo. Nas duas primeiras semanas, conhecidas como a fase folicular, os níveis de estrogênio aumentam constantemente,
enquanto os níveis de progesterona permanecem baixos.
O estrogênio promove a liberação, no cérebro, dos neurotransmissores do
bem estar, serotonina e dopamina. Sem surpresa, os estudos mostram que as duas
primeiras semanas do ciclo transcorrem de modo mais ameno para as mulheres com
TDAH do que as duas segundas semanas, quando os níveis de progesterona se
elevam.
Durante a terceira e a quarta semana, chamada de fase lútea (ou luteínica), a progesterona diminui os efeitos benéficos do
estrogênio no cérebro, possivelmente reduzindo a eficiência das medicações
estimulantes.
Quinn acredita que as mulheres com TDAH sofrem de síndrome pré-menstrual
(SPM) [também chamada TPM] de modo mais agudo que as mulheres que não têm o transtorno.
"Sentimentos de depressão e de ansiedade tipicamente se agravam nas
mulheres com TDAH durante essa fase", diz Quinn. As boas notícias? Tratar
o TDAH pode melhorar também os sintomas da SPM.
Soluções: Mantenha um registro dos sintomas do seu TDAH por três meses -
anotando quando eles ocorrem e pioram durante o ciclo menstrual - e tente
identificar um padrão. Algumas mulheres têm problemas somente por um ou dois
dias do mês, na semana anterior ao início do fluxo. Outras mulheres têm
piorados os sintomas do TDAH por 10 dias ou quase, durante a fase lútea.
"Nunca compreendi como as flutuações hormonais afetavam os sintomas
do meu TDAH, até que fiz um diário", diz Lori Scamardo, de 34 anos de
idade, mãe de dois filhos, em Austin, Texas. Lori foi diagnosticada com TDAH há
seis anos. "Cada mês, na semana anterior ao fluxo, anoto coisas como `Estou de volta ao nevoeiro` ou `Não consigo fazer nada`. Saber quando os
sintomas do meu TDAH pioravam me ajudou a facilitar as coisas - aprendi que
meus comportamentos eram devidos às mudanças hormonais - e me levou a desenvolver
estratégias para diminuir aqueles sintomas. Eliminei a cafeína e o açúcar na
semana antes do fluxo e passei a me exercitar regularmente".
A medicação pode ajudar. Tomar uma dose baixa de antidepressivo ou de
medicação ansiolítica, um ou dois dias antes do fluxo, ajuda muitas mulheres a
controlar os altos e baixos emocionais. Outras mulheres descobrem que aumentar
ligeiramente sua medicação para o TDAH, poucos dias antes, pode fazer com que
se sintam sob controle.
Os anticoncepcionais orais melhoram os sintomas do TDAH
em muitas mulheres, ao minimizar as flutuações hormonais. Três semanas de
pílula formuladas somente com estrogênio, seguidas de uma semana de
progesterona, sozinha, parece ser especialmente útil.
Na próxima postagem, TDAH e Gravidez.
segunda-feira, 27 de julho de 2015
Mulheres, Hormônios, e TDAH (414)
A gravidade dos sintomas do TDAH varia durante o ciclo
da mulher. Saiba o que fazer para lidar com esses sintomas. Por Laura Flynn
McCarthy.
Os sintomas do seu TDAH pioram em alguns dias do mês?
Seu raciocínio fica um pouco confuso na semana
anterior à sua regra?
No meio do ciclo você é eficiente e organizada?
Os médicos que tratam mulheres com TDAH notaram uma
correlação entre os sintomas do TDAH e as flutuações hormonais, não só
mensalmente, mas por toda a vida da mulher.
"A idade média do diagnóstico para as mulheres
com TDAH, que não foram diagnosticadas quando crianças, é de 36 a 38 anos",
diz Patricia Quinn, M.D., diretora do National Center for Girls and Women with
AD/HD (Centro Nacional para Meninas e Mulheres com TDAH) e autora de Understanding Women with ADHD (Compreendendo
as Mulheres com TDAH). "Antes desse tempo, meninas e mulheres
geralmente são mal diagnosticadas como tendo depressão ou transtorno de
ansiedade. Mesmo que isso seja uma condição secundária, o tratamento dela não
chega à raiz do problema, que é o TDAH.
Quando os médicos diagnosticam meninas e mulheres com
TDAH, eles raramente levam em conta as flutuações hormonais ao fazer o plano de
tratamento. Mas, os profissionais estão aprendendo cada vez mais sobre as
conexões entre os hormônios e o TDAH. A seguir, analisaremos quatro estágios da
vida da mulher - da puberdade até a menopausa - e descreveremos o que está
acontecendo com os hormônios, dando meios de controlar os sintomas.
