Brasília, 13 de Julho de 2012
Recentemente, uma série de matérias sobre o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) tem sido veiculada pela mídia jornalística não especializada. Em boa parte dessas matérias, profissionais apresentados como especialistas em saúde e educação (embora seus currículos informem não terem publicações científicas sobre o assunto) transmitem opiniões pessoais como se fossem informações científicas. Pior, suas opiniões não refletem os conhecimentos atuais sobre o transtorno, que é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde e sobre o qual constam centenas de publicações em bancos de dados (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/) descrevendo claramente as graves consequências nas esferas acadêmica, familiar, social e profissional. Tais opiniões equivocadas são nocivas para pacientes, familiares e para a população como um todo.
A afirmação de que o TDAH “não existe”, de que os medicamentos aprovados pela ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária para o tratamento desse transtorno são “perigosos” e tornam as crianças “obedientes” é, na melhor das hipóteses, expressão pública de ignorância em relação ao tema, investigado cientificamente de modo extenso por pesquisadores de todo o mundo, muitos deles brasileiros. Na pior das hipóteses, configura crime porque veicula informações erradas sobre tema de saúde pública. Incontáveis Associações Médicas ao redor do mundo já se posicionaram não deixando dúvidas sobre a validade do TDAH (vide posicionamento da Associação Médica Americana em Referências no final do texto).
Tais matérias induzem os leitores à falsa conclusão que há dúvidas não apenas quanto à existência do TDAH, como sobre os benefícios do tratamento medicamentoso. Obviamente, tais textos jamais citam qualquer artigo científico, nenhum dado de pesquisa, demonstrando os tais efeitos “perigosos” ou graves. E, numa prova incontestável da natureza parcial e enganosa, em desrespeito aos princípios básicos do jornalismo, deixam de citar centenas de artigos científicos que documentam fartamente os benefícios, a eficácia e a segurança dos medicamentos usados no tratamento do TDAH. Recentemente, um grande estudo publicado no mais importante jornal Inglês de Psiquiatria documentou que o metilfenidato é a medicação mais eficaz em Psiquiatria e uma das mais eficazes em toda a Medicina (vide em Referências no final do texto).
Os sintomas que caracterizam o TDAH não são comportamentos infantis comuns, meras variações da normalidade, que médicos, pais e professores querem “controlar”. Seria o mesmo que dizer que diabete é um mero aumento de açúcar no sangue, uma simples variação do normal observado na população. Noventa e cinco por cento das crianças e adolescentes não tem a intensidade e gravidade de sintomas que os portadores de TDAH, do mesmo modo que 90% dos adultos não têm níveis elevados de açúcar. Diagnósticos são frequentemente estabelecidos pela intensidade e gravidade. A lista é grande: hipertensão arterial, glaucoma, osteoporose, hipertireoidismo, etc. Todos eles, à semelhança do que ocorre no TDAH, cursam com graves consequências para o indivíduo. Proposições do tipo “quem não esquece alguma coisa de vez em quando?” ou “quem não responde impulsivamente de vez em quando?” são, além de superficiais, irrelevantes: todos os sintomas do TDAH ocorrem em frequência e intensidade não observada em indivíduos normais.
O diagnóstico do TDAH é realizado através de entrevista clínica e há extensa literatura científica sobre a fidedignidade deste procedimento. A sugestão de que a ausência de exames complementares tornaria o diagnóstico “frágil” novamente reflete inacreditável desconhecimento de saúde mental: também não há exames para os diagnósticos de Depressão, Autismo, Transtorno do Pânico, Esquizofrenia, Transtorno Obsessivo-Compulsivo, Transtorno Bipolar, etc.
A comunidade científica Brasileira, aqui representada por mais de 20 associações e grupos de pesquisa, reitera que o TDAH pode ser diagnosticado de modo fidedigno e seu tratamento, se bem conduzido, tem grandes chances de diminuir os prejuízos que esses indivíduos apresentam ao longo da vida. Embora tratamentos não farmacológicos possam auxiliar bastante no manejo terapêutico do TDAH, todos os artigos científicos disponíveis indicam que o tratamento farmacológico é a primeira escolha para a maioria dos portadores.
Fornecer informações equivocadas e ocultar dados científicos bem documentados é dificultar ou retardar o acesso da população ao diagnóstico ou a tratamento, é a expressão de uma das mais perversas formas de discriminação social: a Psicofobia.
Referências
1. Diagnosis and Treatment of Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder in Children and Adolescents. Larry S. Goldman, MD; Myron Genel, MD; Rebecca J. Bezman, MD; Priscilla J. Slanetz, MD, MPH; for the Council on Scientific Affairs, American Medical Association - JAMA. 1998;279(14):1100-1107
2. Putting the efficacy and general medicine medication into perspective: review of meta- analysis. Stefan Leucht, Sandra Hierl, Werner Kissling, Markus Dold and John M. Davis. British Journal of Psychiatry, 2012, 200:97-106
Entidades signatárias
1 - Associação Brasileira de Psiquiatria
2 - Associação Brasileira do Déficit de Atenção
3 – Sociedade Brasileira de Pediatria
4 – Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil
5 – Associação Brasileira de Neurologia, Psiquiatria Infantil e profissões afins
6 – Academia Brasileira de Neurologia
7 – Sociedade Brasileira de Neuropsicologia
8 – Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul
9 – Sociedade Interdisciplinar de Neurociência Aplicada à Saúde e Educação
10 – Associação Brasileira de Dislexia
11 – Ambulatório dos Estudos de Aprendizagem do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Neurologia e Pediatria)
12 – DISAPRE – Laboratório de Pesquisa em Distúrbios da Aprendizagem e da Atenção – Faculdade de Ciências Médicas - Universidade de Campinas
13 – Laboratório de Investigações Neuropsicológicas – Universidade Federal de Minas Gerais
14 – Laboratório de Neuropsicologia do Desenvolvimento – Universidade Federal de Minas Gerais
15 - Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência (UPIA) da Universidade Federal do Estado de São Paulo (UNIFESP-EPM)
16 – Centro de Referência para Criança com TDAH Instituto de Pediatria e Puericultura Martagão Gesteira – Universidade Federal do Rio de Janeiro
17 – Ambulatório de Neuropsicologia Pediátrica do Serviço de Neurologia do Complexo Hospitalar Professor Edgar Santos da Universidade Federal da Bahia
18 – Ambulatório de Distúrbio de Aprendizagem da Santa Casa da Misericórdia de São Paulo
19 – GEDA - Grupo de Estudos e Pesquisa do Déficit de Atenção da Universidade Federal do Rio de Janeiro
20 – NANI – Núcleo de Atendimento Neuropsicólogo Infantil – Universidade Federal do Estado de São Paulo
21 - Comunidade Aprender Criança – Instituto Glia
22 – Núcleo de Investigações da Impulsividade e da Atenção da Universidade Federal de Minas Gerais
23 – Centro de Orientação Escolar - Hospital da Criança Santo Antonio da Santa Casa de Porto Alegre
24 – Laboratório de Clínica Cognitiva do Instituto de Psicologia da Universidade Federal da Bahia
25 - Programa de Déficit de Atenção/ Hiperatividade do Hospital de Clinicas de Porto Alegre da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
26 – Serviço de Psiquiatria Infantil da Santa Casa do Rio de Janeiro
27 - Grupo de Pesquisa em Neurodesenvolvimento, escolaridade e aprendizagem – CNPq
28 - Ambulatório de Déficit de Atenção (AMBDA) da Universidade Federal de Minas Gerais
29 – Instituto ABCD
Blog destinado à divulgação dos diversos aspectos do TDAH e do que mais eu quiser. As opiniões são de responsabilidade dos autores e podem não ser compartilhadas por mim (Dr. Menegucci).. Todo mundo é gênio. Mas, se você julgar um peixe pela sua habilidade de subir numa árvore, ele vai passar a vida toda pensando que é burro..
terça-feira, 17 de julho de 2012
sexta-feira, 6 de julho de 2012
219- Tenha coragem de perdoar seu esposo com TDA
Ter um companheiro com TDA não é fácil, mas perdoar - e
planejar para prevenir os problemas - é um passo na direção certa. O
especialista Dr. Ned Hallowell oferece conselhos de relacionamento.
Se você está casado com alguém com o déficit de atenção
(TDA/TDAH), você provavelmente se terá perguntado quantas vezes terá de
perdoá-lo. TDA não é fácil - para os que o têm ou para os que vivem com quem
tem! Por isso que todos os casamentos TDAH podem se beneficiar de algum
aconselhamento sobre o relacionamento.
Nós, que temos TDA (eu, inclusive), geralmente não
aprendemos com nossos erros. Nós os repetimos seguidamente. Se a pergunta for
"Quantas vezes tenho de lhe dizer?", a resposta pode ser
"Centenas, no mínimo!" Isso significa que merecemos um salvo-conduto?
É claro que não. O TDAH não é uma desculpa para a irresponsabilidade. É uma
explicação para o comportamento, e um sinal de que a pessoa precisa aprender a
assumir responsabilidades de maneira mais efetiva.
Mesmo os tratamentos mais perfeitos para o TDAH não
produzem resultados perfeitos. Peça ao seu esposo TDAH para levar o lixo para
fora. Ele concorda e passa pelo cesto de lixo distraído com uma nova idéia que o
invadiu.
Você pede ao seu esposo que ele a elogie de vez em
quando, porque acha difícil lembrá-lo de que você necessita da atenção dele.
Sem jeito e envergonhado ele se desculpa e decide prestar mais e melhor atenção
em você. Você sabe que ele realmente sente o que diz. Mas, ele cumpre o
prometido? Não. Você pede ao seu esposo TDA para que pare de fazer compras por
impulso no cartão de crédito. Novamente, algo constrangido, ele concorda. Ele
não quer aumentar a dívida mais do que você. Mas, no dia seguinte, ele vê uma
coisa à qual não resiste e, bingo!, um novo item foi acrescentado à conta.
