Novartis Biociências S.A.
Av. Professor Vicente Rao, 90
04636-000 - São Paulo – SP - Brasil
www.novartis.com.br
À Presidente da Associação Brasileira do Déficit de Atenção,
Sra. Iane Kestelman
Prezada Sra. Iane,
Em resposta à Carta Aberta para a Novartis com o questionamento sobre o
desabastecimento de Ritalina® e Ritalina® LA (cloridrato de metilfenidato), a Novartis
reitera a informação previamente divulgada, através dos canais de comunicação com a
classe médica e pacientes em tratamento, que está reestabelecendo o abastecimento
dos medicamentos no mês de agosto.
Os lotes de Ritalina e Ritalina LA já estão sendo faturados para o mercado - centros de
distribuição, farmácias e Secretarias de Saúde do país – desde o dia 24 de julho.
A empresa está fortemente atenta ao processo e tomando todas as providências ao
seu alcance para regularizar o fornecimento dos medicamentos, pois entende a
importância da continuidade no tratamento dos pacientes.
Para mais detalhes sobre o tema, o nosso Serviço de Informações ao Cliente poderá
ser contatado via e-mail sic.novartis@novartis.com ou telefone 0800-888-3003.
Atenciosamente,
João Sanches,
Diretor de Assuntos Corporativos
[Eu digo: falou e não explicou]
Blog destinado à divulgação dos diversos aspectos do TDAH e do que mais eu quiser. As opiniões são de responsabilidade dos autores e podem não ser compartilhadas por mim (Dr. Menegucci).. Todo mundo é gênio. Mas, se você julgar um peixe pela sua habilidade de subir numa árvore, ele vai passar a vida toda pensando que é burro..
sexta-feira, 7 de setembro de 2018
sábado, 9 de junho de 2018
AUTISMO - PESQUISADORES BRASILEIROS CRIAM MÉTODO PARA DETECÇÃO - 445
Pesquisadores brasileiros criam instrumento para rastrear autismo de forma rápida e barata
Teresa Santos (colaborou Dra. Ilana Polistchuck)
NOTIFICAÇÃO 6 de junho de 2018
Pesquisadores brasileiros desenvolveram uma ferramenta para rastrear autismo que pode ser utilizada em diferentes ambientes, inclusive na atenção primária. O instrumento, intitulado Observação Estruturada para Rastreamento de Autismo (OERA), pode ser aplicado em 15 minutos, por profissionais não especializados em autismo e tem baixo custo. A pesquisa de validação está publicada na edição de maio do Journal of Autism and Developmental Disorders[1]. A psicóloga Cristiane Silvestre de Paula, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), coordenou a pesquisa. Ela falou sobre o trabalho em entrevista ao Medscape.
Pesquisadores brasileiros desenvolveram uma ferramenta para rastrear autismo que pode ser utilizada em diferentes ambientes, inclusive na atenção primária. O instrumento, intitulado Observação Estruturada para Rastreamento de Autismo (OERA), pode ser aplicado em 15 minutos, por profissionais não especializados em autismo e tem baixo custo. A pesquisa de validação está publicada na edição de maio do Journal of Autism and Developmental Disorders[1]. A psicóloga Cristiane Silvestre de Paula, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), coordenou a pesquisa. Ela falou sobre o trabalho em entrevista ao Medscape.
Cristiane afirma que o diagnóstico do autismo exige dois tipos de avaliação: uma entrevista co5m os pais e uma observação estruturada da criança em situação clínica. O OERA se enquadra nesse segundo tipo.EÇÃO
Ferramenta é baseada na aplicação de jogos
Trata-se de um instrumento criado para medir marcadores comportamentais em crianças, entre três e 10 anos de idade, com transtorno do espectro autista[2]. A psicóloga explica que a ferramenta foi baseada na quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5)[3], e testa basicamente dois aspectos: comunicação social e comportamentos restritivos e estereotipados.
Trata-se de um instrumento criado para medir marcadores comportamentais em crianças, entre três e 10 anos de idade, com transtorno do espectro autista[2]. A psicóloga explica que a ferramenta foi baseada na quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5)[3], e testa basicamente dois aspectos: comunicação social e comportamentos restritivos e estereotipados.
A versão inicialmente elaborada pelos pesquisadores era composta de oito itens semiestruturados e 14 itens observacionais. Após o estudo de validação, a versão final ficou com os oito itens semiestruturados – (1) resposta ao nome, (2) iniciação da atenção compartilhada, (3) resposta de atenção compartilhada, (4) imaginação ('brincadeira simbólica'), (5) sorriso social, (6) nomeação de duas figuras, (7) compartilhamento de prazer na interação, (8) apontamento de objeto – e cinco itens observacionais – (9) ecolalia (repetição de palavras e frases faladas que ouve), (10) uso do corpo de outros para se comunicar, (11) apontar, (12) contato visual incomum e (13) expressões faciais direcionadas para os outros –, somando 13 itens no total.
O aplicador utiliza uma caixa lúdica para jogar com a criança. A atividade é filmada e depois avaliadores observam a gravação e pontuam. Os itens são dicotômicos, onde zero corresponde a um comportamento típico e um representa presença de sinal/sintoma de autismo. Uma pontuação igual ou maior que cinco é indicativa do transtorno do espectro autista, visto que esse ponto de corte foi o que apresentou maior sensibilidade (92,75%) e especificidade (90,91%) no estudo de validação.
OERA é capaz de diferenciar autismo de outras síndromes
A pesquisa de validação incluiu 99 crianças, sendo 76 com transtorno do espectro autista. Elas foram recrutadas em três clínicas especializadas da cidade de São Paulo. As outras 23 crianças não tinham autismo, porém 11 tinham deficiência intelectual e 12 tinham comportamento típico.
A pesquisa de validação incluiu 99 crianças, sendo 76 com transtorno do espectro autista. Elas foram recrutadas em três clínicas especializadas da cidade de São Paulo. As outras 23 crianças não tinham autismo, porém 11 tinham deficiência intelectual e 12 tinham comportamento típico.
Profissionais não especializados (estudantes de graduação, psicólogos e geneticistas) foram treinados para aplicar a ferramenta. O treinamento presencial durou seis horas e incluiu explicação dos conceitos do transtorno do espectro de autismo abordados no OERA, informação sobre o processo de avaliação, e como gerenciar o comportamento durante o teste. Atualmente, houve um aprimoramento e o treinamento tem sido oferecido com sucesso em três horas. A pontuação foi feita de forma independente por dois profissionais especialistas em autismo que assistiram aos testes filmados. Eles não tinham conhecimento inicial sobre o diagnóstico das crianças avaliadas. A ferramenta permitiu acertar o diagnóstico das crianças em mais de 90% dos casos e, segundo a pesquisadora, foi sensível para diferenciar o autismo de outras síndromes.
Mais barato e mais simples que o padrão-ouro
Atualmente, o padrão-ouro em termos de avaliação observacional é o Autism Diagnostic Observation Schedule (ADOS)[4]. Segundo Cristiane, ele ainda está em processo de validação no Brasil, porém é um instrumento caro e extenso.
Atualmente, o padrão-ouro em termos de avaliação observacional é o Autism Diagnostic Observation Schedule (ADOS)[4]. Segundo Cristiane, ele ainda está em processo de validação no Brasil, porém é um instrumento caro e extenso.
