quarta-feira, 4 de abril de 2012

195- TDAH – ADULTO - ALGUÉM PERGUNTA: ISSO PODE MELHORAR?


Pois é... Meu marido foi despedido de mais um emprego. Acho que já são 5 vezes em 4 anos...

Eu notei que havia esse ciclo em sua vida antes de nos casarmos. Na época, trabalhávamos em algumas estações do ano. Assim, só trabalhávamos em algum lugar específico por alguns meses. Já nesse período isso estava acontecendo, mas não era notado. Sempre começa como a mais excitante oportunidade de trabalho do mundo. Ama o trabalho. Ama as pessoas. Isso dura algum tempo, mas, então, ele começa a implicar com alguma pessoa em particular que o interpela do jeito errado. É só nisso que ele fala. Todo o seu dia pode ser arruinado por essa pessoa e pelo que eles estão fazendo. Na maioria das vezes, as coisas que o estão perturbando não são assim tão graves. Mas, para ele, são. Parece que ele não consegue deixar pra lá. Então as coisas pioram. Logo fico sabendo como ele grita com as pessoas, e de algumas coisas maldosas que ele fala delas... Isso é muito não profissional e as pessoas notam. Ele fala, mas não pensa sobre o que essas palavras podem provocar. Uma vez ele me disse que, quando está bravo, nem se lembra do que disse ou do que a outra pessoa disse. Ele precisa ser repreendido por essa atitude. Insisto com ele para que fique atento, falo que esse emprego significa muito para mim e para nossa família, que ele precisa pensar em nós antes de falar algo que ponha seu emprego em risco. Digo que ele morda a língua, que venha para casa e que fale tudo para mim – eu o entendo. Aí, ele faz isso por um tempo. Mas, então, inevitavelmente, algo acontece, alguém diz alguma coisa que o incomoda, e lá vem ele de novo. Ele é mandado para casa. Eles lhe dizem para voltar depois de uns dias, para uma reunião. Então ele é despedido.
Esse período é muito difícil. Este era o melhor emprego que ele jamais teve. Havia uma possibilidade tão maravilhosa. Era o trabalho dos seus sonhos. Conversamos sobre eu voltar para a escola, e que teria de sair do meu emprego para isso. Eu disse que a única maneira de podermos fazer isso seria ele prometer dois anos. Dois anos em um emprego apenas para que eu terminasse a escola.
Estou na escola há três meses. Não trabalho, nem ele, também.
Não tenho ninguém para desabafar. Queria ser a esposa amorosa e apoiadora do meu marido, a quem amo de todo coração. Ele está envergonhado. Eu estou preocupada por ele ter perdido outro emprego. Ele não quer que os outros saibam, e diz que quando me vê preocupada fica preocupado. Não suporto vê-lo sofrendo, então me reprimo sempre. Tenho uma bola apertada no peito querendo sair para fora. É como me sinto aqui, ao meio-dia.
Percebi que este ciclo estava chegando ao final há um mês, quando ele estava escrevendo sobre suas crises. Pedi para que ele procurasse alguém para resolver esse problema – seria raiva? Dificuldade de controle do impulso? O quê?
Ele foi uma vez, e o psiquiatra disse que parecia ser TDAH, e como ele foi diagnosticado assim desde a infância, faz sentido. Ele mostra várias características sobre as quais tenho lido.
Ele recebeu uma receita de ADDERAL, acho que para começar na segunda-feira. Muito pouco e muito tarde para o seu emprego, mas espero com todo meu ser que isso ajudará a interromper este ciclo. Para mim e para ele.
Assim, a minha pergunta é esta... quanto tempo geralmente demora para que a medicação demonstre estar fazendo efeito?
Também, você acha que esta medicação o ajudará nesses problemas?
O que posso fazer para ajudá-lo... É correto apoiá-lo sem crítica, ou devo começar a dizer a ele o que é o real?
RESPOSTAS
Só queria mencionar que tenho conhecido algumas pessoas que foram despedidas do emprego por problemas de comportamento. Então forma medicadas, aconselhadas etc. e se candidataram a um emprego.
Então, elas voltaram ao seu último emprego e fizeram uma confissão:
- Eu não sabia das minhas ações devido a este problema
- Eu procurei ajuda, e agora estou fazendo isso e tomando aquilo
-Estou humildemente pedindo outra oportunidade
Dois dos meus amigos conseguiram juntar todas as peças de volta. Valeu a pena.Postado por LimbicLilly em Apr 01,2012 às 7:57 am
Sua identificação parece verdadeira – hislovingwife (suaesposaamorosa). Feliz dele por ter você. A medicação deve ajudá-lo (opinião de alguém que teve problemas de raiva sempre). Pode demorar um pouco para atingir a dose certa, mas deve ajudar – ao menos para mim ajudou. Ele também precisa APRENDER sobre o TDAH – este sítio ADDitude é um bom lugar para começar. Ele precisa EXERCITAR-SE e COMER corretamente. Mas há uma esperança verdadeira se ele fizer essas coisas. Desejo-lhe sorte. Coche Pete Resch. Postado por Pete47 em Apr 01, 2012 às 11:15 am
Olá. Ele fez algo 100% certo se casando com você. Eu também fui abençoada na escolha do meu parceiro, meu marido é tão paciente  e amoroso como parece ser você. Menos estresse talvez  porque o homem seja o principal provedor aqui. Sugiro que seu marido vá a um especialista em TDAH logo – um profissional com boa experiência e conhecimento em TDAH é a única maneira de obter os medicamentos controlados e de saber como manejá-los quando necessário. Seria ideal se ele pudesse ter aconselhamento semanal ou terapia com uma pessoa com especialização em TDAH, que poderia também assistir com o gerenciamento dos problemas atuais assim como trabalhar com as coisas passadas. Seu marido é destinado a ter muitos conflitos internos e problemas de autoestima por causa dos fracassos do passado, mesmo na época da infância, não sabendo por que as coisas sempre parece darem erradas. Culpar os outros e o ambiente é um mecanismo de defesa inconsciente porque pensar que seja sua culpa leva a uma sensação de desespero. Esta é em resumo a minha teoria. Os medicamentos corretos devem movê-lo na direção certa, o aconselhamento curará os problemas do passado, o treinamento ou aconselhamento para os problemas do dia-a-dia seriam excelentes por alguns meses. A terapia de casal geralmente é indicada para casais com um parceiro TDAH. Finalmente,  diria que uma vez todos esses tratamentos e apoios em curso, seria bom a abordagem de pessoas com o emprego dos sonhos, com esse novo diagnóstico etc., como a primeira resposta sugeriu. Toda ajuda custa dinheiro, muito dinheiro, a não ser que haja cobertura  do seguro. Mas cheque também os programas de ajuda para o TDAH de sua comunidade. Espero que você continue na escola. Deixe que eles saibam. Descubra bolsas para pessoas com algum problema porque seu marido tecnicamente se qualifica para tal etc., etc. Leia, leia, leia tudo que puder sobre TDAH. Não cura 100%. Seu marido tem de trabalhar o aconselhamento e o treinamento para atingir os efeitos positivos dos remédios. Os remédios podem ser na base da tentativa e erro no início – tipos diferentes para pessoas diferentes. Um medicamento para a ansiedade também pode ser necessário. Então, a primeira providência é ir a um médico de TDAH que realmente conheça o assunto. Postado por UnaDublin em Apr 01, 2012 às 12:42 pm
Tendo 15 empregos nos últimos 15 anos, posso entender como está o seu marido. No estado em que moro há uma agência que lida com casos de indivíduos com dificuldades. Não se cobra pelos serviços tais como avaliação psicológica, treinamento de trabalho etc. Não tenho um emprego de tempo integral desde 10/03. Estou procurando um terapeuta que eles pagam. Também ganho remédios sem custo. Algumas pessoas podem dizer que estou tirando vantagem do “sistema”; entretanto, tenho trabalhado desde os 15 anos e agora já tenho 51. Muitas colocações que eu tive não eram o trabalho dos meus sonhos. Mas, como seu marido, eu também tive a posição perfeita e minha boca era destravada e por muito tempo sobre coisas que não tinham importância. Ainda procuro outro emprego dos sonhos, onde eu possa me sair bem e resolver meu TDAH com os remédios e a terapia. Tenho um transtorno de personalidade Borderline, sou bipolar, tenho ansiedade e depressão. Agradeço a Deus todos os dias por me mostrar como obter a ajuda de que necessito e por Ele sempre realizar os desejos do meu coração. Postado por luckynativetexan1961, em Apr 01, 2012, às 2:46 pm

sexta-feira, 30 de março de 2012

194- Dosando os medicamentos do TDAH: a quantidade é importante


Um novo estudo sugere que doses mais altas das medicações estimulantes para o TDAH podem de fato prejudicar a memória de trabalho. O que todos os pais precisam saber sobre o equilíbrio entre a hiperatividade e a função executiva.