O que você pode fazer? Esquecer? Divorciar-se dele? Bater
na cabeça dele com um porrete?
Acabo de escrever um livro chamado "Dare to
Forgive" (Tenha coragem de perdoar). Uma das afirmações que faço no livro é
que o perdão não é licença para repetir o mesmo erro em seguida. Então, se você
perdoa seu esposo - e eu espero que sim - você também deve estabelecer um plano
para que o mesmo problema não apareça repetidamente. Se o plano não funcionar,
reveja-o e tente novamente. Revisar planos é tudo o que é a vida.
Entenda que esses problemas não indicam uma
desconsideração consciente de você ou da responsabilidade, mas realmente uma desconsideração involuntária,
intermitente, sobre todas as coisas. Essa é a natureza diabólica do TDAH. Tenha
isso em mente (e as boas qualidades dele) quando você tiver vontade de
estrangulá-lo. Enquanto ele quiser continuar a viver com você - e pode ser como
um profissional, também - pode ser feito algum progresso. Vitória total? Cura
completa? Não. Mas, progresso.
Conforme você notar que ele se esforça para ter um melhor
comportamento, tenha compaixão. Construa o pensamento positivo e o faça
crescer. Mantenha seu senso de humor. Fique em contato com outras pessoas que
podem ajudar. E lembre-se de que sob a casca do TDA bate um coração e há uma
mente cheia de calor, criatividade, jovialidade, e imprevisibilidade. Quase sempre
há algo de bom que supera o ruim.
Até mesmo o suficiente para tornar um casamento feliz e
uma vida agradável.
Este artigo foi publicado no número de abril/maio de 2004
de ADDitude
segunda-feira, 2 de julho de 2012
218- A Impulsividade do TDAH: Ajude as crianças a pensar antes de dizer ou fazer algo de que se arrependerão.
Pais de
crianças com TDA/TDAH oferecem sugestões para ajudar seu filho a evitar e a
controlar a fala e as atitudes impulsivas. Pelos Editores de ADDitude.
ADDitude
perguntou: Como você controla a impulsividade do seu filho com TDAH para que
ele não diga ou faça algo de que se arrependerá?
É um grande desafio, mas muitos
de vocês tentarão conseguir isso com suas próprias estratégias inovadoras.
“Eu o
encaro, olho nos olhos dele, ponho minhas mãos em seus ombros e converso com
ele sobre as consequências de suas ações”. – Adrienne, Flórida
“Digo ao meu
filho para que fique quieto por dois minutos e que respire fundo comigo. Esta
pausa permite que ele reavalie a situação. Isto geralmente o acalma e permite
que ele adote uma atitude diferente”. – Helen, Arizona
“Tenho uma
conversa franca com meus filhos e explico que toda ação tem consequências, e
que eles podem escolher as ações que levam a consequências positivas”. –
Christine, Massachusetts
“Pedimos ao
nosso filho que tente ouvir, em sua mente, o que ele quer falar alto. Se ele
ficar inseguro sobre o que deveria dizer, ele não deve dizer. Também dizemos a
ele que, se não for algo que ele diria ou faria na frente de Deus ou de sua avó,
ele não deve dizer ou fazer”. – Karen, Wisconsin
“Eu ergo
minha mão, como se fosse um sinal de pare. É um aviso para parar e pensar –
para nós dois”. – Brenda, California
“Eu digo,
´Parem, parem já, olhem para mim e escutem. Falo deliberadamente, usando os
seus nomes completos. Então, eles sabem que é importante”. – Cassie,
Connecticut
“Meus filhos
sabem que, quando eu assumo certa postura, é melhor que eles parem e reavaliem
o que estão fazendo ou dizendo. Tenho de me lembrar de fazer isso a cada dia”. –
Brandi, California
“Não
controlo. Quem tem TDA/TDAH aprende com a dor que suas palavras ou ações
provocam. Só demora mais tempo para que eles aprendam”. – Frank, California
“Geralmente
digo ´Não faça isso!´ Mas se fizer, então ele perde um ou dois privilégios”. – Jodi,
Texas
“Tento prever
quais as situações que ela pode enfrentar e a previno. Se não for assim,
geralmente não dá tempo de evitar”. – Cecilia, Minnesota
“Uso
empatia. Digo ´Lembre como você se sentiu quando...´”. – Dee, Maine
“Cada vez
que ele grita ou fica bravo comigo, eu lembro a ele, no auge da situação, que
em uma ou duas horas ele vai se sentir mal por causa do que disse ou fez. Estou
fazendo assim já há algum tempo e parece que está começando a funcionar”. – Tammy,
British Columbia, Canada
“Às vezes,
pergunto a ele ´Vale a pena?´ e isto faz a mágica”. – C., Kansas
“Se eu
soubesse a resposta, eu a engarrafava e vendia – e faria uma fortuna!” –
Debbie, New York
Este artigo
apareceu no número de verão de 2011 de ADDitude.
sexta-feira, 15 de junho de 2012
217- Ter menos idade ao entrar na escola aumenta a chance de ter o diagnóstico de TDAH - Continuação da 215 e 216
Resumo e
considerações
Os
resultados de três estudos independentes, que empregaram amostras grandes e
representativas, indicam que as crianças que são mais jovens para o ano escolar
são significativamente mais propensas do que suss colegas a serem
diagnosticadas com TDAH e a serem tratadas com medicação estimulante. Com base
em análise adicional conduzida em um desses estudos, o efeito relativo à idade
é primariamente relacionado à percepção dos professores e não se estende a
outras dificuldades de aprendizagem. Entretanto, esses dois últimos tópicos
foram examinados em somente um dos três estudos, e, por isso, precisam ser
replicados.
Por que ser
mais jovem para o ano escolar aumenta as chances de uma criança ser
diagnosticada com TDAH? Uma explicação plausível é que focalizar a atenção e
controlar o comportamento são habilidades que se desenvolvem com o tempo. Na
entrada para a escola, ser até 12 meses mais jovem que os colegas representa
uma porção substancial da idade total de uma criança, e essas capacidades
tiveram menos tempo para se desenvolver. Como resultado, crianças relativamente
mais jovens serão em geral menos capazes do que suas colegas de classe para
regular sua atenção e seu comportamento, e mais provavelmente serão
identificadas pelos professores como portadoras de dificuldades nesses itens.
Então, elas serão encaminhadas para avaliação e diagnóstico de TDAH em taxas
mais elevadas.
É importante
notar que nenhum dos pesquisadores sugeriu que seus dados originassem questões
sobre a validade do TDAH como um transtorno “real”, com fundamentos
neurobiológicos. Em minha opinião, usar esses achados para questionar a
validade da condição seria altamente problemático.
Em vez
disso, esses achados sugerem que muitas crianças que são jovens para o ano são
diagnosticadas não porque têm o transtorno mas porque são do ponto de vista do
desenvolvimento menos avançadas do que a maioria das suas colegas. Pelo mesmo
motivo, crianças que são relativamente mais velhas para o ano escolar podem ser
menos diagnosticadas porque sua desatenção e hiperatividade não parecem
excessivas em relação às suas colegas mais jovens. Ambos os resultados são
potencialmente perigosos e falam sobre as complexidades envolvidas em
diagnosticar o TDAH, mas não sobre a validade do TDAH como um transtorno
legítimo.
Os
resultados desses estudos acentuam a importância das avaliações diagnósticas
cuidadosas e acuradas. Esses estudos trazem uma contribuição importante para o
campo por meio do aumento da consciência do risco de receber um diagnóstico de
TDAH. Embora não haja nenhuma maneira fácil de corrigir este fator complicador,
há vários passos a serem adotados que podem ser úteis.
Em primeiro
lugar, os clínicos que avaliam crianças pequenas deveriam ser extremamente
cuidadosos quando estas crianças também forem relativamente jovens para o ano
escolar. Para crianças nascidas perto da data de corte para entrada na escola,
consideração especial deve ser dada para a idade relativa, que pode ser um
importante fator no comportamento escolar da criança.
Em segundo
lugar, deve ser bom estreitar as faixas de idade usadas em muitas escalas de
comportamento amplamente utilizadas. Os resultados desses estudos sugerem que
há diferenças normativas significantes nos sintomas de desatenção e de
hiperatividade entre as crianças nascidas durante meses diferentes do mesmo
ano, para não citar de anos diferentes. O que é “normal” para uma criança de 6
anos e 1 mês difere do que é típico para uma criança de 6 anos e 11 meses de
idade.
Entretanto,
as escalas de comportamento geralmente têm categorias de idade que abarcam
vários anos. Assim, em vez de comparar se os comportamentos de desatenção que um
professor encontra em uma criança de 6 anos são excessivos em relação a outra
criança de 6 anos, a nota da criança será determinada em relação ao “grupo
normativo”, que inclui crianças que são vários anos mais velhas. Como resultado,
crianças na ponta inferior da faixa de idade podem ser mais propensas a
receberem notas altas na escala de sintomas do TDAH do que crianças na ponta
superior da faixa de idade. Isto é muito diferente de como o QI padronizado e
os testes de desempenho são construídos, nos quais as notas são calculadas em
relação a grupos de idade que abrangem somente alguns meses.
Em terceiro
lugar, esses achados evidenciam o valor dos esforços correntes para desenvolver
medidas objetivas confiáveis do TDAH, que não sejam afetadas pelos efeitos
relacionados à idade. Com foi discutido em um número anterior de Attention
Research Update, o Quantitative EEG
(qEEG), pode ser muito útil nesse sentido – veja www.helpforadd.com/2008/november.htm
Finalmente, a
associação entre idade relativa e risco de diagnóstico evidencia a importância
de se reavaliar sistematicamente as crianças a cada ano. Conforme as crianças se
desenvolvem, a importância da idade relativa sobre a capacidade de regular a
atenção e o comportamento provavelmente diminui. Por exemplo, é de se esperar
menor diferença na capacidade de manter a atenção entre adolescentes de 15 anos
mais jovens e os de 15 anos mais velhos, quando comparados a crianças de 6 anos
mais jovens e de 6 anos mais velhas. Assim, se uma criança foi diagnosticada
incorretamente com TDAH porque ela era relativamente mais jovem no ano de
entrada na escola, e portanto menos capaz do que seus colegas de controlar a
atenção e o comportamento, as reavaliações anuais identificarão isto conforme a
criança passar para os anos seguintes.