“A caixa lúdica utilizada no ADOS precisa ser importada (custa cerca de U$ 1,5 mil) e o treinamento também tem valor elevado (cerca de R$ 7 mil). Além disso, a avaliação demora entre 60 e 90 minutos e acaba não sendo factível para ser implementada no dia a dia da maioria dos serviços de atenção primária, sendo utilizada principalmente em pesquisas e em centros de referência. Nos demais lugares, utilizam-se mais ferramentas de rastreamento”, explica a especialista.
São três as principais ferramentas de rastreamento de autismo que também trabalham com crianças entre três e 10 anos de idade descritas na literatura: o Childhood Autism Rating Scale (CARS)[5], o Autism Mental Status Exam (AMSE)[6,7] e uma versão reduzida do ADOS[8,9]. Apenas o AMSE está validado no Brasil pelo grupo da UNICAMP[10]. Embora todas sejam ferramentas importantes, elas apresentam algumas limitações. Por exemplo, nenhuma fornece validade de constructo, tampouco traz evidências de invariância em populações com diferentes quocientes de inteligência (QI), sexo ou idade.
O OERA passou por validação de constructo, apresentando índices bons na análise fatorial confirmatória, e não apresentou função diferencial em termos de idade/sexo/QI. Quando comparado à ferramenta padrão-ouro (ADOS), o instrumento dos pesquisadores brasileiros é mais rápido, a aplicação dura 15 minutos, e mais barato (a caixa lúdica custa cerca de R$100).
Quando utilizar
As diretrizes internacionais e a Sociedade Brasileira de Pediatria orientam que durante uma entrevista pediátrica, ou quando a criança vai fazer uma vacina com 12, 18 meses de idade, já se deve começar a investigar se há alguma alteração no desenvolvimento. Além disso, o ideal, segundo a psicóloga, é que todo o profissional tenha formação adequada para perceber, pelo olhar da criança, que há algo de diferente nela.
As diretrizes internacionais e a Sociedade Brasileira de Pediatria orientam que durante uma entrevista pediátrica, ou quando a criança vai fazer uma vacina com 12, 18 meses de idade, já se deve começar a investigar se há alguma alteração no desenvolvimento. Além disso, o ideal, segundo a psicóloga, é que todo o profissional tenha formação adequada para perceber, pelo olhar da criança, que há algo de diferente nela.
“Nos casos de suspeita de alteração preconizamos que se utilizem os instrumentos de rastreamento disponíveis, tal como o OERA. Para fortalecer essa suspeita, importante complementar o OERA com instrumentos de rastreamento segundo entrevista com os pais, como o Autism Behavior Checklist (ABC) que está validado no Brasil[11]. Após a confirmação, o melhor é encaminhar a criança para uma equipe especializada”, esclarece a pesquisadora.
O atendimento especializado permitirá fazer a avaliação mais completa das potencialidades da criança e traçar um planejamento singular terapêutico.
O OERA pode ser aplicado, portanto, em casos suspeitos na atenção primária, por profissionais como pediatras e enfermeiros, com formação mínima na infância, após treinamento.
Ferramenta segue em aperfeiçoamento
Os pesquisadores vêm trabalhando no desenvolvimento do OERA há 10 anos. “Buscamos sempre desenvolver um material de alta sensibilidade, que seja acessível a toda a rede e com boa qualidade”, conta Cristiane.
Os pesquisadores vêm trabalhando no desenvolvimento do OERA há 10 anos. “Buscamos sempre desenvolver um material de alta sensibilidade, que seja acessível a toda a rede e com boa qualidade”, conta Cristiane.
Mas, a equipe segue aperfeiçoando o instrumento. Atualmente, está em andamento um estudo com três objetivos principais: 1) verificar se o profissional não especialista consegue fazer a pontuação; 2) investigar se o OERA pode ser aplicado em uma faixa etária ainda menor; e 3) checar se ele consegue detectar casos de autismo leve.
A questão da pontuação é importante, pois, segundo Cristiane, uma vez que o profissional não especialista seja capaz de pontuar as avaliações, haverá maior independência dos recursos de alta e média complexidade na avaliação inicial. Sobre a faixa etária, ela explica que embora o instrumento seja aplicável em crianças de três a 10 anos, a maioria dos participantes incluídos no estudo tinha cinco anos de idade.
“Vamos tentar agora com crianças a partir de dois anos de idade, pois quanto mais precoce é o diagnóstico, melhor”, destaca.
E, quanto à gravidade do transtorno, ela afirma que a maioria (cerca de 80%) das crianças com autismo analisadas no primeiro estudo tinha deficiência intelectual, representando casos mais graves.
“Assim, o objetivo nessa nova pesquisa é trabalhar a ferramenta em uma amostra na qual os casos leves sejam predominantes, a fim de identificar se ela consegue detectá-los: quanto mais leve o quadro, mais difícil é a detecção”, diz.
Referências
12
12
Citar este artigo: Pesquisadores brasileiros criam instrumento para rastrear autismo de forma rápida e barata - Medscape - 6 de junho de 2018.
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018
Maconha e tratamento do Autismo. Há ciência por trás disso? (444)
AUTISMO E TRATAMENTO COM MACONHA.
Há ciência por trás disso?
Há ciência por trás disso?
Por Kelley L. Harrison, MA, BCBA, LBA-KS; Thomas Zane, PhD, BCBA-D
Departamento de Ciência Aplicada do Comportamento, Universidade de Kansas.
Departamento de Ciência Aplicada do Comportamento, Universidade de Kansas.
Nos últimos anos, houve um aumento do número de Estados que aprovaram leis que tornam legal o uso da maconha, tanto para fins medicinais quanto recreacionais. Coincidindo com essa tendência é o crescente número de relatos que sugerem que essa droga pode ser usada para tratar os sintomas do TEA – Transtorno do Espectro Autista, e outros problemas do desenvolvimento. Entretanto, não há nenhum estudo controlado que avalie os efeitos da maconha no TEA. Atualmente, o governo federal classifica a maconha e seus produtos derivados como droga “CLASSE I”, significando que não há nenhum reconhecimento formal de seu uso médico, e que há um alto potencial para o abuso (Academia Americana de Neurologia, 2017).
Estatísticas recentes mostram que a maconha é a segunda substância mais popular entre os adolescentes, depois do álcool. Uma crença popular é que a maconha seja relativamente inofensiva. Os usuários da maconha relatam euforia, aumento das interações sociais, aumento do apetite, aumento da insensibilidade à dor e ao desconforto, e aumento do relaxamento. Infelizmente, os pesquisadores identificaram vários efeitos adversos do uso da maconha, especialmente quando usada por adolescentes. Por exemplo, os adolescentes são mais susceptíveis à adicção. De fato, um em seis adolescentes que usam maconha se tornará viciado. A maconha também tem efeitos no desenvolvimento cerebral de qualquer um antes dos 21 anos, e está correlacionada a um QI mais baixo, a maior abandono da escola, a diminuição da satisfação e das conquistas, e ao aumento do risco de desenvolvimento de doenças mentais (esquizofrenia). Além disso, Ellison (2009) relatou que o tetraidrocanabinol (THC), o ingrediente ativo da cannabis, interfere com a memória, a concentração e a atenção, que são os principais indicadores para o diagnóstico do Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
Composição da maconha e a lei atual.