TDAH e
Adolescência
Megan, residente em Iowa, USA, foi diagnosticada com a
forma desatenta do TDAH quando tinha 10 anos de idade. Foi tratada com uma dose
baixa de Adderal e foi bem nos estudos. As coisas mudaram quando Megan fez 12
anos e passou para o sétimo ano. Os hormônios produzidos pelo início da
puberdade, junto às demandas da escola de nível médio, foram excessivos para
que ela desse conta de suportar.
"Ela se atrasava para as aulas, esquecia de levar
os livros para casa e demorava três horas para fazer as tarefas de casa, geralmente
esquecendo de entregá-las na escola", lembra-se sua mãe, Susan. "Não
sabíamos se o problema dela era devido a piora do TDAH, às mudanças hormonais,
ao fato de ter trocado de classe e ter de lidar com seis professores
diferentes, ou a uma combinação de todas essas coisas".
O médico de Megan falou para a mãe dela que, quando as
meninas atingem a puberdade, elas metabolizam a medicação para o TDAH mais
rapidamente. Assim, ele aumentou as dosagem de Megan. "Nos três anos
seguintes, tentamos 10 drogas diferentes, em várias dosagens." Disse
Susan. "As concentrações mais altas da medicação fizeram Megan emagrecer e
não promoveram nenhuma melhora, então, paramos com as medicações."
Embora aumentar as doses de medicação algumas vezes
ajuda os meninos quando os sintomas do seu TDAH pioram, "a experiência
clínica sugere que esta abordagem geralmente falha para as garotas
adolescentes", diz Quinn.
Por meio de tentativa e erro, Megan, agora com 15
anos, encontrou um modo de controlar os sintomas: uma pequena dose diária de
Metadate e suplementos com óleo de peixe. "Ela não deixou de fazer nenhum
trabalho escolar em um ano", diz Susan. "Ela se matriculou em cursos
mais desafiadores no colegial, e está muito mais feliz. E, agora que está um
pouco mais velha, não se sente incomodada de conversar sobre o que está
acontecendo com seu corpo. Quando fica irritada, geniosa ou esquecida naqueles
dois ou três dias do mês, posso perguntar a ela: Você está menstruada? Se ela diz que sim, sei que preciso pegar
menos pesado com ela."
Efeitos
Hormonais sobre o TDAH
A tempestade de hormônios, que leva à rebeldia e aos comportamentos de
risco dos adolescentes, tem efeitos profundos nas garotas com TDAH, as quais tipicamente
iniciam a puberdade entre as idades de nove e onze anos e têm sua primeira
menstruação (menarca) entre os onze e catorze anos.
"Descobrimos que as meninas TDAH nos primeiros anos de sua
adolescência têm mais problemas acadêmicos, mais comportamento agressivo,
sinais mais precoces de problemas relacionados ao abuso de drogas, e taxas mais
altas de depressão que as garotas que não têm o transtorno", diz Stephen
Hinshaw, Ph.D., professor e chefe do departamento de psicologia da Universidade
da Califórnia, em Berkeley, o qual tem estudado garotas com TDA por mais de dez
anos. "Diferente dos meninos adolescentes com TDAH, que tendem a se
expressar, as meninas com TDAH geralmente tendem a internalizar seus problemas.
Isso faz com que suas dificuldades sejam mais facilmente ignoradas."
A mudança hormonal da puberdade - especialmente os altos níveis de
estrogênio e de progesterona - pode fazer com que os medicamentos para o TDAH
sejam menos eficientes. "Estudos mostraram que o estrogênio pode aumentar
a resposta de uma mulher aos medicamentos com anfetamina, mas o efeito pode ser
diminuído pela presença da progesterona", diz Patricia Quinn.
Soluções: Discuta com o médico de sua filha as diversas medicações e
dosagens mais usuais. Pode levar um tempo para se descobrir qual funciona
melhor, então, tenha paciência. Estratégias comportamentais para gerenciar o
tempo e melhorar as habilidades de organização podem ajudar.
"Identifique as potencialidades de sua filha e as enfatize durante
as piores épocas do ciclo dela", diz Kathleen Nadeau, Ph.D., diretora do
Chesapeake ADHD Center, em Maryland. "Geralmente os professores e os
outros adultos na vida de uma garota focalizam somente suas fraquezas."
Se sua filha nota que os sintomas do TDAH dela pioram em certas épocas
do mês, encoraje-a a fazer o trabalho escolar antes deles começarem. Faça com
que ela se prepare para uma prova importante ou para o término de um trabalho
uma semana antes dessa época.
"Seja paciente com sua filha se ela se tornar briguenta ou
crítica", diz Nadeau. "Em vez de gritar, sugira que ela descanse um
pouco. Você estará ensinando a ela habilidades de autocontrole.
Na próxima postagem: TDAH e os anos reprodutivos
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