Eu (Dr.
David Rabiner) o convido a aprender mais sobre este novo modo de abordagem, que
tem obtido crescente suporte na pesquisa, ao visitar www.helpforadd.com/cogmed.htm e solicitar o pacote de informações para
profissionais. Creio que você encontrará a informação do seu interesse.
David Rabiner, Ph.D. – Associate Research Professor –
Dept. of Psychology & Neuroscience – Duke University – Durham, NC 27708 -
USA
216-Ter menos idade ao entrar na escola aumenta a chance de ter o diagnóstico de TDAH - Continuação da 215
Três estudos
recentemente publicados fornecem evidências convincentes de que a idade de uma
criança em relação à de seus colegas de classe é um fator importante se ela for
diagnosticada com TDAH. Os resultados desses estudos estão resumidos a seguir.
Estudo 1
O primeiro estudo
sobre este assunto [Evans, et al. (2010). Avaliação do diagnóstico e tratamento
médico errado em dados de revisão: A situação do TDAH entre crianças de idade
escolar, Journal of Health Economics, 29, 657-693] utilizou dados do National
Health Interview Survey (NHIS), uma avaliação anual de lares nos Estados Unidos
que colhe dados a respeito de transtornos, doenças e incapacidades na população
civil. A informação recolhida inclui dados sobre o diagnóstico de TDAH na
população e sobre o uso de medicação estimulante que tenha sido receitada.
Os autores
usaram os dados recolhidos de 1997 a 2006 e somente incluíram crianças de
estados com margem ampla de corte para a idade de início escolar quando a
criança tivesse cinco anos. Com base neste limite, que variou de estado para
estado, eles examinaram as taxas de diagnóstico e de tratamento do TDAH de
37.000 jovens de 7 a 17 anos que nasceram até 120 dias antes (isto é,
relativamente jovens para a escola) ou até 120 dias depois (isto é,
relativamente velhos para a escola) da data de corte do estado.
Os
resultados indicam que 9,7% de crianças jovens para a escola foram
diagnosticadas com TDAH comparadas a 7,6% daquelas relativamente velhas para a
escola, uma diferença de aproximadamente 27%. As taxas de uso de estimulantes
também foram significativamente diferentes, 4,5% contra 4%,
Estudo 2
Um segundo
estudo [Elder (2010). A importância dos padrões relativos para o diagnóstico do
TDAH:Evidência baseada em datas de nascimento exatas. Journal of Health
Economics, 29, 641-656] usou dados de outra grande avaliação nacional – o The
Early Childhood Longitudinal Study – para examinar este assunto. Os dados
inicialmente incluíram 18.600 estudantes de jardim de infância, de 1.000
programas de jardins de infância dos Estados Unidos, no outono de 1998; as crianças foram seguidas periodicamente até
2007, quando a maioria estava no oitavo ano. A informação disponível incluiu as
notas dos pais e dos professores sobre os sintomas de TDAH das crianças, os
diagnósticos e os tratamentos com medicação estimulante; os resultados finais
foram baseados em 11.750 crianças.
As taxas de
diagnóstico e de tratamento do TDAH foram calculadas para crianças nascidas um
mês antes (jovens para a escola) e um mês depois (velhas para a escola) da data
de corte do estado, que foi 01 de setembro para alguns estados e 01 de dezembro
para outros estados. Para estados com data de corte de 01 de setembro, 10% das
crianças nascidas em agosto foram diagnosticadas com TDAH, comparadas com 4,5%
das nascidas em setembro. Taxas de uso de medicação estimulante foram de 8,3%
contra 2,5%, respectivamente. Para estados com a data de corte em 01 de
dezembro, a taxa de diagnóstico para crianças nascidas em novembro foi de 6,8%,
mais do que o triplo da taxa de 1,9% para as crianças nascidas em dezembro; as
taxas de uso de estimulantes foram de 5,0% e 1,5% respectivamente.
O autor
examinou o impacto da idade relativa em que a criança foi diagnosticada com
problemas de aprendizagem diferentes do TDAH, incluindo atrasos do
desenvolvimento, autismo, dislexia, transtorno sócio emocional do
comportamento, e outras dificuldades de aprendizagem. Para esses outros
problemas de aprendizagem nenhum efeito relacionado com a idade foi encontrado.
O autor
também demonstrou que a idade de entrar na escola tinha efeito muito mais forte
na percepção do professor a respeito dos sintomas de TDAH das crianças do que
na percepção dos pais. Ele sugeriu que isto poderia ser porque os professores
avaliam o comportamento das crianças em relação a outras crianças da classe e
as crianças relativamente mais jovens são menos capazes de controlar sua
atenção e seu comportamento. Os pais, em contraste, podem usar padrões mais
absolutos desde que estão menos capazes de observar seu filho em relação a uma
classe cheia de colegas.
Estudo 3
O último
estudo [Morrow et al., (2012). Influence of relative age on
diagnosis and treatment of Attention-deficit/hyperactivity Disorder in
children. Canadian
Medical Association Journal, DOI:10.1503/cmaj.11619] examinou a associação entre
idade de início e diagnóstico de TDAH em um estudo sobre 935.000 jovens da
British Columbia, que tinha entre 6 e 12 anos de idade em qualquer época entre
dezembro de 1997 e novembro de 2008. Assim, o valor deste estudo é que a
amostra vem de um país diferente e de um sistema de saúde inteiramente
diferente do sistema dos Estados Unidos.
O corte de
entrada na escola na British Columbia durante este tempo foi 31 de dezembro.
Semelhante aos resultados revistos acima, meninos nascidos em dezembro eram 30%
mais propensos a ser diagnosticados com TDAH do que meninos nascidos em
janeiro; meninas nascidas em dezembro eram 70% mais propensas a serem
diagnosticadas com TDAH do que meninas nascidas em janeiro. Meninos eram 41%
mais propensos e meninas eram 77% mais propensas a serem tratados com medicação
se tivessem nascido em dezembro, comparados com os que tivessem nascido em janeiro.
quinta-feira, 14 de junho de 2012
215- Ter menos idade ao entrar na escola aumenta a chance de ter o diagnóstico de TDAH
O TDAH é o
transtorno neurocomportamental mais comumente diagnosticado nas crianças e
evidências substanciais indicam que fatores biológicos têm papel importante em
seu desenvolvimento. Por exemplo, embora permaneça desconhecido o mecanismo
exato pelo qual os fatores genéticos promovem risco aumentado de TDAH, a
importância da transmissão genética foi documentada em vários estudos
publicados.
Embora os
fatores biológicos sejam amplamente considerados como importantes no
desenvolvimento do TDAH, nenhum teste médico ou biológico é recomendado para
uso de rotina no diagnóstico do TDAH. Em vez disso, como virtualmente todas as
doenças psiquiátricas, o TDAH é definido por uma constelação de sintomas
comportamentais que são geralmente relatados pelos pais ou professores de uma
criança. Ainda, em quase todos os casos, é a preocupação dos pais ou dos
professores sobre a capacidade de uma criança prestar atenção e de controlar
seu comportamento que leva a criança a ser avaliada para o TDAH em primeiro
lugar.
Embora
algumas crianças mostrem comportamento bastante desatento ou hiperativo e
impulsivo para serem diagnosticadas como TDAH na idade pré-escolar, geralmente
é somente após a criança entrar na escola que as preocupações relacionadas com
a atenção e a hiperatividade aparecem. Isto pode ser especialmente verdadeiro
para os sintomas de desatenção, conforme as exigências para a atenção
sustentada se tornam maiores quando a criança começa a ir à escola. Os
professores podem observar como a capacidade de uma criança controlar a atenção
e o comportamento se compara com toda a classe – algo que os pais tipicamente
não podem fazer – e seu julgamento pode, então, ser de particular influência em
como uma criança é avaliada para o TDAH e ser diagnosticada com o transtorno.
Vários
fatores podem contribuir para as diferenças na habilidade das crianças em
prestar atenção e a controlar seu comportamento quando começam a escola. Um
fator certamente é o TDAH, porque as crianças com o transtorno serão observadas
pelos professores como mais desatentas e/ou hiperativas. Outro fator – e que é
frequentemente esquecido – é a idade da criança em relação à idade dos seus
colegas de classe. Este é o assunto investigado nos estudos que estão resumidos
abaixo.
O sistema de
escolas públicas tem datas específicas em que uma criança precisa ter nascido
para começar o jardim de infância. Considere duas crianças em um sistema
escolar em que a data de corte seja 31 de dezembro.
José nasceu em 31 de
dezembro de 2007 e, assim seria admitido no jardim de infância no outono de
2012 (nos Estados Unidos). Comparado aos demais colegas de classe que nasceram
mais cedo, como 01 de janeiro de 2007, ele seria relativamente jovem. Na média,
de fato, José seria 6 meses mais jovem que seus colegas.
João nasceu
em 01 de janeiro de 2008 e não estaria, então, apto a entrar na escola no
outono. Em vez disso, ele teria de esperar até o outono de 2013, antes de
começar o jardim de infância. Assim, comparado à maioria de sua classe que
teriam nascido mais tarde, até 31 de dezembro de 2008, ele seria relativamente
mais velho; na média seria cerca de 6 meses mais velho.
