terça-feira, 6 de março de 2012

191- (TDAH) Que dia ruim!



Alô pessoal! Hoje é um daqueles dias... Hoje foi um péssimo dia no trabalho, como sempre. Fico me perguntando por quanto tempo ainda vou aturar isso. É muito deprimente... Não sei o que há de errado comigo. Na maior parte do tempo preciso falar com alguém antes de ir dormir e agora não tenho ninguém para me ouvir... Odeio quando as pessoas fazem promessas e não as cumprem. Parece que quanto mais eu tento, mais as coisas ficam difíceis para mim. Acho que ir às sessões de aconselhamento uma vez por semana é completamente sem efeito porque ainda tenho TDAH e os exercícios de respiração profunda não vão ajudar o meu TDAH, a ansiedade maior e a depressão a desaparecerem quando eu não consigo me concentrar no que alguém está dizendo na minha frente. Preciso de respostas agora. Não sei por que não consigo me livrar da minha depressão e por que preciso conversar com as pessoas à noite, para não me sentir sozinha. Não acredito que esteja neste lugar. Rezo para que um dia eu seja feliz. Espero que esse dia chegue logo. Quero menos dias tristes e mais dias felizes. Todo dia estou muito irritada, brava, chateada, triste e solitária... Não entendo o porquê... Alguém mais sente isso?    ADDitude

Respostas

Mônica... você não está sozinha... dias ruins são geralmente influenciados por crenças negativas que somente reforçam a sensação de estar lesionada/quebrada/precisando de conserto. O desafio para os adultos com TDAH é que ele invade sua habilidade de prestar atenção (os sintomas de desatenção aqui são os culpados), sua capacidade de se ajustar (aqui os sintomas são tipicamente relacionados com a hiperatividade) e a sua capacidade  de pensar e agir com propósito (aqui, o problema é o controle do impulso).

A habilidade de saber quais são os seus desencadeantes é importante porque uma vez em ação eles a dirigem para mais um “dia ruim”.

Minha experiência é que depois de que você está ativada (geralmente por um pensamento ou um acontecimento), você tem alguns tipos de pensamentos negativos (por que está acontecendo novamente, eu nunca me livro disso, isso realmente incomoda) e esses pensamentos negativos estão ligados aos seus esforços para se livrar daqueles pensamentos negativos... tente com mais empenho, trabalhe duro, tente de um modo diferente... somente para ter outro pensamento negativo... tente como puder, você realmente está ferrado... e assim por diante...

Isto resulta em crenças negativas a respeito de si mesmo... e assim o seu dia se torna outro “dia ruim”.

Se você quiser aprender a se livrar deste círculo vicioso, visite (não ainda) meu novo website thrivingwithadd.com!

Postado por drfrank em Mar 01,2012, às 3:50 am.

Mônica,

Se o aconselhamento que você está recebendo não estiver focalizado no TDAH, ele pode não estar sendo útil.

A história que você nos conta é uma que eu ouço frequentemente. Viver com TDAH não é fácil e lidar com a depressão e ansiedade faz os dias parecerem mais longos.

Há coisas que podem ajudar com as emoções e o TDAH

1- Você está tomando remédio para o TDAH?

2- Você dorme o suficiente? Qual é seu regime alimentar? Você faz exercícios?

3- O que você está fazendo para criar novos hábitos “saudáveis”?

Fique à vontade para visitar meu website, “danweigold.com”

Para muitas pessoas, a leitura ajuda a controlar os pensamentos que elas têm.

Postado por coachwithheart em Mar 01, 2012, às 3:53 am

Lamento que você esteja enfrentando uma situação tão dura atualmente. Você quer falar sobre o que especificamente lhe aborrece? Ou é somente sobre as coisas em geral? Você está usando alguma medicação para o seu TDAH, para a depressão ou para a ansiedade? Eu entendo bem o que você sente, e algumas vezes infelizmente, não obstante o quão duro você tente lidar com as coisas por si mesmo ou por meio de terapia, você precisa de medicação para ajudá-lo a lidar eficazmente, para que não fique se sentindo horrível. Não é incomum para as pessoas que têm TDAH ou TDA passar por tudo o que você está passando. Senti essas coisas eu mesmo. Irá melhorar, não se preocupe. Apenas tente ser forte e procurar ajuda, se for preciso.

Postado por mshaikh em Mar 01, 2012 às 3:54 am

De verdade, eu tive um dia destes hoje. É tão frustrante estar constantemente em um estado de desorganização dos pensamentos e dos sentimentos em cada segundo de sua vida. Estou muito cansada de ser irritada, deprimida e infeliz em qualquer instante, sem aviso. É tão irracional em natureza que alguns dias eu nem quero sair de casa. Só quero ficar sozinha num quarto, sem ninguém por perto de mim. No auge da luta com o TDAH, sou uma mulher de 36 anos, brigando com os hormônios erráticos acima de tudo. Eu pensava que estava

Os remédios seriam uma grande mudança para mim, junto com a terapia que até agora não ajudou muito mesmo. A respiração profunda e o relaxamento e os exercícios podem ajudar se eu aprender a fazê-los diariamente e me aplicar neles. Mas não me lembro nem de onde coloquei minhas chaves todos os dias e tenho de ser lembrada para dar comida para meu peixe na metade do tempo então praticar esses exercícios frequentemente e rotineiramente pode ser muito bom mas tenho de lembrar de fazê-los primeiro. Alguns dias são muito piores que outros e hoje foi ruim. Posso entender sua postagem e estou contigo, vivendo a mesma espécie de mente caótica. Então, espero que saber de mais alguém que entenda e que tenha um dia como os seus ajude de algum modo. Mantenha a cabeça erguida e aguente firme!

Postado por Awink32276 em Mar 01, 2012 às 5:03 am

Oi Mônica

Há 20 anos ouvi cada palavra do que você disse em minha própria cabeça (e eu nem tinha nunca ouvido falar de TDAH e não sabia nada sobre ele). Só quero que você saiba que tenho este problema e que entendo o que você sente. Somente agora estou descobrindo que tenho TDAH e logo serei testado. Você não está de modo algum sozinha e é muito valorosa!

Postado por And I em Mar 01, 2012 às 5:28 pm


Lembre-se de que o TDAH envolve alguma falta de certos elementos químicos no cérebro que ajudam você a prestar atenção, ficar motivada e a poder mudar seus relacionamentos.

Exercício aeróbico, medicação, e um grupo de apoio para aqueles com TDAH e dificuldade de aprendizagem (geralmente encontrados na associação para dificuldades de aprendizagem da sua cidade) podem ajudar significativamente e podem reduzir sua depressão, conforme você sente menos estresse e maior desempenho.

Patricia H. Aust: CT Task Force on ADHD/author of HIPER HARRY for kids 8-12 (avaible at Amazon.com and the Amazon Kindle Store).

Postado por Patwriter em Mar 01, 2012 às 6:35 pm.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