Se você é pai de uma criança com TDAH e não perde o sono ou retorce as mãos por causa do fato de que ela está usando medicação para o TDAH, um novo estudo sobre os remédios para o déficit de atenção não necessariamente vai fazer com que você fique muito preocupado, mas vai fazê-lo pensar um pouco.

Pesquisadores na Universidade de Wisconsin-Madison fizeram experiências com três macacos, os quais receberam doses diferentes de metilfenidato. Os macacos foram ensinados a olhar para um alvo em forma de ponto na tela de um computador, enquanto outro ponto piscava em volta.

Doses menores da medicação pareciam aumentar a capacidade de aprender dos macacos, de acordo com o estudo, publicado no Journal of Cognitive Neuroscience há duas semanas. Doses maiores afetaram negativamente o cociente de aprendizagem e a memória dos macacos, mas reduziam sua hiperatividade. “Os macacos com doses mais altas ficavam ligados à tarefa, mas continuavam a cometer os mesmos erros”.

Quando os pesquisadores verificaram se a medicação melhorava a memória de trabalho mesmo em doses mais baixas, eles descobriram, de modo surpreendente, que não. “A memória não melhorava com doses mais baixas e era um pouco pior com doses mais altas”, diz Luis Populin, Ph.D., que chefiou o estudo.

“O metilfenidato afeta a função executiva do cérebro”, diz Bradley Postle, Ph.D., um professor de psicologia e especialista em memória de trabalho na Universidade de Wisconsin. “Ele pode criar um meio interno que, dependendo da dose, é mais ou menos favorável à formação e retenção da memória. Aparentemente, a dose mais baixa do metilfenidato ajuda a criar as condições de sucesso sem de fato melhorar a memória em si mesma”.

Populin diz que o estudo mostra que encontrar a dose certa da medicação para o TDAH é importante para as crianças e adultos. Os médicos que estão tentando reduzir a hiperatividade de seus pacientes com altas doses de metilfenidato podem estar comprometendo a habilidade cognitiva deles.

Embora o trabalho dos pais nunca termine, discutir a dose de remédio do seu filho deve ser adicionada à sua lista do que fazer. Pode fazer uma grande diferença na vida escolar do seu filho.

ADDitude. Março/2012

sábado, 24 de março de 2012

193- Sete maneiras de reduzir o estresse: Técnicas calmantes para adultos com TDAH

Sete estratégias para se acalmar quando o TDAH adulto provoca estresse no trabalho ou em casa.

Por Nancy Ratey
“Finalmente eu consegui!” Bob, um adulto com TDAH, falou consigo mesmo, ao sair do trabalho às 5 horas em ponto, para encontrar-se com sua esposa para jantar. Pela primeira vez em anos, ele não estava atrasado.
E o mais importante, ele estava a fim de aproveitar a noite fora porque se sentia relaxado e sob controle. Ele não mais esperava até o último instante para terminar os relatórios sobre seus clientes – um padrão estressante que tinha provocado um problema em sua saúde e em seu casamento.
Como foi que Bob eliminou o estresse em seu trabalho? Por meio do uso de um relógio que emitia um bip a cada hora, de modo que ele tivesse noção de que estava seguindo sua lista do que fazer, de um calendário de 12 meses com as datas-limite marcadas com uma cor para cada cliente, e de um notebook no qual ele anotava pensamentos ao acaso durante o dia. O resultado: menos estresse e uma vida mais feliz.
Muitas pessoas com TDAH vivem em constante estado de estresse. Sua neurobiologia torna difícil afastar os estímulos que competem entre si, prestar atenção e acalmar-se, todos os quais aumentam os níveis de frustração. Ser incapaz de atingir as expectativas das pessoas ou sentir-se culpado pela perda dos prazos no trabalho cria mais tensão.
Como Bob, você pode reduzir o estresse com estratégias que visam seus sintomas de TDAH. Eis aqui algumas delas para você tentar:
Aceite o seu TDAH
Pare de se culpar pelo esquecimento de obrigações ou por perder um prazo. Reconheça o culpado: o TDAH é neurobiológico e não vai desaparecer. Obtenha um diagnóstico correto e o tratamento adequado. Entre para um grupo local de apoio para o TDAH ou em um fórum da Internet. Saber que você não está sozinho pode reduzir o estresse.
Exercite suas opções
O exercício é um poderoso redutor do estresse. A atividade física aumenta os níveis de serotonina, que combate o cortisol, hormônio do estresse. Os estudos sugerem que uma sessão de exercício de 30 a 40 minutos pode melhorar o humor e aumentar o relaxamento por 90 a 120 minutos. O exercício, com o tempo, aumenta seu limiar para o estresse.
Meça o tempo
Muitas pessoas com TDAH veem o tempo como uma coisa fluida. Para melhor dominar o tempo, compre um relógio de pulso que emita bips e ajuste-o para fazê-lo a cada hora. Se você sempre precisa de “só mais cinco minutos”, arrume um timer que toque depois de cinco minutos!
Minha cliente, Linda, gasta horas na Internet, e então fica atrapalhada no final do dia para dar conta das datas-limite. Um despertador, ajustado para tocar a cada hora, periodicamente a faz sair do seu sono online.
Crie limites
Sobrecarregar seu tempo pode aumentar o estresse. Se a causa for a pura impulsividade ou um voz interna dizendo, “Devo fazer x, y, z,” o estresse toma conta da sua mente. Treine dizer não três vezes ao dia. E cada vez que você disser “sim,” pergunte a si mesmo, “Ao que estou dizendo não?” Relaxamento? Ouvir música?
Faça a estrutura ser sua amiga
Embora muitos adultos pareçam alérgicos à estrutura, uma rotina confiável pode minimizar o caos. Tente estas dicas, ambas as quais produzem maravilhas para meus clientes: antes de se deitar, planeje o dia seguinte – faça uma lista do que você vai fazer, quando e como. Você acordará mais centrado. Também, vá para a cama e se levante todos os dias no mesmo horário. Isto estabiliza os ritmos corporais, aumentando suas chances de ter um bom sono.
Reserve um tempo para se divertir
Não fazendo pausas na vida agitada de hoje, você se candidata ao burnout. Programe alegria na sua vida. Saia para jantar ou vá a um cinema com seus amigos a cada semana. Viaje pelo país ou vá para a praia num final de semana. Descubra do que você gosta e vá atrás disso sem culpa.
Permaneça vigilante
Muitos dos meus clientes têm a falsa sensação de segurança depois que obtém algumas vitórias, e então abandonam as estratégias que os ajudaram a alcançá-las. Esquecer que você tem TDAH é uma marca da condição. Não baixe sua guarda!

sábado, 10 de março de 2012

192- TDAH – Eu não sou o meu diagnóstico

Conforme os médicos aprendem mais sobre o TDAH, eles provavelmente nos aplicarão mais rótulos. Minha sugestão: “gênio mal compreendido”.

Por Rick Hodges, escritor e professor em Arlington, Virgínia, USA.

Rick Hodges é um adulto com TDAH que rejeita os rótulos associados com seu diagnóstico.

"Saber sobre o meu diagnóstico me ajudou a entender de que planeta eu sou. Agora me aplico em melhor comunicação com os terráqueos."