Embora uma
diferença de idade de 6 meses dificilmente possa fazer uma diferença na
capacidade de prestar atenção, de responder e de controlar o comportamento
crianças mais velhas e adolescentes, essa quantia faz uma grande diferença em
crianças de 5 a 6 anos de idade. E, diferenças próximas de um ano, que podem
existir entre as crianças mais velhas e mais novas em uma classe, poderiam
estar associadas com grandes diferenças nestas dimensões (prestar atenção,
responder e controlar o comportamento). Isto sugere que crianças relativamente
jovens para o primeiro ano no início das aulas serão, na média, menos aptas
para controlar sua atenção e seu comportamento do que os seus colegas. Como
resultado, crianças jovens para o grau podem mais provavelmente serem vistas
pelos professores como tendo dificuldades, que serão relatadas aos pais. Em
muitos casos, isto pode levar os pais a fazer uma avaliação de seus filhos para
o TDAH e potencialmente aumentar a taxa de diagnóstico e de tratamento do TDAH
em crianças jovens para iniciar a escola. Há evidências de que este seja o
caso?
(Nota do
tradutor: nas próximas postagens veremos as respostas obtidas pelos estudos já
realizados – Dr. Menegucci)
sábado, 2 de junho de 2012
214- Novas evidências de que o TDAH pode aumentar a criatividade.
As
dificuldades associadas ao TDAH são extensivamente documentadas. De fato, esses
estudos representam uma parte substancial da pesquisa publicada sobre o TDAH.
Este tipo de trabalho ajuda a aumentar a consciência sobre as dificuldades
sofridas por muitos indivíduos com TDAH e evidencia a importância de receber o
tratamento correto.
O que foi
perdido – ou ao menos ignorado – na maioria das pesquisas sobre o TDAH é a
possibilidade de que o TDAH possa também trazer alguns benefícios. Certamente,
muitos indivíduos com TDAH tentam progredir e não é incomum ouvir indivíduos
discutindo como o TDAH os tem beneficiado. Eu, com certeza, me lembro de vários
dos meus clientes contando que “ficar perdido em seus pensamentos”, ter ideias
diferentes girando em sua mente quando era esperado que estivessem prestando
atenção em uma coisa, e ter sua atenção facilmente dirigida para coisas em sua
volta contribuiu para sua criação de muitas ideias interessantes e para juntar
as coisas de maneiras interessantes.
Há alguma
evidência de que o TDAH pode realmente predispor o indivíduo a se tornar mais
criativo? Russel Barkley, um dos mais importantes pesquisadores e especialistas
em TDAH, argumentou contra a noção de que o TDAH confere benefícios assim como
problemas, dizendo em recente artigo no New York Times que “Não há nenhuma
evidência de que o TDAH seja uma ´benção´ ou que traga quaisquer vantagens além
das que outras pessoas da população em geral possam ter. As pessoas com TDAH
são indivíduos, como qualquer outro, e podem ter sido abençoadas com talentos
particulares que estejam em nível mais alto do que o visto em outras pessoas.
Mas esses talentos não têm nada a ver com ter TDAH – eles os teriam de qualquer
modo.” Entretanto, um estudo publicado no último ano na
revista Personality and Individual Differences [White & Shah (2011),
Creative style and achievement in adults with Attention-deficit/hyperactivity
Disorder. Personality
and individual Differences, 50, 673-677.] sugere que isto não é necessariamente
verdadeiro e que pessoas com TDAH podem realmente produzir mais trabalho
criativo.
Os
participantes foram 60 estudantes de faculdade, 30 dos quais tinham sido
diagnosticados com TDAH e 30 estudantes para comparação. Tanto homens quanto
mulheres estavam representados e sua criatividade foi avaliada por 3 modos
diferentes.
Em primeiro
lugar, os participantes fizeram o Creativity Achievemente Questionnaire (CAQ),
um teste em que os indivíduos relatam sua capacidade criativa em 10 domínios:
drama, humor, música, artes visuais, escrita criativa, invenção, descoberta
científica, artes culinárias, dança e arquitetura. Um exemplo de um item do CAQ
seria “Meu trabalho ganhou um premio no show de arte”. Assim, a avaliação fornece
um indicador da verdadeira realização criativa. As notas são obtidas para cada
domínio e para o desempenho geral. A pesquisa indica que esta medida fornece
uma avaliação confiável e verdadeira das realizações criativas.
Os
estudantes também fizeram o FourSight Thinking Profile, uma auto-avaliação do
estilo preferido de cada um quando lida com a resolução de problemas no mundo
real. Quatro estilos de resolução de problemas foram identificados: 1. Os
esclarecedores – os que têm preferência por definir e estruturar o problema a
ser resolvido; 2. Os idealizadores – os que preferem criar ideias para a
solução do problema em causa; 3. Os desenvolvedores – os que preferem elaborar
ou refinar as ideias que foram inicialmente sugeridas; e, 4. Os implementadores
– Os que preferem por em ação uma ideia refinada.
Claramente,
todos esses aspectos são importantes para a solução criativa de problemas e um
estilo não é inerentemente melhor ou pior do que qualquer um dos outros. Os
escritores previsivelmente mostrariam maior preferência para serem geradores de
ideias, isto é, do tipo idealizadores, enquanto os estudantes mostrariam maior
preferências pelos estilos Esclarecedor e Desenvolvedor.
Finalmente,
os participantes fizeram o Abbreviated Torrance Test for Adults (ATTA); esta é
uma medida padronizada e amplamente utilizada do pensamento criativo
divergente. O pensamento divergente ocorre quando geramos muitas ideias
possíveis de como resolver um problema particular. Quando nos engajamos no
pensamento divergente, múltiplas abordagens para a resolução de um problema são
identificadas rapidamente; no processo, conexões inesperadas e criativas entre
ideias diferentes podem surgir.
As tarefas
no ATTA cuidam das habilidades criativas verbais e não verbais. A seção Verbal
examina a habilidade de cada um pensar criativamente com palavras, enquanto os
testes Não Verbais avaliam a habilidade individual de pensar criativamente com
figuras. Exemplos de tarefas verbais incluem fazer sugestões para melhorar um
brinquedo e pensar em quantos usos diferentes podem ser possíveis para um item
comum, por exemplo, um tijolo. Exemplos de tarefas de criatividade não verbal
incluem a construção de um retrato ou uma figura, por exemplo, os participantes
usam formas básicas para criar uma figura e para terminar uma figura já
começada, por exemplo, terminar e dar nome a desenhos incompletos.
Resultados
Atividades
criativas do mundo real – Estudantes com TDAH tiveram notas significativamente
maiores no Creative Achievement Questionnaire do que os estudantes do grupo
controle. Além disso, sua nota média era mais alta para cada um dos 10
domínios. Assim, não foi só nos domínios menos acadêmicos, como música e artes
visuais, que os estudantes com TDAH tiveram atividades mais criativas, mas
também em ciência, redação e arquitetura.
Um aspecto
interessante desses achados foi o de que a faixa de notas era muito maior entre
os estudantes com TDAH, assim como a quantidade de variação. Assim, não parece
de a realização criativa tenha sido uniformemente mais alta entre estes
estudantes; em vez disso, a média geral mais elevada parece refletir níveis
muito altos de realização criativa por um subgrupo desses estudantes. FourSight
Thinking Profile – Como foi dito acima, esta não é uma medida direta da
capacidade criativa per se, mas, em vez disso, reflete o estilo de resolução de
problemas preferido pelo indivíduo. Com previsto, os estudantes com TDAH
mostraram preferência pelo estilo idealizador, isto é, eles preferiam gerar
múltiplas ideias, enquanto outros estudantes preferiam os estilos esclarecedor
e desenvolvedor.
Abbreviated
Torrance Test for Adultos – Neste teste validado de pensamento criativo, os
estudantes com TDAH não tiraram notas mais altas que os colegas em geral.
Entretanto, como previsto, eles tiveram notas significativamente mais altas em
tarefas que mediam a originalidade verbal.
Efeitos dos
medicamentos – Metade dos estudantes com TDAH estavam sendo tratados com
medicamentos e metade não. Nenhuma diferença entre esses grupos foi achada em
qualquer dessas avaliações de criatividade. Como os autores notam, entretanto,
sua habilidade de detectar qualquer diferença foi limitada pela pequena
amostra.
Resumo e
Implicações
Os
resultados deste estudo interessante apoia a noção de que o TDAH esteja
associado com aumento da criatividade em adultos jovens. Um aspecto importante
deste estudo é que ele empregou medidas múltiplas da criatividade – realizações
criativas do mundo real, estilos preferidos de solução de problemas e
desempenho com medida baseada em provas da criatividade verbal. Como dito
acima, estudantes com TDAH superaram seus pares nas realizações criativas do
mundo real e nas medidas de avaliação da criatividade verbal. Eles também
mostraram uma preferência para serem geradores de ideias em oposição aos
clarificadores ou esclarecedores das ideias já existentes.
Por que o
TDAH poderia estar ligado ao desempenho criativo? Uma possibilidade sugerida
pelos autores – e que é consistente com o trabalho teórico recente sobre a
natureza do TDAH – é que os indivíduos com TDAH são caracterizados por um
controle inibidor mais fraco. Os déficits de inibição fazem mais difícil a
manutenção do foco em um único pensamento ou ideia e a eliminação dos estímulos
externos; isto pode resultar em ter mais pensamentos ao acaso e ideias, e gastar mais tempo com pensamentos múltiplos e
ideias fornece aumento da oportunidade de fazer conexões interessantes. Em
teoria, isto pode contribuir para o desenvolvimento de pensamento menos
convencional e para aumentar as habilidades de pensamento divergente. Também é
possível que a natureza da atividade criativa seja um complemento melhor para
as pessoas com TDAH do que as atividades em que o sucesso depende de ficar
rigidamente ligado a um plano ou a um trabalho para encontrar a solução
correta. Como resultado, elas podem gastar mais tempo em devaneios criativos e,
assim, se dar bem.