A maconha é derivada da cannabis sativa, planta que contém mais de 60 compostos chamados canabinoides. O efeito euforizante associado ao uso da maconha é ativado pelo THC, que é considerado a maior substância psicoativa (Academia Americana de Neurologia, 2017). Outros compostos na maconha não têm uma influência psicoativa similar. A maconha pode ser fumada, ingerida e vaporizada como os e-cigarettes. Óleo de haxixe, que é uma forma altamente concentrada de maconha, contém concentração muito alta de canabinoides, e é de uso ilegal no presente.
Conforme o governo federal relaxa as leis relacionadas à legalidade da maconha, mais Estados têm autorizado o seu uso medicinal ou recreativo. Inicialmente, as leis permitiam que somente os adultos recebessem a droga. Entretanto, mais recentemente a FDA (United States Food and Drug Administration) aprovou canabinoides sintéticos derivados do THC para uso em crianças como estimulante do apetite, enquanto recebessem quimioterapia. Entretanto, é importante notar que essas versões sintéticas da droga não possuem propriedades psicoativas, e, por isso, acredita-se que sejam mais segurar para serem usadas.
Qual a ligação racional entre maconha e TEA?
Há algumas pesquisas publicadas que sugerem que a maconha pode aliviar a espasticidade e a dor generalizada em adultos, e alguns médicos estão começando a recomendar a maconha para crianças com problemas outros que não físicos (por exemplo, síndrome de Tourette, epilepsia, distonia, convulsões. Relatos isolados sugerem que a maconha pode aumentar a sociabilidade, intensificar a percepção, dar uma sensação de alentecimento do tempo, diminuir a agressividade e aumentar o apetite. Assim, em princípio, a maconha parece ser apropriada para uma série de comportamentos tipicamente associados a indivíduos com TEA (por exemplo: diminuição do apetite graves problemas de comportamento, incluindo agressão a outros ou a si mesmo, carência de habilidades sociais, incapacidade de manter a atenção. Autism Support Network, 2016).
Adicionalmente, os que propõem o uso da maconha argumentam que ela seja mais segura e que tenha menos efeitos colaterais que as outras medicações para controle de comportamento. Por exemplo, a Ritalina, medicação comumente receitada para o TDAH, que está associada a aumento dos tiques faciais, inibição do crescimento, depressão e insônia.
Adicionalmente, os que propõem o uso da maconha argumentam que ela seja mais segura e que tenha menos efeitos colaterais que as outras medicações para controle de comportamento. Por exemplo, a Ritalina, medicação comumente receitada para o TDAH, que está associada a aumento dos tiques faciais, inibição do crescimento, depressão e insônia.
Qual a evidência científica do uso da maconha no Autismo?
Correntemente, existem somente depoimentos testemunhais que apoiam o uso da maconha para tratar o Autismo. Por exemplo, há grupos que advogam seu uso, tais como: “Mothers for Medical Marijuana Treatment for Autism”, “Mothers Advocating Medical Marijuana for Autism (MAMMA)” e “Pediatrics Cannabis Therapy”. Eles afirmam que a maconha pode reduzir a chance de graves episódios comportamentais e tornar o indivíduo mais sociável e mais receptivo ao aprendizado. Entretanto, esses grupos não citam nenhum estudo controlado que possa apoiar essas afirmações. Além disso, eles afirmam que a maconha melhora os padrões de sono e permite que os indivíduos estejam mais presentes em seus contextos imediatos, também sem nenhuma pesquisa substancial.
Na internet podem ser encontrados vídeos que sugerem uma relação entre o uso da maconha e significativas melhoras do comportamento, sociabilidade e de outras áreas do desenvolvimento (por exemplo, https://www.youtube.com/watch?v=ISJ0fsCacMA). [é: i esse jota zero efe esse…]. Uma revisão das pesquisas da internet retornará centenas de histórias e de testemunhos apoiando a hipótese de que a maconha foi a causa da melhora dos indivíduos com autismo. Entretanto, a realidade é simplesmente de que não há nenhuma evidência científica de que essa droga seja relacionada a qualquer melhora no desenvolvimento, no comportamento ou nas avaliações acadêmicas. Quer dizer, não há nenhum estudo controlado, que use os métodos científicos aceitos, que avalie o impacto da maconha em nenhum dos sintomas do autismo. Assim, fica claro que nesse momento, não se demonstrou que a maconha seja um tratamento eficaz para o autismo.
Quais são os riscos associados ao uso da maconha para tratar o TEA?
Mais preocupante que a falta de evidência para apoiar o uso da maconha no tratamento do autismo, são as grandes dúvidas sobre a maconha ser considerada segura ou não. A casuística contra o uso dessa droga é muito convincente. Muitos relatos médicos descrevem em detalhes o conhecido perigo da maconha e os possíveis danos físicos e psicológicos que ela pode causar. É tão grande a preocupação em relação à falta de pesquisas que apoiem uma influência positiva no autismo, nas dificuldades do desenvolvimento e em outros transtornos pediátricos do comportamento, e o potencial para dano físico e psicológico, que várias organizações profissionais publicaram declarações de posicionamento afirmando que a maconha deve ser considerada uma preocupação para a saúde pública, e recomendando que futura legalização da droga seja postergada até que mais pesquisas sejam concluídas (por exemplo: American Academy of Neurology, 2017; American Academy of Pediatrics, 2016; American Medical Association, 2008; American Society of Addictive Medicine, 2014; American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, 2017). Por exemplo, a Academia Americana de Neurologia, em sua declaração de posicionamento de 2017, sobre o uso da maconha nas doenças neurológicas, deixa claro que não há nenhum estudo formal que apoie o uso da maconha e de seus derivados para melhorar várias condições neurológicas.
Além disso, há potenciais efeitos colaterais documentados, incluindo tonturas, ideação suicida, sensação de intoxicação, alucinações e mudanças de humor (algumas potencialmente irreversíveis).
Ademais, o uso crônico de maconha fora da área de necessidade médica,mtambém foi associado com perda de memória e dificuldades de aprendizado (American Academy of Neurology, 2017). Finalmente, a interação entre as drogas de receituário médico e a maconha não foram ainda muito bem estudadas e podem representar mais um risco.
Ademais, o uso crônico de maconha fora da área de necessidade médica,mtambém foi associado com perda de memória e dificuldades de aprendizado (American Academy of Neurology, 2017). Finalmente, a interação entre as drogas de receituário médico e a maconha não foram ainda muito bem estudadas e podem representar mais um risco.
Qual é o fim da linha?
No momento, não há nenhuma evidência que apoie o uso da maconha como um tratamento para o autismo. Isso, junto com os possíveis efeitos colaterais negativos, sugere fortemente que não devamos usar a maconha para o tratamento do TEA, ao menos até que a comunidade médica primeiro entenda que seja seguro. Entretanto, mesmo que se prove seguro, os profissionais vão precisar de pesquisas bem controladas, de alta qualidade, que usem a maconha como tratamento para o autismo. Esses estudos precisam avaliar os efeitos da maconha em comportamentos claramente definidos e cuidadosamente avaliados, para determinar qualquer impacto positivo e causal. Até que isso ocorra, está claro que o uso da maconha e de outros produtos relacionados com a cannabis está contraindicado para o tratamento do autismo. Por não haver nenhuma evidência científica de que a maconha seja benéfica para indivíduos com autismo, os pais e cuidadores de crianças com TEA devem pensar seriamente nos efeitos colaterais que podem ocorrer com o uso da maconha como um tratamento.
sexta-feira, 8 de dezembro de 2017
TDAH - Na sombra de um estereótipo 443
TDAH
- Na sombra de um estereótipo
Novos
fatos sobre o TDAH – “Descobertas das neurociências, de imagem
cerebral e de pesquisas clínicas mudaram dramaticamente o
conhecimento antigo sobre o TDAH como essencialmente um transtorno do
comportamento”. Esta é uma leitura obrigatória. Os editores de
ADDitude.