190- TDAH - Uma palavrinha para as esposas


Ellen Kingsley - ADDitude fev 2012

Estratégias de sobrevivência para as esposas de maridos com TDAH que parecem as ignorar, esquecer ou desrespeitar... mas que talvez não tenham essa intenção.
Quando Jéssica viu Josh, foi amor à primeira vista. Ele era amável, alegre e disposto, sem dizer que era bonito e atlético. Quando ele lhe falou sobre seu TDAH, isto não a intimidou. “Ele estava indo muito bem na faculdade de direito”, ela conta. “Seu TDAH não parecia ter muito impacto sobre ele ou sobre o que ele fazia”. Mas Jéssica logo sentiria o impacto do TDAH no seu casamento. Isto foi por causa do estilo de vida que Josh adotou para dar conta do TDAH, estilo que consistia em estar sempre muito organizado e que criava uma estrutura muito rígida para sua vida. Do seu computador de mesa até a sua gaveta de meias, tudo tinha de estar em ordem e no lugar. “Ele tinha de ter as chaves num lugar certo”, conta Jéssica. “Se ele as perdesse, ficava louco”. Ele também era assim com sua conta bancária. “Antes do início de cada mês, tudo tinha de ser planejado e calculado. Eu tinha de saber exatamente quanto tinha de gastar e no quê a cada mês. Se não fosse assim, ele ficava ansioso e transtornado”.
Jéssica, de trinta e poucos anos, uma profissional acostumada com sua independência, achou esta questão do dinheiro especialmente difícil de aceitar. “Se algo acontecia e nos desviava do rumo, ele não conseguia dar conta”, ela diz. “Chegou ao ponto de se eu sofresse uma multa de trânsito de 50 dólares, ficava com medo de contar a ele”.
Se alguma coisa não mudasse, seu casamento estaria em perigo. Assim diz Lynn Weis, Ph.D., uma psicóloga clínica e especialista nos relacionamentos TDAH. “As mulheres geralmente acham que os rapazes TDAH são ótimos para namorar porque eles são ativos, companhias divertidas, alegres e dispostos”, diz Weiss. “Mas quando você tem de administrar um lar e uma vida movimentada, é outra história completamente diferente”.
“A diferença entre homens e mulheres são exacerbadas quando um homem tem TDAH”, diz Weiss. Se você concorda com a premissa de Weiss, de que as mulheres tendem a pessoalizar mais frequentemente, e de que os homens tendem a ser mais desligados emocionalmente, você pode entender o que ela quer dizer. Se o esposo age de certo modo, que parece dizer do seu desligamento (digamos, esquecer o tempo e chegar atrasado para encontrar a mulher no cinema) ela poderá sentir que ele não liga muito para ela. Quando o TDAH está envolvido, tais cenários acontecem mais frequentemente.
Lidando com o cenário “an-han”
A mulher diz, “Querido, você pode levar o lixo para fora?” e o marido TDAH responde “An-han”. Três horas mais tarde, o lixo ainda está lá dentro. A mulher pessoaliza: “Ele está sendo oposicionista”, ou “Ele nunca me ouve”, e isso a torna zangada. Começa uma briga. Será a primeira de muitas.
Segundo Weiss, “Esposas de homens TDAH precisam entender que o nível de atenção dos maridos para as tarefas é extremamente baixo”. “Ele não está agindo assim de propósito. Mas quando ela começa a pessoalizar seu comportamento, o casamento fica em perigo”.
Para sair desta situação de armadilha an-han, primeiro a esposa tem de entender que o problema é: dificuldade de prestar atenção e de se fixar na tarefa é o maior dos problemas do TDAH. Aceitando este fato da vida, ela precisa, então, ajustar seu pedido de um jeito que penetre num nível mais profundo da atenção dele, para que haja efeito. Weiss sugere uma estratégia de quatro passos:
Toque seu marido quando fizer o pedido. Pessoas com TDAH recebem informação mais facilmente e mais eficazmente quando vários sentidos são estimulados.
Faça contato com seu marido pelo olhar e mantenha-o atraído por meio da conversa. Diga a ele, “Obrigada, eu realmente gosto quando você cuida do lixo”. Espere a resposta dele.
Dê um limite de tempo para ele. Diga, “Eu me sentiria melhor se você retirasse o lixo até às 3 da tarde”. (Note o uso positivo da linguagem). Pergunte a ele o que ele acha disso.
Se for preciso, lembre-o novamente. Ele pode precisar de você para isso.
Weiss nota que muitas mulheres recusam este conselho; dizem que seria mais fácil elas mesmas retirarem o lixo ou que essas interações estudadas são “como educar outro filho”. Grande erro.
“Se a estratégia é elaborada de um modo condescendente, haverá problemas secundários”, diz Weiss. “A mulher tem de entender que se ela acha que prestar atenção ou organização ou dar prosseguimento são comportamentos mais maduros, o casamento sofrerá.”
Em resumo, não julgue moralmente o comportamento TDAH do seu marido. Seja responsável pela sua parte da equação. Ele é o homem que você amou o bastante para se casar. Você deve a ambos o aprendizado sobre  o TDAH e o desenvolvimento de mecanismos para viverem juntos.
O cenário controlador
A descrição de Jéssica das “loucuras” do seu marido sobre as chaves fora do lugar e dos itens fora do orçamento fala sobre sua intensa ansiedade com a perda de controle do seu mundo. Pessoas com TDAH, cuja habilidade interna em permanecer organizadas e no controle do seu universo pode estar faltando, geralmente se ajustam por meio da criação de um ambiente altamente estruturado para elas mesmas.
“Elas acham de verdade que, se perderem alguma coisa, tudo desabará”, diz Weiss. E os que não têm TDAH têm de respeitar isto.
Então, novamente, um casamento consiste de duas pessoas que precisam trabalhar junto como um time. Algumas dicas úteis:
Para ela: Não mexa nas coisas dele. Cada esposo deve ter áreas separadas para o trabalho ou para os itens pessoais. Se incomoda ao parceiro ter suas coisas rearrumadas ou perder de alguma forma o controle delas, então tente não tocar nelas. “Ela realmente não deve estar na mesa dele”, diz Weiss.
Para ele: Seja dono do seu comportamento. É preciso saber que seu controle exagerado e seus hábitos superestruturados  são compensatórios e que agir com raiva não é “legal” ou aceitável. Ajuda desenvolver um senso de humor autocrítico sobre isso também (por exemplo, “Se eu não tivesse minha cabeça grudada no pescoço, provavelmente eu já a teria perdido”). Os tipos supercontroladores podem ser de difícil convivência, mas o instinto pessoal e o bom humor farão sua mulher se sentir bem melhor.
Comentários dos leitores:
Sarafina Carter – Já estou cansada de ver os cenários dos relacionamentos TDAH envolvendo somente a mulher não TDAH, especialmente em fóruns de especialistas como este! – Mulheres também têm TDAH, vocês sabem (e as últimas teorias reconhecem que isso tem a mesma proporção que os homens; ele, o TDAH é menos diagnosticado nas mulheres!)
Blue Gal – Exatamente Sarafina. E a aceitação de que aos homens é permitido controlar as mulheres, enquanto a mulher deve ter certeza de não pessoalizar o comportamento controlador do seu marido? Um homem com TDAH e TOC, que perde a razão por causa de um gasto inesperado (e, convenhamos, em que mês isto não ocorre?) precisa de aconselhamento conjugal e treinamento para o controle da raiva. E ele terá sorte se o seu casamento sobreviver a esta espécie de absurdo. O artigo não vai muito fundo para mostrar como os homens precisam dominar seu comportamento.
Twalden – em vez de falar sobre como seu marido TDAH está fazendo isso e aquilo, por que não aprender sobre isso o mais possível? Se você não aprender, ficará presa a muitas situações que não saberá como manejar. Se eu soubesse que tinha TDAH quando me casei, seria capaz de pedir ajuda. Fui só recentemente diagnosticado, entretanto eu sabia que era TDAH durante anos. Meus médicos me diziam apenas que eu tinha transtorno de ansiedade generalizada, não TDAH. A terapia também é útil para alguém com TDAH, e o humor ajuda. Entretanto, se você fizer um tratamento de terapia cognitiva comportamental, on-line ou pessoalmente, ele definitivamente vai lhe ensinar como controlar o TDAH. Ele não é uma doença, é um transtorno e você pode também acionar o seguro social de invalidez por causa dele, se o seu psicólogo apresentar as provas suficientes, após os testes. Estes são feitos basicamente on-line e são de 300 a 500 perguntas, e são acurados. Eu desejo a você a melhor sorte com tudo, não desista do seu esposo por causa de um transtorno que não é culpa dele. Algumas pessoas eventualmente vão embora, e outras ficam por toda a vida. Então, se você ama de verdade o seu marido, a despeito do TDAH dele, você precisa aprender como ter paciência e o que afinal é o TDAH. Outra coisa: precisamos aceitar as mágoas dos outros, seus mau-humores  e hábitos, especialmente se os amamos, apesar de todo o resto. Amor incondicional é isto, incondicional.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