A
preferência que os indivíduos com TDAH mostram pelo estilo idealizador pode ser
importante em relação ao tipo de ambiente de trabalho em que eles provavelmente
se dão bem. Especificamente, este estilo sugere que eles podem ser
especialmente bem equipados para atividades e carreiras comerciais que premiam
as habilidades de pensamento divergente. Naturalmente, outros tipos de
habilidades de pensamento são também importantes porque mesmo o mais criativo e
motivado comerciante será menos destinado ao sucesso se ele for incapaz de
conduzir os planos de maneira disciplinada e consistente.
Outra
maneira desses achados serem aplicados é a de mostrar às crianças os benefícios
potenciais que o TDAH pode conferir em termos de pensamento criativo e de
realizações criativas. Isto pode eliminar a noção de ter um déficit ou
transtorno e contribuir para o desenvolvimento de talentos que acentuem a
autoestima.
Enquanto os
achados deste estudo sugerem que a criatividade aumentada pode ser um benefício
real associado ao TDAH, a replicação desses achados com um amostra maior, com
crianças e adolescentes, seria um importante próximo passo. Também é importante
não perder de vista as dificuldades muito reais que estão associadas ao TDAH e
a reconhecer que para muitos, esta é uma condição muito prejudicial, para a
qual o tratamento contínuo é necessário.
Dito isto, é
uma bela mudança que surge a partir de um estudo bem conduzido e que abriga uma
mensagem esperançosa e otimista baseada no que parecem ser achados sólidos.
Personality and Individual Differences [White & Shah (2011), Creative style and achievement in adults with Attention-deficit/hyperactivity Disorder. Personality and individual Differences, 50, 673-677.]
David Rabiner, Ph.D.
Associate Research Professor
Dept. of Psychology & Neuroscience
Duke University
Durham, NC 27708
213- Comecem o jogo!
O
conhecimento convencional diz que o videogame é uma distração que atrapalha o
aprendizado. Mas, para os adolescentes com déficit de atenção, ele pode
realmente oferecer um modo de auxiliar as funções executivas. Por Collin Guare
Se jogar videogame
por horas a fio garantisse o sucesso futuro, eu seria hoje o presidente.
Naturalmente, este não é o caso. Entretanto, muito da minha destreza mental e
das minhas funções executivas aguçadas – habilidades cerebrais necessárias para
executar tarefas – podem ser debitadas às minhas horas passadas na frente de
uma tela. O jogo me ajudou a controlar as dificuldades relacionadas ao TDAH.
Embora os
pais possam argumentar que o videogame causa distração, e é um obstáculo para a
aprendizagem, a pesquisa mostra o contrário. Em seu livro, What Video Games
Have to Teach Us About Learning and Literacy (O que o videogame tem a nos
ensinar sobre aprendizagem e habilidade de leitura), James Paul Gee, Ph.D., diz
que o que faz um jogo ser fascinante é sua capacidade de fornecer um ambiente
coerente de aprendizado para os jogadores. Alguns videogames não são apenas uma
experiência de aprendizagem, diz Gee, mas eles também facilitam a metacognição
(resolução de problemas). Em outras palavras, bons jogos ensinam aos jogadores
bons hábitos de aprendizagem.
Há muitos
videogames que oferecem aos adolescentes a chance de ter diversão e de
aperfeiçoar as habilidades executivas ao mesmo tempo. Aqui estão quatro
exemplos que são populares, divertidos, mentalmente recompensadores e
“maneiros”.
Portal e
Portal 2
A série
Portal é uma revolução na indústria do videogame. Ela privilegia o "jogar o jogo"
em lugar de gráficos explosivos e narrativas complexas. Os jogadores navegam um
personagem através de um centro de pesquisa abandonado usando um “canhão
portal”. Ele abre as portas entre as câmaras pelas quais os jogadores ou
objetos podem se mover. Portal é essencialmente um jogo de enigma situado num
mundo tridimensional. O jogo é atraente e cognitivamente produtivo. Requer
dos jogadores habilidades executivas como planejamento, gerenciamento do tempo
e memória de trabalho, que as crianças com TDAH precisam aprimorar. Ganhadora
de múltiplos prêmios de “jogo do ano” de várias publicações, a série Portal
está disponível para Xbox, PS3 e usuários de computador. Classificada como T,
para adolescentes.
Starcraft e
Starcraft II: Asas da Liberdade
Pertencem à
categoria conhecida como Jogos de Estratégia em Tempo Real (RTS), que são feitos
com mapas e ambientes vistos do alto. Os jogadores constroem diversos tipos de
unidades e colhem material, todos com o objetivo de se defender de um inimigo
(um computador ou um ser humano) em uma batalha. As crianças precisam prestar a
máxima atenção para garantir que estão produzindo unidades com eficiência mais
alta, enquanto preveem os ataques e planejam os assaltos ao inimigo. Para ter
sucesso, um jogador necessita do uso da metacognição, atenção sustentada e da
memória de trabalho. Se você precisa de uma prova do prestígio deste jogo, veja
os profissionais. Competições profissionais são realizadas para os dois jogos e
rotineiramente oferecem prêmios de centenas de milhares de dólares. Disponíveis
para Mac e Windows. Classificados como T, para adolescentes.
A Franquia
Zelda
No reino dos
“velhos, mas legais”, a série Zelda é soberana, especialmente a Ocarina do
Tempo e a Majora´s Mask. Embora lançadas há mais de uma década, estes jogos
estabeleceram o padrão industrial de como combinar narrativa, modo de jogar e
estratégia. Os jogadores são desafiados por um enigma de palavras, que precisa
de pensamento crítico e persistência dirigida a uma meta – em outras palavras,
atingir uma meta apesar das distrações e dos interesses competitivos.
Estes jogos
estão disponíveis para o sistema de jogo N64, embora versões novas tenham sido
lançadas para Wii e Nintendo. Alguns adolescentes podem não gostar do N64 por
causa da sua relativa pobreza gráfica, mas não foi sem uma razão que eu completei
o Ocarina do Tempo no ano passado. O modo de jogar magnetizante e o desafio do
Zelda são irresistíveis. Classificado como E, para todos.
Guitar Hero
Este é um
jogo de exercício de foco e reflexo. Oferece aos adolescentes uma oportunidade
de ajustar sua habilidade de prestar atenção e de transformar o estímulo visual
em uma reação física. É preciso da memória de trabalho para dominar este jogo,
porque ele se baseia na repetição de padrões complexos. Os jogadores usam
controles de plástico com a forma de guitarra para seguir jogando com suas
músicas preferidas. Disponível para PS2, PS3, Xbox 360, Wii, Windows e Mac, e
Nintendo DS. Classificado como T, para adolescentes, embora algumas versões
para Wii sejam classificadas como E, para todos.
Videogames
não é apenas diversão. Eles oferecem às crianças com TDAH uma oportunidade, sem
risco, de desenvolver as funções executivas que usarão na vida adulta. Então,
eu digo aos pais, “Comecem o jogo!”. E se os seus filhos por acaso encontrarem
um jogador chamado “gwhere?” nas suas jornadas online, diga-lhes para pegarem
leve com ele. Na velhice, ele está um pouco enferrujado.
Este artigo
saiu no número de verão de 2012 de ADDitude.
quarta-feira, 30 de maio de 2012
212 - Individualização e Pluralização
“Um Educador convencido da relevância da teoria das Inteligências Múltiplas deveria individualizar e pluralizar!
Por individualização entendo o melhor conhecimento do perfil de inteligência de cada um dos seus alunos; e até onde for possível é útil que ensine e avalie de modo que eles desenvolvam as potencialidades individuais.
Por pluralização, entendo que o Educador tem a possibilidade de decidir quais tópicos, conceitos ou ideias são mais importantes, e então apresentá-los de diferentes formas. A pluralização refere-se a duas metas importantes. Primeiro, quando um tópico é ensinado de formas variadas cada pessoa assimila melhor algumas delas. Além disso, os vários modos de exposição revelam o que significa entender bem um assunto. Quando compreendemos perfeitamente um tópico, normalmente podemos pensar nele de várias formas, aproveitando assim nossas inteligências múltiplas.
Inversamente, se alguém ficar restrito a uma única forma de conceito e apresentação, sua compreensão tenderá a ser mais superficial.
Essa linha de pensamento levou a uma conclusão surpreendente. Inteligências múltiplas não deveriam por si sós ser uma meta.
Objetivos educacionais precisam refletir os próprios valores (individual ou social) dos educadores, que nunca decorrem simplesmente ou diretamente de uma teoria científica.
No entanto, se uma pessoa influencia os valores educacionais de outra, a existência de inteligências múltiplas pode ser muito útil. Em particular, se as metas educacionais do Educador incluírem acompreensão de disciplinas, será possível mobilizar nossas várias inteligências, por exemplo, empregando múltiplas maneiras de apresentação e avaliação.”
Howard Gardner
PhD em Psicologia Professor da Faculdade de Educação da Harvard University - Criador da teoria das inteligências múltiplas - Trecho extraído da revista Mente & Cérebro (setembro 2011)
Por individualização entendo o melhor conhecimento do perfil de inteligência de cada um dos seus alunos; e até onde for possível é útil que ensine e avalie de modo que eles desenvolvam as potencialidades individuais.
Por pluralização, entendo que o Educador tem a possibilidade de decidir quais tópicos, conceitos ou ideias são mais importantes, e então apresentá-los de diferentes formas. A pluralização refere-se a duas metas importantes. Primeiro, quando um tópico é ensinado de formas variadas cada pessoa assimila melhor algumas delas. Além disso, os vários modos de exposição revelam o que significa entender bem um assunto. Quando compreendemos perfeitamente um tópico, normalmente podemos pensar nele de várias formas, aproveitando assim nossas inteligências múltiplas.
Inversamente, se alguém ficar restrito a uma única forma de conceito e apresentação, sua compreensão tenderá a ser mais superficial.
Essa linha de pensamento levou a uma conclusão surpreendente. Inteligências múltiplas não deveriam por si sós ser uma meta.
Objetivos educacionais precisam refletir os próprios valores (individual ou social) dos educadores, que nunca decorrem simplesmente ou diretamente de uma teoria científica.
