domingo, 22 de abril de 2012

200- TDAH - Quebrando o código das provas


Testes padronizados podem intimidar e perturbar qualquer estudante. Quatro dicas para ajudar estudantes do colegial com TDAH e dificuldades de aprendizagem a se saírem melhor. Por Eric Bjerstedt
Qualquer que seja o teste, SAT, PSAT, ou ACT (testes do ensino americano), realiza-lo é uma situação de grande pressão para qualquer aluno. Mas, para quem tem TDAH ou uma dificuldade de aprendizagem, esses testes são especialmente desafiadores.
Os testes padronizados são realizados por longo período de tempo (quatro horas e meia), com poucos e curtos intervalos – não exatamente a receita de sucesso para o estudante que tem TDAH. Mesmo assim, ainda há meios de se preparar.
Treine em situação semelhante
O lugar em que o teste é feito provavelmente será cheio de distrações: tosse e espirros dos outros alunos, barulho de papéis, os passos intermináveis do fiscal – sem mencionar a vista da janela.
Tampões de ouvido podem ajudar (mas somente os coloque após o fiscal ter falado as instruções para preencher os testes). Entretanto, a melhor maneira é se preparar para fazer o teste em um ambiente semelhante, tal como um café cheio de gente, ou a sala principal da sua biblioteca. Isto lhe permitirá se acostumar a trabalhar em ambiente cheio de distrações antes da data da prova verdadeira.
Leia somente o que precisa ler
A leitura das passagens de compreensão tende a ser longa e cheia de informação desnecessária. Evite perder o foco lendo somente a primeira e a ultima sentença de cada parágrafo. Isto lhe dará a ideia geral e o preparará para responder questões sobre os temas principais.
Para questões sobre palavras ou linhas específicas, encontre-as na passagem e leia o texto ao redor delas. Raramente haverá uma questão que requeira conhecimento de mais do que poucas linhas de texto em cada vez, e esta abordagem lhe permitirá focalizar somente a informação relevante.
Planeje seu trabalho escrito antes de escrever

As pessoas que darão notas ao seu teste levarão apenas alguns minutos para avaliar a sua tese, os argumentos que dão suporte e a conclusão, então, é crucial que seu trabalho siga uma estrutura tradicional. Estudantes com TDAH podem achar difícil organizar seu pensamento, mas se você tiver sua tese e ao menos dois pontos de apoio antes de começar a escrever, você mais dificilmente será desviado da argumentação que está tentando fazer.
Além de ser formatado convenientemente, certifique-se de que seu trabalho utilize a gramática e o vocabulário corretos. Não perca tempo querendo impressionar com palavras que você não tem certeza de como se escrevem. Permanecendo com a linguagem familiar, você eliminará outra distração e obterá mais tempo para cuidar da estrutura do trabalho.
Reserve tempo para checar duas vezes
Cada sessão do teste precisa ser completada em determinado tempo, então, use um relógio em sua mesa para ajudar a ficar atento. Muitos estudantes – especialmente os que têm problemas de impulsividade – não têm o hábito de revisar e corrigir seu trabalho escrito. Porém, somente uma revisão do seu trabalho poderia detectar erros de ortografia e de gramática, os quais poderiam diminuir sua nota.
Para as outras sessões, divida o número de minutos que você tem pelo número de questões; se estiver gastando mais do que o tempo designado, você estará ou pensando muito ou não sabendo a resposta. Se puder eliminar uma ou mais respostas, faça uma escolha e passe para a questão seguinte.

199- Cansado de escutar “Você só tem de tentar com mais afinco”? Respostas de adultos com TDAH- ADHD


Adultos com TDAH (ADHD) relatam o que dizem aos que lhes dizem para “só tentar com mais afinco” – Dos editores de ADDItude
Quantas vezes um amigo, a pessoa amada ou um colega de trabalho o viram se esforçando como pai, com suas amizades, ou no trabalho, e lhe disseram que seria mais fácil se você “se esforçasse mais”? Aqui, adultos com TDAH (ADHD), que já passaram por isso, compartilham suas respostas a essas quatro palavras dolorosas (tentar com mais afinco).
A resposta sarcástica
“Você está certo. Tenho sido sempre um relaxado e masoquista. Assim, sempre que você me vir à toa, você deve limpar minha mesa do jeito que lhe agradar. E quando eu me descobrir atrasado e entrar em pânico, você devem assumir. Você é tão bom para ajeitar as coisas, e eu sei que posso contar consigo para um trabalho fantástico!” – Lemelia, North Carolina
Deixe-os usar suas sandálias
A verdade honesta
“Como você consegue se ligar no seu trabalho com uma mosca zumbindo na sua orelha? O meu mundo é desse jeito. Não é questão de tentar com mais afinco, é sobre tentar manter as coisas mais importantes na parte da frente do meu cérebro enquanto espanto as moscas”, - Kaeli, Kansas
“Queria que você pudesse viver a minha vida só por um dia”. – Um leitor de ADDitude
“Você pode ser bom em A, B e C, mas eu sou bom em D, E e F”. – Joanne, New Jersey
“Você não tem ideia de como eu tento!” – Nancy, Kansas
A abordagem corajosa
“Pare de me insultar. Pedir que eu me esforce mais é como eu pedir para que você fique mais alto”. – Anne, Ontario
“Você é um ignorante sobre TDAH ou é um molestador. Se você for o primeiro, eu posso lhe ensinar; se você for o segundo, eu vou ignorá-lo”. – Um leitor de ADDitude
“Com todo o respeito, cale a boca. Preciso de estratégias, não de palpites, para ajudar a me sair bem”. – Ann, California

198- TDAH – ADHD - Respostas mal-humoradas a comentários maldosos


Às vezes irritados, outras vezes sinceros, os leitores relatam suas respostas inteligentes aos comentários indelicados sobre o TDAH. Dos editores de ADDitude.
ADDitude perguntou: Quais são suas melhores respostas a alguém que fala mal do TDAH?
É uma perspectiva interessante. Você está falando de sua própria experiência ou está citando um especialista no campo das neurociências? – Taylor, Connecticut
Você pediria a alguém com muletas para correr? – Erin, Virgínia
Eu cito Dr. Seuss: “Se você julga um peixe pelo modo como ele sobe numa árvore, ele viverá pensando que é um burro”. Todos nós temos de encontrar um lugar na vida. – Becky, Louisiana
Que bom que você pensa assim, mas até que você tenha TDAH, ou ame alguém com ele, trate de obter os fatos corretamente. – Kate, New York
Bem, eu não sou normal. Isso realmente é muito chato, não é? – April, Michigan
Por favor, não julgue o que você não entende. – Gretchen, California
TDAH é uma desculpa? A única desculpa é a sua ignorância, e você não se informar sobre o transtorno. Dyamond, Texas
Que pena que você não tem um filho com TDAH! O meu torna todo o dia muito divertido. Queria que você pudesse experimentar isso! – Um leitor de ADDitude
Eu sempre escuto esses comentários porque tenho marido e filho usando medicação, e minha resposta é: “Eles são mais felizes com os remédios porque podem prestar atenção, e tudo parece mais fácil”. Isso cala a boca dos outros. C.D. – Colorado
Ainda não tenho uma boa resposta, mas preciso de uma! Minha irmã disse algo maldoso recentemente, e me magoou. Queria ter uma boa resposta para gente como ela. – Um leitor de  ADDitude
Quando uma professora disse, “Não seria justo com as outras crianças dar ao seu filho um cartão de mesa com um modelo do problema de matemática, durante uma prova”. Eu disse, ”Também seria injusto pedir a uma criança cega que lesse o quadro negro”. – Jeanne, Pennsylvania
Eu pego emprestado o comentário de Ned Hallowell: “Tenho TDAH, dois dos meus três filhos têm TDAH, e queria que o terceiro tivesse!” – Bill, South Carolina
Lidar com o TDAH de minha filha é tão exaustivo que eu não tenho nenhuma vontade de educar idiotas. – Elena, Arizona
Oh, me esqueci disso. Tenho de escrever e mandar para você. – Um leitor de ADDitude
Minha resposta não pode ser publicada na sua revista para menores. – Tammy, Texas

quarta-feira, 18 de abril de 2012

197- TDAH - ADHD - Perdida e confusa em meu casamento


Postado por gardeningmama em “ADD in Women”, em 11 de abril de 2010

Sou uma mulher de 43 anos, casada há 14 anos, com dois filhos, de 13 e 11 anos. Fui diagnosticada há cerca de um ano, estou tomando Adderal e faço terapia com um especialista a cada 15 dias.