189- Álcool, gestação e concepto

Profa. Dra. Maria Valeriana Moura-Ribeiro

Nas últimas cinco décadas a literatura internacional tem publicado trabalhos valorizando os avanços na saúde materno fetal, nos cuidados obstétricos com notáveis aprimoramentos da Medicina neonatal em unidades de tratamento intensivo. As delineações de pesquisas bem conduzidas em populações hígidas normais, proporcionou a organização de curvas padrões demonstrativas da evolução do crescimento linear, estatura, peso e perímetros, indicadores sensíveis da saúde e bem estar infantil.
Conjuntamente, foram definidos parâmetros e normatizações evolutivas relacionadas ao neurodesenvolvimento, observando aquisições motoras, posturais, cognitivas, comportamentais e do aprendizado em lactentes, pré-escolares e escolares. No entanto, ao se traçar as referidas normatizações direcionadas a crianças saudáveis, a partir de 1970 surgiu a necessidade da caracterização de fatores de risco e proteção para crianças e gestantes. Dessa forma os indivíduos (crianças e gestantes) poderiam estar expostos a um ou vários fatores adversos.
A identificação de agentes agressores pré e pós-natais se tornaram propostas de pesquisas no sentido de constatar ou não a correlação com morbidades, observando a repercussão nos conhecidos parâmetros do neurodesenvolvimento. Como decorrência, progressivamente se implantou assistência de qualidade à gestante, ao feto, ao neonato e ao lactente de risco para morbidades. Essas providências direcionadas a proteger amplamente as várias etapas no desenvolvimento da criança, na verdade representavam a constatação da integridade funcional do cérebro em pleno desenvolvimento.
Os conhecimentos detalhados sobre as funções corticais superiores, a evolução da genética médica, os avanços tecnológicos em imagem, as constatações neurobiológicas envolvendo o funcionamento dinâmico das redes neurais, têm favorecido a compreensão de padrões atípicos e normais das avaliações clínicas, neurológicas, comportamentais e de aprendizado.
No Projeto Atenção Brasil-2010 foram identificadas 405 crianças e adolescentes (em um total de 5.961 indivíduos) nascidos de mães que ingeriram bebidas alcoólicas na gestação, com comprometimento da saúde mental e escolaridade dos conceptos. Essa situação, aqui identificada, pode condicionar o aparecimento de alterações físicas, cognitivas, comportamentais, evidenciáveis em diferentes fases do desenvolvimento, merecendo, do ponto de vista médico e dos profissionais da saúde não médicos, atuações e remediações.

Assim, no recém-nascido e no lactente podem ser identificados sinais faciais da Síndrome Alcoólico Fetal (SAF), completa, parcial ou às vezes bem sutil, como: nariz antivertido, lábio superior fino, filtro liso, implantação baixa de orelhas, fissura palpebral pequena, semiptose palpebral e face achatada.
Na dependência do tempo de utilização, da concentração de álcool na bebida, da quantidade ingerida por dia e fatores nutricionais envolvidos, podem também ocorrer microcefalia, hipotonia, distúrbios do sono e grande irritabilidade, comprometendo o vínculo psicoafetivo mãe-filho.

Evrard, pesquisador francês, em 1998 apresentou trabalhos  demonstrando que o etanol determinava morte celular no neuroepitélio primitivo e, na sequência, interferência  na migração neuronal em função do comprometimento da glia radial e dos componentes químicos facilitadores do deslocamento neuronal para a formação das camadas corticais programadas geneticamente. Esse autor constatou também que o etanol comprometia a gliogênese e, dessa forma, foi comprovada a presença de distúrbio neuronoglial com interferências na formação do mapa cortical, por alteração nas colunas verticais, particularmente das regiões pré-frontais e circuitos frontocerebelares. Enquanto que, em relação a alterações estruturais, foi detectada também a redução no tamanho dos gânglios da base e núcleos talâmicos.

Assim, a mãe gestante alcoólatra tem o álcool como fator agressor grave para o pré-embrião, embrião e feto, comprometendo a estrutura, a ultraestrutura, a bioquímica e a funcionalidade de redes neurais nas diferentes fases do neurodesenvolvimento. Essa restrição da neurogênese, da gliogênese e da migração neuronal, além da interferência na integração de rotas precoces, explicam as anormalidades corticais generalizadas e setoriais (linguagem, memória espacial, memória de trabalho, alterações do sono e, outras) encontradas na SAC.
Como informação complementar, drogas ilícitas, particularmente a cocaína, comprometem de maneira semelhante a arquitetura celular neocortical com alterações na laminação vertical e horizontal, com repercussão imediata nas interconexões sinápticas envolvendo axônios e dendritos. Nos experimentos em animais a cocaína comprovadamente determina alterações na gliogênese, sendo identificadas também mitoses discronológicas.

Neuroimagem em crianças e exposição pré-natal ao álcool
É necessário avaliar na gestante alcoolizada ou alcoólatra a somatória de fatores associados como o uso de nicotina, desnutrição, jejum prolongado, envolvimento importante do psiquismo materno, abandono, rejeição à gravidez, traumas de maior ou menor gravidade (maus tratos), infecções e utilização de fármacos como o misoprostrol.

Quais as interferências complementares no microambiente envolvendo neurotransmissores, moléculas de adesão, aminoácidos, íons cálcio, potássio, sódio, monoaminas e enzimas?
Os neurotransmissores são biomoléculas que dinamicamente transmitem informações entre os neurônios (serotonina, adrenalina, noradrenalina, dopamina, etc.). Cole & Li em 2011 apresentam importante revisão a respeito de estudos com neuroimagem funcional em crianças e adultos nascidos de mães que utilizaram álcool na gestação. Riitkronen em 1999 verificou a perfusão cerebral através de SPECT identificando comprometimento das regiões temporal, pré-frontal e parieto-occipital de crianças.

Do ponto de vista clínico, em estudo utilizando grupo controle, foi possível verificar alterações do ciclo sono e vigília, da atenção, da cognição e, ainda, alterações sensoriais comprovadas por potenciais evocados auditivo e visual. Foram identificadas alterações do comportamento, do aprendizado, atenção sustentada, dificuldade de reconhecimento facial, memória de trabalho espacial, verbal, processamento aritmético e números.
Estudos com ressonância magnética funcional identificaram comprometimento da atividade funcional em região frontal inferior e média e no caudado direito. No que se refere à neuro ativação para processamento aritmético a resposta foi menor no parietal e pré-frontal. Outra possibilidade estudada foi aquela associada a morbidade psiquiátrica.

Concluindo
Inúmeras pesquisas clínicas envolvendo neuroimagem comprovam que a exposição ao álcool durante a gestação repercute na criança, no adolescente e no adulto, condicionando um decréscimo da eficiência neurológica nas diversas regiões cerebrais. Do ponto de vista clínico comportamental, cognitivo e psiquiátrico, foram confirmados e documentados comprometimentos através de neuroimagem, justificando a necessidade de assegurar assistência de qualidade à gestante e ao feto.

http://www.aprendercrianca.com.br/informacao/noticias-do-cerebro/alcool-gestacao-e-concepto

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

188- O treinamento (coaching) ajuda os universitários com TDAH? (3a. parte)

Resumo e conclusões
Os resultados deste estudo indicam que os estudantes universitários com TDAH sentem que o treinamento foi útil. Os achados qualitativos se equivalem aos do estudo quantitativo. Neste, os estudantes, escolhidos ao acaso para receberem o treinamento, relataram mais vantagens em suas funções executivas, habilidades de estudo e de organização do que os do grupo controle, quando avaliados por um instrumento validado chamado “the Learning and Study Strategies Inventory”. Isto foi verdadeiro embora não fossem encontradas diferenças no GPA dos estudantes.
O modelo de treinamento empregado neste estudo tinha um grande apelo intuitivo. O foco no estabelecimento de metas acadêmicas, o monitoramento do progresso, dividindo longos projetos em sequências de tarefas mais específicas e administráveis, junto ao contato frequente para ajudar os estudantes a se manter no rumo, tudo isso é consistente com o consenso emergente de que o TDAH é um transtorno  da função executiva (para uma discussão maior sobre esta visão vá a www.drthomasebrown.com/brown_model/index.html ). Desta perspectiva, o treinamento pode ser um jeito melhor do que os modelos tradicionais de terapia e poderia certamente complementar os outros benefícios que os estudantes poderiam receber do tratamento médico.
O método pelo qual o treinamento foi proporcionado neste estudo, isto é, chamadas telefônicas e contato entre as sessões via texto e e-mail, também é claramente melhor para as necessidades dos estudantes do que dirigir para fora do campus para se encontrar com um provedor de saúde mental. Isto é outro aspecto importante deste modelo.
Novos estudos deste método deverão seguir os estudantes por períodos mais longos para verificar se o treinamento leva a ganhos duradouros nas habilidades visadas pela intervenção. Por exemplo, seria importante aprender se o treinamento seguido é necessário para manter as mudanças de comportamento relatadas, ou, se os estudantes são capazes de manter essas mudanças por si mesmos depois de trabalharem com um treinador por um período determinado.
Críticos desta abordagem podem argumentar que os benefícios reais do treinamento são limitados porque os pesquisadores não encontraram nenhum efeito no GPA atual dos estudantes ou no número de créditos que eles obtiveram durante os primeiros anos de faculdade. Entretanto, pode ser treinamento mais demorado seja requerido para produzir essas mudanças conforme os estudantes empregam seu comportamento acadêmico melhorado por um maior período. A este respeito, também é válido notar que não há nenhuma pesquisa demonstrando efeitos positivos do tratamento medicamentoso sobre o GPA dos estudantes; de fato, a espécie de estudo requerida para determinar isto ainda não foi feita.
Eu também sugeriria que não obstante como o treinamento possa ou não afinal impactar o GPA, a experiência que os estudantes relataram é algo que muitos pais iriam querer para seus filhos. O fato de que os estudantes relataram sentimento de aumento do bem estar e da confiança  me parece tão importante e convincente por sua própria natureza.