Sou um gênio mal compreendido. Ou é assim que penso. Às vezes é necessária alguma superioridade para superar os dias em que não vejo estar fazendo qualquer progresso ou em que me sinto um fracasso. Não sou o que tem o transtorno, digo para mim mesmo. Meu cérebro trabalha melhor do que a média. Se os outros não podem ver isso, é problema deles.

É um jeito egoísta de pensar, certamente e, embora me faça sentir-me melhor, não me ajuda a fazer meu trabalho. Mas isso está longe do alvo? Afinal, os dois lugares em que você vai ter mais chance de encontrar adultos com déficit de atenção (TDAH) são as posições mais altas de liderança – empresários visionários, artistas brilhantes, comediantes famosos – e os sofás da nação, desempregados e desencorajados. O TDAH pode ser uma enorme vantagem se a situação for a certa. Infelizmente, o mundo está cheio de situações erradas.

Tentei evitar muitas dessas situações na maior parte de minha vida, sem saber direito como. Entretanto, foi uma situação muito equivocada – um empregador fez mudanças repentinas e radicais em meu emprego, somando tarefas administrativas e muitas minúcias – o que me levou ao diagnóstico de TDAH, tipo desatento, com a idade de 36 anos. Fiquei espantado (isso não é só coisa de crianças hiperativas?), mas quando li a lista de sintomas, dei uma risada enorme e gritei com os outros. Eu podia ter escrito essa lista.

Meu diagnóstico ajudou-me a encontrar a melhor situação de trabalho – sou o meu próprio patrão, agora – mas também renovou minha luta para achar meu lugar no mundo. Sempre senti que vivia num universo um pouco diferente do das outras pessoas, meu pequeno planeta girando num eixo um pouco mais inclinado do que o da Terra. Saber do meu TDAH me ajudou a entender de que planeta eu sou. Agora, trabalho na melhor comunicação com os terráqueos.

Aprendi a ter uma segunda opinião sobre minhas percepções, a parar e pensar sobre se ouvi tudo o que alguém me disse e se percebi isso da maneira como era para ser. Aprendi a ler as instruções duas vezes, a me conter antes de falar algo que estrague uma conversa, a fazer perguntas em vez de deixar meu cérebro preencher automaticamente os brancos. Num restaurante barulhento, eu fixo meus olhos nos lábios da minha companhia e tento captar cada palavra em vez de ouvir as pessoas da mesa ao lado (quando eu digo, “não consigo te ouvir”, quero dizer que realmente não consigo mesmo).

Também estou descobrindo como gostar de viver no meu planeta natal e a ter algum orgulho disso. Aprendi que as pessoas com TDAH têm enorme poder de observação. Isto é parte do nosso problema – estamos observando tudo a nossa volta em vez do que está na nossa frente. Mas ao fazer isso, vemos coisas que os outros não veem. Num passeio pela natureza, sou o primeiro que escuta o chamado do pica-pau, ou que nota o fungo estranho e diminuto, ou que descobre o urso no meio do mato enquanto as outras pessoas passam ao largo.

Há mais coisas do que observar a simples realidade. Muitas pessoas com TDAH podem descobrir uma beleza não aparente e um valor nas coisas comuns. Geralmente nos descrevemos como “sempre entediados”, mas não acho que o tédio seja tanto quanto as altas expectativas por toda coisa pequena num mundo explodindo de coisas fascinantes.

Agora tenho a coragem de apreciar e de usar outras habilidades, também, como a habilidade de ver o quadro geral e de fazer as coisas do meio próprio jeito – o que usualmente significa surtos produtivos entre longos períodos de paradeira. Tenho mais confiança a respeito de trabalhar de modo independente, fazendo o que sei fazer melhor, e construindo minha própria carreira em vez de copiar a de outra pessoa. Atualmente sou um escritor freelance, assessor e professor substituto – e eu apenas comecei.

O controle de nossa condição ainda está a caminho. Os médicos primeiro a denominaram “Defeito Mórbido do Controle Moral” (às vezes isso se aplica a mim). Por uns tempos os pesquisadores pensaram que era uma lesão cerebral e a chamaram de “Disfunção Cerebral Mínima”. TDA tornou-se o nome oficial em 1980, mudando para TDAH em 1994. Mas eu não acho que o processo já tenha terminado. Novas pesquisas estão descobrindo ligações com outras condições, tais como o autismo, e ampliando o entendimento do que causa o TDAH e o que ele é. Conforme os pesquisadores começam a reunir toda a gama de dons que o TDAH traz, penso que eles vão procurar outro rótulo, novamente.

Posso sugerir “Gênio Mal Compreendido”?

Este artigo apareceu no número de Junho/Julho de 2004, de ADDitude.

Nota do Dr Menegucci: Infelizmente, não é essa a opinião de uma das maiores autoridades no assunto, Dr. Russel Barkley, que diz “O TDAH não é nenhum dom, é uma sina”. O seu livro TDAH no Adulto, fruto de sua experiência ao longo de 30 anos, apresenta os dados numéricos que provam sua assertiva.

terça-feira, 6 de março de 2012

191- (TDAH) Que dia ruim!



Alô pessoal! Hoje é um daqueles dias... Hoje foi um péssimo dia no trabalho, como sempre. Fico me perguntando por quanto tempo ainda vou aturar isso. É muito deprimente... Não sei o que há de errado comigo. Na maior parte do tempo preciso falar com alguém antes de ir dormir e agora não tenho ninguém para me ouvir... Odeio quando as pessoas fazem promessas e não as cumprem. Parece que quanto mais eu tento, mais as coisas ficam difíceis para mim. Acho que ir às sessões de aconselhamento uma vez por semana é completamente sem efeito porque ainda tenho TDAH e os exercícios de respiração profunda não vão ajudar o meu TDAH, a ansiedade maior e a depressão a desaparecerem quando eu não consigo me concentrar no que alguém está dizendo na minha frente. Preciso de respostas agora. Não sei por que não consigo me livrar da minha depressão e por que preciso conversar com as pessoas à noite, para não me sentir sozinha. Não acredito que esteja neste lugar. Rezo para que um dia eu seja feliz. Espero que esse dia chegue logo. Quero menos dias tristes e mais dias felizes. Todo dia estou muito irritada, brava, chateada, triste e solitária... Não entendo o porquê... Alguém mais sente isso?    ADDitude

Respostas

Mônica... você não está sozinha... dias ruins são geralmente influenciados por crenças negativas que somente reforçam a sensação de estar lesionada/quebrada/precisando de conserto. O desafio para os adultos com TDAH é que ele invade sua habilidade de prestar atenção (os sintomas de desatenção aqui são os culpados), sua capacidade de se ajustar (aqui os sintomas são tipicamente relacionados com a hiperatividade) e a sua capacidade  de pensar e agir com propósito (aqui, o problema é o controle do impulso).

A habilidade de saber quais são os seus desencadeantes é importante porque uma vez em ação eles a dirigem para mais um “dia ruim”.

Minha experiência é que depois de que você está ativada (geralmente por um pensamento ou um acontecimento), você tem alguns tipos de pensamentos negativos (por que está acontecendo novamente, eu nunca me livro disso, isso realmente incomoda) e esses pensamentos negativos estão ligados aos seus esforços para se livrar daqueles pensamentos negativos... tente com mais empenho, trabalhe duro, tente de um modo diferente... somente para ter outro pensamento negativo... tente como puder, você realmente está ferrado... e assim por diante...

Isto resulta em crenças negativas a respeito de si mesmo... e assim o seu dia se torna outro “dia ruim”.

Se você quiser aprender a se livrar deste círculo vicioso, visite (não ainda) meu novo website thrivingwithadd.com!

Postado por drfrank em Mar 01,2012, às 3:50 am.

Mônica,

Se o aconselhamento que você está recebendo não estiver focalizado no TDAH, ele pode não estar sendo útil.

A história que você nos conta é uma que eu ouço frequentemente. Viver com TDAH não é fácil e lidar com a depressão e ansiedade faz os dias parecerem mais longos.

Há coisas que podem ajudar com as emoções e o TDAH

1- Você está tomando remédio para o TDAH?

2- Você dorme o suficiente? Qual é seu regime alimentar? Você faz exercícios?