Desde que fui diagnosticada, meu marido age como se tudo fosse minha culpa e que ele está isento de qualquer culpa em todas as discussões que temos. Geralmente as brigas são porque ele fica bravo comigo porque eu faço ou digo alguma coisa que ele não gosta, quando estamos junto de amigos ou de qualquer um, ou de nossos filhos. Depois eu vou até nossos amigos e peço desculpas por tudo o que disse ou fiz que fosse inconveniente. Todas as vezes, eles parecem confusos e me perguntam do que eu estou falando, e que está tudo certo.

Mantenho a casa limpa, cuido de lavar as roupas (embora às vezes elas fiquem no cesto por mais tempo do que deviam, porque odeio lavar roupas. Parece que elas se multiplicam sozinhas). Mantenho um calendário de tudo que está acontecendo em nossa vida e tenho 4 timers ajustados para que nunca me esqueça de algo. Faço o jantar, entretanto nossos filhos são tão envolvidos com esportes que eu faço o jantar para cada um deles, conforme eles vão e vêm.

Gosto de jardinagem. Faço álbuns da vida dos nossos filhos (desde o nascimento até os fatos recentes, fotos de escola, dos esportes e de tudo que for importante para eles, assim como o álbum de nossa família). Quando mostro isso para meu marido, ele não se interessa. Adoro andar de bicicleta e participo do Pan Mass Challenge todos os anos (196 milhas em dois dias) e consigo 3.000 dólares para combate ao câncer. Estou em forma, cuido de mim mesma. Faço todas as compras de mercado e ajudo os meninos em seu trabalho escolar diariamente. Amo a leitura e leio o tempo todo.

Me sinto como se fosse invisível. Meu marido nunca nota nada que eu faça, embora eu nunca diga nada. Parece que ele só nota as coisas que eu esqueço ou quando perco as chaves ou o celular, ou quando compro macarrão japonês em vez do Barilla.

Ele diz que sou muito condescendente com os meninos em relação ao seu trabalho escolar (mas ele raramente os ajuda). Então, na outra semana, ele diz que eu sou muito dura com eles.

Na semana passada meu filho pediu a ele que estudassem junto e, quando eu dei um palpite, meu marido virou-se para mim e disse que “ele” estava estudando com nosso filho. Enquanto eles estavam estudando na sala de estar eu estava pintando a guarnição da porta da sala e novamente dei outro palpite para ajudar nosso filho a se lembrar de algo e ele ficou doido, virou os olhos para cima e para mim e rosnou, e assim também fez o meu filho.

Mais tarde, quando ele percebeu que eu fiquei chateada com ele e tentei explicar o porquê, ele disse que eu sou muito sensível e que me enganei, e que não entendi. Ele disse que eu estava interrompendo, dizendo coisas, e que até nosso filho estava incomodado comigo. Este é um exemplo do que vive acontecendo. Começo a me sentir como doida e a pensar que se ficasse quieta seria melhor para todos. Ele insinua que é o TDA novamente causando problemas.

Desde que fui diagnosticada ele não discute como eu me sinto, ele age como se eu não tivesse razão para ficar incomodada com tudo. Quando peço a ele que, por favor, me escute, ele diz que tudo o que acontece é minha culpa e diz que o que eu digo é o que ele sente e que eu estou errada. Sinto que não posso fazer ou dizer algo correto e que estou pisando em ovos constantemente. A única hora em que ele é gentil comigo e que escuta o que eu digo é quando quer sexo. Ele espera que eu esqueça tudo (porque as pessoas com TDAH perdoam e esquecem facilmente) e que siga em frente. Eu adoro como ele é e quando ele é gentil e escuta o que tenho a dizer. Então, eu sempre cedo em benefício de nossa família e para manter a paz. Em seguida, tudo volta imediatamente a ser como era antes. Ele é uma pessoa com personalidade muito forte, bem sucedido, de boa aparência, ativo e disposto, que joga hockey duas vezes por semana e é muito carismático e divertido. Ele treina nossos dois filhos no time de hockey e todos o amam. Eu sou o problema dele.

É claro que ele não me respeita e eu o vejo olhar para mim como o lixo de ontem. Como me sinto não amada, desrespeitada, ansiosa e nervosa ao lado dele porque nunca sei o que vou fazer que vá deixa-lo bravo, me contenho e fico na minha e isso o deixa mais bravo ainda. Ele diz que eu o negligencio e que se sente muito solitário. Quando tento explicar por que fico tão isolada, ele usa tudo o que digo para me atribuir a culpa. Então ele liga o botão do charme para obter sexo e eu faço de conta que está tudo legal e faço sexo com ele. Vejo que ele está sempre pesquisando sobre mulheres com TDAH na internet. Sei que ele sente que meu retraimento é porque sou desligada devido ao meu TDAH, quando na verdade eu não quero ficar perto dele porque ele me deixa nervosa e me sentindo culpada.

Se eu tenho de sair de casa para dar uma volta ele dirá “Por que você sempre tem de ir a algum lugar?”. Então, ele insinua que porque eu tenho TDAH eu sempre estou ativa. Gosto de sair e não sou pior do que qualquer um. Tenho muita certeza do que estou fazendo todo o tempo, então, tenho confiança que estou fazendo o que necessito para tornar todos felizes e não causar atrito ou problemas.

Eu tinha um emprego que adorava e depois do ano novo ele me pediu que desse meu aviso prévio porque ficava no caminho do emprego dele. Ele precisava que sua agenda fosse fluida porque trabalha na área de vendas de software e sua agenda muda constantemente. Ele disse que seria melhor que eu ficasse disponível para as crianças o tempo todo. Então, dei meu aviso prévio. Agora, ele faz comentários como “seus medicamentos do TDAH ainda custam 50 dólares?” (falando TDAH muito mais alto do que o resto da frase). Ele paga todas as contas.

Sei que ele acha que tudo o que dá errado em nosso casamento é por minha causa e que eu sou descuidada (obviamente que não sou). De fato, não conseguimos nos comunicar (ele acha que é culpa do meu TDAH). Não tenho nenhum problema com ninguém em minha vida. Sou capaz de me comunicar bem com minha família, amigos e crianças. Tenho muitos amigos, alguns dos quais não vejo mais porque meu marido não gosta deles e é muito desagradável lidar com ele e com seu desprazer, tanto que não compensa vê-los.

Pedi que ele fosse comigo à terapia, mas ele não quis. Pedi que ele procurasse outro terapeuta para si e ele diz que nunca vai porque eu sei que ele pensa que todo o problema sou eu!!!

Por que a pessoa com TDAH sempre é culpada por todos os problemas do casamento? Não ajuda nada ele fazer pesquisa sobre mulheres com TDAH e a pesquisa dizer que a pessoa com TDAH será muito estressada, solitária, frustrada etc.!! Eu preciso de algum conselho de alguém além do meu terapeuta e dos meus pais.

Minhas desculpas. Obrigado por sua atenção.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

196- TDAH. Impulsividade: Quem fala demais morde a língua


TDAH. Impulsividade: Quem fala demais morde a língua

Sandy Maynard

Se você tem o TDAH do Adulto, ou se vive com alguém que tem, você sabe que ser espontâneo é parte do pacote. Na maior parte do tempo, isso é uma coisa boa. É o que nos ajuda a pensar por nós mesmos e a inventar soluções originais para os problemas difíceis.

Entretanto, em relação ao que falamos, a espontaneidade é um precipício. Lembro-me de uma recente sessão de treinamento (coaching). Ao entrar na minha sala, uma cliente viu meu novo corte  e tonalidade de cabelo. “Que legal o seu cabelo”, ela disse. “esconde bem os fios brancos”. Depois de um silêncio constrangido, nós duas explodimos em gargalhadas. Eu disse a ela: “Você deveria dizer: `Que cabelo legal. Você está linda´”.