Revisão feita por David Rabiner, Ph.D.
Associate Research Professor
Dept. of Psychology & Neuroscience
Duke University


Veja as postagens 186 e 187, primeira e segunda parte desta revisão

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

187- O treinamento (coaching) ajuda os universitários com TDAH? (2a. parte)


Obtenção de dados
Como notado, esta parte do estudo foi qualitativa em natureza e envolveu entrevistas pessoais com os estudantes de cada campus. As entrevistas foram transcritas e codificadas, usando um software especialmente desenhado que identificava temas comuns entre elas. Por exemplo, temas que emergiram incluíam “habilidades de estabelecer metas”  e “ferramentas de controle do tempo”, indicando que essas eram as áreas consistentemente discutidas pelos estudantes.
Uma vez identificados os temas importantes, os pesquisadores revisaram cuidadosamente as transcrições para identificar o material que fosse diretamente relevante para cada tema. Isto permitiu ao pesquisador a compilação de um conjunto confiável de sentimentos dos estudantes, dentro de cada tema e categoria para revisão. Lendo o material de entrevista relevante para cada área temática, os pesquisadores desenvolveram um sentido geral da experiência relevante dos estudantes para cada área.
Este é um método muito diferente da tradicional pesquisa quantitativa, que se apoia mais na análise estatística de dados quantitativos. Entretanto, quando métodos qualitativos apropriados são empregados, isto pode ser uma abordagem rigorosa e sistemática para aprender sobre a experiência individual, que os proponentes argumentam que proporcione um complemento muito útil para os métodos quantitativos.
Resultados
As conclusões importantes relatadas pela maioria dos estudantes incluíam as seguintes:
1. O treinamento os ajuda a trabalhar mais produtivamente na direção de suas metas. Muitos relataram que seu treinador ajudou-os a pensar e a usar seu tempo mais produtivamente.
2.Os estudantes se sentiram mais capazes de manejar as múltiplas datas-limite usando a estrutura que seu treinador ajudou-os a criar e seguir.
3. Os estudantes sentiram que os treinadores os ajudaram a desenvolver melhores estratégias de organização.
4. Os estudantes sentiram que os treinadores os ajudaram a persistir na direção de atingir suas metas acadêmicas quando barreiras inicialmente impediam seus esforços.
5. Os estudantes sentiram que o contato frequente entre as sessões facilitou a solução dos seus problemas e reforçou sua motivação para alcançar suas metas. Também ajudou-os a se sentirem mais confiantes no sentido de alcançarem seus objetivos.
6.  Os treinadores ajudaram os estudantes a desenvolver metas acadêmicas mais realistas assim como planos mais realistas para atingi-las.
7. Os estudantes relataram aumento dos sentimentos de competência em relação à sua habilidade de manejar com sucesso as demandas da vida universitária. Como resultado, muitos estudantes relataram maiores sentimentos de bem estar e aumento da confiança sobre seu sucesso futuro.
8. Os estudantes descreveram comportamentos mais autorregulados como um benefício importante. Isto é, eles se sentiram mais capazes de dirigir consistentemente seus comportamentos no sentido de alcançar os objetivos que haviam estabelecido para si mesmos.
É notável que a despeito do impacto claramente positivo do treinamento que os estudantes relataram, seus comentários foram variados em relação a se o treinamento melhorou diretamente seus GPAs. Isto é consistente com os achados quantitativos que estão resumidos em http://edgefoundation.org/information/research/  nos quais as notas que os estudantes dão a si mesmos indicam ganhos significativos no estudo e nas habilidades de organização, comparados com os participantes controle, mas nenhuma mudança significativa no GPA.
Isto é importante por várias razões. Primeiro, indica que os estudantes não viam os treinadores como uma panaceia. Embora eles claramente achassem os treinadores úteis nas maneiras acima anotadas, eles eram mais circunspectos sobre o impacto dos treinadores em seu desempenho acadêmico objetivo. Segundo, esta visão mais cheia de nuances aumenta a credibilidade das respostas positivas que eles forneceram. Isto é, o fato de que eles não relatam simplesmente que os treinadores ajudaram em tudo, sugere que os estudantes forneceram informações sobre áreas em que os treinadores foram realmente úteis e que refletem verdadeiramente a experiência dos estudantes.
(Continua na próxima postagem)

186- O treinamento (coaching) ajuda os universitários com TDAH? (1a. parte)


Muitos estudantes com TDAH lutam para serem bem sucedidos na faculdade. Conforme foi notado em artigo anterior do Attention Research Update, por Linda Hecker, do Landmark College, o meio universitário sobrecarrega as funções executivas tais como o gerenciamento do tempo e a organização das tarefas. O dia da faculdade é pouco estruturado se comparado ao do colegial – os estudantes têm somente 1 ou 2 aulas por dia, com muito “tempo livre” nos intervalos. Há mais trabalhos de longa duração e nenhum grupo de estudos ou pais que fiquem por perto para garantir que os estudantes fiquem atentos (veja  www.helpforadd.com/2006/july.htm ). Por isso, os estudantes com TDAH precisam confiar mais em suas habilidades para controlar seu comportamento ao longo do tempo, na busca de realizações importantes, e eles frequentemente têm maior dificuldade do que seus colegas para se engajar consistentemente em tais comportamentos de autorregulação.
Intervenções que se destinam a desenvolver e melhorar as importantes habilidades de autorregulação – assim como outras funções executivas importantes – podem ser especialmente úteis para os estudantes universitários com TDAH. Uma intervenção que atua diretamente nisto é o Coaching (treinamento). Os treinadores auxiliam pessoas com TDAH propiciando a eles um claro entendimento da natureza do TDAH e de como ele afeta a sua vida diária. Eles trabalham com os clientes para identificar metas importantes e para desenvolver planos e estratégias para alcançá-las. Eles ajudam os clientes a monitorar seu progresso na direção dessas metas, a identificar quando eles estão se desviando delas e a desenvolver estratégias para mais eficientemente alcançá-las ao longo do tempo. Assim, os treinadores podem auxiliar os estudantes a desenvolver sua habilidade para regular seu comportamento de modo eficiente, e proporcionar uma importante fonte externa de regulação, conforme essa habilidade vai se desenvolvendo. Em teoria, isto deveria ajudar os estudantes com TDAH a conquistar maior sucesso acadêmico.
Como esta abordagem funciona realmente para os estudantes com TDAH? Esta questão foi analisada em estudo publicado recentemente no Journal of Attention Disorders (Parker et al., 2011 – Self-control in postsecondary settings: Students perceptions of ADHD College coaching. Journal of Attention Disorders, DOI:10.1177/1087054711427561). Os participantes foram  19 estudantes de 10 campi diferentes, que foram selecionados a partir de uma amostra maior, de 88 estudantes com TDAH, que tinham sido escolhidos ao acaso para receber a intervenção do treinamento (coaching).

Foram analisadas duas questões primárias:

1. Qual é o efeito do treinamento na percepção que os estudantes com TDAH têm do processo que utilizam para manter suas metas acadêmicas, tais como o GPA (Grade Point Average)?  (veja no Google)

2. Que benefícios os estudantes associam aos serviços de treinamento?

O estudo fez uso de extensas entrevistas com os estudantes para obter suas impressões sobre a experiência de coaching e sobre como ela os ajudou. Também houve um componente quantitativo do estudo, que avaliou o impacto do coaching sobre as respostas dos estudantes em várias escalas de avaliação, assim como foram coletados dados sobre índices objetivos de rendimento acadêmico, tais como o GPA. Um resumo desses resultados está disponível em http://edgefoundation.org/information/research/  (Nota: O estudo foi patrocinado por Edge Foundation – www.edgefoundation.org – uma organização dedicada o fornecer treinamento eficiente aos estudantes com TDAH. Eu (Dr. Rabiner) não tenho nenhuma ligação com esta fundação).