3- O que você está fazendo para criar novos hábitos “saudáveis”?

Fique à vontade para visitar meu website, “danweigold.com”

Para muitas pessoas, a leitura ajuda a controlar os pensamentos que elas têm.

Postado por coachwithheart em Mar 01, 2012, às 3:53 am

Lamento que você esteja enfrentando uma situação tão dura atualmente. Você quer falar sobre o que especificamente lhe aborrece? Ou é somente sobre as coisas em geral? Você está usando alguma medicação para o seu TDAH, para a depressão ou para a ansiedade? Eu entendo bem o que você sente, e algumas vezes infelizmente, não obstante o quão duro você tente lidar com as coisas por si mesmo ou por meio de terapia, você precisa de medicação para ajudá-lo a lidar eficazmente, para que não fique se sentindo horrível. Não é incomum para as pessoas que têm TDAH ou TDA passar por tudo o que você está passando. Senti essas coisas eu mesmo. Irá melhorar, não se preocupe. Apenas tente ser forte e procurar ajuda, se for preciso.

Postado por mshaikh em Mar 01, 2012 às 3:54 am

De verdade, eu tive um dia destes hoje. É tão frustrante estar constantemente em um estado de desorganização dos pensamentos e dos sentimentos em cada segundo de sua vida. Estou muito cansada de ser irritada, deprimida e infeliz em qualquer instante, sem aviso. É tão irracional em natureza que alguns dias eu nem quero sair de casa. Só quero ficar sozinha num quarto, sem ninguém por perto de mim. No auge da luta com o TDAH, sou uma mulher de 36 anos, brigando com os hormônios erráticos acima de tudo. Eu pensava que estava

Os remédios seriam uma grande mudança para mim, junto com a terapia que até agora não ajudou muito mesmo. A respiração profunda e o relaxamento e os exercícios podem ajudar se eu aprender a fazê-los diariamente e me aplicar neles. Mas não me lembro nem de onde coloquei minhas chaves todos os dias e tenho de ser lembrada para dar comida para meu peixe na metade do tempo então praticar esses exercícios frequentemente e rotineiramente pode ser muito bom mas tenho de lembrar de fazê-los primeiro. Alguns dias são muito piores que outros e hoje foi ruim. Posso entender sua postagem e estou contigo, vivendo a mesma espécie de mente caótica. Então, espero que saber de mais alguém que entenda e que tenha um dia como os seus ajude de algum modo. Mantenha a cabeça erguida e aguente firme!

Postado por Awink32276 em Mar 01, 2012 às 5:03 am

Oi Mônica

Há 20 anos ouvi cada palavra do que você disse em minha própria cabeça (e eu nem tinha nunca ouvido falar de TDAH e não sabia nada sobre ele). Só quero que você saiba que tenho este problema e que entendo o que você sente. Somente agora estou descobrindo que tenho TDAH e logo serei testado. Você não está de modo algum sozinha e é muito valorosa!

Postado por And I em Mar 01, 2012 às 5:28 pm


Lembre-se de que o TDAH envolve alguma falta de certos elementos químicos no cérebro que ajudam você a prestar atenção, ficar motivada e a poder mudar seus relacionamentos.

Exercício aeróbico, medicação, e um grupo de apoio para aqueles com TDAH e dificuldade de aprendizagem (geralmente encontrados na associação para dificuldades de aprendizagem da sua cidade) podem ajudar significativamente e podem reduzir sua depressão, conforme você sente menos estresse e maior desempenho.

Patricia H. Aust: CT Task Force on ADHD/author of HIPER HARRY for kids 8-12 (avaible at Amazon.com and the Amazon Kindle Store).

Postado por Patwriter em Mar 01, 2012 às 6:35 pm.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