No entanto, se uma pessoa influencia os valores educacionais de outra, a existência de inteligências múltiplas pode ser muito útil. Em particular, se as metas educacionais do Educador incluírem acompreensão de disciplinas, será possível mobilizar nossas várias inteligências, por exemplo, empregando múltiplas maneiras de apresentação e avaliação.”
Howard Gardner
PhD em Psicologia Professor da Faculdade de Educação da Harvard University - Criador da teoria das inteligências múltiplas - Trecho extraído da revista Mente & Cérebro (setembro 2011)
terça-feira, 15 de maio de 2012
211- O Sonhador (TDAH forma desatenta)
Para as
pessoas com o TDAH do tipo desatento, ter sucesso em um mundo cheio de ruídos e
distração pode parecer um sonho impossível. Mas, com determinação e apoio, pode
não ser impossível. Por Tess Messer.
Pessoas com
o TDAH desatento são geralmente ignoradas e esquecidas. Diferente dos invasores
de Wall Street, nenhum de nós quer criar nenhuma espécie de revolução. Nós, com
o tipo desatento, entendemos que nossos irmãos hiperativos dominam a atenção
dos pais, professores e psiquiatras – e da maioria dos dólares destinados à
pesquisa, por aí – mas não temos intenção de ocupar nada além do nosso mundo
interior de pensamentos.
A razão para
isso tem menos a ver com o fato de que não somos revolucionários do que com o
fato de que nós adoramos nossos colegas TDAH barulhentos e desordeiros. Somos
agradecidos a eles pela cobertura que eles nos proporcionam. Se não fossem
eles, alguém poderia notar que estamos geralmente “No Mundo da Lua”.
O Mundo da
Lua é o Lar
Na verdade,
os neurocientistas podem ter encontrado o “Mundo da Lua” do nosso cérebro. Os
pesquisadores são capazes de ver o cérebro sonhando, e eles estão denominando
este estado como o modo desligado do cérebro.
O modo
desligado faz com que o cérebro vagueie quando você está tentando prestar
atenção. É o modo desligado que pensa coisas como “Rapaz, aquela teia de aranha
na parede tem um padrão interessante”. É o modo desligado que faz com que você
rabisque um desenho no seu caderno quando se esperava que estivesse prestando
atenção em algo importante. Aparentemente, conforme o cérebro envelhece, a
habilidade dele para sair do modo desligado começa a falhar. O cérebro começa a
processar as coisas mais lentamente e se torna menos focalizado. Não preciso de
uma explicação sobre o modo desligado do cérebro. Eu o conheço bem.
Cresci em
uma grande família cubana. Como acontece com a maioria das crianças com TDAH
desatento, não fui uma criança feliz, sortuda e cheia de amigos. Eu era
introvertida, ansiosa, geniosa, descoordenada e distraída, mas o fato de que eu
era quieta foi uma benção em minha casa. Geralmente eu era a única pessoa em
nossa casa apinhada que não estava falando.
Na escola
era a mesma coisa. Meus professores ficavam ocupados com as crianças barulhentas
e bagunceiras, e, embora eu mal pudesse ler, eu era quieta. Os testes mostraram
que meu QI era bom. Minha mãe sabia que alguma coisa estava errada. Fui
testada, analisada e aconselhada, mas nada me ajudou até que eu chegasse à
adolescência.
No colegial,
eu fui colocada em um programa de profissionalização. Nessa época, eu era uma
adolescente apática, distraída, com uma atitude ruim e média 4. A escola
pensava que o trabalho pudesse ser a resposta, então trabalhei como auxiliar de
enfermagem.
As
enfermeiras sabiam que eu era uma péssima estudante e me adotaram em seu
projeto. Elas me ensinavam e me encorajavam, e eu aprendi minhas obrigações
rapidamente. Descobri que eu aprendia com a mão-na-massa, e comecei a me sentir
confiante. As enfermeiras com quem trabalhei bebiam litros de café, então eu
também comecei a beber. Meus sintomas de desatenção começaram a melhorar. Tornei-me menos introvertida e menos ansiosa,
mais focalizada e assertiva. Talvez fosse o café cubano que eu bebia pela manhã,
ou talvez fosse meu cérebro mais amadurecido, ou talvez eu tivesse encontrado
um modo de tirar meu cérebro do modo desligado. É difícil dizer, mas fiquei
capaz de me concentrar e trabalhar.
Decidi ir
para a faculdade e obter um diploma. Sabia que seria uma tremenda batalha; sai
do colegial com uma média 1,6. Mas o exercício, as listas do que fazer, timers
e o interesse verdadeiro no que eu estava estudando me ajudaram a atingir minha
meta.
Finalmente o
sucesso
Hoje, sou assistente de um médico em um movimentado departamento de medicina de
emergência. Nunca tomei medicamentos para o TDAH; sou uma testemunha dos benefícios
das intervenções comportamentais. Acho que se não tomasse meu café e fizesse os
exercícios meu caderno de apontamentos terminaria no freezer e os rabiscos
saltariam de dentro dele.
Algumas
pessoas com o tipo desatento do TDAH não têm tanta sorte. Nossa melhor aposta
para uma cura reside nas novas pesquisas sobre o envelhecimento do cérebro.
Descobertas podem levar a outras visões que levarão ao tratamento para a
desatenção. Muitos portadores de TDAH forma desatenta nunca conseguirão
acompanhar o mundo de maneira tão boa quanto os que têm a forma hiperativa, mas
alguns de nós vencemos os obstáculos.
Este artigo
foi publicado no número de verão de 2012 de ADDitude.
210- O Manejo de Classe Que Cria Harmonia Em Vez de Hostilidade
Por Kevin
Mixon
“Muito
obrigado, Marquis”, o colega dele sussurrou com raiva. “Agora nós vamos perder
10 minutos do intervalo porque você fez besteira. Você é burro. Nós te
odiamos!”
Parece familiar?
Embora muitos especialistas se oponham aos sistemas de punição e recompensa,
eles ainda são usados em quase todas as salas de aula. Os professores
frequentemente são solicitados a adotar um sistema de manejo da classe para
toda a escola, ou eles podem estabelecer o seu próprio sistema diante de uma
necessidade de estrutura. Mas, devido a essas realidades, você ainda pode
incorporar os indicadores de manejo de sala que são diretamente ligados às
metas de aprendizagem e que reforçam as expectativas, em vez de simplesmente
punir o assim chamado “mau” comportamento. Fazendo assim, você pode incentivar
a inclusão em vez da competição destrutiva em sala de aula.
O primeiro
passo para fazer isso é oferecer recompensas para as quais os estudantes terão
de se esforçar e que são diretamente ligadas a metas de aprendizagem. Por
exemplo, você pode recompensar os estudantes por esforço sustentado e
construtivo, deixando que eles façam um jogo de revisão, não competitivo, com
toda a classe (como o beisebol da matemática ou o “Jeopardy”(sorte)), por meio
do qual você pode avaliar o conhecimento deles ao final de uma lição. Fred
Jones, em “Tools for Teaching” (ferramentas para ensinar), recomenda que
denominemos esses jogos de “Preferred Activity Time”(P.A.T.)(Tempo de Atividade
Preferida). Tente escolher atividades de movimentação que estimulem o cérebro e
propiciem alívio bem recebido ao se sentarem.
Além disso,
tenha certeza de que você estruturou meios para que os alunos possam ganhar o
P.A.T. para promover a inclusão e o espírito de corpo. Eis aqui um exemplo de
como não fazer isto: Costumava começar minhas aulas com quatro bolinhas. Uma
bolinha seria retirada para cada situação de mau comportamento geral por três
ou mais alunos da classe (eu tinha um sistema diferente para o mau
comportamento individual). Se a classe perdesse todas as bolinhas, eles perdiam
a sua atividade preferida, e os estudantes mal comportados eram punidos por ter
prejudicado todos os outros.
Mas eu
aprendi coisa melhor. Agora, meus alunos precisam ganhar, em vez de perder, um
número determinado de bolinhas. Além disso, o modo como eles ganham as bolinhas
é individualizado. Por exemplo, um aluno difícil pode ganhar uma bolinha para o
grupo por não ter crises de mal comportamento por vários minutos, enquanto
outro aluno pode ganhar uma bolinha por auxiliar um aluno de língua inglesa ou
um aluno com deficiência, sem ser mandado. Ambas as ações são vistas igualmente
pelos colegas, porque eles ganharam a mesma coisa na direção da atividade desejada.
Estudantes difíceis geralmente recebem aplauso por ganhar uma bolinha, em vez
de insultos por ter fracassado.
Comente em
vez de elogiar
Um segundo
princípio para criar um sistema de gerenciamento que aumente a coesão é o de
evitar o elogio pessoal. “Gosto do jeito como a Dayshaum fica sentada
quietinha”. “Bom trabalho, Maria, adoro seu jeito de cantar”. Quão
frequentemente incluímos em nosso retorno o jeito que nos sentimos em relação
ao trabalho ou comportamento do aluno?
Caminhe pelas salas de qualquer escola e ouvirá isso o dia todo, até
mesmo de professores excepcionais. Fiz isso por tantos anos; era – e ainda é –
um dos hábitos mais difíceis de eliminar durante as aulas.
O problema é
que qualificadores como “gosto do jeito... “, “gosto de... “ e “bom trabalho...
“ transformam um incentivo instrutivo em um elogio pessoal. Alphie Kohn e
outros citam muitas pesquisas convincentes que sugerem que o elogio do
professor realmente elimina a motivação dos alunos. Eles acabam estudando pela
recompensa (motivação extrínseca) em vez da satisfação pessoal de fazer um
trabalho bem feito (motivação intrínseca). E, quando você retira a recompensa,
você remove a motivação para fazer o trabalho.