No que consiste o coaching?

O coaching focaliza as sete maiores áreas quando trabalha com estudantes: planejamento, estabelecimento de metas, construção da autoconfiança, organização, focalização, atribuição de prioridade e persistência na tarefa. Estas áreas foram selecionadas para resolver diretamente os problemas que muitos estudantes com TDAH têm no funcionamento executivo.

Treinadores e estudantes realizaram conversas telefônicas de 30 minutos, uma vez por semana, durante as quais os treinadores, de rotina, perguntavam aos estudantes sobre suas metas acadêmicas, assim como sobre o seu bem estar físico e emocional. Foram realizadas vinte e cinco sessões de treinamento. Os treinadores trabalharam com os estudantes para dividir os objetivos maiores em uma sequência de tarefas menores e para criar sistemas para lembrar-se de agir naquelas tarefas. Houve um foco no desenvolvimento de ferramentas eficientes de gerenciamento do tempo e na criação de programas mais equilibrados que permitissem exercícios regulares e boa rotina de sono. Embora os treinadores tivessem empatia pelos estudantes que relatavam sentimentos de desencorajamento e de estresse, o foco era na ajuda para os estudantes identificarem os passos concretos que poderiam adotar para corrigir a causa desses sentimentos.

Além das sessões semanais por telefone, os treinadores se comunicavam com os estudantes com frequência por texto, e-mail e por ligações mais curtas. Assim, os estudantes receberam lembretes regulares sobre suas metas e planos e desenvolveram um senso de serem responsáveis pelo seu progresso. A comunicação frequente também permitiu que os treinadores vigiassem a marcha dos estudantes em direção ao seu objetivo com maior frequência e a intervir mais cedo quando os estudantes estivessem falhando.

Este foco na solução imediata dos problemas, assim como o contato regular entre as sessões programadas, são importantes distinções entre o treinamento para o TDAH e as abordagens mais tradicionais para a terapia com adultos jovens.

(Continua nas próximas postagens: 187 e 188)

domingo, 19 de fevereiro de 2012

185- TDAH - Soluções para o caos iminente


“Estou me equilibrando no limite”

Muitas pessoas têm a incômoda sensação de que estão se equilibrando no limite e que bastará somente mais um compromisso para mergulhar no caos.

Se você se sente desse jeito, lembre-se que, embora pareça que você está na iminência de ir além do limite, você não está. O problema a ser resolvido é a sua sensação incômoda. Você está escolhendo ter esses pensamentos negativos que o incomodam. Talvez você possa usar as técnicas da terapia cognitiva comportamental (TCC) para sair desse padrão por meio do pensamento: “Estou fazendo um bom trabalho; estou me mantendo calmo e equilibrado apesar do perigo de cair no precipício”.

Então, mude seu quadro mental, de um em que você se equilibra na beira do precipício para outro em que você está caminhando com confiança na margem, impregnado pela promessa da descoberta. Sim, é você, no seu caminho para grandes conquistas. Aproveite a vista!

By Paul Hammerness, M.D. , Margaret Moore

184- TDAH - Soluções para os dias estressantes

“É muita coisa...”

O estresse causado pela falta de atenção e pela desorganização pode levar  a uma deterioração total da saúde física e mental. Quando você perceber que a sua luz de alarme do motor está piscando, aperte o botão de reset com estas estratégias para reduzir o estresse.

Tire alguns momentos por semana para revisar o que você está fazendo, às coisas boas da vida que você deve agradecer. Isto pode soar como um lugar-comum, mas o ajudará a mudar para um humor mais positivo.

Redefina o que você quer ser – sair desse desastre provocado pelo estresse para o que? Calmo e confiante? Qual o seu tipo de pessoa?

• Vire as prioridades de ponta cabeça e cuide de sua saúde primeiro, o que lhe dará mais energia, equilíbrio e calma para fazer o que tem de ser feito.

• Encontre um comportamento saudável para se manter sob controle  – somente um. Pode ser exercícios, e, talvez, exercitar-se em algum lugar mais conveniente do que a academia lhe tomará menos tempo. Então, saia e caminhe ou compre um vídeo de exercícios que você possa fazer dentro de casa. Você estará fazendo algo bom para sua saúde e para o seu nível de estresse.

By Paul Hammerness, M.D. , Margaret Moore

183- TDAH - Soluções para os esgotados

“Já não aguento mais”

Como você evita a sensação de que já não dá conta porque está tentando lidar com as ondas constantes de obrigações no seu dia-a-dia?

Lutando para o controle que garante a calma, tendo confiança de que tudo dará certo, e tendo satisfação com as coisas conquistadas.

Para obter estas importantes qualidades, tente estas acomodações de trabalho que o ajudarão a estabelecer um regime de controle do tempo:

Estebeleça, como períodos livres de interrupção, os horários mais produtivos do dia. Começe com 15 minutos, depois 30, e aumente para até várias horas ao dia, ao longo dos meses.

Estabeleça períodos para lidar com as interrupções quando você precisar de um intervalo no meio de projetos complexos – digamos 20 minutos ao dia – para corrigir textos, fazer chamadas, tweets e assim por diante.

Pratique não lidar com textos, e-mails e tais coisas, quando você estiver em um período livre de interrupção. Você se sentirá bem com a sensação de controle que vem do fato de não responder como um reflexo do joelho. (Nota do tradutor: aquele chute que acontece quando se bate com um martelo de reflexos logo abaixo a sua rótula ou patela).

By Paul Hammerness, M.D. , Margaret Moore

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

182- TDAH – Solução para a multitarefa


TDAH – Solução para a multitarefa

“Pensei que estava fazendo tudo, mas...

Se você está preocupado porque não consegue fazer várias coisas ao mesmo tempo, não se preocupe. As pesquisas mostram que a multitarefa não é eficiente. É melhor fazer uma coisa de cada vez,

Cada tarefa, curta ou demorada, será mais bem feita com sua atenção total, não com um quarto de atenção, metade ou mesmo três quartos dela.

Se você estiver falando aos seus filhos, ou respondendo a um e-mail ou olhando pela janela para algo interessante, use toda a sua atenção em cada uma das coisas.

Imagine isso como se você virasse a cabeça e encarasse outra coisa, e se conectasse completamente, como quando estamos apaixonados e queremos mandar uma mensagem com o nosso sentimento. Você precisa fazer uma pequena pausa, uma transição mental de tarefa para tarefa e não deixar que a tarefa anterior, ou a próxima, contaminem a atual.

Quando você usa toda a sua atenção em uma tarefa, o tempo desacelera e se expande, e muita coisa pode ser feita em pequenos momentos.

By Paul Hammerness, M.D. , Margaret Moore

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

181- TDAH – Soluções para a falta de controle do tempo


TDAH – Soluções para a falta de controle do tempo

“Ih! Me desculpe, estou atrasado...”

Isto pode ser um sinal de que seus compromissos estão além da sua capacidade pessoal. Se for assim, pense em seguir as seguintes sugestões para vencer a sua impontualidade habitual:

Ajuste-se. Faça uma lista dos seus compromissos – diariamente, semanalmente, mensalmente. (Seu esposo ou companheiro poderá ajudar). Determine se algum deles pode ser eliminado, delegado ou reduzido. Evite a sobrecarga aprendendo a dizer não. Reduza sua lista de compromissos rotineiros em ao menos 10 por cento.

Arrume seus 15 minutos diários de repouso. Atrasos e esquecimentos podem ser sinais de que você precisa de mais tempo para se acalmar e se equilibrar, e para aumentar sua função cerebral. Herbert Benson, M.D., especialista da Universidade de Harvard, recomenda de 10 a 15 minutos por dia de uma atividade repetitiva e de atenção (respiração profunda, meditação, yoga). Você pode fazê-la pela manhã, no início do dia, durante uma caminhada calma ou mais tarde, ao final do dia.

Ajuste seu equilíbrio emocional. Sua impontualidade pode ser sinal de muito poucas emoções positivas ou muitas emoções negativas, que podem, as duas coisas, prejudicar sua função cerebral, particularmente a memória. Cheque sua taxa de emoções positivas em relação à sua taxa de emoções negativas em www.positivityratio.com . A taxa normal é de 3:1, acima da qual seu cérebro funciona bem e abaixo da qual ele não funciona bem mesmo.