1-
TDAH 2.0 – Agora, os especialistas veem o TDAH como um defeito do
desenvolvimento do sistema cerebral de autocontrole – as funções
executivas. Atualize seus conhecimentos sobre o transtorno, e
abandone os mitos que ainda existem, com esses fatos sobre o TDAH:
2-
Novos versus Antigos Modelos – O Novo modelo do TDAH difere de
muitas maneiras da visão histórica desse transtorno como um
conjunto de problemas de comportamento das crianças pequenas. O novo
modelo é uma mudança de tipo paradigma para o entendimento do TDAH.
Ele se aplica a crianças, adolescentes e adultos. Ele se focaliza em
uma ampla faixa de funções de autocontrole ligadas a complexas
operações cerebrais, e estas não estão limitadas a comportamentos
prontamente observáveis. Mas, há uma substancial superposição
entre o velho e o novo modelo de TDAH.
3-
Foco ligado-desligado – Os dados clínicos indicam que os prejuízos
das funções executivas são variáveis de acordo com a situação.
Cada pessoa com TDAH pode, em cenários e situações específicas,
não apresentar nenhuma dificuldade no uso das funções executivas,
que estão significativamente comprometidas na maioria das outrs
situações. Tipicamente, são atividades nas quais o indivíduo com
TDAH tem um interesse pessoal forte ou situações com consequências
desagradáveis por falha em agir.
4-
Sinais na infância – Pesquisas recentes mostram que muitas pessoas
com TDAH funcionam bem durante a infância e não manifestam nenhum
sintoma significativo até a adolescência, ou mais tarde, quando
desafios às funções executivas de multiplicam. As agora mostram
que os sintomas do TDAH persistem até a idade adulta em muitos
pacientes. Em outros, os sintomas do TDAH da infância se dissipam
significativamente com a idade.
5-
QI alto e TDAH – A inteligência, medida pelos testes de QI, não
tem nenhuma relação sistemática com os prejuízos das funções
executivas associados ao TDAH. Estudos mostram que crianças e
adultos até mesmo com QI elevados podem sofrer os prejuízos do
TDAH. Isso torna difícil utilizar, consistente e efetivamente,
fortes habilidades cognitivas em muitas situações de vida.
6-
Conexão emocional – Pesquisas recentes mostraram o papel
importante das emoções no TDAH. Algumas pesquisas focalizaram
somente os problemas no controle das emoções sem inibição
suficiente. As pesquisas também mostraram que um deficit crônico
nas emoções que compõem a motivação é um prejuízo para muitos
indivíduos. Isso torna difícil, para eles, iniciar e sustentar a
motivação para atividades que não dão reforço imediato e
contínuo.
7-
Mapeando os deficit – As funções executivas são complexas e
envolvem não somente o córtex pré-frontal do cérebro. Indivíduos
com TDAH demonstraram ser diferentes quanto à taxa de maturidade de
áreas específicas do córtex na espessura do tecido cortical, nas
características das regiões parietais e cerebelares, assim com nos
núcleos da base e nos tratos da substância branca que conectam e
proporcionam comunicação, criticamente importante, entre várias
regiões do cérebro.
8-
Desequilíbrio químico – Os prejuízos do TDAH não são devidos a
um excesso global ou a falta de uma substância química específica
dentro ou ao redor do cérebro. O problema principal está
relacionado a substâncias químicas fabricadas, liberadas e
recaptadas ao nível das sinapses, as junções entre certas redes de
neurônios que modulam o sistema de controle do cérebro. Pessoas com
TDAH tendem a não liberar a quantidade suficiente dessas substâncias
químicas, ou a liberar e recaptá-las muito rapidamente. As
medicações para o TDAH ajudam a suavizar esse processo.
9-
O gene do TDAH – Não foi identificado nenhum gene único como a
causa do TDAH. As pesquisas recentes identificaram dois agrupamentos
diferentes de genes que, juntos, estão associados ao TDAH, embora
não sejam definitivamente a causa dele. Atualmente, a complexidade
do transtorno está provavelmente associada a múltiplos genes, cada
um dos quais, por si mesmo, tem somente um pequeno efeito no
desenvolvimento do TDAH.
10-
TDAH e TDO – A incidência do Transtorno Desafiador de Oposição
nas crianças com TDAH é de aproximadamente 40%. Crianças com o
tipo combinado de TDAH têm maior probabilidade de apresentar sinais
de TDO, o que é caracterizado por problemas crônicos com
negativismo, desobediência, comportamento hostil e/ou desafiador em
relação a figuras de autoridade. Tipicamente o TDO aparece em torno
dos 12 anos de idade e persiste por cerca de 6 anos, gradualmente
desaparecendo. Mais de 70% das crianças diagnosticadas com TDO nunca
desenvolvem Transtorno de Conduta (TC).
11-
TDAH e Autismo – As pesquisas demonstraram que muitos indivíduos
com TDAH têm significativos traços relacionados ao Transtorno de
Espectro Autista (TEA) e muitos diagnosticados com TEA também
preenchem os critérios para TDAH. Os estudos também mostraram que
os medicamentos para o TDAH podem ser úteis para aliviar os
problemas de TDAH nos indivíduos com TEA. Os medicamentos para o
TDAH também podem ajudar os que têm TEA+TDAH a melhorar alguns
sintomas específicos do TEA.
12-
Medicamentos e Mudanças Cerebrais - Pesquisas e testes clínicos
mostraram que os medicamentos para TDAH dão os seguintes benefícios
para algumas crianças e adultos:
a)
melhoram a memória de trabalho, o comportamento na sala de aula, a
motivação para fazer as tarefas e a persistência para resolver
problemas.
b)
minimizam o tédio, a distração quando fazem um trabalho, e as
crises emocionais.
c)
aumentam o desempenho nas provas, as taxas de graduação e outras
conquistas que podem ter efeitos duradouros.
d)
normalizam as anormalidades estruturais em regiões cerebrais
específicas.
13-
Medicamentos para Diferentes Idades – O ajuste fino da dosagem e do
horário dos estimulantes é importante porque a dose mais eficaz
depende do metabolismo, da genética, e do funcionamento dos
neurotransmissores, isto é, quão sensível é o corpo do paciente
àquela medicação específica. Geralmente os médicos começam com
doses muito baixas e aumentam gradualmente, até que seja encontrada
uma dose eficaz, ou que os efeitos colaterais apareçam de modo
significativo, ou que seja atingida a dose máxima recomendada.
Alguns adolescentes e adultos precisam de doses menores do que as
tomadas por crianças; alguma crianças pequenas precisam de doses
maiores do que a maioria dos seus colegas.
14-
Pré-escolares e Medicamentos – As pesquisas mostraram que a
maioria das crianças de 3 a 5 anos e meio, com TDAH moderado a
grave, tem melhora significativa dos sintomas quando tratada com
estimulantes. Os efeitos colaterais são ligeiramente mais comuns do
que os vistos em crianças maiores, mas ainda são mínimos. A
Associação Americana de Pediatria recomenda que crianças de 4 a 5
anos com prejuízo9s significativos do TDAH devem ser tratadas com
terapia comportamental, Se não for eficiente após 3 meses, estará
indicada a medicação estimulante.