Nem todo caso de fala impulsiva é engraçado. Você já perguntou a alguma mulher para quando é o parto – para, em seguida, descobrir que ela não está grávida? Nunca criticou um prato, em uma festa de amigo secreto, para, em seguida, descobrir que foi a pessoa com quem você está falando que fez aquele prato? Uma vez eu estraguei uma festa surpresa (nem pergunte) ao mencioná-la, por acidente, ao convidado de honra! Você já sabe que não se deve falar de política e de religião em encontros sociais. Aqui estão outras maneiras de cuidar do que você fala:

Tenha certeza de que sabe do assunto antes de entrar numa conversa. Quando você começa com “Sei o que você quer dizer” e, então, vai dizendo o oposto do que acabou de ser dito, cria-se um momento de constrangimento. Não fale, ou fale lentamente, até que saiba exatamente o que você quer dizer.

Não tenha pressa de compartilhar informações íntimas. Como dizia a minha avó, “Se você não quer ver o que vai dizer estampado na primeira página do jornal, não diga nada”.

Se você estiver com raiva, espere até ter se acalmado, antes de iniciar uma discussão. Para evitar gritos quando estiver nervoso, respire fundo e tente falar bem baixinho, em vez de gritar.

Se você ofendeu alguém, peça logo desculpas. Lembre-se, um bom pedido de desculpas não vem com uma explicação. Diga simplesmente: “Isto foi mal. Por favor, me desculpe”. O modo errado seria: “Me desculpe ter falado isso. É que estou sem dormir direito. Nem sei como ainda consigo pensar direito”.

Leve papel e lápis para reuniões importantes. Escreva seus comentários e compartilhe com seus colaboradores depois. Se os seus e-mails o estão metendo em apuros, guarde-os na pasta de arquivos por 24 horas, antes de manda-los.

Quando pedirem sua opinião, diga, “Me dê um instante para pensar a respeito disso”. O tempo extra de um ou dois segundos lhe dará chance de dizer a resposta correta.

Evite a fofoca. Uma amiga pregou na porta da sua sala um cartaz que dizia “Novidades sobre netos, boas notícias e piadas engraçadas são bem benvindas! Fofocas, queixas e piadas de mau gosto não!”

Finalmente, se você for a uma festa surpresa... boa sorte!
ADDitude.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

195- TDAH – ADULTO - ALGUÉM PERGUNTA: ISSO PODE MELHORAR?


Pois é... Meu marido foi despedido de mais um emprego. Acho que já são 5 vezes em 4 anos...

Eu notei que havia esse ciclo em sua vida antes de nos casarmos. Na época, trabalhávamos em algumas estações do ano. Assim, só trabalhávamos em algum lugar específico por alguns meses. Já nesse período isso estava acontecendo, mas não era notado. Sempre começa como a mais excitante oportunidade de trabalho do mundo. Ama o trabalho. Ama as pessoas. Isso dura algum tempo, mas, então, ele começa a implicar com alguma pessoa em particular que o interpela do jeito errado. É só nisso que ele fala. Todo o seu dia pode ser arruinado por essa pessoa e pelo que eles estão fazendo. Na maioria das vezes, as coisas que o estão perturbando não são assim tão graves. Mas, para ele, são. Parece que ele não consegue deixar pra lá. Então as coisas pioram. Logo fico sabendo como ele grita com as pessoas, e de algumas coisas maldosas que ele fala delas... Isso é muito não profissional e as pessoas notam. Ele fala, mas não pensa sobre o que essas palavras podem provocar. Uma vez ele me disse que, quando está bravo, nem se lembra do que disse ou do que a outra pessoa disse. Ele precisa ser repreendido por essa atitude. Insisto com ele para que fique atento, falo que esse emprego significa muito para mim e para nossa família, que ele precisa pensar em nós antes de falar algo que ponha seu emprego em risco. Digo que ele morda a língua, que venha para casa e que fale tudo para mim – eu o entendo. Aí, ele faz isso por um tempo. Mas, então, inevitavelmente, algo acontece, alguém diz alguma coisa que o incomoda, e lá vem ele de novo. Ele é mandado para casa. Eles lhe dizem para voltar depois de uns dias, para uma reunião. Então ele é despedido.
Esse período é muito difícil. Este era o melhor emprego que ele jamais teve. Havia uma possibilidade tão maravilhosa. Era o trabalho dos seus sonhos. Conversamos sobre eu voltar para a escola, e que teria de sair do meu emprego para isso. Eu disse que a única maneira de podermos fazer isso seria ele prometer dois anos. Dois anos em um emprego apenas para que eu terminasse a escola.
Estou na escola há três meses. Não trabalho, nem ele, também.
Não tenho ninguém para desabafar. Queria ser a esposa amorosa e apoiadora do meu marido, a quem amo de todo coração. Ele está envergonhado. Eu estou preocupada por ele ter perdido outro emprego. Ele não quer que os outros saibam, e diz que quando me vê preocupada fica preocupado. Não suporto vê-lo sofrendo, então me reprimo sempre. Tenho uma bola apertada no peito querendo sair para fora. É como me sinto aqui, ao meio-dia.
Percebi que este ciclo estava chegando ao final há um mês, quando ele estava escrevendo sobre suas crises. Pedi para que ele procurasse alguém para resolver esse problema – seria raiva? Dificuldade de controle do impulso? O quê?
Ele foi uma vez, e o psiquiatra disse que parecia ser TDAH, e como ele foi diagnosticado assim desde a infância, faz sentido. Ele mostra várias características sobre as quais tenho lido.
Ele recebeu uma receita de ADDERAL, acho que para começar na segunda-feira. Muito pouco e muito tarde para o seu emprego, mas espero com todo meu ser que isso ajudará a interromper este ciclo. Para mim e para ele.
Assim, a minha pergunta é esta... quanto tempo geralmente demora para que a medicação demonstre estar fazendo efeito?
Também, você acha que esta medicação o ajudará nesses problemas?
O que posso fazer para ajudá-lo... É correto apoiá-lo sem crítica, ou devo começar a dizer a ele o que é o real?
RESPOSTAS
Só queria mencionar que tenho conhecido algumas pessoas que foram despedidas do emprego por problemas de comportamento. Então forma medicadas, aconselhadas etc. e se candidataram a um emprego.
Então, elas voltaram ao seu último emprego e fizeram uma confissão:
- Eu não sabia das minhas ações devido a este problema
- Eu procurei ajuda, e agora estou fazendo isso e tomando aquilo
-Estou humildemente pedindo outra oportunidade
Dois dos meus amigos conseguiram juntar todas as peças de volta. Valeu a pena.Postado por LimbicLilly em Apr 01,2012 às 7:57 am
Sua identificação parece verdadeira – hislovingwife (suaesposaamorosa). Feliz dele por ter você. A medicação deve ajudá-lo (opinião de alguém que teve problemas de raiva sempre). Pode demorar um pouco para atingir a dose certa, mas deve ajudar – ao menos para mim ajudou. Ele também precisa APRENDER sobre o TDAH – este sítio ADDitude é um bom lugar para começar. Ele precisa EXERCITAR-SE e COMER corretamente. Mas há uma esperança verdadeira se ele fizer essas coisas. Desejo-lhe sorte. Coche Pete Resch. Postado por Pete47 em Apr 01, 2012 às 11:15 am
Olá. Ele fez algo 100% certo se casando com você. Eu também fui abençoada na escolha do meu parceiro, meu marido é tão paciente  e amoroso como parece ser você. Menos estresse talvez  porque o homem seja o principal provedor aqui. Sugiro que seu marido vá a um especialista em TDAH logo – um profissional com boa experiência e conhecimento em TDAH é a única maneira de obter os medicamentos controlados e de saber como manejá-los quando necessário. Seria ideal se ele pudesse ter aconselhamento semanal ou terapia com uma pessoa com especialização em TDAH, que poderia também assistir com o gerenciamento dos problemas atuais assim como trabalhar com as coisas passadas. Seu marido é destinado a ter muitos conflitos internos e problemas de autoestima por causa dos fracassos do passado, mesmo na época da infância, não sabendo por que as coisas sempre parece darem erradas. Culpar os outros e o ambiente é um mecanismo de defesa inconsciente porque pensar que seja sua culpa leva a uma sensação de desespero. Esta é em resumo a minha teoria. Os medicamentos corretos devem movê-lo na direção certa, o aconselhamento curará os problemas do passado, o treinamento ou aconselhamento para os problemas do dia-a-dia seriam excelentes por alguns meses. A terapia de casal geralmente é indicada para casais com um parceiro TDAH. Finalmente,  diria que uma vez todos esses tratamentos e apoios em curso, seria bom a abordagem de pessoas com o emprego dos sonhos, com esse novo diagnóstico etc., como a primeira resposta sugeriu. Toda ajuda custa dinheiro, muito dinheiro, a não ser que haja cobertura  do seguro. Mas cheque também os programas de ajuda para o TDAH de sua comunidade. Espero que você continue na escola. Deixe que eles saibam. Descubra bolsas para pessoas com algum problema porque seu marido tecnicamente se qualifica para tal etc., etc. Leia, leia, leia tudo que puder sobre TDAH. Não cura 100%. Seu marido tem de trabalhar o aconselhamento e o treinamento para atingir os efeitos positivos dos remédios. Os remédios podem ser na base da tentativa e erro no início – tipos diferentes para pessoas diferentes. Um medicamento para a ansiedade também pode ser necessário. Então, a primeira providência é ir a um médico de TDAH que realmente conheça o assunto. Postado por UnaDublin em Apr 01, 2012 às 12:42 pm
Tendo 15 empregos nos últimos 15 anos, posso entender como está o seu marido. No estado em que moro há uma agência que lida com casos de indivíduos com dificuldades. Não se cobra pelos serviços tais como avaliação psicológica, treinamento de trabalho etc. Não tenho um emprego de tempo integral desde 10/03. Estou procurando um terapeuta que eles pagam. Também ganho remédios sem custo. Algumas pessoas podem dizer que estou tirando vantagem do “sistema”; entretanto, tenho trabalhado desde os 15 anos e agora já tenho 51. Muitas colocações que eu tive não eram o trabalho dos meus sonhos. Mas, como seu marido, eu também tive a posição perfeita e minha boca era destravada e por muito tempo sobre coisas que não tinham importância. Ainda procuro outro emprego dos sonhos, onde eu possa me sair bem e resolver meu TDAH com os remédios e a terapia. Tenho um transtorno de personalidade Borderline, sou bipolar, tenho ansiedade e depressão. Agradeço a Deus todos os dias por me mostrar como obter a ajuda de que necessito e por Ele sempre realizar os desejos do meu coração. Postado por luckynativetexan1961, em Apr 01, 2012, às 2:46 pm