Por Paul Hammerness, M.D. e Margarete Moore

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

180- TDAH - Soluções para a desarrumação

"Ugh, este lugar está uma bagunça!"

É impressionante como a desordem pode atingir o seu cérebro, fazendo-o sentir-se fora de controle e inalcançável como nossa gaveta de meias. Você não tem inveja das pessoas que conseguem tolerar e até mesmo gostar da bagunça caótica, e que parecem imunes a ela?

Organizar a sua vida requer um plano de longo prazo; mas por que não começar hoje, tomando as pequenas e graduais medidas necessárias para dominar a desordem e restaurar a ordem, tanto fora (casa, trabalho) quanto dentro (seu cérebro)?

+ Arrume um parceiro – seu filho, colega ou amigo – para ajudá-lo a se organizar. Um colega de trabalho pode oferecer uma nova perspectiva; ele pode ver o céu através da densa floresta. Esteja aberto às suas sugestões sobre o que deveria ficar onde e torne isto divertido. Depois de poucas horas de reordenamento, comemore com sua equipe de trabalho o tempo bem gasto juntos, indo almoçar (por sua conta!) ou fazendo uma longa caminhada.
+ Depois de uma sessão com seu amigo ou colega, programe um reordenamento a sós, por uma hora, uma vez por semana, no início, e, eventualmente, uma vez ao mês, para garantir que você está no domínio das coisas.

+ Estabeleça o tempo de reordenamento – 15 minutos por semana – para manter a casa sob controle.

+ Certifique-se de prestar atenção e apreciar quantas áreas foram postas em ordem ao longo do tempo, e não em quanto ainda resta a ser feito.


Por Paul Hammerness, M.D. e Margarete Moore

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

179- TDAH - Soluções para a distração


“Oh, isto parece interessante!”

Nós nos tornamos uma sociedade que persegue a gratificação instantânea. Não podemos esperar. Queremos saber. Necessitamos saber. Agora!
Infelizmente, a maioria da informação nova não é urgente e, talvez, nem mesmo importante. Entretanto, não treinamos nossos cérebros para lidar com o segundo passo: perguntar “Isto é urgente?”
Para superar a distração, você precisa desenvolver um padrão cerebral de dois passos:
1- Avalie a informação que chega.
2- Volte ao presente, se a informação não for urgente, ou mude seu foco para a nova informação se você julgar que ela tem alta prioridade.
Uma boa maneira de fazer isso é dar nota para a urgência e a importância de cada nova mensagem ou informação. Dê notas de zero a dez. Tudo que estiver acima de sete requer atenção imediata. Tudo que estiver em quatro, ou mais baixo, provavelmente poderá ser ignorado pelo tempo necessário.
Lembre-se de que a tecnologia pode nos ajudar: A maioria dos telefones celulares agora nos pergunta se queremos ouvir um e-mail de voz ou ler novo texto, agora ou mais tarde. Com e-mail você tem a opção de clicar, ou não, no pop-up que anuncia uma nova mensagem.


Por Paul Hammerness, M.D. e Margarete Moore

178- TDAH - Soluções para o esquecimento


Por Paul Hammerness, M.D. e Margarete Moore

"Onde deixei minhas chaves?"
Esquecimento

Quando perdemos nossa atenção plena - significando nosso atendimento e atenção à tarefa em curso – parece que estamos perdendo a nossa mente. Quando estamos no chuveiro, estamos pensando em um desentendimento com um colega de trabalho. Quando guardamos as chaves, ou estacionamos nosso carro no estacionamento, já estamos pensando na próxima tarefa e não nos lembramos de onde os deixamos.

Há muitos modos de recuperar a atenção plena que todos nós tivemos na infância. Aqui está um modo a ser utilizado para nos levar de volta às nossas chaves perdidas:

Cultive a atenção. Comece por notar quando você está atento e quando você perdeu sua atenção plena – anote num notebook ou crie uma página de avisos no seu telefone celular.

Estabeleça uma meta. Pense sobre o percentual de tempo em que você está alerta, ou vigilante ou completamente consciente e presente no momento. Talvez você esteja em 50 por cento. Aonde você quer chegar e em quanto tempo?

Veja o momento presente como uma dádiva. Aprecie-o. Ou pare para respirar fundo e prestar atenção à sua respiração para acalmar sua mente.

Pratique o tornar-se consciente. Por exemplo, "Esta semana eu estarei consciente sobre onde pus meu celular. Vou reservar alguns segundos para pensar onde guardá-lo, em minha pasta ou bolso, e para lembrar quando o estiver guardando. Na próxima semana, vou cuidar das minhas chaves. Na outra semana, dos meus óculos. Então vou poder saborear minha primeira  xícara de café de manhã ou um pequeno pedaço de chocolate escuro no final da tarde."

domingo, 5 de fevereiro de 2012

177- TDAH - Organize sua mente e o descanso virá

O TDAH tem deixado você sobrecarregado pela distração e pelo caos? Cultivar estes hábitos metódicos de pensamento pode ajudá-lo a recuperar o controle de sua vida.
Por Paul Hammerness, M.D. e Margarete Moore
A porta se abriu de repente e Jill entrou, sem fôlego, depois de subir dois lances de escada até o meu consultório no segundo andar. Ela estava nervosa e contrariada,
“Me desculpe, estou atrasada”! Disse Jill, ao se jogar na cadeira em frente à minha mesa. “Você não vai acreditar no dia que eu tive”.
Jill foi diagnosticada com TDAH e é uma das minhas pacientes. Ela tem mais de 30 anos e é uma pesquisadora de ponta em Boston. Está vivendo temporariamente com sua amiga, enquanto sua casa própria está sendo reformada.
“Na última noite, quando cheguei”, ela diz, “botei minha chaves em algum lugar, e, hoje cedo, não tinha a menor ideia de onde elas podiam estar. Procurei por todo canto – os lugares usuais, que, naturalmente, para mim, não são os lugares usuais, porque este não é o meu apartamento. Se você acha que eu sou desorganizada, você devia ver a casa dela”.
“Então, você as encontrou?” Perguntei.
Ela fez que sim, encabulada. “Por acaso”.
“Onde estavam?”
“Bem em cima da mesa da cozinha da minha amiga”! “Elas estavam lá o tempo todo”... “Bem na minha frente. Inacreditável!” “Parece frustrante, mas muito verdadeiro, porque estas chaves já sumiram antes.”
“Meu dia foi um desastre depois disso”.

Jill chegou atrasada para uma reunião no trabalho  e voltou à sua mesa e deu de cara com uma pilha de e-mails de recados, que a incomodaram mais e a deixaram oprimida. Ela mandou uma resposta ríspida para a pessoa errada. Esta gafe do e-mail fez com que perdesse um projeto que se realizaria ao meio-dia. Ela perdeu a hora, voltou duas horas mais tarde, e recebeu uma recepção fria do seu supervisor.
“Isto acontece o tempo todo”, diz Jill, com os olhos marejados, brava e envergonhada do seu fraco desempenho no trabalho. “Desse jeito, vou perder meu emprego... só porque não consigo encontrar coisas bobas como as chaves”.
Iniciando uma nova estratégia
Depois de um tempo, propus uma solução para Jill. “Pensei num jeito de você iniciar o seu dia, amanhã. Você precisa de uma base para as suas chaves. Um lugar onde você sempre as colocará, e pode ser também sua identidade e os seus óculos. Desse jeito, você saberá que esse é o lugar em que eles sempre estarão... e a cada manhã, será o lugar onde você começará o seu dia, pronta para levantar voo”.
Isto combinou com Jill. Foi uma solução orientada pela ação, algo que ela podia fazer direito e sem grande dificuldade. Mas mais importante, a base servia como uma imagem, um lembrete de como um dia pode começar, não em confusão e distração, mas com precisão e previsibilidade.
Com Jill adotou duas bases – uma em casa e uma no trabalho, para o material de projetos e lembretes – ela não tem mais se atrasado para os encontros comigo ou deixou de cumprir alguma tarefa crítica no trabalho. Este pequeno sucesso ajudou Jill a se tornar mais confiante. Ela começa sua manhã de um modo mais positivo, saindo de casa no horário e pronta para um dia de trabalho bem sucedido, em vez de ficar desmoralizada, frustrada e abatida por causa de um momento de desatenção.
Minha experiência com Jill ilustra alguns pontos importantes sobre organização. Para começo de conversa, como muitos adultos com TDAH já aprenderam, momentos de esquecimento e de desorganização podem ter graves consequências. (segue)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