15-
Impulsivo para Sempre? - Muitos indivíduos com TDAH nunca manifestam
níveis excessivos de hiperatividade ou de impulsividade na infância
ou depois. Entre os que são mai “hiper” e impulsivos na
infância, uma substancial porcentagem supera os sintomas no final da
infância ou início da adolescência. Porém, os prejuízos em
focalizar e manter a atenção, organizar as tarefas, controlar as
emoções e usar a memória de trabalho podem persistir e se tornarem
problemáticos, conforme a pessoa entra na adolescência e na idade
adulta.
16-
TDAH é Diferente – O TDAH difere de muitos outros transtornos
porque ele coexiste com outros deles. Os prejuízos de funções
executivas que constituem o TDAH também rondam outros transtornos.
Muitos transtornos de aprendizagem e transtornos psiquiátricos podem
ser comparados a problemas com um pacote de software pra computador,
que, quando não funciona bem, interfere com poucas funções. O TDAH
pode ser comparado a um problema no sistema operacional do computador
(Windows, Linux, por exemplo), que vai interferir no funcionamento de
muitos programas diferentes.
domingo, 19 de novembro de 2017
O que funciona para o tratamento do TDAH? O que dizem os pais? 442
O
que funciona para o tratamento do TDAH? O que dizem os pais?
Uma
pesquisa recentemente publicada na ADDitude Magazine resumiu os
relatos de aproximadamente 2500 pais sobre os tratamentos que
experimentaram para seus filhos. Um resumo completo da pesquisa pode
ser encontrado em
www.additudemag.com/adhd-treatment-options-caregivers-adults-survey-results
.
Qual
a frequencia com que os diversos tratamentos foram utilizados?
67%
- medicamentos receitados
37%
- exercícios
36%
- vitaminas, sais minerais e suplementos
29%
- dieta e plano de nutrição
26%
- coaching e aconselhamento
13%
- meditação
10%
- terapia comportamental/aulas de treinamento para os pais
05%
- neurofeedback com um clínico
03%
- treinamento cerebral caseiro
É
importante dizer que atualmente as pesquisas demonstram que medicação
e terapia cognitiva-comportamental são o que mais funciona e são
recomendadas pela academia Americana de Psiquiatria Infantil e do
Adolescente. Os dados acima provavelmente indicam que os pais têm
grande dificuldade para ter acesso à terapia.
Quanto
os pais acham que os diversos tratamentos funcionam? Extremamente
ou muito eficientes.
49%
- exercícios
41%
- medicação receitada
33%
- coaching e aconselhamento para TDAH
33%
- manejamento comportamental e aulas de treinamento para os pais
30%
- neurofeedback com um clínico
27%
- meditação
24%
- dieta e plano de nutrição
24%
- treinamento cerebral feito em casa
14%
- vitaminas, sais minerais e suplementos
Inversamente,
abaixo estão os resultados do que os pais acharam não muito ou
de nenhum modo eficiente
05%
- exercícios
13%
- manejamento comportamental e aulas de treinamento para os pais
19%
- coching e aconselhamento
19%
- meditação
26%
- medicação receitada
27%
- dieta e plano de nutrição
27%
- neurofeedback com um clínico
33%
- treinamento cerebral caseiro
42%
- vitaminas, sais minerais e suplementos
Como
26% dos pais acham que o tratamento medicamentoso não funciona, isso mostra as
limitações até mesmo de estudos bem conduzidos.
David
Rabiner, Ph.D. Research Professor Dept. of Psychology &
Neuroscience Duke University
Durham, NC 27708
Durham, NC 27708
domingo, 10 de setembro de 2017
Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é um diagnóstico válido para adultos? - 441
Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é um diagnóstico válido para adultos?
Dr.
Sivan Mauer -
29
de agosto de 2017
Nos
últimos anos observa-se um aumento significativo no número de
pacientes diagnosticados com transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade (TDAH), e consequentemente um aumento de
prescrições e do uso de anfetaminas, drogas que são
consideradas de primeira linha para o tratamento do transtorno. Um
estudo mostra que de 2002 a 2007 a incidência do diagnóstico
triplicou, principalmente entre indivíduos com idades entre 18 e
24 anos. O maior aumento de prescrição deste tipo de droga foi
no grupo de adultos jovens (de 2,3% para 4%), sendo que 65% das
prescrições são de metilfenidato.
Existe,
porém, uma grande controvérsia sobre a validade desse
diagnóstico em adultos. Para entender o porquê do aumento na
incidência deste diagnóstico e do questionamento da validade
dele, é preciso relembrar ao menos dois conceitos: os validadores
diagnósticos de Robins e Guze, e o conceito de temperamento.
Os
validadores do diagnóstico de Robins e Guze foram descritos nos
anos 1970 em relação à esquizofrenia e são: sintomas, curso da
doença, resposta ao tratamento e genética/história familiar.
Infelizmente estes conceitos se perderam com o lançamento do
DSM-III, em 1980.
Os
sintomas centrais do TDAH em adulto são hiperatividade ou
agitação psicomotora, falta de atenção e impulsividade, como
no TDAH na criança. Algumas mudanças foram feitas no DSM-V, além
de oficialmente aceitar o diagnóstico de TDAH em adultos, o que
não ocorria até o DSM-IV. Anteriormente eram necessários seis
dos nove sintomas de falta de atenção e/ou
hiperatividade/impulsividade. Hoje são necessários apenas cinco
para adultos e adolescentes acima dos 17 anos. Alguns críticos
sugerem que o diagnóstico de TDAH em adultos seria um conceito
equivocado por vários motivos, entre eles a presença de
temperamentos afetivos.
Frequentemente
pessoas com temperamentos hipertímicos e ciclotímicos irão ter
dificuldades atencionais, devido a constantes ou frequentes
estados maníacos e depressivos. TDAH pode refletir o
subdiagnóstico destas condições. A distração, por exemplo, é
um dos sete critérios para mania do DSM. Um estudo com 1380
sujeitos identificou que distração é o sintoma mais associado a
mania ou mania subsindrômica.
Agitação
psicomotora ou hiperatividade, que é central para os transtornos
afetivos desde Kraepelin, é também outro sintoma que se sobrepõe
ao diagnóstico de TDAH. A inabilidade de adiar gratificação, ou
impulsividade, é também um dos critérios para o diagnóstico do
TDAH, mas impulsividade é muito comum no curso dos transtornos
afetivos em episódios maníacos e depressivos. Em suma, todos os
sintomas do TDAH no adulto se sobrepõem com sintomas de
transtornos afetivos.
Previamente
no DSM-IV, para o diagnóstico de TDAH era necessário que alguns
sintomas se manifestassem até os sete anos de idade. Hoje, no
DSM-5, essa idade passou para 12 anos, o que significa que o TDAH
pode iniciar na adolescência. Existem alguns estudos sobre a
persistência do diagnóstico até a idade adulta, mas a maioria
deles não corrige para "comorbidades", isto é, outros
diagnósticos poderiam causar os mesmos sintomas do TDAH.