O elogio
também pode dar a impressão de que o professor tem favoritos, e assim troca a
harmonia e a inclusão de toda a classe por competição e ressentimento. Além
disso, o elogio individual não é bem visto em algumas culturas nativas
americanas e em outras culturas, nas quais o bem estar de todo o grupo é a
preocupação principal. E particularmente nas populações menos favorecidas de
estudantes do ensino médio, e os mais velhos, os que são elogiados podem ser
levados a bajular o professor.
A pesquisa é
consistente e convincente, entretanto, no que diz respeito aos efeitos positivos
do feedback (retorno) do professor sobre o aprendizado do aluno. Este feedback somente precisa ser específico para a tarefa,
de modo que informa o aluno em particular e os outros alunos na classe, sem
incluir como o professor se sente a respeito.
Assim, adote
os exemplos acima e elimine o “Eu gosto... “ e diga simplesmente que “Dayshaun
está sentada quieta”. E podemos dizer para
Maria que sua “entonação durante a segunda passagem do canto foi mais
correta do que a primeira”. Desse modo, Maria recebeu o feedback sobre sua
acurácia quanto à tonalidade – assim como os demais na sala – sem a necessidade
de elogio pessoal.
Lee Canter,
em Classroom Management for Academic Success, descreve a técnica chamada de
“narração comportamental” para fornecer aos estudantes os lembretes e o
feedback sem o elogio do professor durante as rotinas e os procedimentos de
sala. Em primeiro lugar, descreva claramente o procedimento, de preferência
postado na forma escrita ou de desenhos se houver mais de uma ou duas etapas.
(O educador Michael Grinder recomenda abusar do visual com as instruções sempre
que possível; acrescentar figuras e ícones às instruções escritas ajuda os
jovens, os alunos com necessidades especiais e os aprendizes de língua
inglesa.)
Conforme os
alunos passam fisicamente de uma etapa à outra (por exemplo, entram em silêncio
na sala, sentam-se às mesas etc.), identifique os alunos que estão obedecendo
às instruções sem fazer elogios. Por exemplo, “Carlos e Alyssa estão entrando em silêncio na sala” ou “Leslie está
sentada em sua carteira esperando as instruções”. Tente comentar com cada aluno
todos os dias, para estabelecer a inclusão e evitar a percepção de proteger
favoritos.
Comentários
sobre comportamento, identificando o comportamento esperado, ajudam a lembrar
aos alunos cada passo do procedimento e a maneira correta de realiza-lo. Esses
lembretes auxiliam todos os estudantes, mas são particularmente úteis para os
que têm problemas de comportamento, tais como o TDAH, porque propiciam
lembretes concretos sem críticas quando esses estudantes têm dificuldade de
lembrar-se das rotinas ou dos procedimentos.
Amamos os
nossos alunos e queremos comemorar quando eles ficam felizes com suas
conquistas. Felizmente, há amplas oportunidades para essas interações, e elas
fazem muito para construir a empatia necessária para o aprendizado. Entretanto,
não destruamos comportamentos desejados com a nossa bondade.
Então, fique
a procura de jogos com conteúdo para o aprendizado e outras atividades que os
alunos gostem e que desejam praticar. Enquanto ensina, propicie o feedback
instrutivo e construtivo que orienta e motiva os alunos a aprender, em vez de
procurar obter vantagens extrínsecas do professor. Essas abordagens o ajudarão
a criar harmonia em vez de hostilidade na sua classe.
Kevin Mixon, um professor com o certificado “National Board”, de Syracuse,
N.Y., é coordenador de artes em Syracuse City Schools, autor de “Reaching and
Teaching All Instrumental Music Stundents”, e coautor de “Teaching Music in The
Urban Classroom”.
segunda-feira, 7 de maio de 2012
sexta-feira, 4 de maio de 2012
208- MÚSICA: Bom tratamento para o TDAH
Pais!
Anotem: a terapia pela música melhora o foco, o autocontrole e as habilidades
sociais em crianças dom déficit de atenção.
Por Ann Layne Rodgers
Oliver
Sacks, M.D., professor de neurologia na Columbia University e autor de
Musicophilia, diz que “Nada ativa o cérebro tão extensivamente como a música”.
Ele deve saber. Sacks documentou o poder da música para despertar o movimento
em pacientes paralisados pela doença de Parkinson, para acalmar os tiques da
síndrome de Tourette e para preencher os vazios do autismo. Sua crença em que a
música pode curar o cérebro está ganhando prestígio, graças, em parte, a
Gabrielle Giffords.
Em janeiro
de 2011, a congressista de Arizona sobreviveu a um ferimento por arma de fogo
na sua têmpora esquerda. Como a linguagem é controlada pelo hemisfério cerebral
esquerdo, Gifford não conseguia falar. Como parte de sua árdua recuperação, ela
trabalhou com um musicoterapeuta, que a treinou para utilizar o lado direito do
seu cérebro – associando palavras a melodia e ritmo – para trazer de volta sua
fala.
“Ela era
capaz de cantar uma palavra em vez de falar uma palavra, e as áreas lesionadas
de seu cérebro foram evitadas pela música”, diz Concetta Tomaino, diretora
executiva do Instituto para Música e Função Neurológica. “Agora a comunidade
das neurociências está dizendo, “Sim, o cérebro muda” e “Sim, a estimulação
auditiva pode ajudar a que essas mudanças ocorram”“.
A terapia
age bem
A
musicoterapia é usada para ajudar vítimas de traumatismos cerebrais graves,
crianças com espectro autista e idosos que sofrem da doença de Alzheimer. Para
as crianças com TDAH, a musicoterapia reforça a atenção e o foco, reduz a
hiperatividade e aumenta as habilidades sociais.
Como
funciona?
A MÚSICA FORNECE
ESTRUTURA. Música é ritmo, ritmo é estrutura e estrutura é benéfica para o
cérebro TDAH que luta para se regular e ficar em trajetória linear. “Música
existe no tempo, com início claro, meio e fim”, diz Kirsten Hutchinson, um
musicoterapeuta na Music Works Northwest, uma escola de música comunitária, sem
fins lucrativos, próxima a Seatle. “Esta estrutura ajuda uma criança com TDAH a
planejar, antecipar e a reagir”.
A MÚSICA
DISPARA AS SINAPSES. A pesquisa mostra que a música prazerosa aumenta os níveis
de dopamina no cérebro. Este neurotransmissor – responsável por regular a
atenção, a memória de trabalho e a motivação – está em falta nos cérebros TDAH.
“A música compartilha redes neurais com outros processos cognitivos”, diz Patti
Catalano, uma musicoterapeuta neurológica na Music Works Northwest. “Por meio
do uso de imagem cerebral, podemos ver como a música acende os hemisférios
direito e esquerdo. A meta da musicoterapia é reforçar esses ´músculos cerebrais´
ao longo do tempo para auxiliar todas as funções”.
Assim como
Giffords usou a música para treinar novamente seu lado direito do cérebro para ajuda-la
a falar, as crianças com TDAH podem usar a música para treinar seus cérebros
para prestar mais atenção e a ter mais autocontrole na classe e em casa.
A MÚSICA É
SOCIAL. “Pense em uma orquestra”, diz Tomaino, uma veterana de 30 anos em
musicoterapia. “Se um instrumento estiver faltando, você não pode tocar a
música. Todas as vozes são necessárias”. É isto que Hutchinson ensina em “Social
Skills Through Music” (Habilidades Sociais Por Meio da Música), um curso de
oito semanas para crianças de sete a dez anos de idade. Os estudantes
participam tocando em conjunto, escrevem canções em parcerias e ensaiam para um
espetáculo de fim de sessão.
“Os estudantes
aprendem a ouvir, assumir turnos, antecipar mudanças e adotar dicas de um jeito
que não poderiam fazer fora de uma sessão de musicoterapia”, diz Hutchinson.
ADDitude
quarta-feira, 2 de maio de 2012
207 - Como transformei minha energia em sucesso
Quando criança, com dislexia, fui repreendido por mexer muito com as mãos. Agora, minha inquietação é o segredo do meu sucesso.
Por Jonathan
Mooney
Fui um
daqueles meninos, desde o primeiro ano. Os professores sabiam disso e os meus
colegas de classe também: Jonathan Mooney era meio louco. Como um daqueles
meninos, fiz amizade com o coordenador, a única visita à minha mesa no corredor.
E eu era muito amigo da Shirley, a recepcionista na sala do diretor.
Não que eu
fosse totalmente maluco ou fora de controle. Mas eu sentia que eu era mau,
quase moralmente defeituoso. Este sentimento corroeu meu senso de caráter como
ácido de bateria. De fato, ele arruinou meu caráter. Conforme eu crescia, e via
meus anos escolares em perspectiva, a definição estreita de como os escolares
supostamente deveriam se comportar me tornava furioso.
O que os
bons meninos fazem na mesa da escola? Têm compaixão pelos outros alunos? Não.
São gentis com os outros? Não. Eles ficam sentados quietos! É inacreditável
isto, aos sete anos de idade, aprendemos que “bom” não significa ser gentil,
mas ser obediente. Isto é socialização, não educação.
Eu não
conseguia ficar sentado quieto.
A ideia de
que bons meninos se sentam quietos não combinava bem comigo. Quando eu me
sentava à mesa na escola – no primeiro ano e na Brown University – minhas mãos
começavam a suar e meu rosto ficava vermelho. Depois de cinco segundos, meus
pés começavam a bater; depois de 15 segundos, eu tocava os tambores. E depois
de cinco minutos, tudo tinha acabado. Eu era o menino que havia tentado por sua
perna atrás do pescoço. Mesmo agora, quando eu me sento à minha mesa de jantar
num restaurante de Nova Iorque, sou aquele menino novamente.
Algumas das
minhas piores memórias são da mesa de jantar, quando meu pai gritava “Jon,
pare, pare, Jon o que tem de errado com você?” Ele me ensinou que a
movimentação era algo vergonhoso. A mesma coisa acontecia na sala de aula. Minha
professora do segundo ano, Senhora C., fazia a classe parar, apontava para mim,
e dizia, “Jon, o que tem de errado com você?” Naquele instante, o mito de que
bons meninos sentam-se quietos – e que meninos maus não – marcou-me com o
rótulo de menino com um problema.