sexta-feira, 30 de março de 2012

194- Dosando os medicamentos do TDAH: a quantidade é importante


Um novo estudo sugere que doses mais altas das medicações estimulantes para o TDAH podem de fato prejudicar a memória de trabalho. O que todos os pais precisam saber sobre o equilíbrio entre a hiperatividade e a função executiva.

Se você é pai de uma criança com TDAH e não perde o sono ou retorce as mãos por causa do fato de que ela está usando medicação para o TDAH, um novo estudo sobre os remédios para o déficit de atenção não necessariamente vai fazer com que você fique muito preocupado, mas vai fazê-lo pensar um pouco.

Pesquisadores na Universidade de Wisconsin-Madison fizeram experiências com três macacos, os quais receberam doses diferentes de metilfenidato. Os macacos foram ensinados a olhar para um alvo em forma de ponto na tela de um computador, enquanto outro ponto piscava em volta.

Doses menores da medicação pareciam aumentar a capacidade de aprender dos macacos, de acordo com o estudo, publicado no Journal of Cognitive Neuroscience há duas semanas. Doses maiores afetaram negativamente o cociente de aprendizagem e a memória dos macacos, mas reduziam sua hiperatividade. “Os macacos com doses mais altas ficavam ligados à tarefa, mas continuavam a cometer os mesmos erros”.

Quando os pesquisadores verificaram se a medicação melhorava a memória de trabalho mesmo em doses mais baixas, eles descobriram, de modo surpreendente, que não. “A memória não melhorava com doses mais baixas e era um pouco pior com doses mais altas”, diz Luis Populin, Ph.D., que chefiou o estudo.

“O metilfenidato afeta a função executiva do cérebro”, diz Bradley Postle, Ph.D., um professor de psicologia e especialista em memória de trabalho na Universidade de Wisconsin. “Ele pode criar um meio interno que, dependendo da dose, é mais ou menos favorável à formação e retenção da memória. Aparentemente, a dose mais baixa do metilfenidato ajuda a criar as condições de sucesso sem de fato melhorar a memória em si mesma”.

Populin diz que o estudo mostra que encontrar a dose certa da medicação para o TDAH é importante para as crianças e adultos. Os médicos que estão tentando reduzir a hiperatividade de seus pacientes com altas doses de metilfenidato podem estar comprometendo a habilidade cognitiva deles.

Embora o trabalho dos pais nunca termine, discutir a dose de remédio do seu filho deve ser adicionada à sua lista do que fazer. Pode fazer uma grande diferença na vida escolar do seu filho.

ADDitude. Março/2012

sábado, 24 de março de 2012

193- Sete maneiras de reduzir o estresse: Técnicas calmantes para adultos com TDAH

Sete estratégias para se acalmar quando o TDAH adulto provoca estresse no trabalho ou em casa.

Por Nancy Ratey
“Finalmente eu consegui!” Bob, um adulto com TDAH, falou consigo mesmo, ao sair do trabalho às 5 horas em ponto, para encontrar-se com sua esposa para jantar. Pela primeira vez em anos, ele não estava atrasado.
E o mais importante, ele estava a fim de aproveitar a noite fora porque se sentia relaxado e sob controle. Ele não mais esperava até o último instante para terminar os relatórios sobre seus clientes – um padrão estressante que tinha provocado um problema em sua saúde e em seu casamento.
Como foi que Bob eliminou o estresse em seu trabalho? Por meio do uso de um relógio que emitia um bip a cada hora, de modo que ele tivesse noção de que estava seguindo sua lista do que fazer, de um calendário de 12 meses com as datas-limite marcadas com uma cor para cada cliente, e de um notebook no qual ele anotava pensamentos ao acaso durante o dia. O resultado: menos estresse e uma vida mais feliz.
Muitas pessoas com TDAH vivem em constante estado de estresse. Sua neurobiologia torna difícil afastar os estímulos que competem entre si, prestar atenção e acalmar-se, todos os quais aumentam os níveis de frustração. Ser incapaz de atingir as expectativas das pessoas ou sentir-se culpado pela perda dos prazos no trabalho cria mais tensão.
Como Bob, você pode reduzir o estresse com estratégias que visam seus sintomas de TDAH. Eis aqui algumas delas para você tentar:
Aceite o seu TDAH
Pare de se culpar pelo esquecimento de obrigações ou por perder um prazo. Reconheça o culpado: o TDAH é neurobiológico e não vai desaparecer. Obtenha um diagnóstico correto e o tratamento adequado. Entre para um grupo local de apoio para o TDAH ou em um fórum da Internet. Saber que você não está sozinho pode reduzir o estresse.
Exercite suas opções
O exercício é um poderoso redutor do estresse. A atividade física aumenta os níveis de serotonina, que combate o cortisol, hormônio do estresse. Os estudos sugerem que uma sessão de exercício de 30 a 40 minutos pode melhorar o humor e aumentar o relaxamento por 90 a 120 minutos. O exercício, com o tempo, aumenta seu limiar para o estresse.
Meça o tempo
Muitas pessoas com TDAH veem o tempo como uma coisa fluida. Para melhor dominar o tempo, compre um relógio de pulso que emita bips e ajuste-o para fazê-lo a cada hora. Se você sempre precisa de “só mais cinco minutos”, arrume um timer que toque depois de cinco minutos!
Minha cliente, Linda, gasta horas na Internet, e então fica atrapalhada no final do dia para dar conta das datas-limite. Um despertador, ajustado para tocar a cada hora, periodicamente a faz sair do seu sono online.
Crie limites
Sobrecarregar seu tempo pode aumentar o estresse. Se a causa for a pura impulsividade ou um voz interna dizendo, “Devo fazer x, y, z,” o estresse toma conta da sua mente. Treine dizer não três vezes ao dia. E cada vez que você disser “sim,” pergunte a si mesmo, “Ao que estou dizendo não?” Relaxamento? Ouvir música?
Faça a estrutura ser sua amiga
Embora muitos adultos pareçam alérgicos à estrutura, uma rotina confiável pode minimizar o caos. Tente estas dicas, ambas as quais produzem maravilhas para meus clientes: antes de se deitar, planeje o dia seguinte – faça uma lista do que você vai fazer, quando e como. Você acordará mais centrado. Também, vá para a cama e se levante todos os dias no mesmo horário. Isto estabiliza os ritmos corporais, aumentando suas chances de ter um bom sono.
Reserve um tempo para se divertir
Não fazendo pausas na vida agitada de hoje, você se candidata ao burnout. Programe alegria na sua vida. Saia para jantar ou vá a um cinema com seus amigos a cada semana. Viaje pelo país ou vá para a praia num final de semana. Descubra do que você gosta e vá atrás disso sem culpa.
Permaneça vigilante
Muitos dos meus clientes têm a falsa sensação de segurança depois que obtém algumas vitórias, e então abandonam as estratégias que os ajudaram a alcançá-las. Esquecer que você tem TDAH é uma marca da condição. Não baixe sua guarda!