Entretanto,
a maioria dos pesquisadores concorda que os sintomas diminuem na
idade adulta. Uma explicação possível é que pacientes com
TDAH têm atraso na maturação cortical. Dois estudos do mesmo
grupo observaram um atraso principalmente na região pré-frontal,
que é importante para o controle cognitivo, incluindo atenção
e planejamento motor. Outra hipótese, sustentada por diversos
estudos retrospectivos, seria de que as crianças com TDAH na
idade adulta irão mudar o diagnóstico para transtornos
afetivos.
O
estudo de coorte prospectivo mais recente iniciou o
acompanhamento em 1993 de 5.249 sujeitos que foram seguidos do
nascimento até a idade adulta com 18 anos. Aos 11 anos eles
foram triados para TDAH, dos quais 8,9% preencheram os critérios
para a "doença". Esta triagem foi repetida aos 18 anos
e 12,2% preencheram os critérios para TDAH. A questão mais
importante na metodologia deste estudo é que os autores não
ignoraram as comorbidades. Quando os autores ajustaram os
resultados levando em conta as comorbidades, que também poderiam
provocar alteração da atenção, a prevalência aos 18 anos de
idade caiu para 6,3%. Os transtornos afetivos e condições
ansiosas são a causa aparente de 50% dos diagnósticos de TDAH
no adulto.
As
doenças psiquiátricas são altamente hereditárias. Uma revisão
sistemática concluiu que as duas doenças mais hereditárias são
o transtorno afetivo bipolar e a esquizofrenia, com
respectivamente 85% e 81% de hereditariedade. Em relação ao
TDAH as últimas revisões sugerem uma hereditariedade de 35%, o
que é considerado baixo.
Anfetaminas,
como o metilfenidato e dexanfetamina, são o "padrão-ouro"
para o tratamento do TDAH em adultos. As anfetaminas são drogas
bastante controversas. Alguns estudos mostram resposta destas
drogas em controles sem TDAH. Esta questão para muitos autores
invalidaria este critério como validador de diagnóstico, já
que todos teriam respostam parecidas com a medicação. Um estudo
randomizado com jogadores de xadrez sem TDAH comparou modafinila,
metilfenidato, cafeína e placebo. No final do estudo, modafinila
melhorou o desempenho em 15%, metilfenidato em 13%, cafeína em
9% e placebo em 0%. Além disto, as anfetaminas têm se mostrado
neurotóxicas em estudos com animais. Em humanos, ressonância
magnética estrutural tem mostrado que cérebros de crianças com
TDAH não tratadas com estimulantes apresenta mais rápido
engrossamento e menor volume de substância branca do que
crianças com TDAH tratadas com estimulantes.
Os
mecanismos responsáveis pela neurotoxicidade das anfetaminas não
estão totalmente compreendidos. Possíveis hipóteses passam por
intenso estresse oxidativo, aumento do corticosteroide como
resposta ao estresse, diminuição da sobrevivência das novas
células do hipocampo, e alteração dos circuitos pré-frontais.
Outra importante evidência é que as anfetaminas têm uma alta
associação com mania/hipomania. Em um estudo americano esta
taxa chegou a 40%. Ressalta-se também que estas medicações
podem piorar os sintomas dos temperamentos hipertímicos e
ciclotímicos. Paradoxalmente, podem até agravar a atenção
nesses
pacientes com a piora dos sintomas maníacos.
Para
finalizar, poderíamos ainda incluir o conceito de diagnóstico
hierárquico, no qual diagnósticos só devem ser feitos com
exclusão de outros que poderiam causar sintomas similares. O
exemplo clássico é a neuro sífilis, que causa quadros de
mania, depressão e demência. O conceito de diagnóstico
hierárquico na psiquiatria resolveria a questão das
comorbidades e, consequentemente, a polifarmácia tão
incentivada pelo sistema DSM. Um estudo concluiu que existe
sobreposição diagnóstica em 54% dos diagnósticos envolvendo
transtorno bipolar, transtorno de personalidade borderline
e
TDAH. Uma questão bastante interessante são os níveis
parecidos de ciclotimia nas três condições, o que
provavelmente justifica a labilidade afetiva como marca comum
entre elas.
É
bastante difícil entender o TDAH em adultos como um diagnóstico
válido, se aplicarmos os validadores de Robins e Guze e o
conceito de diagnóstico hierárquico. Na verdade, como exposto
acima, todos os sintomas do TDAH se sobrepõem a sintomas de
humor, além da resposta ao tratamento ser completamente
inespecífica, e a hereditariedade baixa. Seria mais justo
entender estes sintomas como parte de outros transtornos. Mas,
infelizmente, a partir do DSM-III a psiquiatria passou
massivamente a tratar sintomas, e não doenças.
Citar
este artigo: Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
(TDAH) é um diagnóstico válido para adultos?
Medscape
- 29 de agosto de 2017.
quinta-feira, 29 de junho de 2017
Emoções exageradas: Como e por que o TDAH desencadeia sentimentos intensos - 440
Emoções
exageradas: Como e por que o TDAH desencadeia sentimentos intensos
“Os desafios com o
processamento das emoções começa no cérebro. Algumas vezes, a
dificuldade de memória de trabalho do TDAH permite que uma emoção
momentânea se torne muito forte, inundando o cérebro com uma
intensa emoção.” Thomas Brown, Ph.D., explica por que e como o
TDAH desencadeia raiva, frustração e sofrimento tão intensos.
Por Thomas E. Brown,
PH.D.
1- As Emoções
Comandam
Poucos médicos
levam em conta os desafios emocionais, quando fazem o diagnóstico de
TDAH. De fato, os critérios de diagnóstico atuais para o TDAH não
incluem nenhuma menção a “problemas com as emoções”.
Entretanto, pesquisas recentes revelam que os que têm TDAH
apresentam significativamente muito maior dificuldade que o grupo
controle, para lidar com a tolerância às frustrações (muito baixa
no TDAH), maior impaciência, temperamento “esquentado” e maior
excitabilidade.
2- Processamento de
Emoções: Uma coisa do cérebro
Os desafios com as
emoções começam dentro do cérebro. Às vezes a dificuldade com a
memória de trabalho do TDAH permite que emoções momentâneas se
tornem muito fortes, inundando o cérebro com uma intensa emoção.
Outras vezes, a pessoa com TDAH parece insensível ou não cientes
das emoções dos outros. As redes de conexões cerebrais que
carregam as informações ligadas às emoções parecem, de algum
modo, mais limitadas nos indivíduos com TDAH.
3- Fixação Em Um
Sentimento
Quando um
adolescente com TDAH fica enraivecido quando o pai se recusa a lhe
dar a chave do carro, por exemplo, sua resposta extrema pode ser
causada pela inundação, uma emoção momentânea que pode tomar
todo o espaço do seu cérebro, do mesmo modo que um vírus de
computador pode tomar todo o espaço do disco rígido. Esse foco em
uma emoção emperra outras informações importantes que poderiam
ajudá-lo a controlar sua raiva e a regular seu comportamento.
4- Extrema
Sensibilidade à Desaprovação
Pessoas com TDAH
geralmente se tronam rapidamente imersas em uma emoção saliente e
têm dificuldade para mudar a sua atenção para outros aspectos da
situação. Ouvir uma pequena incerteza na reação de um colega de
trabalho a uma sugestão, pode levar à interpretação de que isso é
uma crítica e causar um surto de autodefesa imprópria, sem ter
ouvido cuidadosamente a resposta do colega de trabalho.