As pesquisas
sugerem que muitas crianças se mexem porque isso as ajuda a prestar atenção –
não porque são más ou querem fazer os professores e os pais ficarem bravos.
Pondo o jargão de lado: Se eu não me mexo, meu cérebro desliga. Gastei parte do
terceiro ano em cima de uma árvore observando os esquilos construindo um ninho.
Para mim, movimento era um auxiliar do aprendizado.
Outro mito
diz que o contato visual significa que você está prestando atenção. Todos nós sabemos
que é uma mentira descarada. Quantas vezes você já esteve em uma reunião
encarando o seu chefe, e não escutando o que ele está falando? Por que eu tenho
de olhar para alguém para entender o que ele está falando? Se a Sra. C. tivesse
alguma vez parado para me perguntar o que ela estava falando, eu poderia
responder palavra por palavra – mais as cinco coisas que ela disse antes, mais
o que Bobby e Janie estavam fazendo à minha esquerda, mais descrever a mancha
no carpete à direita, mais dizer a minha opinião sobre a horrível roupa amarela
que uma menina no fundo da sala estava usando.
TDAH não é
uma deficiência. Eu presto atenção a muitas coisas. Fora dos limites da sala de
aula, minha inquietação e minha atenção a detalhes são uma benção. Viajei por
todo o país, publiquei dois livros e formei uma família. Os que foram
diagnosticados com TDAH devem celebrar isso. A dádiva tem os seus desafios – e não temos de rodear
esses desafios – mas não é uma patologia. Este é um pensamento poderoso para uma
criança que sente que o TDAH a faz ser de segunda classe, ou pior.
Na minha
escola fundamental, toda a classe recebeu uma clara mensagem: Pare de ser você
mesmo ou saia da classe. Muitas crianças aprendem essa lição e saem da escola
para sempre. Você não pode mudar o que você é, e você não deve ser solicitado a
fazer isso.
Meus
advogados me encontraram
Meus
advogados me salvaram. Eu não sabia onde procurar por eles, ou mesmo se eu
precisava deles. Por sorte, eles vieram a mim. Primeiro, minha mãe lutou diariamente
para construir minha confiança e celebrar meu sucesso – e, acreditem, essas
vitórias não tiveram nada a ver com os testes de soletração ou com o sentar
quieto. Ela estimulava a marcação dos pontos importantes em casa e na escola, e
ficava sempre me defendendo quando os professores e os administradores
escolares implicavam que eu era um menino mau.
Mas, meus
professores não eram todos como a Sra. C. Vários deles reconheciam minhas
habilidades e criavam ambientes nos quais eu pudesse me realizar. Isso fez toda
a diferença. Um professor do terceiro ano, Sr. R., tornou válido meu real
desgosto com as experiências escolares prévias. Sua abordagem honesta sobre o
que realmente importava – minha educação – permitiu que ambos focalizássemos no
meu aprendizado em vez de impor a ideia da instituição sobre o “bem”.
Mais
importante, minha mãe e o Sr. R. me ensinaram que eu podia decidir sobre minha
educação. Eles me abordaram como uma pessoa, e me ensinaram as habilidades
fundamentais e a confiança de que eu precisava para começar a advogar para mim
mesmo. Eles me ajudaram a entender os benefícios das acomodações acadêmicas e a
saber que eu podia desempenhar um papel importante no meu próprio sucesso.
Foi uma
longa e dura jornada para chegar onde hoje estou, mas estou aqui – duas vezes
publicado, autor disléxico, orador público agitado, pai – por causa do meu
entusiasmo, da minha consciência dos outros, e a responsabilidade de fazer o
mundo um lugar melhor para aquele menino.
Este artigo
foi publicado no número outubro/novembro/2010 de ADDitude
206 - Como aumentar a autoestima do seu filho: Conselhos para os pais de crianças com TDAH
Muitas
crianças com TDAH e Dificuldades de Aprendizagem também lutam com a baixa
autoestima. Eis aqui como os pais podem ajuda-las. Por Larry Silver, M.D.
Quando as crianças
se sentem bem a respeito de si mesmas, tudo acontece mais facilmente para elas
e seus pais. Mas a baixa autoestima é um grande problema para as crianças com
TDAH – e um problema maior ainda para os quase 50% de crianças com TDAH que
também têm dificuldades de aprendizagem.
Para se
sentirem bem sobre si mesmas, elas precisam de duas coisas: a sensação de que
são realmente bem sucedidas, tanto social quanto academicamente, e o amor
incondicional de seus pais. Se faltar um ou outro ingrediente, uma criança terá
muitas dificuldades para desenvolver um senso de autoestima.Uma criança pode revelar sua infelicidade dizendo, “Odeio minha vida” ou “Ninguém gosta de mim” ou “Eu sou burra”.
Seu filho
diz ou faz coisas que sugerem que ele sinta que não é “bastante bom” ou que não
é merecedor de amor? Suas palavras ou
seu comportamento sugerem que ele se sente um fracasso na escola? Que seus
colegas não o apreciam muito, ou que ele é de alguma outra maneira malsucedido
socialmente?
Reações
negativas?
Pense sobre
as últimas semanas. Houve dias em que você ou seu cônjuge se sentiram tão
frustrados com o comportamento do seu filho a ponto de gritar com ele ou dizer
coisas das quais se arrependeu mais tarde? Houve dias em que você ou seu
cônjuge tentaram evitar seu filho?
Se for
assim, sente-se com seu cônjuge e discuta por que os dois estão tendo
dificuldade de se manterem calmos e afetuosos. Se for por causa da
hiperatividade, da desatenção ou dos comportamentos impulsivos do seu filho,
seu TDAH está sendo tratado corretamente?
Se for o
baixo desempenho dele na escola ou as brigas por causa das tarefas de casa, ele
não teria sido diagnosticado como portador de dificuldades de aprendizagem? Se
os comportamentos típicos do TDAH do seu filho estão desencadeando reações
negativas de sua parte, de outros membros da família ou de outras crianças, é
essencial que você avalie o impacto que isso tem na autoestima dele.
A história
de Billy
Há não muito
tempo, lidei com um menino de oito anos chamado Billy. Era evidente que ele precisava dos
medicamentos para o TDAH, mas seus pais tinham medo de dar os remédios para ele
durante o dia todo. Por insistência deles, eu dei ao Billy um esquema que
cobria somente o período escolar.
Quando nos
encontramos novamente, duas semanas mais tarde, os pais do Billy me contaram
que ele estava indo muito melhor na escola. Mas eu descobri que havia grandes
problemas em casa. Os pais do Billy gritavam com ele de maneira sistemática –
para que ele não se intrometesse, para não subir nos móveis, para sentar-se
quieto nas refeições e assim por diante. Quando pedi aos pais do Billy que
avaliassem o efeito que os seus gritos poderia ter na autoestima do menino,
eles rapidamente concordaram em estender a cobertura medicamentosa para as
tardes e os finais de semana.
O sucesso na
escola
Pense no que
está acontecendo na escola. Se o seu filho não estiver acompanhando a classe ou
se sentir como um fracasso em sua classe, descubra a causa. Fale com o
professor dele. Ele não fica sentado quieto, não presta atenção e não participa
das atividades em sala? Se for assim, ele pode estar tomando a medicação errada
para o TDAH – ou pode estar tomando a medicação correta com a dosagem errada,
ou nos horários errados. Se os professores descrevem seu filho como hiperativo,
distraído ou impulsivo, provavelmente seu TDAH não está sendo tratado
corretamente.
Cuide de
falar com o professor dele sobre o TDAH. Faça perguntas sobre os efeitos
colaterais que ele pode estar sofrendo em classe e explique como simples
acomodações podem ajudar. Talvez seu filho precise de melhor supervisão durante
os períodos desestruturados (caminhar nos corredores, durante o intervalo
etc.). Pode ser que ele só precise de um pouco de ajuda para prestar mais
atenção quando se distrai durante as aulas.
Ele tem
dificuldade de leitura, de escrita, ou com matemática, embora seja capaz de se
sentar quieto e prestando atenção durante as aulas? Considere a possibilidade
de ele ter uma dificuldade de aprendizagem.
A
importância dos amigos
Enquanto
ajuda seu filho a ter o sucesso acadêmico, veja o que pode fazer para melhorar
a aceitação dele por parte dos colegas. Observe se ele interage com os colegas
durante os intervalos e as brincadeiras, durante as atividades estruturadas e
nas atividades esportivas organizadas. Pergunte ao professor como ele se
comporta na classe e no pátio.
Observe seu
filho quando ele brincar fora de casa ou quando ele convida algum amigo (tente
não se aparecer). Ele é muito tímido e medroso para se enturmar com um colega?
Ele é muito grosseiro, ou muito
desligado? Ele tem dificuldade de interpretar a linguagem corporal da
outra criança? Ele é muito distraído, impulsivo ou hiperativo para brincar? Ele
evita os esportes porque tem habilidades motoras deficientes e pouca
coordenação entre as mãos e a visão? E nos jogos de tabuleiro ou na lousa?
Após ter uma
noção de quais são os problemas sociais específicos do seu filho, procure a
solução. Pode ser que ele precise de um esquema diferente de medicação ou de
uma terapia de grupo para as habilidades sociais. Pode ser que ele possa tentar
um esporte em que não seja necessário o mesmo nível de habilidades motoras
finas ou de coordenação mão-visão.
Ou pode ser
que você encontre uma atividade não atlética de que ele goste. Não é fácil
aumentar a autoestima de uma criança. Mas você pode amar seu filho
incondicionalmente, e se estiver querendo fazer um pequeno trabalho de detetive
em relação aos problemas com os colegas e com a escola, seu filho deverá
começar a se sentir melhor sobre si mesmo. Boa sorte! Eu garanto que seu filho
gostará muito dos seus esforços.
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