176- A leitura de livros na rede pública do Rio de Janeiro


RJ: 14% dos alunos da rede pública não leram nenhum livro em 5 anos. Estudo foi feito com 4 mil estudantes do ensino médio
Dados divulgados pela Secretaria estadual de Educação do Rio mostram que os estudantes do ensino médio da rede pública não leem muito. A pesquisa feita com 4 mil alunos mostra que 14% não leram nenhum livro nos últimos cinco anos. Outros 11% leram apenas um, e 26% somente dois ou três, ou seja, 51% dos alunos leram de 0 até 3 livros nos últimos 5 anos. Já 49% leram de 4 a mais de 20 livros.
A diretora executiva do Movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, considera o resultado alarmante. Para ela, a leitura do texto literário no ensino médio é, sem dúvida, muito importante para o aluno nesta fase de formação.
- Isso é sofrível. Como esses estudantes cumpriram essa etapa da vida acadêmica sem ler um livro sequer? A literatura faz parte do ensino médio. Esse tipo de aluno nunca vai conseguir passar no Enem, por exemplo. É somente por meio da leitura que descobrimos as múltiplas faces da linguagem - diz.
Para Priscila, a qualidade do ensino nessas escolas tem que ser mais bem avaliada e mais bem monitorada.
- É preciso saber como o professor atua. Faz parte do trabalho dele incentivar a leitura. O custo dos livros não pode ser desculpa para isso. Hoje temos bibliotecas públicas e na web também é possível fazer download de várias obras. O hábito da leitura deve fazer parte da rotina dos estudantes - conta
A pesquisa também revelou que 78% dos estudantes têm computador com acesso a internet.
- Era muito melhor dar livros para esses jovens do que um computador. A internet deve ser usada como uma ferramenta de acesso para a leitura - explica.
De acordo com a pesquisa, a qualidade do ensino nas escolas estaduais foi bem avaliada por 67% dos alunos. Para 13% é excelente, enquanto que para 54% é bom. Apenas 4% o avaliam negativamente.

Meu comentário: O estudo não considerou a prevalência de 4 a 9% do TDAH nessa população de estudantes. Entretanto, isto não invalida as considerações feitas por Priscila.

domingo, 29 de janeiro de 2012

175- Vencendo a desorganização do TDAH com criatividade

Uma mulher TDAH combate a desorganização com um sistema altamente personalizado de controle da bagunça – e vence. Por Linda Roggli.

Érica, a mulher que eu, em desespero, pedi que me ajudasse a resolver minha desorganização, pegou um pedaço de papel amarelado e eu me encolhi de vergonha. Eu tinha deixado essa nota no fundo de uma cesta de roupas cheia de papéis que eu recolhi no escritório do meu marido. O papel ficou escondido lá por dois anos.
Nós, mulheres com o transtorno de déficit de atenção, precisamos das nossas pilhas de trastes. Temos tanto medo de perder alguma coisa numa gaveta ou numa pasta – “longe dos olhos, longe da mente TDAH” – que conservamos tudo à vista, onde podemos achar. Mas, depois de um par de dias, não conseguimos ver mais a “coisa importante”. Ela está enterrada debaixo de novas coisas que não queremos perder.
O preço de ser desorganizado
A desorganização me custa caro. Perdi, duas vezes, o contrato para um artigo de revista que escrevi, e fiquei muito envergonhada para pedir uma terceira via. Quando limpei meu carro, uma semana antes de vendê-lo, encontrei um cheque não descontado que já tinha oito meses de idade.
A bagunça também me causa ferimentos. Estava tentando achar o caminho no meio de uma estreita faixa entre as coisas na garagem e tropecei num vaso que estava no meio do caminho. Cai no concreto, fraturei duas costelas e o punho. Ainda dói quando penso nisso. E há o agravo de não ser capaz de encontrar as coisas quando preciso delas. Um pesquisador, que estuda tais assuntos, diz que se gastamos cinco minutos procurando a chave do carro a cada dia, gastamos nisso 30 horas por ano. Multiplique por uma expectativa de vida de 80 anos e dará 13 semanas de nossas vidas tentando encontrar as malditas chaves do carro.
A verdade é que a desordem me deixa maluca. Eu juro, as coisas de casa gritam silenciosamente para que eu as arrume conforme passo por elas: “Me ponha na lava-louças!”, “Chame o técnico, para que eu pare de vasar!”. Eu não paro para fazer essas coisas no momento porque meu cérebro está sobrecarregado de milhares de outras chamadas: “Será que você não pode ser pontual ao menos uma vez?”, “Estas calças estão muito justas; você precisa de uma dieta”. Érica tentou me organizar do jeito dela. Encontramos no sótão um arquivo rotatório com muitas gavetas fininhas. Nós arrumamos o arquivo e o colocamos na cozinha – a central da bagunça da minha casa – e etiquetamos cada gaveta. O arquivo teria ajudado se eu o usasse. Não conseguimos usar sistemas que funcionam para as outras pessoas. Precisamos de sistemas que sejam nossos.
Maluco mas prático
Achei meu sistema. Uma amiga com TDAH me falou sobre um organizador plástico rotatório que ela usa com grande sucesso. Funcionou como uma luva para mim. Meus documentos mais importantes estão guardados, e posso sempre achar a correspondência não aberta.
Érica chama meu sistema de arquivamento de “criativo”. Ela faz careta e franze a testa porque eu não arquivo em ordem alfabética. Eu arquivo por assunto. Às vezes, as associações na minha cabeça são esquisitas. Se meu cérebro pensa que apólices de seguro e garantias de bicicletas são a mesma coisa, então eu as arquivo assim. Quando voltar àquela pasta, encontrarei as duas.
Outro sistema que eu uso é o que chamo “Pense uma vez”, também conhecido como “Pense muito uma vez e então não pense mais novamente”. Pego um problema chato e persistente – lidar com a correspondência que chega, por exemplo – e o vejo por todos os ângulos. Gasto um bocado de tempo trabalhando em todos os desafios e em minhas soluções para eles, então, eventualmente, descubro um sistema prático que me permitirá não pensar mais nisso novamente.
Uma estratégia que funciona para mim é ter duplicatas das coisas que uso com frequência, como óculos de leitura. Há provavelmente 15 pares espalhados pela minha casa, escritório e carro, a qualquer hora, cada par com um colar, para que eu não os perca. Tenho quatro estojos de maquiagem: um para casa, outro para o carro, um para o trabalho e um para viagem. Medicamentos, canetas e copos de medida são algumas das coisas que tenha duplicadas.
Embora eu duvide que me torne uma organizadora profissional, penso realmente que ganhei outro título. Que tal “Desorganizadora profissional”? Este é um rótulo que uma mulher com TDAH pode usar com simpatia e bom humor.
Agora, onde foi que eu enfiei o meu rotulador Brother novinho?
(Extraído de Confessions of an ADDiva, por Linda Roggli). ADDitude 2012.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

174- TDAH (ADHD) - Dar remédio para meu filho de 4 anos?

Por Laura Flynn McCarthy

A revisão de protocolos dá aos médicos a permissão para diagnosticar e tratar as crianças mais novas com TDAH, mas os pais estão confiantes em avaliar os pré-escolares em relação ao TDAH?

Ann Marie Morrison suspeitou que seu filho tivesse TDAH quando ele tinha três anos.

“As crises de birra do John eram mais intensas do que as dos outros meninos de três anos, e apareciam sem motivo algum”, diz Morrison, de Absecon, New Jersey. “Demorava uma eternidade tirar ele da porta do apartamento. Ele tinha de se vestir no corredor, onde não havia quadros ou brinquedos que o distraíssem. Ele não ficava sentado quieto, e quebrava todos os brinquedos. Eu tinha cartões de presentes na minha bolsa, de modo que, quando ele quebrava um brinquedo na casa de um amigo, eu pudesse dar à mãe do amigo um cartão de presente para que ela o substituísse.”