190- TDAH - Uma palavrinha para as esposas


Ellen Kingsley - ADDitude fev 2012

Estratégias de sobrevivência para as esposas de maridos com TDAH que parecem as ignorar, esquecer ou desrespeitar... mas que talvez não tenham essa intenção.
Quando Jéssica viu Josh, foi amor à primeira vista. Ele era amável, alegre e disposto, sem dizer que era bonito e atlético. Quando ele lhe falou sobre seu TDAH, isto não a intimidou. “Ele estava indo muito bem na faculdade de direito”, ela conta. “Seu TDAH não parecia ter muito impacto sobre ele ou sobre o que ele fazia”. Mas Jéssica logo sentiria o impacto do TDAH no seu casamento. Isto foi por causa do estilo de vida que Josh adotou para dar conta do TDAH, estilo que consistia em estar sempre muito organizado e que criava uma estrutura muito rígida para sua vida. Do seu computador de mesa até a sua gaveta de meias, tudo tinha de estar em ordem e no lugar. “Ele tinha de ter as chaves num lugar certo”, conta Jéssica. “Se ele as perdesse, ficava louco”. Ele também era assim com sua conta bancária. “Antes do início de cada mês, tudo tinha de ser planejado e calculado. Eu tinha de saber exatamente quanto tinha de gastar e no quê a cada mês. Se não fosse assim, ele ficava ansioso e transtornado”.
Jéssica, de trinta e poucos anos, uma profissional acostumada com sua independência, achou esta questão do dinheiro especialmente difícil de aceitar. “Se algo acontecia e nos desviava do rumo, ele não conseguia dar conta”, ela diz. “Chegou ao ponto de se eu sofresse uma multa de trânsito de 50 dólares, ficava com medo de contar a ele”.
Se alguma coisa não mudasse, seu casamento estaria em perigo. Assim diz Lynn Weis, Ph.D., uma psicóloga clínica e especialista nos relacionamentos TDAH. “As mulheres geralmente acham que os rapazes TDAH são ótimos para namorar porque eles são ativos, companhias divertidas, alegres e dispostos”, diz Weiss. “Mas quando você tem de administrar um lar e uma vida movimentada, é outra história completamente diferente”.
“A diferença entre homens e mulheres são exacerbadas quando um homem tem TDAH”, diz Weiss. Se você concorda com a premissa de Weiss, de que as mulheres tendem a pessoalizar mais frequentemente, e de que os homens tendem a ser mais desligados emocionalmente, você pode entender o que ela quer dizer. Se o esposo age de certo modo, que parece dizer do seu desligamento (digamos, esquecer o tempo e chegar atrasado para encontrar a mulher no cinema) ela poderá sentir que ele não liga muito para ela. Quando o TDAH está envolvido, tais cenários acontecem mais frequentemente.
Lidando com o cenário “an-han”
A mulher diz, “Querido, você pode levar o lixo para fora?” e o marido TDAH responde “An-han”. Três horas mais tarde, o lixo ainda está lá dentro. A mulher pessoaliza: “Ele está sendo oposicionista”, ou “Ele nunca me ouve”, e isso a torna zangada. Começa uma briga. Será a primeira de muitas.
Segundo Weiss, “Esposas de homens TDAH precisam entender que o nível de atenção dos maridos para as tarefas é extremamente baixo”. “Ele não está agindo assim de propósito. Mas quando ela começa a pessoalizar seu comportamento, o casamento fica em perigo”.
Para sair desta situação de armadilha an-han, primeiro a esposa tem de entender que o problema é: dificuldade de prestar atenção e de se fixar na tarefa é o maior dos problemas do TDAH. Aceitando este fato da vida, ela precisa, então, ajustar seu pedido de um jeito que penetre num nível mais profundo da atenção dele, para que haja efeito. Weiss sugere uma estratégia de quatro passos:
Toque seu marido quando fizer o pedido. Pessoas com TDAH recebem informação mais facilmente e mais eficazmente quando vários sentidos são estimulados.
Faça contato com seu marido pelo olhar e mantenha-o atraído por meio da conversa. Diga a ele, “Obrigada, eu realmente gosto quando você cuida do lixo”. Espere a resposta dele.
Dê um limite de tempo para ele. Diga, “Eu me sentiria melhor se você retirasse o lixo até às 3 da tarde”. (Note o uso positivo da linguagem). Pergunte a ele o que ele acha disso.
Se for preciso, lembre-o novamente. Ele pode precisar de você para isso.
Weiss nota que muitas mulheres recusam este conselho; dizem que seria mais fácil elas mesmas retirarem o lixo ou que essas interações estudadas são “como educar outro filho”. Grande erro.
“Se a estratégia é elaborada de um modo condescendente, haverá problemas secundários”, diz Weiss. “A mulher tem de entender que se ela acha que prestar atenção ou organização ou dar prosseguimento são comportamentos mais maduros, o casamento sofrerá.”
Em resumo, não julgue moralmente o comportamento TDAH do seu marido. Seja responsável pela sua parte da equação. Ele é o homem que você amou o bastante para se casar. Você deve a ambos o aprendizado sobre  o TDAH e o desenvolvimento de mecanismos para viverem juntos.
O cenário controlador
A descrição de Jéssica das “loucuras” do seu marido sobre as chaves fora do lugar e dos itens fora do orçamento fala sobre sua intensa ansiedade com a perda de controle do seu mundo. Pessoas com TDAH, cuja habilidade interna em permanecer organizadas e no controle do seu universo pode estar faltando, geralmente se ajustam por meio da criação de um ambiente altamente estruturado para elas mesmas.
“Elas acham de verdade que, se perderem alguma coisa, tudo desabará”, diz Weiss. E os que não têm TDAH têm de respeitar isto.
Então, novamente, um casamento consiste de duas pessoas que precisam trabalhar junto como um time. Algumas dicas úteis:
Para ela: Não mexa nas coisas dele. Cada esposo deve ter áreas separadas para o trabalho ou para os itens pessoais. Se incomoda ao parceiro ter suas coisas rearrumadas ou perder de alguma forma o controle delas, então tente não tocar nelas. “Ela realmente não deve estar na mesa dele”, diz Weiss.
Para ele: Seja dono do seu comportamento. É preciso saber que seu controle exagerado e seus hábitos superestruturados  são compensatórios e que agir com raiva não é “legal” ou aceitável. Ajuda desenvolver um senso de humor autocrítico sobre isso também (por exemplo, “Se eu não tivesse minha cabeça grudada no pescoço, provavelmente eu já a teria perdido”). Os tipos supercontroladores podem ser de difícil convivência, mas o instinto pessoal e o bom humor farão sua mulher se sentir bem melhor.
Comentários dos leitores:
Sarafina Carter – Já estou cansada de ver os cenários dos relacionamentos TDAH envolvendo somente a mulher não TDAH, especialmente em fóruns de especialistas como este! – Mulheres também têm TDAH, vocês sabem (e as últimas teorias reconhecem que isso tem a mesma proporção que os homens; ele, o TDAH é menos diagnosticado nas mulheres!)
Blue Gal – Exatamente Sarafina. E a aceitação de que aos homens é permitido controlar as mulheres, enquanto a mulher deve ter certeza de não pessoalizar o comportamento controlador do seu marido? Um homem com TDAH e TOC, que perde a razão por causa de um gasto inesperado (e, convenhamos, em que mês isto não ocorre?) precisa de aconselhamento conjugal e treinamento para o controle da raiva. E ele terá sorte se o seu casamento sobreviver a esta espécie de absurdo. O artigo não vai muito fundo para mostrar como os homens precisam dominar seu comportamento.
Twalden – em vez de falar sobre como seu marido TDAH está fazendo isso e aquilo, por que não aprender sobre isso o mais possível? Se você não aprender, ficará presa a muitas situações que não saberá como manejar. Se eu soubesse que tinha TDAH quando me casei, seria capaz de pedir ajuda. Fui só recentemente diagnosticado, entretanto eu sabia que era TDAH durante anos. Meus médicos me diziam apenas que eu tinha transtorno de ansiedade generalizada, não TDAH. A terapia também é útil para alguém com TDAH, e o humor ajuda. Entretanto, se você fizer um tratamento de terapia cognitiva comportamental, on-line ou pessoalmente, ele definitivamente vai lhe ensinar como controlar o TDAH. Ele não é uma doença, é um transtorno e você pode também acionar o seguro social de invalidez por causa dele, se o seu psicólogo apresentar as provas suficientes, após os testes. Estes são feitos basicamente on-line e são de 300 a 500 perguntas, e são acurados. Eu desejo a você a melhor sorte com tudo, não desista do seu esposo por causa de um transtorno que não é culpa dele. Algumas pessoas eventualmente vão embora, e outras ficam por toda a vida. Então, se você ama de verdade o seu marido, a despeito do TDAH dele, você precisa aprender como ter paciência e o que afinal é o TDAH. Outra coisa: precisamos aceitar as mágoas dos outros, seus mau-humores  e hábitos, especialmente se os amamos, apesar de todo o resto. Amor incondicional é isto, incondicional.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

189- Álcool, gestação e concepto

Profa. Dra. Maria Valeriana Moura-Ribeiro

Nas últimas cinco décadas a literatura internacional tem publicado trabalhos valorizando os avanços na saúde materno fetal, nos cuidados obstétricos com notáveis aprimoramentos da Medicina neonatal em unidades de tratamento intensivo. As delineações de pesquisas bem conduzidas em populações hígidas normais, proporcionou a organização de curvas padrões demonstrativas da evolução do crescimento linear, estatura, peso e perímetros, indicadores sensíveis da saúde e bem estar infantil.
Conjuntamente, foram definidos parâmetros e normatizações evolutivas relacionadas ao neurodesenvolvimento, observando aquisições motoras, posturais, cognitivas, comportamentais e do aprendizado em lactentes, pré-escolares e escolares. No entanto, ao se traçar as referidas normatizações direcionadas a crianças saudáveis, a partir de 1970 surgiu a necessidade da caracterização de fatores de risco e proteção para crianças e gestantes. Dessa forma os indivíduos (crianças e gestantes) poderiam estar expostos a um ou vários fatores adversos.
A identificação de agentes agressores pré e pós-natais se tornaram propostas de pesquisas no sentido de constatar ou não a correlação com morbidades, observando a repercussão nos conhecidos parâmetros do neurodesenvolvimento. Como decorrência, progressivamente se implantou assistência de qualidade à gestante, ao feto, ao neonato e ao lactente de risco para morbidades. Essas providências direcionadas a proteger amplamente as várias etapas no desenvolvimento da criança, na verdade representavam a constatação da integridade funcional do cérebro em pleno desenvolvimento.
Os conhecimentos detalhados sobre as funções corticais superiores, a evolução da genética médica, os avanços tecnológicos em imagem, as constatações neurobiológicas envolvendo o funcionamento dinâmico das redes neurais, têm favorecido a compreensão de padrões atípicos e normais das avaliações clínicas, neurológicas, comportamentais e de aprendizado.
No Projeto Atenção Brasil-2010 foram identificadas 405 crianças e adolescentes (em um total de 5.961 indivíduos) nascidos de mães que ingeriram bebidas alcoólicas na gestação, com comprometimento da saúde mental e escolaridade dos conceptos. Essa situação, aqui identificada, pode condicionar o aparecimento de alterações físicas, cognitivas, comportamentais, evidenciáveis em diferentes fases do desenvolvimento, merecendo, do ponto de vista médico e dos profissionais da saúde não médicos, atuações e remediações.

Assim, no recém-nascido e no lactente podem ser identificados sinais faciais da Síndrome Alcoólico Fetal (SAF), completa, parcial ou às vezes bem sutil, como: nariz antivertido, lábio superior fino, filtro liso, implantação baixa de orelhas, fissura palpebral pequena, semiptose palpebral e face achatada.
Na dependência do tempo de utilização, da concentração de álcool na bebida, da quantidade ingerida por dia e fatores nutricionais envolvidos, podem também ocorrer microcefalia, hipotonia, distúrbios do sono e grande irritabilidade, comprometendo o vínculo psicoafetivo mãe-filho.

Evrard, pesquisador francês, em 1998 apresentou trabalhos  demonstrando que o etanol determinava morte celular no neuroepitélio primitivo e, na sequência, interferência  na migração neuronal em função do comprometimento da glia radial e dos componentes químicos facilitadores do deslocamento neuronal para a formação das camadas corticais programadas geneticamente. Esse autor constatou também que o etanol comprometia a gliogênese e, dessa forma, foi comprovada a presença de distúrbio neuronoglial com interferências na formação do mapa cortical, por alteração nas colunas verticais, particularmente das regiões pré-frontais e circuitos frontocerebelares. Enquanto que, em relação a alterações estruturais, foi detectada também a redução no tamanho dos gânglios da base e núcleos talâmicos.