sábado, 10 de março de 2012

192- TDAH – Eu não sou o meu diagnóstico

Conforme os médicos aprendem mais sobre o TDAH, eles provavelmente nos aplicarão mais rótulos. Minha sugestão: “gênio mal compreendido”.

Por Rick Hodges, escritor e professor em Arlington, Virgínia, USA.

Rick Hodges é um adulto com TDAH que rejeita os rótulos associados com seu diagnóstico.

"Saber sobre o meu diagnóstico me ajudou a entender de que planeta eu sou. Agora me aplico em melhor comunicação com os terráqueos."

Sou um gênio mal compreendido. Ou é assim que penso. Às vezes é necessária alguma superioridade para superar os dias em que não vejo estar fazendo qualquer progresso ou em que me sinto um fracasso. Não sou o que tem o transtorno, digo para mim mesmo. Meu cérebro trabalha melhor do que a média. Se os outros não podem ver isso, é problema deles.

É um jeito egoísta de pensar, certamente e, embora me faça sentir-me melhor, não me ajuda a fazer meu trabalho. Mas isso está longe do alvo? Afinal, os dois lugares em que você vai ter mais chance de encontrar adultos com déficit de atenção (TDAH) são as posições mais altas de liderança – empresários visionários, artistas brilhantes, comediantes famosos – e os sofás da nação, desempregados e desencorajados. O TDAH pode ser uma enorme vantagem se a situação for a certa. Infelizmente, o mundo está cheio de situações erradas.

Tentei evitar muitas dessas situações na maior parte de minha vida, sem saber direito como. Entretanto, foi uma situação muito equivocada – um empregador fez mudanças repentinas e radicais em meu emprego, somando tarefas administrativas e muitas minúcias – o que me levou ao diagnóstico de TDAH, tipo desatento, com a idade de 36 anos. Fiquei espantado (isso não é só coisa de crianças hiperativas?), mas quando li a lista de sintomas, dei uma risada enorme e gritei com os outros. Eu podia ter escrito essa lista.

Meu diagnóstico ajudou-me a encontrar a melhor situação de trabalho – sou o meu próprio patrão, agora – mas também renovou minha luta para achar meu lugar no mundo. Sempre senti que vivia num universo um pouco diferente do das outras pessoas, meu pequeno planeta girando num eixo um pouco mais inclinado do que o da Terra. Saber do meu TDAH me ajudou a entender de que planeta eu sou. Agora, trabalho na melhor comunicação com os terráqueos.

Aprendi a ter uma segunda opinião sobre minhas percepções, a parar e pensar sobre se ouvi tudo o que alguém me disse e se percebi isso da maneira como era para ser. Aprendi a ler as instruções duas vezes, a me conter antes de falar algo que estrague uma conversa, a fazer perguntas em vez de deixar meu cérebro preencher automaticamente os brancos. Num restaurante barulhento, eu fixo meus olhos nos lábios da minha companhia e tento captar cada palavra em vez de ouvir as pessoas da mesa ao lado (quando eu digo, “não consigo te ouvir”, quero dizer que realmente não consigo mesmo).

Também estou descobrindo como gostar de viver no meu planeta natal e a ter algum orgulho disso. Aprendi que as pessoas com TDAH têm enorme poder de observação. Isto é parte do nosso problema – estamos observando tudo a nossa volta em vez do que está na nossa frente. Mas ao fazer isso, vemos coisas que os outros não veem. Num passeio pela natureza, sou o primeiro que escuta o chamado do pica-pau, ou que nota o fungo estranho e diminuto, ou que descobre o urso no meio do mato enquanto as outras pessoas passam ao largo.

Há mais coisas do que observar a simples realidade. Muitas pessoas com TDAH podem descobrir uma beleza não aparente e um valor nas coisas comuns. Geralmente nos descrevemos como “sempre entediados”, mas não acho que o tédio seja tanto quanto as altas expectativas por toda coisa pequena num mundo explodindo de coisas fascinantes.

Agora tenho a coragem de apreciar e de usar outras habilidades, também, como a habilidade de ver o quadro geral e de fazer as coisas do meio próprio jeito – o que usualmente significa surtos produtivos entre longos períodos de paradeira. Tenho mais confiança a respeito de trabalhar de modo independente, fazendo o que sei fazer melhor, e construindo minha própria carreira em vez de copiar a de outra pessoa. Atualmente sou um escritor freelance, assessor e professor substituto – e eu apenas comecei.

O controle de nossa condição ainda está a caminho. Os médicos primeiro a denominaram “Defeito Mórbido do Controle Moral” (às vezes isso se aplica a mim). Por uns tempos os pesquisadores pensaram que era uma lesão cerebral e a chamaram de “Disfunção Cerebral Mínima”. TDA tornou-se o nome oficial em 1980, mudando para TDAH em 1994. Mas eu não acho que o processo já tenha terminado. Novas pesquisas estão descobrindo ligações com outras condições, tais como o autismo, e ampliando o entendimento do que causa o TDAH e o que ele é. Conforme os pesquisadores começam a reunir toda a gama de dons que o TDAH traz, penso que eles vão procurar outro rótulo, novamente.

Posso sugerir “Gênio Mal Compreendido”?

Este artigo apareceu no número de Junho/Julho de 2004, de ADDitude.

Nota do Dr Menegucci: Infelizmente, não é essa a opinião de uma das maiores autoridades no assunto, Dr. Russel Barkley, que diz “O TDAH não é nenhum dom, é uma sina”. O seu livro TDAH no Adulto, fruto de sua experiência ao longo de 30 anos, apresenta os dados numéricos que provam sua assertiva.

terça-feira, 6 de março de 2012

191- (TDAH) Que dia ruim!



Alô pessoal! Hoje é um daqueles dias... Hoje foi um péssimo dia no trabalho, como sempre. Fico me perguntando por quanto tempo ainda vou aturar isso. É muito deprimente... Não sei o que há de errado comigo. Na maior parte do tempo preciso falar com alguém antes de ir dormir e agora não tenho ninguém para me ouvir... Odeio quando as pessoas fazem promessas e não as cumprem. Parece que quanto mais eu tento, mais as coisas ficam difíceis para mim. Acho que ir às sessões de aconselhamento uma vez por semana é completamente sem efeito porque ainda tenho TDAH e os exercícios de respiração profunda não vão ajudar o meu TDAH, a ansiedade maior e a depressão a desaparecerem quando eu não consigo me concentrar no que alguém está dizendo na minha frente. Preciso de respostas agora. Não sei por que não consigo me livrar da minha depressão e por que preciso conversar com as pessoas à noite, para não me sentir sozinha. Não acredito que esteja neste lugar. Rezo para que um dia eu seja feliz. Espero que esse dia chegue logo. Quero menos dias tristes e mais dias felizes. Todo dia estou muito irritada, brava, chateada, triste e solitária... Não entendo o porquê... Alguém mais sente isso?    ADDitude

Respostas

Mônica... você não está sozinha... dias ruins são geralmente influenciados por crenças negativas que somente reforçam a sensação de estar lesionada/quebrada/precisando de conserto. O desafio para os adultos com TDAH é que ele invade sua habilidade de prestar atenção (os sintomas de desatenção aqui são os culpados), sua capacidade de se ajustar (aqui os sintomas são tipicamente relacionados com a hiperatividade) e a sua capacidade  de pensar e agir com propósito (aqui, o problema é o controle do impulso).