5- Dominados Pelo
Medo
Ansiedade social
significativa é uma dificuldade crônica sentida por mais de um
terço dos adolescentes e adultos com TDAH. Eles vivem em quase
constante medo exagerado de estarem sendo vistos pelos outros como
incompetentes, não atraentes ou “caretas”.
6- Dominados Pela
Evasão e Negação
Algumas pessoas com
TDAH não sofrem de falta de consciência de emoções importantes,
mas de uma falta de habilidade em tolerar essas emoções o
suficiente para lidar eficientemente com elas. Elas se tornam presas
em padrões de comportamento para evitar as emoções dolorosas, que
parecem devastadoras, por exemplo: véspera de prazos de entrega de
trabalhos; encontrar-se com um grupo de pessoas estranhas.
7- Levados Pela
Emoção
Para muitas pessoas
com TDAH, o mecanismo de comporta do cérebro para controlar as
emoções não distingue entre ameaças perigosas e problemas
menores. Essas pessoas são frequentemente levadas ao pânico por
pensamentos e percepções que não merecem tal reação. Como
resultado disso, o cérebro TDAH não pode lidar mais racionalmente e
realisticamente com eventos que sejam estressantes.
8- Tristeza e Baixa
Autoestima
Pessoas com o TDAH
não tratadas podem sofrer de distimia – um transtorno leve porém
prolongado do humor – ou de tristeza. Geralmente são desencadeados
por conviver com frustrações, fracassos, opiniões negativas e
estresses da vida devido ao não tratamento, ou tratamento inadequado
do TDAH. As pessoas distímicas sofrem quase todos os dias de falta
de energia e de autoestima.
9- Emoções e
Entrar em Ação
As emoções motivam
a ação – ação para se engajar ou ação para evitar. Muitas
pessoas com TDAH não tratado podem rapidamente mobilizar o interesse
somente para atividades que oferecem gratificação imediatas. Elas
tendem a ter severa dificuldade em ativar e sustentar o esforço para
tarefas que oferecem recompensas a longo prazo.
10- Emoções e
Entrar em Ação 2
As pesquisas de
imagem cerebral demonstram que substâncias químicas que ativam
circuitos que reconhecem a recompensa tendem a se ligar a menos
locais receptores, nas pessoas com TDAH, comparadas às pessoas do
grupo controle. Pessoas com TDAH são menos capazes de antecipar o
prazer ou de registrar satisfação com tarefas cuja recompensa seja
distante.
11- Emoções e
Memória de Trabalho
A memória de
trabalho faz entrar em jogo, consciente ou inconscientemente, a
energia emocional necessária para nos ajudar na organização,
manutenção do foco, para monitorar e se controlar. Muitas pessoas
com TDAH, entretanto, têm memória de trabalho inadequada, o que
pode explicar por que são geralmente desorganizadas, perdem o
controle ou procrastinam.
12- Emoções e
Memória de Trabalho 2
Algumas vezes, as
deficiências de memória de trabalho do TDAH permitem que uma emoção
momentânea se torne muito forte. Outras vezes, as deficiências de
memória de trabalho deixam a pessoa com sensibilidade insuficiente
para reconhecer a importância de uma emoção em particular, porque
ela, pessoa, não manteve informação relevante na mente.
13- Tratamento dos
Desafios Emocionais
Tratar os desafios
emocionais do TDAH requer uma abordagem multimodal. Começa com uma
avaliação cuidadosa e precisa do TDAH, que explique o TDAH e seus
efeitos nas emoções. As medicações para o TDAH podem melhorar as
redes emocionais do cérebro. A terapia pode ajudar a pessoa a
controlar o medo e a baixa autoestima. Um treinador (coach) pode
ajudar uma pessoa com TDAH a superar os problemas de completar
tarefas aborrecidas.
ADDitude
sexta-feira, 23 de junho de 2017
Maior estudo já realizado no mundo revela novas alterações cerebrais no Transtorno do Déficit de Atenção - 439
Maior estudo já realizado no mundo revela novas alterações cerebrais no Transtorno do Déficit de Atenção
ESCRITO POR ABDA - Associação Brasileira de Deficit de Atenção
JAMA
PSYCHIATRY, fevereiro de 2017
Os resultados revelam que a doença compromete o desenvolvimento de regiões cerebrais importantes, como aquelas responsáveis por emoções, motivação e sistema de recompensa.
O
transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é uma
condição muito comum que afeta cerca de 5% das crianças, e na
maioria dos casos, os sintomas persistem na vida adulta. Ainda muito
estigmatizado, o transtorno se manifesta como desatenção, agitação
e impulsividade. No maior estudo já conduzido, médicos e cientistas
de 23 centros de pesquisaao redor do mundo observaram atraso no
desenvolvimento do cérebro dos pacientes com TDAH.
Para o Dr.
Paulo Mattos,
representante brasileiro do único centro de pesquisa da América
Latina do estudo, o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino no Rio de
Janeiro,“esses
achados são importantes para médicos e pais, pois demonstram
claramente que o TDAH não é “uma doença inventada”, não é
meramente um “rótulo” para crianças difíceis e não se deve a
falhas na educação pelos pais".
Até
então, estudos anteriores também haviam identificado algumas
alterações, mas devido ao pequeno número de pacientes estudados,
era difícil generalizar os resultados. Mais ainda, devido a
diferentes metodologias, grupos de pesquisa em diferentes países
obtinham resultados diferentes.
Neste
estudo, mais de 3 mil pessoas (pacientes com TDAH e indivíduos
saudáveis) entre 4 e 63 anos, foram submetidos a exames de
neuroimagem estrutural por Ressonância Magnética, técnica que
permite estudar com precisão a estrutura do cérebro. Em seguida,
cada região cerebral foi avaliada através de um mesmo protocolo
padronizado de análise em todos os diferentes centros, obtendo-se
informações específicas, como o tamanho e volume de cada região.
Desse modo, os pesquisadores puderam comparar cada uma das estruturas
cerebrais de indivíduos com e sem o transtorno.
Os
resultados revelaram que estruturas como a amígdala cerebral,
acúmbens e hipocampo, responsáveis pela regulação das emoções,
motivação e o chamado sistema de recompensa (que modifica nosso
comportamento através de recompensas) são menores nos pacientes com
TDAH. Quando se levou em conta a idade dos pacientes, observou-se que
estas alterações são mais leves em pacientes adultos, o que sugere
que existe uma compensação ao menos parcial com o passar dos anos.
Esses resultados são a sustentação mais sólida até o momento que
o TDAH é um transtorno relacionado ao atraso na maturação de
regiões cerebrais reguladoras das emoções, pois essas estruturas
estão menos desenvolvidas, principalmente nas crianças.
Outro
achado muito importante foi destacado no estudo: tais alterações
não se devem ao uso de medicamentos para tratamento do TDAH e nem à
presença de outros problemas que podem surgir associados ao
transtorno, como ansiedade e depressão.
“É
preciso deixar claro que o TDAH é um transtorno do desenvolvimento
associado a alterações no nosso cérebro, e que precisa perder o
estigma e ser tratado de modo apropriado”,
completa
Dr.
Paulo Mattos,
que é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e
pesquisador do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR).
quarta-feira, 21 de junho de 2017
Como orientar seu adolescente sem castigo ou raiva - 438
Como orientar seu adolescente sem castigo ou raiva
Por PEG DAWSON, ED.D.