Assim, a mãe gestante alcoólatra tem o álcool como fator agressor grave para o pré-embrião, embrião e feto, comprometendo a estrutura, a ultraestrutura, a bioquímica e a funcionalidade de redes neurais nas diferentes fases do neurodesenvolvimento. Essa restrição da neurogênese, da gliogênese e da migração neuronal, além da interferência na integração de rotas precoces, explicam as anormalidades corticais generalizadas e setoriais (linguagem, memória espacial, memória de trabalho, alterações do sono e, outras) encontradas na SAC.
Como informação complementar, drogas ilícitas, particularmente a cocaína, comprometem de maneira semelhante a arquitetura celular neocortical com alterações na laminação vertical e horizontal, com repercussão imediata nas interconexões sinápticas envolvendo axônios e dendritos. Nos experimentos em animais a cocaína comprovadamente determina alterações na gliogênese, sendo identificadas também mitoses discronológicas.

Neuroimagem em crianças e exposição pré-natal ao álcool
É necessário avaliar na gestante alcoolizada ou alcoólatra a somatória de fatores associados como o uso de nicotina, desnutrição, jejum prolongado, envolvimento importante do psiquismo materno, abandono, rejeição à gravidez, traumas de maior ou menor gravidade (maus tratos), infecções e utilização de fármacos como o misoprostrol.

Quais as interferências complementares no microambiente envolvendo neurotransmissores, moléculas de adesão, aminoácidos, íons cálcio, potássio, sódio, monoaminas e enzimas?
Os neurotransmissores são biomoléculas que dinamicamente transmitem informações entre os neurônios (serotonina, adrenalina, noradrenalina, dopamina, etc.). Cole & Li em 2011 apresentam importante revisão a respeito de estudos com neuroimagem funcional em crianças e adultos nascidos de mães que utilizaram álcool na gestação. Riitkronen em 1999 verificou a perfusão cerebral através de SPECT identificando comprometimento das regiões temporal, pré-frontal e parieto-occipital de crianças.

Do ponto de vista clínico, em estudo utilizando grupo controle, foi possível verificar alterações do ciclo sono e vigília, da atenção, da cognição e, ainda, alterações sensoriais comprovadas por potenciais evocados auditivo e visual. Foram identificadas alterações do comportamento, do aprendizado, atenção sustentada, dificuldade de reconhecimento facial, memória de trabalho espacial, verbal, processamento aritmético e números.
Estudos com ressonância magnética funcional identificaram comprometimento da atividade funcional em região frontal inferior e média e no caudado direito. No que se refere à neuro ativação para processamento aritmético a resposta foi menor no parietal e pré-frontal. Outra possibilidade estudada foi aquela associada a morbidade psiquiátrica.

Concluindo
Inúmeras pesquisas clínicas envolvendo neuroimagem comprovam que a exposição ao álcool durante a gestação repercute na criança, no adolescente e no adulto, condicionando um decréscimo da eficiência neurológica nas diversas regiões cerebrais. Do ponto de vista clínico comportamental, cognitivo e psiquiátrico, foram confirmados e documentados comprometimentos através de neuroimagem, justificando a necessidade de assegurar assistência de qualidade à gestante e ao feto.

http://www.aprendercrianca.com.br/informacao/noticias-do-cerebro/alcool-gestacao-e-concepto

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

188- O treinamento (coaching) ajuda os universitários com TDAH? (3a. parte)

Resumo e conclusões
Os resultados deste estudo indicam que os estudantes universitários com TDAH sentem que o treinamento foi útil. Os achados qualitativos se equivalem aos do estudo quantitativo. Neste, os estudantes, escolhidos ao acaso para receberem o treinamento, relataram mais vantagens em suas funções executivas, habilidades de estudo e de organização do que os do grupo controle, quando avaliados por um instrumento validado chamado “the Learning and Study Strategies Inventory”. Isto foi verdadeiro embora não fossem encontradas diferenças no GPA dos estudantes.
O modelo de treinamento empregado neste estudo tinha um grande apelo intuitivo. O foco no estabelecimento de metas acadêmicas, o monitoramento do progresso, dividindo longos projetos em sequências de tarefas mais específicas e administráveis, junto ao contato frequente para ajudar os estudantes a se manter no rumo, tudo isso é consistente com o consenso emergente de que o TDAH é um transtorno  da função executiva (para uma discussão maior sobre esta visão vá a www.drthomasebrown.com/brown_model/index.html ). Desta perspectiva, o treinamento pode ser um jeito melhor do que os modelos tradicionais de terapia e poderia certamente complementar os outros benefícios que os estudantes poderiam receber do tratamento médico.
O método pelo qual o treinamento foi proporcionado neste estudo, isto é, chamadas telefônicas e contato entre as sessões via texto e e-mail, também é claramente melhor para as necessidades dos estudantes do que dirigir para fora do campus para se encontrar com um provedor de saúde mental. Isto é outro aspecto importante deste modelo.
Novos estudos deste método deverão seguir os estudantes por períodos mais longos para verificar se o treinamento leva a ganhos duradouros nas habilidades visadas pela intervenção. Por exemplo, seria importante aprender se o treinamento seguido é necessário para manter as mudanças de comportamento relatadas, ou, se os estudantes são capazes de manter essas mudanças por si mesmos depois de trabalharem com um treinador por um período determinado.
Críticos desta abordagem podem argumentar que os benefícios reais do treinamento são limitados porque os pesquisadores não encontraram nenhum efeito no GPA atual dos estudantes ou no número de créditos que eles obtiveram durante os primeiros anos de faculdade. Entretanto, pode ser treinamento mais demorado seja requerido para produzir essas mudanças conforme os estudantes empregam seu comportamento acadêmico melhorado por um maior período. A este respeito, também é válido notar que não há nenhuma pesquisa demonstrando efeitos positivos do tratamento medicamentoso sobre o GPA dos estudantes; de fato, a espécie de estudo requerida para determinar isto ainda não foi feita.
Eu também sugeriria que não obstante como o treinamento possa ou não afinal impactar o GPA, a experiência que os estudantes relataram é algo que muitos pais iriam querer para seus filhos. O fato de que os estudantes relataram sentimento de aumento do bem estar e da confiança  me parece tão importante e convincente por sua própria natureza.

Revisão feita por David Rabiner, Ph.D.
Associate Research Professor
Dept. of Psychology & Neuroscience
Duke University


Veja as postagens 186 e 187, primeira e segunda parte desta revisão

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

187- O treinamento (coaching) ajuda os universitários com TDAH? (2a. parte)