A habilidade de saber quais são os seus desencadeantes é importante porque uma vez em ação eles a dirigem para mais um “dia ruim”.

Minha experiência é que depois de que você está ativada (geralmente por um pensamento ou um acontecimento), você tem alguns tipos de pensamentos negativos (por que está acontecendo novamente, eu nunca me livro disso, isso realmente incomoda) e esses pensamentos negativos estão ligados aos seus esforços para se livrar daqueles pensamentos negativos... tente com mais empenho, trabalhe duro, tente de um modo diferente... somente para ter outro pensamento negativo... tente como puder, você realmente está ferrado... e assim por diante...

Isto resulta em crenças negativas a respeito de si mesmo... e assim o seu dia se torna outro “dia ruim”.

Se você quiser aprender a se livrar deste círculo vicioso, visite (não ainda) meu novo website thrivingwithadd.com!

Postado por drfrank em Mar 01,2012, às 3:50 am.

Mônica,

Se o aconselhamento que você está recebendo não estiver focalizado no TDAH, ele pode não estar sendo útil.

A história que você nos conta é uma que eu ouço frequentemente. Viver com TDAH não é fácil e lidar com a depressão e ansiedade faz os dias parecerem mais longos.

Há coisas que podem ajudar com as emoções e o TDAH

1- Você está tomando remédio para o TDAH?

2- Você dorme o suficiente? Qual é seu regime alimentar? Você faz exercícios?

3- O que você está fazendo para criar novos hábitos “saudáveis”?

Fique à vontade para visitar meu website, “danweigold.com”

Para muitas pessoas, a leitura ajuda a controlar os pensamentos que elas têm.

Postado por coachwithheart em Mar 01, 2012, às 3:53 am

Lamento que você esteja enfrentando uma situação tão dura atualmente. Você quer falar sobre o que especificamente lhe aborrece? Ou é somente sobre as coisas em geral? Você está usando alguma medicação para o seu TDAH, para a depressão ou para a ansiedade? Eu entendo bem o que você sente, e algumas vezes infelizmente, não obstante o quão duro você tente lidar com as coisas por si mesmo ou por meio de terapia, você precisa de medicação para ajudá-lo a lidar eficazmente, para que não fique se sentindo horrível. Não é incomum para as pessoas que têm TDAH ou TDA passar por tudo o que você está passando. Senti essas coisas eu mesmo. Irá melhorar, não se preocupe. Apenas tente ser forte e procurar ajuda, se for preciso.

Postado por mshaikh em Mar 01, 2012 às 3:54 am

De verdade, eu tive um dia destes hoje. É tão frustrante estar constantemente em um estado de desorganização dos pensamentos e dos sentimentos em cada segundo de sua vida. Estou muito cansada de ser irritada, deprimida e infeliz em qualquer instante, sem aviso. É tão irracional em natureza que alguns dias eu nem quero sair de casa. Só quero ficar sozinha num quarto, sem ninguém por perto de mim. No auge da luta com o TDAH, sou uma mulher de 36 anos, brigando com os hormônios erráticos acima de tudo. Eu pensava que estava

Os remédios seriam uma grande mudança para mim, junto com a terapia que até agora não ajudou muito mesmo. A respiração profunda e o relaxamento e os exercícios podem ajudar se eu aprender a fazê-los diariamente e me aplicar neles. Mas não me lembro nem de onde coloquei minhas chaves todos os dias e tenho de ser lembrada para dar comida para meu peixe na metade do tempo então praticar esses exercícios frequentemente e rotineiramente pode ser muito bom mas tenho de lembrar de fazê-los primeiro. Alguns dias são muito piores que outros e hoje foi ruim. Posso entender sua postagem e estou contigo, vivendo a mesma espécie de mente caótica. Então, espero que saber de mais alguém que entenda e que tenha um dia como os seus ajude de algum modo. Mantenha a cabeça erguida e aguente firme!

Postado por Awink32276 em Mar 01, 2012 às 5:03 am

Oi Mônica

Há 20 anos ouvi cada palavra do que você disse em minha própria cabeça (e eu nem tinha nunca ouvido falar de TDAH e não sabia nada sobre ele). Só quero que você saiba que tenho este problema e que entendo o que você sente. Somente agora estou descobrindo que tenho TDAH e logo serei testado. Você não está de modo algum sozinha e é muito valorosa!

Postado por And I em Mar 01, 2012 às 5:28 pm


Lembre-se de que o TDAH envolve alguma falta de certos elementos químicos no cérebro que ajudam você a prestar atenção, ficar motivada e a poder mudar seus relacionamentos.

Exercício aeróbico, medicação, e um grupo de apoio para aqueles com TDAH e dificuldade de aprendizagem (geralmente encontrados na associação para dificuldades de aprendizagem da sua cidade) podem ajudar significativamente e podem reduzir sua depressão, conforme você sente menos estresse e maior desempenho.

Patricia H. Aust: CT Task Force on ADHD/author of HIPER HARRY for kids 8-12 (avaible at Amazon.com and the Amazon Kindle Store).

Postado por Patwriter em Mar 01, 2012 às 6:35 pm.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