Quando Morrison discutia a hiperatividade e o comportamento impulsivo de John com os seus médicos, suas preocupações eram rechaçadas. “Ele é somente um menino ativo”, eles diziam. “Um pediatra disse, `Mesmo que ele tenha TDAH, não há nada que se possa fazer até que ele tenha cinco anos de idade`”,  lembra-se Morrison. “Isto é como dizer: ´Seu filho tem uma doença grave, mas não podemos tratá-lo por ainda dois anos´. O que poderemos fazer  enquanto isso?”. A família mudou-se para outra região do estado quando John tinha cinco anos de idade, e, por acaso, sua nova pediatra era uma especialista em TDAH. Ela mesma tinha sido diagnosticada com TDAH e criou um filho com esse transtorno.

“Durante o exame, ela estava anotando a história médica do John e ele, como sempre, incapaz de parar sentado quieto. Ela parou e perguntou ´Você já fez nele um teste para TDAH? ´. Eu comecei a chorar. Pensei: Oh, obrigado Deus. Alguém mais percebeu isso”. “Depois de anos de escutar os parentes dizendo que eu tinha de dar mais disciplina a ele, depois de anos de me sentir física e mentalmente exausta, e de pensar que eu era uma péssima mãe, alguém viu com o que estávamos lidando”.

Uma avaliação completa de John, que incluiu informações dos professores dele e da família, levou ao diagnóstico de TDAH. Logo em seguida ele recebeu medicação, que o ajudou a focalizar a atenção e melhorou  seu controle do impulso. O tratamento mudou a vida dele e de sua família. “Se John tivesse sido diagnosticado mais cedo, teria ajudado muito,” diz Morrison. “Não sei se lhe daria medicação quando ele tinha três ou quatro anos, mas teria aprendido as técnicas para mantê-lo organizado, disciplinado e teria ajudado a estabelecer uma rotina, sem ter de descobrir tudo por mim mesma. Se eu soubesse mais cedo que ele tinha TDAH, teria me cuidado melhor, também. Eu não estava preparada. Não é somente a criança que é atingida pelo TDAH. É toda a família,”

Hoje, é provável que crianças como John sejam diagnosticadas e auxiliadas mais cedo na vida, graças a novos protocolos da American Academy of Pediatrics (AAP). Os achados incluem recomendações para a avaliação e o tratamento de crianças pré-escolares e adolescentes com idades de 4 a 18 anos. Os protocolos anteriores a 2001 atingiam somente crianças de 6 a 12 anos.

“A AAP tem um comité que revisou as pesquisas sobre TDAH feitas nos últimos 10 anos e concluiu que há benefícios em diagnosticar e tratar crianças de idade inferior a seis anos com TDAH”, diz Michael Reiff, M.D., professor de pediatria na Universidade de Minnesota, que atuou no comité que desenvolveu os novos protocolos.

domingo, 1 de janeiro de 2012

173- Aprender ou passar no vestibular?

Joca Levy (advogado,  pai de três adolescentes) - O Estado de S.Paulo

Discute-se muito a baixa qualidade do ensino público, com efeitos sobre as classes de menor poder aquisitivo. Deveriam também causar aflição sérios tropeços das escolas privadas, inclusive as que obtêm as melhores notas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Esses problemas, que passam despercebidos pela maioria dos pais e educadores, afetam jovens das classes mais altas, supostos candidatos mais prováveis à elite intelectual do País.
Os pais precisam desde cedo decidir se o plano para seu filho é aprender ou passar no vestibular. É possível aprender e passar no vestibular, mas é limitada e frustrante a trajetória intelectual da criança cujos pais estabelecem como meta o vestibular, não o aprendizado.

As escolas chamadas "convencionais" parecem ter por objetivo boas notas no Enem e no vestibular, não propriamente o aprendizado. Há crescente pressão dos pais nesse sentido. Não percebem que educação voltada para a competição e o vestibular é, acima de tudo, desinteressante para a criança. E sem interesse não há aprendizado.

A educação voltada para o vestibular busca prioritariamente habilitar o profissional a competir dentro de padrões estabelecidos por uma conveniência de massificação. Talentosos e ignorantes são, juntos, conduzidos como gado para uma mesma faixa de referência na vizinhança da média.
Os mais inteligentes (não necessariamente os mais bem treinados para tirar notas) não têm oportunidade de seguir seus processos próprios de exploração, retenção e desenvolvimento intelectual. São forçados a seguir método desenhado com requisitos mínimos para a compreensão dos medíocres.

A ideia de permitir que desponte uma elite intelectual sofre resistência, silenciosamente. Por séculos de tradição aristocrática, a elite, ainda que tivesse maior oportunidade de desenvolvimento intelectual, dominou pelos sobrenomes, não por méritos pessoais. A democracia trouxe o desprezo pela elite e a noção irrefletida de que todos devem ser iguais. Grande erro! Todos não devem ser iguais, mas devem, sim, ter iguais oportunidades de desenvolvimento de suas habilidades. E os mais talentosos devem ser estimulados e prestigiados.
Cada pai deve empenhar-se em livrar os filhos da cultura da comparação, que os aprisiona na mediocridade, e habilitá-los a usufruir plenamente seus talentos, tendo por referência apenas a excelência, não a concorrência.

O jovem deve, sim, ter disciplina, mas não aprender por disciplina. Equívoco corriqueiro é estabelecer que aprender e tirar boas notas são obrigações da criança. Só se aprende por interesse. Para uma criança, as obrigações são chatas e desinteressantes. Toda criança sadia, minimamente bem educada e com ambiente emocional estimulante é capaz de aprender. Basta que o aprendizado seja interessante. Se lhe for apresentado como obrigação, contudo, o melhor que uma criança disciplinada fará é decorar, o que ajuda a tirar notas e passar no vestibular, mas não a integrar o conhecimento ao processo mental, ou seja, aprender.
Notas não avaliam a criança, mas a capacidade de ensinar e de disciplinar das escolas e dos pais, que, portanto, exigem boas notas em benefício de sua própria imagem na sociedade, não em benefício da criança. Boas notas não preparam a criança para uma vida de realizações.

O típico adulto moderno dá prioridade ao cultivo de seu próprio sucesso, numa rotina, no mais das vezes, intelectualmente improdutiva. Mais fácil é não se envolver na formação intelectual dos filhos, não ler para eles sobre a História do homem, não explicar por que a Terra é redonda, o que são as estrelas, a origem da vida, a evolução e as diferenças das espécies, não ensinar a brincar com números (no lugar de videogames, que mantêm a criança abobalhada), não despertar logo cedo o interesse pelo conhecimento, a curiosidade pelas coisas da natureza.
Mais conveniente é terceirizar por completo a educação, entregar as crianças à escola e esperar que voltem com um diploma, que não diz que o filho se tornou uma pessoa instruída, mas apenas que os pais cumpriram o seu dever segundo a convenção dos nossos tempos. Para o filho pouco serve aquele canudo, senão, talvez, para arrumar um emprego. Para o pai o diploma do filho é uma sentença absolutória da negligência intelectual a que abandonou a cria.

Formam-se legiões de burros, rasos, ignorantes, imaturos com diplomas (muitos com boas notas!). Pessoas destituídas da oportunidade de desenvolver seus talentos individuais. Enlatadas, padronizadas, comoditizadas. Dirão os pais que bem preparadas para competir no mundo moderno, mas, na verdade, aleijadas de suas competências subjetivas e jogadas para competir na mediocridade a que foram rebaixadas.
Não é à toa que no curso da educação moderna pessoas brilhantes - de Winston Churchill, Albert Einstein e Warren Buffett a Bill Gates e Steve Jobs - em algum momento se desgarraram da educação convencional ou a deixaram ter influência secundária em sua formação intelectual. São pessoas que se recusaram a entrar na competição e se desenvolveram muito acima dela.

"Aprendizagem que privilegia apenas o intelecto dificilmente atinge o ser humano completo. O melhor exemplo disso são as informações formatadas exclusivamente para o vestibular. É um rio que passa na vida do vestibulando e que deságua no oceano do esquecimento… Quando a gente aprende algo e dele não se esquece nunca mais, é porque o coração e a alma também foram tocados… Quando o conhecimento é elaborado no intelecto, passa pelo sentimento e determina uma vontade, aí, sim, ele não desgruda mais da gente." (Helena Trevisan)
Extraído do Blog do Noblat em 01-01-12

  TDAH 10 coisas para fazer ANTES do início das aulas Um ano letivo bem-sucedido começa em julho (nos Estados Unidos) . Um malsucedi...