Adolescentes e gêmeos com deficit de funções executivas precisam de um estímulo extra para continuarem em frente. Aqui estão 8 maneiras de ajudá-los a encontrar e a permanecer no caminho certo, sem se tornar um pai “helicóptero”.
1- O Cérebro Adolescente
Por que todo o drama? Ele vai falar comigo de novo? Por que ele se transforma tão rapidamente num anjo ou num demônio? A química cerebral muda dramaticamente durante a adolescência e a puberdade. Os pais devem se inteirar dos processos neurológicos e emocionais que estão em jogo, antes de tentar melhorar a comunicação com seus gêmeos ou adolescentes com TDAH, e ajudá-los a construir habilidades de funções cognitivas. Suas estratégias devem levar em conta as realidades do desenvolvimento do cérebro do adolescente. Suas mentes estão mudando diariamente, e assim deve ser com suas estratégias de ajuda.
2- Quais São as Habilidades Executivas?
Habilidades executivas são funções cerebrais que ajudam os adolescentes a controlar o comportamento, estabelecer e conquistar metas, equilibrar desejos com responsabilidades, e a aprender a agir de modo independente, embora reconhecendo a necessidade de orientação. Clinicamente, elas compreendem onze habilidades críticas para o sucesso na escola e na vida:
- inibição da resposta
- memória de trabalho
- controle emocional
- flexibilidade
- atenção sustentada (mantida)
- inicio de atividades
- planejamento e estabelecimento de prioridades
- organização
- controle do tempo
- persistência na direção dos objetivos a conquistar
- metacognição
3- Deficit de Função Executiva, Não Defeitos de Personalidade
Em muitos adultos, as funções executivas demoram 25 anos para se desenvolver. Para adolescentes com TDAH, pode ser até a idade de 30 anos. Quando as habilidades de função executiva permanecem atrasadas, nós frequentemente rotulamos os adolescentes como preguiçosos ou oposicionistas, quando, na verdade, os problemas são neurológicos, com o iniciar atividades e atenção mantida. Quando se comunicar com seu adolescente, fale sobre os problemas e frustrações que eles estão encontrando em vez de falar das habilidades ou da falta de habilidades por trás desses problemas.
4- Escolha Suas Batalhas
Você não tem de brigar por tudo. Há ocasiões nas quais você pode, e deve, se afastar. Você pode decidir não transformar algo em uma briga, tentando conhecer seu filho (e a si mesmo) bem o suficiente para descobrir maneiras rápidas de esfriar qualquer situação. Não deixe que seu filho lhe domine, em vez disso, mostre que você está no comando e como você reage, modelando o controle emocional para seu filho. É uma arte, não uma ciência, então não se culpe se perceber que está falhando mais do que queria, ao longo dessa jornada.
5- Use As Consequências Naturais
Em alguns cenários, a punição do adolescente é o suficiente. Por exemplo, uma criança que excede a quantia permitida no telefone. Ela tem de pagar a quantia extra ou perder o privilégio de usar seu telefone quando atingir o limite combinado. São consequências naturais das ações. Deixe seu adolescente passar por isso, para que ele entenda a conexão entre causa e efeito. Ou,você pode lembrá-lo de que o seu comportamento é o gatilho das consequências. Diga, “Quando eu escuto aquele tom, significa que você está de castigo. Quando você se desculpar pela coisas más que falou, você poderá sair”. Isso dará ao seu filho um papel ativo em evitar punições.
6- Dê Privilégios De Acordo Com O Desempenho
Em termos leigos, isso significa: Se você fizer isso, ganhará aquilo. Pode ser algo muito simples, como: se você terminar sua lição de casa, você poderá gastar maia hora se divertindo com o que quiser, antes de ir dormir. Ou, se você terminar seu trabalho de casa, terá seu celular de volta. Determine os privilégios de presentes para que os adolescentes tenham um incentivo real para terminar o trabalho que se relaciona com as coisas que eles querem, como tempo para videogames. Adicionalmente, mantenha o compromisso de premiar as crianças pelo bom comportamento. Se você notar que seu filho está sendo amável co o irmão, coloque uma bola de gude em um jarro. Quando o jarro estiver cheio, ele ganhará uma guloseima especial.
7- Esteja Aberto À Negociação E A Fazer Acordos
Na adolescência, os meninos devem ter mais responsabilidades e os pais devem relaxar um pouco a autoridade (não toda). Para que isso funcione, os pais devem tentar entender respeitosamente de onde os filhos estão vindo, o que eles querem que os filhos queiram e estar dispostos a negociar uma solução que deixe a todos contentes. Pergunte a seu filho como ele resolveria o problema. Adolescentes estão mais dispostos a participar de um plano se eles se sentirem um parceiro igual, contribuindo para a elaboração das regras.
8- Mantenha-se Vigilante
Quando você ajusta um contrato de comportamento, ou um acordo, você não pode achar que a palavra do seu filho seja o bastante para garantir que ele esteja seguindo as regras. Você precisa criar um modo confiável para verificar isso. Por exemplo, se você criar um plano de controle de entrega de trabalho de casa, passe e-mail aos professores toda quinta-feira à noite para perguntar: “Você pode me dizer se meu filho fez seu trabalho de casa essa semana?”. Esse relatório semanal pode ser escrito no plano escolar IEP ou 504 [nos Estados Unidos há leis para o controle escolar de TDAH], e isso pode determinar se seu filho está fazendo a parte dele no acordo.
9- Envolva Os outros
Você não precisa fazer tudo sozinho. Às vezes, faz mais sentido encaminhar o adolescente para mais alguém. Por exemplo, se o seu filho tem TDAH, deixe que ele fique mais um tempo com seu tio, um adulto bem sucedido, com TDAH, ou um amigo de escola para ver um modelo diferente de atitude. Algumas vezes, adolescentes responder melhor às perspectivas que não são as dos seus pais.
10- Faça Perguntas
Em vez de fazer sugestões ou de dar ordens, tente fazer perguntas para obter informação. “Então, o que você tem de trabalho de casa para esta noite?” Quando você está pensando em começar aquele trabalho de ciências?” “Você acha que vai ter o tempo suficiente para terminá-lo?” Isso ajuda os garotos a percorrer o processo de um modo em que eles não haviam pensado. Então, use uma linguagem que dê apoio ao desenvolvimento de funções executivas, tal como “Qual é o seu plano? O que você tem de fazer primeiro? Quanto tempo isso vai demorar?”
11- Use Dicas Positivas De Comunicação
Essas ideias estão em um livro de Arthur Robin, e sugerem maneiras de trocar maus padrões quando os membros das famílias não estão se comunicando bem entre si. Se isso estiver acontecendo com sua família, tente essas estratégias.
- Xingar um ao outro . > Expresse sua raiva sem machucar.
- Ofender uma ao outro. > Diga, “Estou bravo porque você fez isso.
- Interromper uma ao outro. > Cada um fala por vez, sendo breve.
- Criticar muito. > Aponte o que é bom e o que é ruim.
- Ficar na defensiva. > Escute, então, calmamente discorde.
- Dar lição. > Fale direto e pouco.
- Falar em tom sarcástico. > Fale em tom normal.
- Revolver o passado. > Atenha-se ao fato presente.
- Ler a mente dos outros. > Peça outras opiniões.
- Comandar, dar ordens. > Peça gentilmente.
- Atitude de ficar em silêncio. > Diga o que o está incomodando.
- Dar pouca importância a algo. > Leve tudo a sério.
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