190- TDAH - Uma palavrinha para as esposas


Ellen Kingsley - ADDitude fev 2012

Estratégias de sobrevivência para as esposas de maridos com TDAH que parecem as ignorar, esquecer ou desrespeitar... mas que talvez não tenham essa intenção.
Quando Jéssica viu Josh, foi amor à primeira vista. Ele era amável, alegre e disposto, sem dizer que era bonito e atlético. Quando ele lhe falou sobre seu TDAH, isto não a intimidou. “Ele estava indo muito bem na faculdade de direito”, ela conta. “Seu TDAH não parecia ter muito impacto sobre ele ou sobre o que ele fazia”. Mas Jéssica logo sentiria o impacto do TDAH no seu casamento. Isto foi por causa do estilo de vida que Josh adotou para dar conta do TDAH, estilo que consistia em estar sempre muito organizado e que criava uma estrutura muito rígida para sua vida. Do seu computador de mesa até a sua gaveta de meias, tudo tinha de estar em ordem e no lugar. “Ele tinha de ter as chaves num lugar certo”, conta Jéssica. “Se ele as perdesse, ficava louco”. Ele também era assim com sua conta bancária. “Antes do início de cada mês, tudo tinha de ser planejado e calculado. Eu tinha de saber exatamente quanto tinha de gastar e no quê a cada mês. Se não fosse assim, ele ficava ansioso e transtornado”.
Jéssica, de trinta e poucos anos, uma profissional acostumada com sua independência, achou esta questão do dinheiro especialmente difícil de aceitar. “Se algo acontecia e nos desviava do rumo, ele não conseguia dar conta”, ela diz. “Chegou ao ponto de se eu sofresse uma multa de trânsito de 50 dólares, ficava com medo de contar a ele”.
Se alguma coisa não mudasse, seu casamento estaria em perigo. Assim diz Lynn Weis, Ph.D., uma psicóloga clínica e especialista nos relacionamentos TDAH. “As mulheres geralmente acham que os rapazes TDAH são ótimos para namorar porque eles são ativos, companhias divertidas, alegres e dispostos”, diz Weiss. “Mas quando você tem de administrar um lar e uma vida movimentada, é outra história completamente diferente”.
“A diferença entre homens e mulheres são exacerbadas quando um homem tem TDAH”, diz Weiss. Se você concorda com a premissa de Weiss, de que as mulheres tendem a pessoalizar mais frequentemente, e de que os homens tendem a ser mais desligados emocionalmente, você pode entender o que ela quer dizer. Se o esposo age de certo modo, que parece dizer do seu desligamento (digamos, esquecer o tempo e chegar atrasado para encontrar a mulher no cinema) ela poderá sentir que ele não liga muito para ela. Quando o TDAH está envolvido, tais cenários acontecem mais frequentemente.
Lidando com o cenário “an-han”
A mulher diz, “Querido, você pode levar o lixo para fora?” e o marido TDAH responde “An-han”. Três horas mais tarde, o lixo ainda está lá dentro. A mulher pessoaliza: “Ele está sendo oposicionista”, ou “Ele nunca me ouve”, e isso a torna zangada. Começa uma briga. Será a primeira de muitas.
Segundo Weiss, “Esposas de homens TDAH precisam entender que o nível de atenção dos maridos para as tarefas é extremamente baixo”. “Ele não está agindo assim de propósito. Mas quando ela começa a pessoalizar seu comportamento, o casamento fica em perigo”.
Para sair desta situação de armadilha an-han, primeiro a esposa tem de entender que o problema é: dificuldade de prestar atenção e de se fixar na tarefa é o maior dos problemas do TDAH. Aceitando este fato da vida, ela precisa, então, ajustar seu pedido de um jeito que penetre num nível mais profundo da atenção dele, para que haja efeito. Weiss sugere uma estratégia de quatro passos:
Toque seu marido quando fizer o pedido. Pessoas com TDAH recebem informação mais facilmente e mais eficazmente quando vários sentidos são estimulados.
Faça contato com seu marido pelo olhar e mantenha-o atraído por meio da conversa. Diga a ele, “Obrigada, eu realmente gosto quando você cuida do lixo”. Espere a resposta dele.
Dê um limite de tempo para ele. Diga, “Eu me sentiria melhor se você retirasse o lixo até às 3 da tarde”. (Note o uso positivo da linguagem). Pergunte a ele o que ele acha disso.
Se for preciso, lembre-o novamente. Ele pode precisar de você para isso.
Weiss nota que muitas mulheres recusam este conselho; dizem que seria mais fácil elas mesmas retirarem o lixo ou que essas interações estudadas são “como educar outro filho”. Grande erro.
“Se a estratégia é elaborada de um modo condescendente, haverá problemas secundários”, diz Weiss. “A mulher tem de entender que se ela acha que prestar atenção ou organização ou dar prosseguimento são comportamentos mais maduros, o casamento sofrerá.”
Em resumo, não julgue moralmente o comportamento TDAH do seu marido. Seja responsável pela sua parte da equação. Ele é o homem que você amou o bastante para se casar. Você deve a ambos o aprendizado sobre  o TDAH e o desenvolvimento de mecanismos para viverem juntos.
O cenário controlador
A descrição de Jéssica das “loucuras” do seu marido sobre as chaves fora do lugar e dos itens fora do orçamento fala sobre sua intensa ansiedade com a perda de controle do seu mundo. Pessoas com TDAH, cuja habilidade interna em permanecer organizadas e no controle do seu universo pode estar faltando, geralmente se ajustam por meio da criação de um ambiente altamente estruturado para elas mesmas.
“Elas acham de verdade que, se perderem alguma coisa, tudo desabará”, diz Weiss. E os que não têm TDAH têm de respeitar isto.
Então, novamente, um casamento consiste de duas pessoas que precisam trabalhar junto como um time. Algumas dicas úteis:
Para ela: Não mexa nas coisas dele. Cada esposo deve ter áreas separadas para o trabalho ou para os itens pessoais. Se incomoda ao parceiro ter suas coisas rearrumadas ou perder de alguma forma o controle delas, então tente não tocar nelas. “Ela realmente não deve estar na mesa dele”, diz Weiss.
Para ele: Seja dono do seu comportamento. É preciso saber que seu controle exagerado e seus hábitos superestruturados  são compensatórios e que agir com raiva não é “legal” ou aceitável. Ajuda desenvolver um senso de humor autocrítico sobre isso também (por exemplo, “Se eu não tivesse minha cabeça grudada no pescoço, provavelmente eu já a teria perdido”). Os tipos supercontroladores podem ser de difícil convivência, mas o instinto pessoal e o bom humor farão sua mulher se sentir bem melhor.
Comentários dos leitores:
Sarafina Carter – Já estou cansada de ver os cenários dos relacionamentos TDAH envolvendo somente a mulher não TDAH, especialmente em fóruns de especialistas como este! – Mulheres também têm TDAH, vocês sabem (e as últimas teorias reconhecem que isso tem a mesma proporção que os homens; ele, o TDAH é menos diagnosticado nas mulheres!)
Blue Gal – Exatamente Sarafina. E a aceitação de que aos homens é permitido controlar as mulheres, enquanto a mulher deve ter certeza de não pessoalizar o comportamento controlador do seu marido? Um homem com TDAH e TOC, que perde a razão por causa de um gasto inesperado (e, convenhamos, em que mês isto não ocorre?) precisa de aconselhamento conjugal e treinamento para o controle da raiva. E ele terá sorte se o seu casamento sobreviver a esta espécie de absurdo. O artigo não vai muito fundo para mostrar como os homens precisam dominar seu comportamento.
Twalden – em vez de falar sobre como seu marido TDAH está fazendo isso e aquilo, por que não aprender sobre isso o mais possível? Se você não aprender, ficará presa a muitas situações que não saberá como manejar. Se eu soubesse que tinha TDAH quando me casei, seria capaz de pedir ajuda. Fui só recentemente diagnosticado, entretanto eu sabia que era TDAH durante anos. Meus médicos me diziam apenas que eu tinha transtorno de ansiedade generalizada, não TDAH. A terapia também é útil para alguém com TDAH, e o humor ajuda. Entretanto, se você fizer um tratamento de terapia cognitiva comportamental, on-line ou pessoalmente, ele definitivamente vai lhe ensinar como controlar o TDAH. Ele não é uma doença, é um transtorno e você pode também acionar o seguro social de invalidez por causa dele, se o seu psicólogo apresentar as provas suficientes, após os testes. Estes são feitos basicamente on-line e são de 300 a 500 perguntas, e são acurados. Eu desejo a você a melhor sorte com tudo, não desista do seu esposo por causa de um transtorno que não é culpa dele. Algumas pessoas eventualmente vão embora, e outras ficam por toda a vida. Então, se você ama de verdade o seu marido, a despeito do TDAH dele, você precisa aprender como ter paciência e o que afinal é o TDAH. Outra coisa: precisamos aceitar as mágoas dos outros, seus mau-humores  e hábitos, especialmente se os amamos, apesar de todo o resto. Amor incondicional é isto, incondicional.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

189- Álcool, gestação e concepto

Profa. Dra. Maria Valeriana Moura-Ribeiro

Nas últimas cinco décadas a literatura internacional tem publicado trabalhos valorizando os avanços na saúde materno fetal, nos cuidados obstétricos com notáveis aprimoramentos da Medicina neonatal em unidades de tratamento intensivo. As delineações de pesquisas bem conduzidas em populações hígidas normais, proporcionou a organização de curvas padrões demonstrativas da evolução do crescimento linear, estatura, peso e perímetros, indicadores sensíveis da saúde e bem estar infantil.
Conjuntamente, foram definidos parâmetros e normatizações evolutivas relacionadas ao neurodesenvolvimento, observando aquisições motoras, posturais, cognitivas, comportamentais e do aprendizado em lactentes, pré-escolares e escolares. No entanto, ao se traçar as referidas normatizações direcionadas a crianças saudáveis, a partir de 1970 surgiu a necessidade da caracterização de fatores de risco e proteção para crianças e gestantes. Dessa forma os indivíduos (crianças e gestantes) poderiam estar expostos a um ou vários fatores adversos.
A identificação de agentes agressores pré e pós-natais se tornaram propostas de pesquisas no sentido de constatar ou não a correlação com morbidades, observando a repercussão nos conhecidos parâmetros do neurodesenvolvimento. Como decorrência, progressivamente se implantou assistência de qualidade à gestante, ao feto, ao neonato e ao lactente de risco para morbidades. Essas providências direcionadas a proteger amplamente as várias etapas no desenvolvimento da criança, na verdade representavam a constatação da integridade funcional do cérebro em pleno desenvolvimento.
Os conhecimentos detalhados sobre as funções corticais superiores, a evolução da genética médica, os avanços tecnológicos em imagem, as constatações neurobiológicas envolvendo o funcionamento dinâmico das redes neurais, têm favorecido a compreensão de padrões atípicos e normais das avaliações clínicas, neurológicas, comportamentais e de aprendizado.
No Projeto Atenção Brasil-2010 foram identificadas 405 crianças e adolescentes (em um total de 5.961 indivíduos) nascidos de mães que ingeriram bebidas alcoólicas na gestação, com comprometimento da saúde mental e escolaridade dos conceptos. Essa situação, aqui identificada, pode condicionar o aparecimento de alterações físicas, cognitivas, comportamentais, evidenciáveis em diferentes fases do desenvolvimento, merecendo, do ponto de vista médico e dos profissionais da saúde não médicos, atuações e remediações.