Obtenção de dados
Como notado, esta parte do estudo foi qualitativa em natureza e envolveu entrevistas pessoais com os estudantes de cada campus. As entrevistas foram transcritas e codificadas, usando um software especialmente desenhado que identificava temas comuns entre elas. Por exemplo, temas que emergiram incluíam “habilidades de estabelecer metas”  e “ferramentas de controle do tempo”, indicando que essas eram as áreas consistentemente discutidas pelos estudantes.
Uma vez identificados os temas importantes, os pesquisadores revisaram cuidadosamente as transcrições para identificar o material que fosse diretamente relevante para cada tema. Isto permitiu ao pesquisador a compilação de um conjunto confiável de sentimentos dos estudantes, dentro de cada tema e categoria para revisão. Lendo o material de entrevista relevante para cada área temática, os pesquisadores desenvolveram um sentido geral da experiência relevante dos estudantes para cada área.
Este é um método muito diferente da tradicional pesquisa quantitativa, que se apoia mais na análise estatística de dados quantitativos. Entretanto, quando métodos qualitativos apropriados são empregados, isto pode ser uma abordagem rigorosa e sistemática para aprender sobre a experiência individual, que os proponentes argumentam que proporcione um complemento muito útil para os métodos quantitativos.
Resultados
As conclusões importantes relatadas pela maioria dos estudantes incluíam as seguintes:
1. O treinamento os ajuda a trabalhar mais produtivamente na direção de suas metas. Muitos relataram que seu treinador ajudou-os a pensar e a usar seu tempo mais produtivamente.
2.Os estudantes se sentiram mais capazes de manejar as múltiplas datas-limite usando a estrutura que seu treinador ajudou-os a criar e seguir.
3. Os estudantes sentiram que os treinadores os ajudaram a desenvolver melhores estratégias de organização.
4. Os estudantes sentiram que os treinadores os ajudaram a persistir na direção de atingir suas metas acadêmicas quando barreiras inicialmente impediam seus esforços.
5. Os estudantes sentiram que o contato frequente entre as sessões facilitou a solução dos seus problemas e reforçou sua motivação para alcançar suas metas. Também ajudou-os a se sentirem mais confiantes no sentido de alcançarem seus objetivos.
6.  Os treinadores ajudaram os estudantes a desenvolver metas acadêmicas mais realistas assim como planos mais realistas para atingi-las.
7. Os estudantes relataram aumento dos sentimentos de competência em relação à sua habilidade de manejar com sucesso as demandas da vida universitária. Como resultado, muitos estudantes relataram maiores sentimentos de bem estar e aumento da confiança sobre seu sucesso futuro.
8. Os estudantes descreveram comportamentos mais autorregulados como um benefício importante. Isto é, eles se sentiram mais capazes de dirigir consistentemente seus comportamentos no sentido de alcançar os objetivos que haviam estabelecido para si mesmos.
É notável que a despeito do impacto claramente positivo do treinamento que os estudantes relataram, seus comentários foram variados em relação a se o treinamento melhorou diretamente seus GPAs. Isto é consistente com os achados quantitativos que estão resumidos em http://edgefoundation.org/information/research/  nos quais as notas que os estudantes dão a si mesmos indicam ganhos significativos no estudo e nas habilidades de organização, comparados com os participantes controle, mas nenhuma mudança significativa no GPA.
Isto é importante por várias razões. Primeiro, indica que os estudantes não viam os treinadores como uma panaceia. Embora eles claramente achassem os treinadores úteis nas maneiras acima anotadas, eles eram mais circunspectos sobre o impacto dos treinadores em seu desempenho acadêmico objetivo. Segundo, esta visão mais cheia de nuances aumenta a credibilidade das respostas positivas que eles forneceram. Isto é, o fato de que eles não relatam simplesmente que os treinadores ajudaram em tudo, sugere que os estudantes forneceram informações sobre áreas em que os treinadores foram realmente úteis e que refletem verdadeiramente a experiência dos estudantes.
(Continua na próxima postagem)

186- O treinamento (coaching) ajuda os universitários com TDAH? (1a. parte)


Muitos estudantes com TDAH lutam para serem bem sucedidos na faculdade. Conforme foi notado em artigo anterior do Attention Research Update, por Linda Hecker, do Landmark College, o meio universitário sobrecarrega as funções executivas tais como o gerenciamento do tempo e a organização das tarefas. O dia da faculdade é pouco estruturado se comparado ao do colegial – os estudantes têm somente 1 ou 2 aulas por dia, com muito “tempo livre” nos intervalos. Há mais trabalhos de longa duração e nenhum grupo de estudos ou pais que fiquem por perto para garantir que os estudantes fiquem atentos (veja  www.helpforadd.com/2006/july.htm ). Por isso, os estudantes com TDAH precisam confiar mais em suas habilidades para controlar seu comportamento ao longo do tempo, na busca de realizações importantes, e eles frequentemente têm maior dificuldade do que seus colegas para se engajar consistentemente em tais comportamentos de autorregulação.
Intervenções que se destinam a desenvolver e melhorar as importantes habilidades de autorregulação – assim como outras funções executivas importantes – podem ser especialmente úteis para os estudantes universitários com TDAH. Uma intervenção que atua diretamente nisto é o Coaching (treinamento). Os treinadores auxiliam pessoas com TDAH propiciando a eles um claro entendimento da natureza do TDAH e de como ele afeta a sua vida diária. Eles trabalham com os clientes para identificar metas importantes e para desenvolver planos e estratégias para alcançá-las. Eles ajudam os clientes a monitorar seu progresso na direção dessas metas, a identificar quando eles estão se desviando delas e a desenvolver estratégias para mais eficientemente alcançá-las ao longo do tempo. Assim, os treinadores podem auxiliar os estudantes a desenvolver sua habilidade para regular seu comportamento de modo eficiente, e proporcionar uma importante fonte externa de regulação, conforme essa habilidade vai se desenvolvendo. Em teoria, isto deveria ajudar os estudantes com TDAH a conquistar maior sucesso acadêmico.
Como esta abordagem funciona realmente para os estudantes com TDAH? Esta questão foi analisada em estudo publicado recentemente no Journal of Attention Disorders (Parker et al., 2011 – Self-control in postsecondary settings: Students perceptions of ADHD College coaching. Journal of Attention Disorders, DOI:10.1177/1087054711427561). Os participantes foram  19 estudantes de 10 campi diferentes, que foram selecionados a partir de uma amostra maior, de 88 estudantes com TDAH, que tinham sido escolhidos ao acaso para receber a intervenção do treinamento (coaching).

Foram analisadas duas questões primárias:

1. Qual é o efeito do treinamento na percepção que os estudantes com TDAH têm do processo que utilizam para manter suas metas acadêmicas, tais como o GPA (Grade Point Average)?  (veja no Google)

2. Que benefícios os estudantes associam aos serviços de treinamento?

O estudo fez uso de extensas entrevistas com os estudantes para obter suas impressões sobre a experiência de coaching e sobre como ela os ajudou. Também houve um componente quantitativo do estudo, que avaliou o impacto do coaching sobre as respostas dos estudantes em várias escalas de avaliação, assim como foram coletados dados sobre índices objetivos de rendimento acadêmico, tais como o GPA. Um resumo desses resultados está disponível em http://edgefoundation.org/information/research/  (Nota: O estudo foi patrocinado por Edge Foundation – www.edgefoundation.org – uma organização dedicada o fornecer treinamento eficiente aos estudantes com TDAH. Eu (Dr. Rabiner) não tenho nenhuma ligação com esta fundação).

No que consiste o coaching?

O coaching focaliza as sete maiores áreas quando trabalha com estudantes: planejamento, estabelecimento de metas, construção da autoconfiança, organização, focalização, atribuição de prioridade e persistência na tarefa. Estas áreas foram selecionadas para resolver diretamente os problemas que muitos estudantes com TDAH têm no funcionamento executivo.

Treinadores e estudantes realizaram conversas telefônicas de 30 minutos, uma vez por semana, durante as quais os treinadores, de rotina, perguntavam aos estudantes sobre suas metas acadêmicas, assim como sobre o seu bem estar físico e emocional. Foram realizadas vinte e cinco sessões de treinamento. Os treinadores trabalharam com os estudantes para dividir os objetivos maiores em uma sequência de tarefas menores e para criar sistemas para lembrar-se de agir naquelas tarefas. Houve um foco no desenvolvimento de ferramentas eficientes de gerenciamento do tempo e na criação de programas mais equilibrados que permitissem exercícios regulares e boa rotina de sono. Embora os treinadores tivessem empatia pelos estudantes que relatavam sentimentos de desencorajamento e de estresse, o foco era na ajuda para os estudantes identificarem os passos concretos que poderiam adotar para corrigir a causa desses sentimentos.

Além das sessões semanais por telefone, os treinadores se comunicavam com os estudantes com frequência por texto, e-mail e por ligações mais curtas. Assim, os estudantes receberam lembretes regulares sobre suas metas e planos e desenvolveram um senso de serem responsáveis pelo seu progresso. A comunicação frequente também permitiu que os treinadores vigiassem a marcha dos estudantes em direção ao seu objetivo com maior frequência e a intervir mais cedo quando os estudantes estivessem falhando.

Este foco na solução imediata dos problemas, assim como o contato regular entre as sessões programadas, são importantes distinções entre o treinamento para o TDAH e as abordagens mais tradicionais para a terapia com adultos jovens.