Assim, no recém-nascido e no lactente podem ser identificados sinais faciais da Síndrome Alcoólico Fetal (SAF), completa, parcial ou às vezes bem sutil, como: nariz antivertido, lábio superior fino, filtro liso, implantação baixa de orelhas, fissura palpebral pequena, semiptose palpebral e face achatada.
Na dependência do tempo de utilização, da concentração de álcool na bebida, da quantidade ingerida por dia e fatores nutricionais envolvidos, podem também ocorrer microcefalia, hipotonia, distúrbios do sono e grande irritabilidade, comprometendo o vínculo psicoafetivo mãe-filho.

Evrard, pesquisador francês, em 1998 apresentou trabalhos  demonstrando que o etanol determinava morte celular no neuroepitélio primitivo e, na sequência, interferência  na migração neuronal em função do comprometimento da glia radial e dos componentes químicos facilitadores do deslocamento neuronal para a formação das camadas corticais programadas geneticamente. Esse autor constatou também que o etanol comprometia a gliogênese e, dessa forma, foi comprovada a presença de distúrbio neuronoglial com interferências na formação do mapa cortical, por alteração nas colunas verticais, particularmente das regiões pré-frontais e circuitos frontocerebelares. Enquanto que, em relação a alterações estruturais, foi detectada também a redução no tamanho dos gânglios da base e núcleos talâmicos.

Assim, a mãe gestante alcoólatra tem o álcool como fator agressor grave para o pré-embrião, embrião e feto, comprometendo a estrutura, a ultraestrutura, a bioquímica e a funcionalidade de redes neurais nas diferentes fases do neurodesenvolvimento. Essa restrição da neurogênese, da gliogênese e da migração neuronal, além da interferência na integração de rotas precoces, explicam as anormalidades corticais generalizadas e setoriais (linguagem, memória espacial, memória de trabalho, alterações do sono e, outras) encontradas na SAC.
Como informação complementar, drogas ilícitas, particularmente a cocaína, comprometem de maneira semelhante a arquitetura celular neocortical com alterações na laminação vertical e horizontal, com repercussão imediata nas interconexões sinápticas envolvendo axônios e dendritos. Nos experimentos em animais a cocaína comprovadamente determina alterações na gliogênese, sendo identificadas também mitoses discronológicas.

Neuroimagem em crianças e exposição pré-natal ao álcool
É necessário avaliar na gestante alcoolizada ou alcoólatra a somatória de fatores associados como o uso de nicotina, desnutrição, jejum prolongado, envolvimento importante do psiquismo materno, abandono, rejeição à gravidez, traumas de maior ou menor gravidade (maus tratos), infecções e utilização de fármacos como o misoprostrol.

Quais as interferências complementares no microambiente envolvendo neurotransmissores, moléculas de adesão, aminoácidos, íons cálcio, potássio, sódio, monoaminas e enzimas?
Os neurotransmissores são biomoléculas que dinamicamente transmitem informações entre os neurônios (serotonina, adrenalina, noradrenalina, dopamina, etc.). Cole & Li em 2011 apresentam importante revisão a respeito de estudos com neuroimagem funcional em crianças e adultos nascidos de mães que utilizaram álcool na gestação. Riitkronen em 1999 verificou a perfusão cerebral através de SPECT identificando comprometimento das regiões temporal, pré-frontal e parieto-occipital de crianças.

Do ponto de vista clínico, em estudo utilizando grupo controle, foi possível verificar alterações do ciclo sono e vigília, da atenção, da cognição e, ainda, alterações sensoriais comprovadas por potenciais evocados auditivo e visual. Foram identificadas alterações do comportamento, do aprendizado, atenção sustentada, dificuldade de reconhecimento facial, memória de trabalho espacial, verbal, processamento aritmético e números.
Estudos com ressonância magnética funcional identificaram comprometimento da atividade funcional em região frontal inferior e média e no caudado direito. No que se refere à neuro ativação para processamento aritmético a resposta foi menor no parietal e pré-frontal. Outra possibilidade estudada foi aquela associada a morbidade psiquiátrica.

Concluindo
Inúmeras pesquisas clínicas envolvendo neuroimagem comprovam que a exposição ao álcool durante a gestação repercute na criança, no adolescente e no adulto, condicionando um decréscimo da eficiência neurológica nas diversas regiões cerebrais. Do ponto de vista clínico comportamental, cognitivo e psiquiátrico, foram confirmados e documentados comprometimentos através de neuroimagem, justificando a necessidade de assegurar assistência de qualidade à gestante e ao feto.

http://www.aprendercrianca.com.br/informacao/noticias-do-cerebro/alcool-gestacao-e-concepto

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

188- O treinamento (coaching) ajuda os universitários com TDAH? (3a. parte)

Resumo e conclusões
Os resultados deste estudo indicam que os estudantes universitários com TDAH sentem que o treinamento foi útil. Os achados qualitativos se equivalem aos do estudo quantitativo. Neste, os estudantes, escolhidos ao acaso para receberem o treinamento, relataram mais vantagens em suas funções executivas, habilidades de estudo e de organização do que os do grupo controle, quando avaliados por um instrumento validado chamado “the Learning and Study Strategies Inventory”. Isto foi verdadeiro embora não fossem encontradas diferenças no GPA dos estudantes.
O modelo de treinamento empregado neste estudo tinha um grande apelo intuitivo. O foco no estabelecimento de metas acadêmicas, o monitoramento do progresso, dividindo longos projetos em sequências de tarefas mais específicas e administráveis, junto ao contato frequente para ajudar os estudantes a se manter no rumo, tudo isso é consistente com o consenso emergente de que o TDAH é um transtorno  da função executiva (para uma discussão maior sobre esta visão vá a www.drthomasebrown.com/brown_model/index.html ). Desta perspectiva, o treinamento pode ser um jeito melhor do que os modelos tradicionais de terapia e poderia certamente complementar os outros benefícios que os estudantes poderiam receber do tratamento médico.
O método pelo qual o treinamento foi proporcionado neste estudo, isto é, chamadas telefônicas e contato entre as sessões via texto e e-mail, também é claramente melhor para as necessidades dos estudantes do que dirigir para fora do campus para se encontrar com um provedor de saúde mental. Isto é outro aspecto importante deste modelo.
Novos estudos deste método deverão seguir os estudantes por períodos mais longos para verificar se o treinamento leva a ganhos duradouros nas habilidades visadas pela intervenção. Por exemplo, seria importante aprender se o treinamento seguido é necessário para manter as mudanças de comportamento relatadas, ou, se os estudantes são capazes de manter essas mudanças por si mesmos depois de trabalharem com um treinador por um período determinado.
Críticos desta abordagem podem argumentar que os benefícios reais do treinamento são limitados porque os pesquisadores não encontraram nenhum efeito no GPA atual dos estudantes ou no número de créditos que eles obtiveram durante os primeiros anos de faculdade. Entretanto, pode ser treinamento mais demorado seja requerido para produzir essas mudanças conforme os estudantes empregam seu comportamento acadêmico melhorado por um maior período. A este respeito, também é válido notar que não há nenhuma pesquisa demonstrando efeitos positivos do tratamento medicamentoso sobre o GPA dos estudantes; de fato, a espécie de estudo requerida para determinar isto ainda não foi feita.
Eu também sugeriria que não obstante como o treinamento possa ou não afinal impactar o GPA, a experiência que os estudantes relataram é algo que muitos pais iriam querer para seus filhos. O fato de que os estudantes relataram sentimento de aumento do bem estar e da confiança  me parece tão importante e convincente por sua própria natureza.

Revisão feita por David Rabiner, Ph.D.
Associate Research Professor
Dept. of Psychology & Neuroscience
Duke University


Veja as postagens 186 e 187, primeira e segunda parte desta revisão

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