(Continua nas próximas postagens: 187 e 188)

domingo, 19 de fevereiro de 2012

185- TDAH - Soluções para o caos iminente


“Estou me equilibrando no limite”

Muitas pessoas têm a incômoda sensação de que estão se equilibrando no limite e que bastará somente mais um compromisso para mergulhar no caos.

Se você se sente desse jeito, lembre-se que, embora pareça que você está na iminência de ir além do limite, você não está. O problema a ser resolvido é a sua sensação incômoda. Você está escolhendo ter esses pensamentos negativos que o incomodam. Talvez você possa usar as técnicas da terapia cognitiva comportamental (TCC) para sair desse padrão por meio do pensamento: “Estou fazendo um bom trabalho; estou me mantendo calmo e equilibrado apesar do perigo de cair no precipício”.

Então, mude seu quadro mental, de um em que você se equilibra na beira do precipício para outro em que você está caminhando com confiança na margem, impregnado pela promessa da descoberta. Sim, é você, no seu caminho para grandes conquistas. Aproveite a vista!

By Paul Hammerness, M.D. , Margaret Moore

184- TDAH - Soluções para os dias estressantes

“É muita coisa...”

O estresse causado pela falta de atenção e pela desorganização pode levar  a uma deterioração total da saúde física e mental. Quando você perceber que a sua luz de alarme do motor está piscando, aperte o botão de reset com estas estratégias para reduzir o estresse.

Tire alguns momentos por semana para revisar o que você está fazendo, às coisas boas da vida que você deve agradecer. Isto pode soar como um lugar-comum, mas o ajudará a mudar para um humor mais positivo.

Redefina o que você quer ser – sair desse desastre provocado pelo estresse para o que? Calmo e confiante? Qual o seu tipo de pessoa?

• Vire as prioridades de ponta cabeça e cuide de sua saúde primeiro, o que lhe dará mais energia, equilíbrio e calma para fazer o que tem de ser feito.

• Encontre um comportamento saudável para se manter sob controle  – somente um. Pode ser exercícios, e, talvez, exercitar-se em algum lugar mais conveniente do que a academia lhe tomará menos tempo. Então, saia e caminhe ou compre um vídeo de exercícios que você possa fazer dentro de casa. Você estará fazendo algo bom para sua saúde e para o seu nível de estresse.

By Paul Hammerness, M.D. , Margaret Moore

183- TDAH - Soluções para os esgotados

“Já não aguento mais”

Como você evita a sensação de que já não dá conta porque está tentando lidar com as ondas constantes de obrigações no seu dia-a-dia?

Lutando para o controle que garante a calma, tendo confiança de que tudo dará certo, e tendo satisfação com as coisas conquistadas.

Para obter estas importantes qualidades, tente estas acomodações de trabalho que o ajudarão a estabelecer um regime de controle do tempo:

Estebeleça, como períodos livres de interrupção, os horários mais produtivos do dia. Começe com 15 minutos, depois 30, e aumente para até várias horas ao dia, ao longo dos meses.

Estabeleça períodos para lidar com as interrupções quando você precisar de um intervalo no meio de projetos complexos – digamos 20 minutos ao dia – para corrigir textos, fazer chamadas, tweets e assim por diante.

Pratique não lidar com textos, e-mails e tais coisas, quando você estiver em um período livre de interrupção. Você se sentirá bem com a sensação de controle que vem do fato de não responder como um reflexo do joelho. (Nota do tradutor: aquele chute que acontece quando se bate com um martelo de reflexos logo abaixo a sua rótula ou patela).

By Paul Hammerness, M.D. , Margaret Moore

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

182- TDAH – Solução para a multitarefa


TDAH – Solução para a multitarefa

“Pensei que estava fazendo tudo, mas...

Se você está preocupado porque não consegue fazer várias coisas ao mesmo tempo, não se preocupe. As pesquisas mostram que a multitarefa não é eficiente. É melhor fazer uma coisa de cada vez,

Cada tarefa, curta ou demorada, será mais bem feita com sua atenção total, não com um quarto de atenção, metade ou mesmo três quartos dela.

Se você estiver falando aos seus filhos, ou respondendo a um e-mail ou olhando pela janela para algo interessante, use toda a sua atenção em cada uma das coisas.

Imagine isso como se você virasse a cabeça e encarasse outra coisa, e se conectasse completamente, como quando estamos apaixonados e queremos mandar uma mensagem com o nosso sentimento. Você precisa fazer uma pequena pausa, uma transição mental de tarefa para tarefa e não deixar que a tarefa anterior, ou a próxima, contaminem a atual.

Quando você usa toda a sua atenção em uma tarefa, o tempo desacelera e se expande, e muita coisa pode ser feita em pequenos momentos.

By Paul Hammerness, M.D. , Margaret Moore

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

181- TDAH – Soluções para a falta de controle do tempo


TDAH – Soluções para a falta de controle do tempo

“Ih! Me desculpe, estou atrasado...”

Isto pode ser um sinal de que seus compromissos estão além da sua capacidade pessoal. Se for assim, pense em seguir as seguintes sugestões para vencer a sua impontualidade habitual:

Ajuste-se. Faça uma lista dos seus compromissos – diariamente, semanalmente, mensalmente. (Seu esposo ou companheiro poderá ajudar). Determine se algum deles pode ser eliminado, delegado ou reduzido. Evite a sobrecarga aprendendo a dizer não. Reduza sua lista de compromissos rotineiros em ao menos 10 por cento.

Arrume seus 15 minutos diários de repouso. Atrasos e esquecimentos podem ser sinais de que você precisa de mais tempo para se acalmar e se equilibrar, e para aumentar sua função cerebral. Herbert Benson, M.D., especialista da Universidade de Harvard, recomenda de 10 a 15 minutos por dia de uma atividade repetitiva e de atenção (respiração profunda, meditação, yoga). Você pode fazê-la pela manhã, no início do dia, durante uma caminhada calma ou mais tarde, ao final do dia.

Ajuste seu equilíbrio emocional. Sua impontualidade pode ser sinal de muito poucas emoções positivas ou muitas emoções negativas, que podem, as duas coisas, prejudicar sua função cerebral, particularmente a memória. Cheque sua taxa de emoções positivas em relação à sua taxa de emoções negativas em www.positivityratio.com . A taxa normal é de 3:1, acima da qual seu cérebro funciona bem e abaixo da qual ele não funciona bem mesmo.


Por Paul Hammerness, M.D. e Margarete Moore

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

180- TDAH - Soluções para a desarrumação

"Ugh, este lugar está uma bagunça!"

É impressionante como a desordem pode atingir o seu cérebro, fazendo-o sentir-se fora de controle e inalcançável como nossa gaveta de meias. Você não tem inveja das pessoas que conseguem tolerar e até mesmo gostar da bagunça caótica, e que parecem imunes a ela?

Organizar a sua vida requer um plano de longo prazo; mas por que não começar hoje, tomando as pequenas e graduais medidas necessárias para dominar a desordem e restaurar a ordem, tanto fora (casa, trabalho) quanto dentro (seu cérebro)?

+ Arrume um parceiro – seu filho, colega ou amigo – para ajudá-lo a se organizar. Um colega de trabalho pode oferecer uma nova perspectiva; ele pode ver o céu através da densa floresta. Esteja aberto às suas sugestões sobre o que deveria ficar onde e torne isto divertido. Depois de poucas horas de reordenamento, comemore com sua equipe de trabalho o tempo bem gasto juntos, indo almoçar (por sua conta!) ou fazendo uma longa caminhada.
+ Depois de uma sessão com seu amigo ou colega, programe um reordenamento a sós, por uma hora, uma vez por semana, no início, e, eventualmente, uma vez ao mês, para garantir que você está no domínio das coisas.

+ Estabeleça o tempo de reordenamento – 15 minutos por semana – para manter a casa sob controle.

+ Certifique-se de prestar atenção e apreciar quantas áreas foram postas em ordem ao longo do tempo, e não em quanto ainda resta a ser feito.


Por Paul Hammerness, M.D. e Margarete Moore

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